Em 07/08/2018 o Respeitável Irmão Samuel de Sousa Moreira, Loja Claudio
das Neves, 1939, REAA, GOB-MG, Oriente de Uberlândia, Estado de Minas Gerais,
faz o seguinte pedido:
SIGNIFICADO DA CIRCULAÇÃO RITUALISTICA
Gostaria se tivesse, que me fosse enviado subsídios para elaboração de
um TE com o seguinte tema: A Circulação Ritualística: significado e filosofia.
CONSIDERAÇÕES.
O ordenamento
ritualístico da circulação no Ocidente de uma Loja aberta se dá em alusão à
marcha diária do Sol. Nesse sentido, simbolicamente o maçom, como operário
especulativo que busca a Luz, segue o sentido horário do aparente deslocamento
do astro rei pelo firmamento (do meio-dia à meia-noite).
Essa tem sido uma
regra litúrgica associada à Obra de Luz, já que de acordo com o ideário
maçônico, a Maçonaria busca o esclarecimento pela instrução e pelo aperfeiçoamento
dos seus membros no intuito de combater as trevas da ignorância.
Assim, como a Loja
representa um canteiro especulativo que se situa sobre o equador da Terra e se
orienta no seu comprimento do Oriente para o Ocidente e na sua largura do Norte
ao Sul, esse espaço tem como cobertura o firmamento onde o Sol descreve o seu
rotineiro e aparente movimento de Leste para o Oeste. É sob esse firmamento que
simbolicamente o maçom trabalha orientado pela Luz (Sabedoria) emanada pelo
Sol.
Exatamente pela
Maçonaria representar uma Obra de Luz é que os deslocamentos dos operários
feitos de uma para outra Coluna se dão como que a seguir o movimento dos
ponteiros do relógio. No Templo, de modo prático, isso se dá sempre com o
obreiro em deslocamento tendo o seu ombro direito voltado para o centro do
recinto (onde se situa o Painel do Grau). Essa característica ritualística é também
conhecida como marcha destrocêntrica.
Dada a essa
alegoria da Luz e o movimento diário do Sol é que não se circula de uma para
outra Coluna com o ombro esquerdo para o centro (sinistrocêntrico), pois efetivamente
essa atitude simboliza a desconstrução e o retorno à escuridão da ignorância.
Significa o “caos”.
O giro horário pelo
Ocidente do Norte para o Sul e do Sul para o Norte simula alguém se deslocando ao
redor do mundo (universalidade maçônica), o que em linhas gerais se dá sempre
quando um protagonista atravessa a linha imaginária do equador (eixo do
Templo). É dado a isso que nos deslocamentos pela mesma Coluna (mesmo
hemisfério) não há circulação, pois seria irrelevante e improdutivo alguém dar
a volta ao mundo para parar no mesmo lugar.
Nesse sentido, o
trajeto do Norte para o Sul se faz passando pela retaguarda do Painel (próximo
ao limite com o Oriente) e o seu retorno, do Sul para o Norte, pela frente do
Painel (entre ele e a porta de entrada).
A marcha diária do
Sol também está representada pelas três janelas que aparecem no Painel no
Painel do Grau, uma ao Oriente (aurora), uma ao Meio-Dia e outra ao Ocidente
(ocaso). Elas correspondem aos três ciclos da jornada e denotam as virtudes da
Sinceridade, da Coragem e da Perseverança.
Ainda relacionado à
marcha diária do Sol no firmamento, aparece o Segundo Vigilante que observa a
sua passagem pelo meridiano do Meio-Dia. Hora simbólica de extrema relevância
na doutrina maçônica, além de destacar o ápice da Luz, também simboliza o
momento de extrema igualdade onde ninguém faz a ninguém.
No Oriente da Loja,
por ser ali o lugar da Luz (onde ela nasce diariamente), não existe circulação,
senão apenas o ordenamento de nele se ingressar obrigatoriamente vindo da
Coluna do Norte e dele se retirar sempre em direção à Coluna do Sul.
Em síntese é esse o
significado da circulação em Loja, salientando que essa prática somente é comum
àqueles ritos que possuem no seu arcabouço doutrinário essa referência.
Dando por
concluído, penso que esse breve relato poderá lhe trazer aspectos importantes
para a compreensão dessa prática.
T.F.A.
PEDRO JUK
OUT/2018