Em 25.09.2023 o Respeitável Irmão Alan Cardek
Júnior Souza Loja, Loja Roosevelt, 01, REAA, GLMEG (CMSB), Oriente de Anápolis,
Estado de Goiás, formula a seguinte questão:
ÁTRIO DO TEMPLO - REAA
Meu querido irmão, desculpe incomodá-lo outra vez!
Queria saber sobre o Átrio. Escutei um irmão que tem muito conhecimento
maçônico dizer que o Átrio faz parte da medida do Templo, sendo o Oriente um
quadrado com medida de 9 x 9, o Ocidente com 9 x 13 e o Átrio 9 x 5, ficando
assim a proporção de 1 para 3, ficando 9 x 27 (na Bíblia seriam 20 côvados x 60
côvados). O que você pode me dizer sobre isso?
CONSIDERAÇÕES
No tocante ao Átrio pertencer ao Templo, em parte não está errado,
contudo, o que não procede são essas especulações numéricas comparativas do Templo
Maçônico com o 1º Templo de Jerusalém.
Não resta dúvida que a Maçonaria tem o 1º Templo hebraico como uma,
senão a maior, das suas alegorias, todavia, isso não autoriza ninguém a compará-lo,
ipsis litteris, com um edifício maçônico.
Assim, na conjuntura doutrinária maçônica, em alguns ritos, o templo
maçônico recebe figuradamente divisões metafísicas, tal como o Tabernáculo e depois
o Templo hebraico, que segundo o Velho Testamento, fora construído pelo Rei
Salomão. Nesse contexto, é preciso se levar em conta que uma alegoria serve
como elemento referencial e não propriamente uma afirmativa histórica.
O REAA, por exemplo, utiliza a divisão emblemática do templo hebraico,
mas apenas como elemento de comparação.
Vale ressaltar que, historicamente, o primeiro templo maçônico foi
construído em 1776, na Moderna Maçonaria, pela Grande Loja Unida da Inglaterra.
Registre-se que os nossos ancestrais, do século X até o século XV eram na sua
imensa maioria, operativos, portanto, as suas reuniões ocorriam geralmente nos adros
das igrejas e nos alojamentos, isto é, em ambientes até certo ponto acanhados.
Mais tarde, já no período puramente especulativo, os maçons se serviam de recintos
alugados ou emprestados das Tabernas e Cervejarias.
Em nenhuma dessas condições é encontrado algo determinante com medidas,
dimensões e proporções relativas à construção Templo de Salomão.
É bem verdade que somos herdeiros dos construtores de catedrais da Idade
Média, cujos quais utilizavam na construção de portentosas catedrais, elementos
matemáticos relacionados à proporção áurea, todavia isso era aplicado nas construções
dos edifícios religiosos medievais e não na construção de templos maçônicos.
Com o passar dos tempos, os ritos maçônicos desenvolveram suas particulares
culturas litúrgicas que, por influência hebraica, a exemplo do REAA, adota a
seguinte referência proporcional "simbólica" para um templo: um quadrado
para o Oriente, um quadrado e meio (um retângulo) para o Ocidente e
outro meio quadrado para o Átrio. A origem dessa divisão é a de um
quadrilongo constituído por três quadrados divididos conforme
especificado acima. Na verdade, essa condição é mais emblemática do que a
obrigatoriedade de a seguir na construção.
Essa seria uma exposição mais racional, sem articulação com medidas, proporções
áureas, etc. Vale dizer que originalmente, no ritual de 1804, o primeiro do
REAA, nem mesmo havia divisão do espaço, pois os trabalhos eram realizados em
uma sala plana, geralmente retangular, sem oriente elevado e demarcado. Nem
mesmo existia o átrio.
Hoje, o REAA compara o seu espaço de trabalho a um quadrilongo orientado
no seu comprimento de Leste para Oeste e do Norte para o Sul na sua largura. É
um segmento simbólico da superfície da Terra situado sobre o equador, onde o
pavimento mosaico é o solo terrestre e a abobada, o firmamento. O Templo é uma
Oficina Universal onde os maçons trabalham para construir um Templo dedicado à
Virtude.
Reitero, tudo é simbólico. Atualmente não procede a construção de um
templo maçônico respeitando essas medidas mencionadas na sua questão. Hoje, vale
o bom senso e a ocupação econômica do espaço, desde que possa suprir às
necessidades litúrgicas de cada rito.
Para encerrar, destaco que a proporção áurea é uma igualdade ligada às
ideias de harmonia, beleza e perfeição. Euclides de Alexandria, matemático
grego (300 a.C.) foi um dos primeiros pensadores que formalizaram esse conceito.
Geralmente, o motivo do interesse de pesquisadores pela proporção áurea, ou
divina, é que ela se aproxima da criação da Natureza, inclusive nas plantas e
no corpo humano. Isso faz com que a ela seja um elemento de estudo de
diferentes profissionais ligados à área de biologia, arquitetura, artistas e
designers. Apesar da sua inquestionável importância nas proporções matemáticas,
ela não é condição rígida ou referência para a construção de um Templo
maçônico.
PEDRO JUK.
jukirm@hotmail.com
http://pedro-juk.blogspot.com.br
JUN/2024