segunda-feira, 29 de junho de 2020

REAA - TRANSMISSÃO DA PALAVRA NA ABERTURA E NO ENCERRAMENTO


Em 21/02/2020 o Respeitável Irmão Marcos Marinho Monteiro, Loja Acácia do Agreste, 4.464, REAA, GOPE-GOB, Oriente de Tupanatinga, Estado de Pernambuco, solicita esclarecimentos para o que segue:

TRANSMISSÃO DA PALAVRA NA ABERTURA E ENCERRAMENTO.


São duas questões (dúvidas) relacionadas com o que diz no Ritual e o que é praticado em algumas Lojas.
Me permita simplificar a máximo a minhas dúvidas.
1.               A prática ao receber ou transmitir a Palavra Sagrada em algumas Lojas tem o costume de dar aquele famoso abraço entre os interlocutores. Essa prática procede?
2.               Na abertura ou fechamento dos trabalhos, logo após ser transmitida ou recebida a Palavra Sagrada, as Luzes voltam a ficar a Ordem, Dúvida: qual é o momento exato para que as Luzes desfaçam o sinal de Ordem?
a)    Imediatamente após transmitir ou receber a Palavra Sagrada dos Diáconos?
b)    Simultaneamente Após o 2º Vigilante bater o malhete e afirmar que está J e P na Coluna do Sul?
c)    Simultaneamente Após o 1º Vigilante bater o malhete e afirmar que está J e P em ambas as CCol?
d)    Simultaneamente Após o Venerável Mestre desfazer e dá prosseguimento com abertura ou fechamento dos Trabalhos?
e)    Nenhuma alternativa?

CONSIDERAÇÕES.

No REAA a transmissão da Palavra Sagrada como ato litúrgico, tanto na abertura como no encerramento, deve seguir algumas regras. Porém, antes de qualquer comentário a respeito, é bom que se diga que essa transmissão não deve ser tomada como ato de telhamento, até porque essas passagens litúrgicas se dão entre Mestres Maçons (Art. 229 do RGF - cargos são privativos de Mestres Maçons) e tem a finalidade de rememorar uma antiga prática que era exercida nos canteiros da Idade Média onde trabalhavam os nossos ancestrais.

Já comentei bastante sobre o porquê dessa transmissão, onde especulativamente são revividas práticas operativas do passado. Num breve relato, a respeito, destaco que na Maçonaria Operativa quando iniciava seus trabalhos nas velhas construções, por primeiro (procedimentos de abertura) eram erguidos os cantos da obra. Eram aprumados e nivelados para que a elevação das paredes viesse sair a contento - conforme as exigências da Arte, isto é, justos e perfeitos.

Ao final da etapa, antes do encerramento da jornada, o serviço era então examinado e do mesmo modo conferido com o nível e com o prumo. Se estivesse tudo a contento, ou seja, justo e perfeito, os operários eram então despedidos e merecidamente pagos pelo serviço prestado. Essa é uma das razões pela qual os Vigilantes especulativos têm até hoje como joia distintiva o Nível e o Prumo, respectivamente.

Como na Maçonaria Especulativa os trabalhos são apenas simbólicos, no lugar das aprumadas e nivelamentos dos cantos e paredes, atualmente isso foi substituído pela transmissão de uma palavra. Se ela estiver correta na sua comunicação, subentende-se de imediato que tudo está justo e perfeito (simbolicamente nivelado e aprumado). Com isso, os trabalhos especulativos podem ser abertos ou encerrados. Superficialmente é esse o significado da transmissão da Palavra Sagrada que ocorre nessas ocasiões. Mais informações a respeito podem ser encontradas no Blog do Pedro Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br

No tocante ao item 01 da sua questão, não existe nenhum abraço ou coisas do gênero entre os interlocutores durante a transmissão da palavra – vide explicações detalhadas a respeito no Sistema de Orientação Ritualística do GOB em http://ritualistica.gob.org.br

Concernente ao item 02 da sua questão, explicações minudenciadas também se encontram no Sistema de Orientação Ritualística, cabendo, entretanto, o seguinte comentário:

a)    Abertura – no ato transmissão da palavra ninguém fica à Ordem porque a Loja ainda está em processo de abertura e não propriamente aberta. Lembro que salvo quando da verificação pelo(s) Vigilante(s) para que se saiba se todos os presentes são maçons, os sinais somente poder ser feitos se a Loja estiver formalmente declarada aberta. Assim, conforme o Ritual, durante a transmissão da palavra para a abertura dos trabalhos ninguém fica à Ordem no REAA.

b)    Encerramento – quando ocorre a da transmissão da palavra para o encerramento, observe-se que a Loja ainda está aberta, portanto, os protagonistas da transmissão, quando em pé e parados frente a frente um do outro, ficam à Ordem. Estar à Ordem significa manter o corpo ereto, pp em esq compondo o Sin do Grau. Vide explicações detalhadas no Sistema de Orientação Ritualística do GOB – http://ritualistica.gob.org.br

Concluindo, remeto o Irmão a consultar o site do GOB RITUALÍSTICA onde, reitero, as explicações se encontram bem detalhadas. Lembro que o Sistema de Orientação Ritualística está amparado pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral e deve ser aplicado desde a sua publicação (Boletim Oficial do GOB nº 31 de outubro de 2019) sobre os rituais. Para acesso à plataforma o Irmão deverá ter às mãos o seu GOB-CARD, CIM e saber informar a Palavra Semestral.


T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2020

domingo, 28 de junho de 2020

PRONÚNCIA DA ACLAMAÇÃO. HUZZÉ OU HUZZÊ?


Um Respeitável Irmão da Loja Independência de Nova Friburgo, 2452, REAA, GOB-RJ, Oriente de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, através do News GOB Net, solicita esclarecimentos para o que segue:

HUZZÉ OU HUZZÊ?


Realizo essa consulta com a finalidade de esclarecer pertinente dúvida oriunda da interpretação divergente de nosso Ritual. Praticamos o REAA. Contudo, alguns irmãos da Loja defendem que a Aclamação do Rito é HUZZÊ, com o acento circunflexo no e, conferindo uma tonicidade fechada à palavra. Porém, outros entendem que a pronúncia correta é HUZZÉ, com acento agudo no e, conferindo tonicidade aberta à palavra. Em pesquisas pela internet, encontramos teses que defendem ambas as interpretações. Em razão disto, conclamamos ao Eminente Irmão Secretário de Ritualística que nos esclareça qual a forma CORRETA de pronunciarmos a aclamação do REAA.

CONSIDERAÇÕES.

A pronúncia dessa aclamação é Huzzé, ou seja, com acento agudo na letra "e" que lhe confere tonicidade aberta.
Para ilustrar essas considerações, seguem alguns apontamentos com o objetivo de esclarecer e enriquecer um pouco mais o estudo sobre essa aclamação utilizada na liturgia do REAA.
A aclamação Huzzé (com acento agudo), utilizada pela Maçonaria, destaca a influência da cultura árabe e, por extensão, a sabedoria e a arte sarracena. Por ser de constituição eclética, a paulatina construção doutrinária da Sublime Instituição também não deixaria de utilizar inúmeros elementos dessa cultura – é comum se ouvir nas preleções maçônicas que a Sabedoria vem do Oriente e que, de modo emblemático, teriam sido os fenícios os operários construtores do lendário Templo de Jerusalém.
A inegável influência árabe, de tantas outras reminiscências, sobejamente tem tido o desiderato de enriquecer as doutrinas de muitos ritos maçônicos. É o caso, por exemplo, da aclamação Huzzé no REAA.
Não há, porém, como esquecer nessa abordagem, também da cultura hebraica, já que é inegável que em muitos aspectos a língua árabe original possui muita semelhança com a hebraica, o que tem feito, inclusive, com que alguns autores inadvertidamente acabem atribuindo raízes etimológicas contraditórias dando vazão à conceitos muitas vezes falsos e temerários.
Dados esses comentários iniciais, seguem então outras anotações que abordam a relação entre as palavras Huzzé e a Acácia.
Huzzé e a Acácia - por existir uma relação entre essas duas palavras na construção de uma alegoria solsticial muito antiga, alguns tratadistas se utilizando a lei do menor esforço, equivocadamente traduziram a saudação Huzzé! como fosse ela literalmente a espécie vegetal Acácia.
Sem significar Huzzé, o espécime vegetal "acácia", conforme ensina Theobaldo Varolli Filho, é “shittah” em hebraico. De plural “shittin”, o termo aparece relacionado em vários textos Bíblicos – vide a madeira utilizada na construção da Arca da Aliança e os seus varais. Nesse caso, Huzzé não deriva de nenhuma palavra hebraica
Segundo bons tratadistas desse gênero vegetal, a verdadeira acácia é a espécime denominada acácia do nilo (akakia aegipti), ou “vera acácia. Sendo uma árvore leguminosa, é dela que se produz a goma arábica e o tanino[1].
Como um vegetal símbolo utilizado na liturgia da Moderna Maçonaria, ela tem sido dona de um importante conjunto emblemático pertinente ao Terceiro Grau. Nesse sentido, vale a pena mencionar que a legítima acácia é a oriunda do nordeste da África e não se desenvolve no território brasileiro. A que por aqui ocorre é a espécie “acácia negra” de origem australiana. No Brasil ela é encontrada nas regiões tropicais e se dá muito bem na região sul brasileira. Desse modo, seus ramos são aproveitáveis na liturgia maçônica brasileira e substituem o espécime original.
A acácia original (akakia aegipti), é uma árvore resistente que traz nos seus galhos certa quantidade de espinhos. Durante sua florada produz flores esféricas de matiz ligeiramente amarelado. Produz uma madeira de longa durabilidade por não se sujeitar às pragas. Graças a essas qualidades é que ela possui a fama de “eternidade”.
Assim, a madeira da acácia (akakia aegipti) acabou ganhando múltiplas interpretações peculiares à sua durabilidade. No caso da Maçonaria simbólica a sua incorruptibilidade lhe rendeu a divisa de ser um emblema da imortalidade.
Outra característica que lhe rendeu importante representatividade emblemática é a sua flor aveludada, ou radiada e de forma esferoide. Pelo formato irradiado a flor da acácia lembra o Sol, sendo, inclusive, utilizada desde as mais antigas civilizações como um elemento para saudar o astro rei no solstício de inverno. Essa particularidade, em última análise, a fez possuir estreita ligação com a aclamação árabe Huzzé!
Assim, desde os cultos solares da antiguidade já se utilizava a acácia para comemorar a volta do Sol; No Antigo Egito e em certas regiões árabes, por exemplo, a acácia era considerada uma planta sagrada. Era comum que em determinadas tribos, a exemplo da dos Drusos, se saudasse a volta do Sol no solstício de inverno agitando um ramo florido de acácia seguida da aclamação “Huzzah!” (Viva!) ou, conforme os dialetos locais, “Uezzah!”.
Se faz oportuno mencionar que a referência solsticial é a de inverno ao norte, sobretudo por ser o hemisfério mais comum às regiões onde floresceram a maioria das antigas civilizações. O solstício de inverno na meia-esfera norte ocorre quando o Sol atinge o ponto máximo da sua inclinação ao sul (21 de dezembro). Após ter atingido a maior declinação na sua eclíptica, aparentemente o Sol parece iniciar o seu retorno do sul para o norte – esse ponto solsticial é também conhecido como porta solsticial. Cabe destacar que a máxima inclinação do Sol projeta sobre cada um dos hemisférios terrestres os trópicos de Câncer ao norte e Capricórnio ao sul. A título de ilustração as Colunas B e J demarcam, no REAA, a passagem desses trópicos no Templo.
Retomando os comentos sobre o solstício ao norte, no misticismo árabe, era nessa oportunidade que ramos floridos da acácia eram agitados para se dar vivas (Huzzah!) ao Sol que aparentemente iniciava a partir dali o seu retorno ao norte, trazendo consigo luz e calor (conforto). As agruras do inverno estavam com seus dias contados. Vale registrar que após a implantação do Islã essa prática de saudar a volta do Sol seria proibida por Maomé.
Em que pese alguns autores defenderem Huzzé (Viva) como palavra de origem escocesa, alegando que essa é uma aclamação utilizada pelo Rito Escocês Antigo e Aceito, numa análise mais acurada essa tese não se sustenta, pois esse Rito, embora traga de fato na sua liturgia essa aclamação que fora herdada no século XIX das Lojas Mães Escocesas em França (Marselha, Avinhão e Paris), ele, como REAA, não é originário da Escócia, porém da França. Destaque-se que o rito é mais conhecido na Europa como Rito Antigo e Aceito e não como Rito Escocês Antigo e Aceito. O nome “escocês” a ele dado nada tem a ver com a sua nacionalidade – vide a história dos primórdios do escocesismo na França – séculos XVIII e XIX.
Reitera-se então assim, que a aclamação Huzzé não é a simples tradução de acácia, bem como também não é parte de nenhum um dialeto escocês como querem afirmar alguns tratadistas. De fato, a aclamação é pertinente ao REAA desde a consolidação dos seus rituais no século XIX, mas isso não lhe garante nenhuma autenticidade, digamos... Huzzé como produto escocês.
A origem mais provável da aclamação Huzzé (Viva) é a de que a mesma seja uma corruptela de pronuncia na língua inglesa, haurida dos tempos em que grande parte das regiões árabes permaneceram sob domínio britânico. Nesse sentido, estima-se que tal como a aclamação ip hurrah! que significa “viva!”, ou “salve!”, Huzzé seja também uma corrupção linguística de "viva!" propiciada pelos ingleses através da palavra árabe Huzzah, ou Uezzah.
Contudo, desafortunadamente ainda alguns autores desatentos e se utilizando da lei do menor esforço acabaram confundindo a locução árabe Huzzé, que significa em linhas gerais a aclamação "viva!" - então feita ao Sol com um ramo florido de “acácia” - com o próprio espécime vegetal. Dessa falsa interpretação resultou no equívoco de que o gênero vegetal "acácia" seja "huzzé" no idioma árabe, o que não é verdade, pois acácia é o espécime vegetal que produz o ramo florido que é utilizado para dar vivas à volta aparente do Sol. Em síntese, a acácia fornecia o adereço que era agitado pelos os homens enquanto bradavam ao Sol... Huzzé! - o mesmo que Viva! Salve!
Por outro lado, muitos maçons ainda precisam compreender que a antiga prática de saudação ao Sol, oriunda dos cultos solares da antiguidade, foi inserida na liturgia maçônica como uma alegoria moral e nunca como elemento de adoração para proselitismos de crenças particulares. Destaque-se que o misticismo envolvendo a saudação à volta do Sol é um costume muito antigo entre as civilizações. Veja como exemplo a expressão latina "natalis invicti solis" (o nascimento do sol invicto). Os períodos solsticiais, tão marcantes dos ciclos da Natureza, foram também para os “cortadores da pedra” no passado medieval importantes marcos para o desenvolvimento dos ciclos do ofício operativo durante as construções. Com isso, a Moderna Maçonaria preserva no seu simbolismo essa alegoria solsticial, muito particularmente o REAA, contudo isso jamais teve o desiderato de dar suporte a credos e nem mesmo alicerçar proselitismos religiosos. Huzzé, relacionado aos solstícios é em Maçonaria uma saudação à Luz (Sabedoria) e nada mais.
Cabe reiterar que a liturgia maçônica adota várias manifestações do pensamento humano na intenção de construir sua doutrina destinada ao aprimoramento humano. No caso específico da liturgia do REAA, de conotação em grande parte deísta, pode-se dizer que nas suas práticas ritualísticas estão presentes alegoricamente, dentre outros, a evolução anual da Natureza – vide a decoração do Templo e a sua relação como movimento aparente (anual e diário) do Sol. É sob essa óptica que nele existe, nas liturgias do 1º e do 2º grau, a aclamação Huzzé relacionada exclusivamente à alegoria iniciática da Luz.
Nessa exposição figurada, Huzzé (saudação à Luz), no contexto litúrgico do movimento aparente diário do Sol (o da circulação em Loja), aparece como elemento ritualístico em dois momentos nos rituais dos graus de Aprendiz e de Companheiro.
A primeira saudação ao Sol (Huzzé) ocorre durante a abertura dos trabalhos e se refere ao período em que o canteiro (Loja) fica exposto à plena iluminação. Momento de alto significado simbólico, a passagem do Sol pelo meridiano do Meio-Dia ocasiona um tempo de extrema igualdade. Figuradamente, o Sol no zênite reduz as sombras. Esotericamente nessa oportunidade ninguém faz sombra a ninguém. Momento de iluminação plena, o Meio-Dia propícia o início dos trabalhos. Se refere também à juventude.
A segunda saudação ao Sol, embora pareça contraditória já que figuradamente o astro rei está no seu ocaso, a mesma se dá ao final dos trabalhos, ou à Meia-Noite. Explica-se essa passagem litúrgica como sendo um meio de lembrar aos operários que mesmo a Luz estando no seu ocaso, é certo que outro dia irá raiar (esperança). Esotericamente essa passagem ensina que mesmo quando mais escura é a madrugada, mais próximo está o raiar de um novo dia. Meia-Noite é o emblema do fim da jornada, ou o fenecimento de um ciclo. O corpo é então devolvido à mãe Natureza e a régua da vida medirá se a obra produziu bons brutos para que se eternizem na mente dos pósteros. Huzzé, aclamação ao final da jornada denota que a Luz é imortal – um dia sempre surgirá atrás do outro.
Concluindo, Huzzé (com o "é" pronunciado abertamente) é uma antiga aclamação árabe que significa “viva!” ou "salve!". Em Maçonaria, como aclamação à Luz, Huzzé nada tem a ver com atos supersticiosos e crenças acercadas de vibrações ocultas, gritos, chacras, egrégoras, etc. A aclamação ao Sol, retirada dos cultos solares da antiguidade e adaptada para saudar a Luz no movimento diário do Sol, é simplesmente um meio típico de instigar no maçom o respeito à Sabedoria e ao Esclarecimento. O simbolismo maçônico não trata de adorações, mas busca nos métodos velados por alegorias e ilustrado por símbolos perscrutar a Verdade e não distorcer a razão.

T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2020


[1] Substância amorfa, adstringente, extraída principalmente da noz-de-galha e que se encontra na casca de numerosas árvores e arbustos. Classe de substâncias adstringentes encontradas em certos vegetais, que dão coloração azul com sais de ferro, usadas no curtimento de couros e também como mordentes


sábado, 13 de junho de 2020

O QUE É UMA LOJA SIMBÓLICA


Questão que faz em 19/02/2020 o Aprendiz Maçom, Irmão Erson Vieira da Silva, Loja Campos Sales, 1.307, REAA, GOB-SP, Oriente de Santa Bárbara D'Oeste, Estado de São Paulo.

LOJA SIMBÓLICA


Caro Irmão, estou procurando uma resposta clara, sobre o que é uma Loja Simbólica.

CONSIDERAÇÕES.

Antes alguns comentários breves sobre as palavras loja, símbolo, simbólico, simbolismo e simbologia:
Loja - em linhas gerais, o termo menciona as acomodações - geralmente térreas - de uma edificação que abriga um estabelecimento comercial em loja.
O vocábulo em Maçonaria se refere ao local em que se dão as atividades maçônicas, ou o local onde realizam os seus trabalhos (sessões). Por extensão o termo também designa a Corporação Maçônica, assim como a reunião dos Irmãos em Loja quando essa é aberta ritualisticamente (conforme o rito).
Vale a pena mencionar que a Maçonaria latina não raramente adota o nome de "templo" para designar o seu local de trabalho, embora isso não seja apropriado, sobretudo por dar à Maçonaria uma conotação de religião, o que não condiz com a realidade maçônica.
A bem da verdade, a palavra Loja teve primeiramente aplicação nas guildas dos canteiros medievais (ancestrais da Maçonaria). Segundo historiadores autênticos - como José Castellani - o vocábulo Loja aparece pela primeira vez no século XIII, mais propriamente em 1292 num velho documento de uma guilda (indica-se pesquisar esse termo).
Resumindo, as guildas de mercadores adotariam o nome loja para designar o local que lhes servia para depósito, assim como para também realizar as vendas dos seus produtos manufaturados. Já as guildas artesanais adotariam o espaço intitulado loja para acomodar seus locais de trabalho, mais conhecidos por oficinas dos artesãos.
Assim, foi das guildas de mercadores que se originaram as casas comerciais, ou lojas do comércio, enquanto que as dos artesãos deram nome às organizações de construtores (canteiros medievais) que ficariam mais tarde conhecidas como a Franco-maçonaria.
Cabe aqui uma observação importante. Na amplitude do seu significado, o vocábulo loja, salvo em Maçonaria, não deve ser tomado de modo generalizado, senão se levando em conta o idioma empregado. Desse modo, em francês, por exemplo as lojas comerciais são os magasins e em inglês os magazines. Já o termo loja em Maçonaria, tanto como lodge em inglês ou loge em francês, dentre outros, sempre designará uma Corporação Maçônica.
Símboloé a figura, marca ou objeto que possui significado convencional. É também a emblema, sinal, indício e outros do gênero. Em Maçonaria os símbolos constituem o modo velado pelo qual os iniciados recebem conhecimentos de moral e ética como parte dos seus ensinamentos. Na Sublime Instituição os símbolos, na sua maior parte, se constituem por instrumentos ou figuras ligadas à arte da construção, cuja interpretação, sem licenciosidade, pode ser de caráter alegórico ou místico. Destaque-se que os ancestrais da Maçonaria, em seu período operativo, ou de ofício, com aproximados 800 anos de história foram as corporações de canteiros que ficariam conhecidas a posteriori por Franco Maçonaria.
Simbólicoo vocábulo menciona aquilo que é relacionado ao símbolo, assim como o que tem caráter de símbolo. Também é a ideia representada por meio de símbolos, como a escrita, por exemplo. O termo também menciona aquilo que se faz por símbolos, a exemplo do gestual utilizado nas votações.
Simbolismoem se levando em consideração o mote desses apontamentos, é o sistema composto por símbolos proposto a lembrar fatos, ou exprimir ideias. Assim, em Maçonaria Simbólica é o sistema de emblemas e alegorias por ela utilizado com o objetivo de fazer lembrar as suas grandes lições de moral e ética. Por óbvio essa aplicação se dá no chamado simbolismo maçônico que é a Maçonaria Universal, ou seja, aquela que abriga apenas e tão somente os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre (universais e obrigatórios).
Simbologia o termo menciona o tratado acerca dos símbolos. Em Maçonaria, o estudo e a interpretação (exegese) dos símbolos é que compõem uma vasta e complexa simbologia (conforme os ritos maçônicos). Todo esse conhecimento adquirido somente é acessível aos iniciados.
Dados esses comentários, a Maçonaria Simbólica é assim denominada porque a transmissão aos iniciados dos conhecimentos é feita através do significado dos diversos símbolos que compõem o seu arcabouço doutrinário. Reitera-se assim que qualquer que seja a interpretação simbólica, ela deve estar longe da prática licenciosa. Em síntese, os símbolos não se apresentam ao iniciado para que ele, à sua maneira e entendimento os interprete. Os emblemas trazem consigo regras e ideias formadas que estão muito longe de meras ilações e palavreados vazios.
Desse modo, uma Loja Simbólica, além de ser uma corporação maçônica (representada pelo Estandarte), é também o lugar, espaço ou recinto onde se realizam os trabalhos ritualísticos maçônicos. De maneira abrangente, a própria constituição de uma Loja, conforme o rito adotado se estabelece num elemento simbólico. A Loja representa simbolicamente um canteiro de obras estilizado onde os maçons trabalham no seu aperfeiçoamento para, como construtores sociais, mais tarde servirem à humanidade que busca um mundo melhor (arrume o homem e consertarás o mundo).
Porquanto, é um grande equívoco se imaginar que os espaços de trabalho maçônico se comparam a recintos onde homens possam expor os seus proselitismos religiosos e políticos.
A Loja Simbólica representa a oficina de trabalho onde a pedra bruta, matéria prima de outrora, seja hoje simbolicamente o próprio obreiro que trabalha no seu desbaste pessoal (interior), de tal modo que, percorrendo os caminhos iniciáticos, ele mesmo se transforme numa pedra cúbica e preparada para compor as paredes elevadas do templo simbólico dedicado à Virtude Universal.
Em linhas gerais esse é o significado de um elemento maçônico simbólico denominado Loja que tem por objetivo abrigar no seu interior construtores que formam a Moderna Maçonaria. A Loja Simbólica é a representação de um canteiro de obras que outrora agregava as corporações de ofício dos pedreiros da Idade Média.


T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2020

quarta-feira, 3 de junho de 2020

ORDEM DO DIA - PALAVRA NA COLUNAS E VIGILANTES


Em 17/02/2020 consulta que faz o Respeitável Irmão Tacachi Iquejiri, Loja Luz de Outubro, 2.081, REAA, GOB-MS, Oriente de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul.

ORDEM DO DIA – PALAVRA NAS COLUNAS.


Tendo surgido dúvida quanto à circulação da palavra na Ordem do Dia, no REAA, no momento da discussão e pelo que consta do ritual de aprendiz, página 61, onde se lê: "O Ven Mestre o põe em debate e depois em votação, passando-se aos demais. O Or, qualquer que seja o assunto debatido, dá as suas conclusões, antes da votação.". Não determina se a palavra será concedida pelos Vigilantes ou se o uso é livre. Eis a dúvida.

CONSIDERAÇÕES.

Isso já está subentendido, pois o Venerável Mestre ao pôr um assunto em debate, consuetudinariamente ele o faz de modo que se siga o giro da palavra, ou seja, Sul, Norte e Oriente.
Assim ele, ao coloca-la no Ocidente (a palavra), a mesma parte da Coluna do Sul. Desse modo, obviamente que é o Vigilante da respectiva Coluna quem autoriza o uso da mesma na sua Coluna. Note que o anúncio pertinente ao período da Ordem do Dia fora feito pelo Venerável, seguido dos respectivos Vigilantes.
Nesse sentido, a praxe no REAA é de que a cada assunto posto em debate o Venerável anuncia à Loja que o mesmo está para discussão e consideração a partir da Coluna do Sul, por conseguinte, o Vigilante respectivo informa que a palavra está no Sul. Reinando nela silêncio, o 2º Vigilante imediatamente assim anuncia ao 1º Vigilante até que por fim o assunto antes da votação em debate chegue novamente ao Venerável para discussão no Oriente.
Reitero que todo esse procedimento tem sido seguido no Rito de há muito sendo tradicional e costumeiro, de tal modo a não precisar estar esmiuçado no Ritual. Giro da palavra a partir do Sul e o ato de pedir a palavra ao respectivo Vigilante nas Colunas é procedimento consagrado como uso na Maçonaria. Acredito que isso não precise estar escrito.



T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2020

segunda-feira, 1 de junho de 2020

PALAVRA E VOTAÇÃO SOBRE O BALAÚSTRE (ATA DE UMA SESSÃO MAÇÔNICA)


Em 13/02/2020 o Respeitável Irmão Reginaldo Celio de Freitas, Loja União e Segredo, 165, Grande Oriente Paulista (COMAB), REAA, Oriente de Franca, Estado de São Paulo, formula a seguinte questão.

PALAVRA SOBRE O BALAÚSTRE


Sirvo me desta para dirimir uma dúvida que ocorreu em sessão: Após a Leitura do Balaústre, passa a palavra nas Coluna e Oriente para se "algum" Irmão se quiser pronunciar... Sabendo que somente os Irmãos presentes na Sessão do Objeto "PODEM VOTAR".
Pergunto Somente Irmãos "PRESENTES" no dia do Objeto Lido podem se pronunciar? ou qualquer Irmão que estiver na Sessão?


CONSIDERAÇÕES.

Tudo é uma questão de lógica. Aprovam e se manifestam apenas os que estiveram presentes à sessão que gerou o Balaústre (Ata). Seria difícil entender como alguém que não esteve presente possa opinar ou palpitar sobre algo que ele não viu e nem dele fez parte. Reitero, ausentes, além de não votar, também não se pronunciam.
Assim, o Balaústre deve ser comentado (se for o caso) e votado apenas pelos que estiveram presentes na sessão a ele pertinente. No caso dos ausentes, e agora presentes no momento da sua leitura e votação, esses não devem votar e nem se manifestar, mas sim se abster, o que se faz em se posicionando à Ordem, postura essa que, dentre outros, indica no REAA também privar-se de votar.
A rigor, já que o Balaústre como de costume não é aprovado na mesma sessão, porém na seguinte, penso que o ideal seria então que o ritual já orientasse quanto a esse procedimento, de tal maneira que o Venerável, ao colocar o Balaústre para manifestação e votação já informasse que apenas devem participar os Irmãos que estiveram presentes à sessão relativa ao conteúdo que acaba de ser lido.



T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2020