quarta-feira, 20 de maio de 2020

REAA - SENDA DO APRENDIZ NO TOPO DA COLUNA DO NORTE


Em 15/05/2020 o Irmão José Cavalcanti de Carvalho, Loja Cedros do Líbano, 1.688, REAA, GOB, Oriente de Miguel Pereira, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a seguinte questão:

SENDA DO APRENDIZ NO TOPO DO NORTE.


Bom dia meu Respeitável Irmão, preciso de uma informação. Faço parte de um grupo virtual de estudo. Demos preferência ao Decreto 1784/2019. Quando chegamos no item 138 - Assinatura do Aprendiz no Livro de Presenças e condução ao seu lugar na Loja.
a) Orientações item VI "...fazendo-o sentar próximo ao 1º Vigilante junto às primeiras colunas Zodiacais. Os Mestres do Grupo de Estudos não ficaram satisfeitos com a explicação. Meu Irmão, você poderia me responder este questionamento. Sou Companheiro Maçom. Grato.

CONSIDERAÇÕES:

Me parece que a questão não é de "Mestres ficarem satisfeitos", entretanto a de se compreender a autêntica doutrina iniciática do REAA.
Não é de se estranhar essa falta de compreensão, pois de há muito que a maioria dos rituais editados por aqui trazem cópias rançosas de procedimentos anacrônicos que acabaram, como ervas daninhas, virando em práticas adotadas somente para seguir o peripatético "do que está escrito".
Infelizmente isso tem sido mesmo lamentável já que a liturgia acabou em muitos casos virando elemento apenas repetitivo e sem a devida compreensão da razão do seu existir. Nesse sentido, as Colunas Zodiacais não têm fugido dessa regra.
Desafortunadamente, boa parte dos maçons praticantes do REAA ainda não compreenderam os propósitos iniciáticos da Ordem. Citando o Zodíaco como exemplo, muitos, pouco, ou quase nada, entendem do porquê da existência dessas Colunas, isso quando não preferem acreditar que esses pilares zodiacais servem para decorar e sustentar a abóbada do Templo. Infelizmente tenho que dizer que essa é uma interpretação pobre e em total desacordo com a doutrina do rito mencionado, porquanto ainda somos investigadores da Verdade, nunca inventores e nem adivinhadores.
Para se compreender a razão da presença das Colunas Zodiacais na decoração do Templo, é preciso antes saber que no escocesismo simbólico a senda iniciática do maçom alegoricamente é comparada aos ciclos naturais, aqueles conhecidos por nós como a primavera, o verão, o outono e o inverno. Tão importante isso tem sido para o arcabouço doutrinário que muitos aspectos litúrgicos neles se sustentam. É o caso, por exemplo, das viagens iniciáticas, da circulação em Loja, da topografia do Templo, da expressão "topo" para as Colunas do Norte e Sul, das Colunas Solsticiais B e J (marcos indicadores dos Trópicos de Câncer e Capricórnio), equador do Templo, meridiano do Meio-Dia, etc., etc., etc.
Fazendo um pequeno resumo dessa jornada iniciática, com base no hemisfério Norte do planeta Terra (onde nasceu a Maçonaria e o REAA), o Aprendiz percorre o topo da Coluna do Norte a partir da primavera (ressurreição da Natureza), estação do ano correspondente às três primeiras Colunas Zodiacais (Áries, Touro e Gêmeos).
Assim, com base na cerimônia de Iniciação, esse período corresponde ao princípio da sua jornada, ou seja, esotericamente menciona a infância que iniciaticamente ocorre de maneira simbólica logo após a saída do Neófito da Câmara de Reflexão (prova da Terra – morrer para renascer). Desse modo o recém-iniciado recebe a Luz, ainda que cálida, relativa àqueles que ocupam o extremo do Norte (topo), longe do Meio-Dia que simbolicamente é mais iluminado ao Sul. Dessa maneira, alegoricamente o Aprendiz admitido vive, nas três primeiras Colunas Zodiacais, a infância iniciática na primavera (a Luz que desponta após o inverno para tornar os dias iguais às noites - equinócio). Para concluir a sua passagem pelo Norte, o Aprendiz vive finalmente a adolescência no verão que corresponde, na sequência da jornada, as próximas três Colunas Zodiacais (Câncer, Leão e Virgem).
Assim se completa a alegoria da senda do Aprendiz e a sua passagem pelo topo da Coluna do Norte, local onde se situam as primeiras seis Colunas Zodiacais que marcam, na base da abóbada, as constelações do Zodíaco – alegoricamente a jornada do Aprendiz se inicia no equinócio de primavera e se conclui no solstício de verão (deslocamento do Sol na sua eclíptica visto sob o ponto de vista da meia-esfera Norte do nosso Planeta.
Iniciaticamente cumprida a sua senda, o Aprendiz, no final do verão e término simbólico da adolescência, pode então passar para o outro hemisfério, o Sul, onde agora como Companheiro ele romperá a sua nova jornada pelo Meio-Dia (juventude, ação e trabalho – pragmática desse grau).
Pelo topo da Coluna do Sul o Companheiro segue sua jornada passando o ciclo relacionado à sua juventude e indicado pela constelação de Libra. As etapas seguintes da jornada correspondem à maturidade e se relacionam individualmente ao grau de Mestre. O Sol na sua eclíptica ultrapassa o zênite e prenuncia o fim do outono e o começo do inverno (dias curtos e noites longas – menos Luz) – fecha-se o ciclo natural pela morte da Natureza que estará pronta para reviver na próxima primavera – último ciclo preparado para a Exaltação.
Essa etapa do teatro iniciático que envolve o Companheiro e o Mestre ocorre simbolicamente pelo topo da Coluna do Sul. Sua jornada nessa fase segue indicada pelas outras seis Colunas Zodiacais concernentes às constelações de Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes, respectivamente. Vive-se no topo do Sul o teatro iniciático do grau de Companheiro até o grau de Mestre que por fim será exaltado para ingressar na Câmara do Meio.
Desse modo se conclui a senda iniciática que outrora fora rompida ao Norte durante a primavera. Assim o teatro iniciático do REAA, percorrendo as paredes (topos) Norte e Sul, desde o Aprendiz no Norte representando o nascimento, infância e adolescência, o Companheiro relacionado à juventude e o Metre correspondente à maturidade e a morte. Numa síntese simbólica as etapas da vida correspondem alegoricamente às estações do ano, palco onde a Natureza revive e morre a cada ano.
Embora elementar, obviamente esse é apenas um resumo da escalada iniciática de aperfeiçoamento humano pertinente à doutrina e prática do REAA.
Dentro deste contexto, as Colunas Zodiacais colocadas equidistantes, seis ao Norte e seis ao Sul, nas paredes laterais do Ocidente da Loja no REAA, compreendem à passagem iniciática do maçom no simbolismo. Em resumo, emblematicamente o Iniciado morre para renascer – significa morrer ainda no interior da Terra (Câmara de Reflexão) para, purificado pelos elementos, reviver na Luz, mesmo que ainda seja cálida na primavera.
Início da jornada na primavera em Áries, o lugar do recém-iniciado é junto à parede Norte na confluência com a parede ocidental (próximo ao 1º Vigilante). É a partir daí, rumo à adolescência, que simbolicamente o iniciado, como Aprendiz, paulatinamente, passando pelo topo da Coluna do Norte se aproxima da grade do Oriente – vai de Áries até Virgem (primavera e verão)
Sequencialmente, do mesmo modo, mas agora como Companheiro, ao Meio-Dia ele faz o trajeto pelo topo da Coluna do Sul, desta vez partindo na sua jornada em direção à maturidade, isto é, pelo topo do Sul vai desde a grade do Oriente até o canto com a parede ocidental – numa situação inversa do Aprendiz, vai de Libra até Peixes (outono e inverno)
Assim, a senda iniciática, comparada às etapas da vida humana segue alegoricamente a duração da evolução da Natureza, cuja qual renasce na primavera para fenecer no inverno.
Quanto ao controverso procedimento de colocar o Aprendiz recém-iniciado próximo à grade do Oriente, essa prática não se sustenta sob uma análise mais crítica em sendo no REAA. Foi por essa razão eu procurei extirpá-la do ritual em vigência corrigindo a prática conforme está previsto no Sistema de Orientação Ritualística.
Infelizmente esse equívoco - de se colocar recém-iniciados junto à grade do Oriente no REAA - tem encontrado ainda guarita em vários rituais anacrônicos trazidos por meros copistas que pouco entendem da verdadeira liturgia do Rito. É mesmo inadmissível que um ritual de Aprendiz do REAA ainda mencione posicionar o Aprendiz recém-admitido em um lugar que é de direito de um Aprendiz mais experiente que está prestes a passar para a perpendicular ao nível, isto é, já preparado para a Elevação. O caminho é de Áries para Virgem e não ao contrário. Hipótese contrária a esta no escocesismo é o mesmo que colocar a carroça na frente dos burros.
É verdade, entretanto, que ainda existem aqueles que sem nenhum escrúpulo e critério nomeiam rituais antigos, repletos de enxertos e invenções, como fossem elementos verdadeiros e dignos de credulidade. Essa atitude inconsequente apenas dá amparo àqueles que pouco estudam, mas "imaginam".
Ainda no tocante ao recém-iniciado ser colocado próximo ao Oriente, cabe comentar que esse procedimento até existe, porém como prática de outro rito, nunca como do REAA. Há grande probabilidade que incautos copistas tenham trazido essa prática de outro rito enxertando-a inescrupulosamente no escocesismo. Reitero, recém-iniciado tomando assento próximo à grade do Oriente não é prática verdadeira do REAA.
Por esse mesmo viés, é oportuno comentar que muitos Irmãos ainda não compreendem (alguns não querem entender porque são do contra) que o termo "topo da coluna", do Norte ou do Sul, se refere respectivamente às paredes setentrional e meridional que ficam no Ocidente da Loja. Em síntese é o lugar mais distante, no Norte e no Sul, em relação ao eixo longitudinal do Templo (equador). Em sendo as paredes os topos das Colunas do Norte e do Sul, é nelas que se agrupam, seis de cada lado, as doze Colunas Zodiacais. Por extensão essas Colunas também indicam os lugares a serem ocupados pelos Aprendizes e Companheiros.
Dado ao exposto, é por essa razão que procuramos colocar, através do Sistema de Orientação Ritualística, as coisas nos seus devidos lugares. Assim orientamos que na cerimônia de Iniciação o Aprendiz recém-iniciado, ao ser conduzido ao seu lugar em Loja, seja levado até o topo do Norte (parede norte) no lugar mais próximo ao canto com a parede ocidental (perto do 1º Vigilante), já que as três primeiras Colunas Zodiacais, como mencionado no texto presente, correspondem simbolicamente à primavera no hemisfério Norte, tudo em consonância com a doutrina iniciática do REAA e a real posição dessas Colunas no Templo.
Espero que essa breve explicação possa satisfazer aqueles que "não ficaram satisfeitos" com as orientações autênticas que procuramos levar através do GOB-RITUALÍSTICA. De tudo é preciso que o maçom entenda a razão pela qual a liturgia incide sobre as nossas práticas, demonstrando que nada fora colocado no espaço da Sala da Loja por acaso, não sendo, portanto, elementos passíveis de licenciosas interpretações. É bem verdade também que como investigadores da Ordem Natural, concepções absurdas, como as que às vezes nos deparamos durante a nossa jornada dentro dos canteiros da Ordem, nunca serão bem-vindas.
Concluindo, mais aspectos sobre esse tema também poderão ser encontrados, dentre outros, no volume IV do Caderno de Estudos INBRAPEN, página 77 e seguintes, trabalho de minha autoria intitulado " E o Topo da Coluna do Norte... Conclusões?" – Editora Maçônica A Trolha, Londrina, 2007; Maçonaria e Astrologia, José Castellani, Editora Landmark, São Paulo, 2002 e ainda no Blog do Pedro Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br


T.F.A.

PEDRO JUK


MAIO/2020

segunda-feira, 11 de maio de 2020

E ELES ESTÃO SATISFEITOS?


Em 13/02/2020 o Respeitável Irmão Marco Nascimento, Loja José Caraver, 101, GLEMERGS (CMSB), REAA, sem mencionar o Oriente, Estado do Rio Grande do Sul, solicita o seguinte esclarecimento:

ESTÃO SATISFEITOS?


Uma curiosidade sobre a pancada com a palma da mão sobre o avental, para afirmar que os Obreiros estão pagos e satisfeitos, como se originou este sinal?
Sei que é oriunda da Maçonaria Operativa, seu trabalho publicado em 16 de maio de 2016 cujo Título é "Estão satisfeitos?". Gostaria de saber se este procedimento foi inserido após aquele período?
Fico agradecido pela sua atenção de sempre.

CONSIDERAÇÕES.

Antes da resposta à sua questão, vai republicado abaixo o texto que fora escrito em atenção à dúvida de um Irmão em anos passados. Entendo que assim fica mais completa a presente consideração.

"E Eles Estão Satisfeitos" - O termo foi muito usado em antigos rituais cujo procedimento fora haurido das construções do passado e a Franco-Maçonaria (Maçonaria Operativa).
De modo prático quando era concluída uma etapa da construção, geralmente antes do período do inverno, os operários recebiam os seus salários conforme a sua produção no canteiro. Assim o Mestre da Obra geralmente indagava a um dos seus auxiliares imediatos (atual Primeiro Vigilante), se todos os Obreiros haviam sido pagos e estavam satisfeitos. Se a resposta fosse afirmativa, então o Mestre da Obra autorizava o Vigilante a encerrar os trabalhos no canteiro e despedir os obreiros, recomendando, porém o retorno de todos na próxima estação (no inverno não havia trabalho) para a continuidade dos afazeres da construção.
Obviamente que se algum operário se sentisse injustiçado com o salário recebido ele declarava seu descontentamento e as contas eram averiguadas para que se processassem as justas remunerações.
Graças a esses costumes é que muitos rituais da Moderna Maçonaria reviviam essa prática quando o Venerável, antes do encerramento dos trabalhos, indagava simbolicamente ao Primeiro Vigilante se os Obreiros estavam contentes e satisfeitos. De modo simbólico eles assim afirmavam e então o Venerável mandava fechar a Loja.
Com a evolução de muitos rituais, atualmente essa reminiscência tem se apresentado apenas durante a abertura dos trabalhos quando o Venerável pergunta ao Primeiro Vigilante a razão dele ocupar aquele lugar no Ocidente. Em resposta o Vigilante profere que do mesmo modo como o Sol se oculta no Ocidente para terminar o dia, ali é colocado o Primeiro Vigilante para fechar a Loja, pagar os Obreiros e despedi-los contentes e satisfeitos.
Assim essa prática se tornou somente uma regra simbólica de usos e costumes e não de modo literal uma pergunta individual ou à coletividade da Loja, até porque na Maçonaria Simbólica se um Obreiro se sentir prejudicado, ele fará apelação na forma da Lei ao Venerável ou diretamente ao Orador da Loja, ou mesmo ao representante do Ministério Público Maçônico, conforme o Rito.
Desse modo e nas atuais circunstâncias, ninguém esperaria o encerramento dos trabalhos da Loja para manifestar seu eventual descontentamento que viesse prejudica-lo seus direitos.
Finalizando; não está mais prevista no Ritual nenhuma pergunta objetiva nesse sentido, daí qualquer resposta relativa seria improcedente. (Resposta escrita em 2015 – JB News).

Em relação à questão atual, o costume de bater com as mãos espalmadas sobre o avental é apenas uma alusão simbólica ao que ocorria no período da Maçonaria de Ofício como acima explicado. O ato em si - o de bater com as mãos espalmadas sobre o avental para demonstrar contentamento pelo salário recebido - é um gesto especulativo. Obviamente que no período operativo isso não ocorria (bater as mãos sobre o avental). Cabe lembrar que a forma de trabalho operativa era literalmente de ofício e não de modo ritualístico como o exercido em algumas das atuais Lojas de Maçons Aceitos.

Na Moderna Maçonaria - especulativa por excelência - o obreiro não trabalha para o seu sustento de sobrevivência, porém labuta para o seu aprimoramento pessoal, levando-se em conta que na Maçonaria dos Aceitos, o operário é simbolicamente também a matéria prima. Nesse sentido, sua remuneração é o seu aprendizado e a sua evolução iniciática. Desse modo, seu contentamento pelas lições recebidas é demonstrado, em alguns ritos especulativos, com o gesto de se bater com as mãos espalmadas sobre o avental. É bom que se diga que essa não é uma prática generalizada, porém adotada por apenas alguns ritos especulativos, destacando ainda que esse tem sido  atualmente um costume praticamente em desuso (anacrônico).

Devo salientar que o gesto de bater com as mãos espalmadas sobre o avental não é um "sinal" maçônico, porém uma demonstração de contentamento. "Sinal maçônico" é algo muito mais amplo e profundo, trazendo consigo importantes significados iniciáticos, o que não é o caso do de bater sobre o avental.

Por fim, bater sobre o avental é atitude da Maçonaria Especulativa para "relembrar" aspectos do cotidiano dos nossos ancestrais que meritoriamente recebiam seu ordenado na época do Ofício.

T.F.A.

PEDRO JUK


MAIO/2020

domingo, 10 de maio de 2020

SUBSTITUTO AD HOC


Em 10/02/2020 o Respeitável Irmão Cesar Nascimento, Loja Lotus, 2.211, A Justa, REAA, GOB-SP, Oriente de São Pulo, Capital, formula a questão seguinte:

SUBSTITUTO AD HOC.


Muito recentemente passamos uma situação no início de uma sessão ordinária em nossa loja que suscitou dúvidas:
Há alguma norma quanto aos critérios de escolha entre os MM MM presentes para serem convidados a assumirem os cargos temporariamente vacantes, exceto quanto ao Venerável Mestre que será sucessivamente substituído pelos Irmãos 1º ou 2º Vigilantes em suas ausências?
Há alguma objeção quanto a fazer uma substituição por um Irmão que já ocupe um cargo de ofício, e ele então substitua o oficial ausente e consequentemente seja substituído por outro Irmão em seu posto de ofício?

CONSIDERAÇÕES.

Quando do preenchimento de um cargo pela ausência do titular o seu substituto deve ser avaliado obedecendo os critérios necessários para ocupar a vacância. Em tese, todo o Mestre Maçom, por ter alcançado os 3º Grau, é possuidor da plenitude dos seus direitos, com isso, também das obrigações. Assim, um Mestre deve estar pronto para assumir um cargo quando convocado. Obviamente que para tudo deve existir bom senso e isso deve ser observado por aquele que promoverá a substituição (o Venerável Mestre ou o Mestre de Cerimônias), lembrando que nada mais salutar e de boa geometria é convocar alguém que possua experiência ou mesmo mais afinidade com o ofício.
Em linhas gerais, um Mestre ao ser chamado para cumprir uma missão deve se apresentar com fervor e zelo. Destaque-se que esse é o significado do termo "estar à Ordem", isto é, pronto e preparado com as ferramentas para atuar no canteiro.
No tocante a um cargo vago ser preenchido por alguém que já está exercendo ofício, embora isso até seja possível, não é muito recomendável, pois retirar alguém de uma função para ocupar outro cargo me parece que é desvestir um santo para vestir outro. Ora, nesse caso é melhor lançar mão de outro Mestre para ocupar a vaga. Assim, ao invés de dois procedimentos, bastaria apenas um.
Nessa troca e ocupação de cargos, recomendo atenção para os cargos eletivos e aqueles que são nomeados pelo Venerável Mestre.
De tudo, cada situação deve ser avaliada com critério, lembrando que os excessos de preciosismo mais atrapalham do que constroem.


T.F.A.

PEDRO JUK


MAIO/2020

domingo, 3 de maio de 2020

ATRASADO SENDO APLAUDIDO


Em 09/02/2020 o Respeitável Irmão Reynaldo Passos Calaza, Loja Sylvio Cláudio, 3.798, REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a questão seguinte:

RECEPÇÃO SOB APLAUSOS


Quando iniciei na Ordem em 2010 a minha Loja sempre nos pedia para ficar de pé e a Ordem quando o irmão retardatário era Mestre Instalado. Com o passar do tempo minha Loja parou de praticar este ato. Agora no final do ano, fui visitar uma Loja que fez esta pratica para um Mestre Instalado retardatário. Qual o procedimento correto?
Quando a Grão Mestre Estadual ou Geral entra em nossa loja ficamos apenas de Pé ou de Pé e a Ordem?

CONSIDERAÇÕES.

Receber Mestre Maçom Instalado que chega "atrasado" com a Loja em pé e ainda aplaudindo o retardatário é mesmo algo inadmissível. Em síntese, atrasos não devem ocorrer, muito menos receber atrasados com atitudes de reverência.
Devo destacar que Mestre Maçom lnstalado não é grau, porém um título honorífico dado àquele que fora um dia eleito Venerável Mestre. Concluído o seu mandato ele é um Ex-Venerável. Em deferência a ter um dia exercido esse mandato ele tem a prerrogativa de ocupar lugar no Oriente, contudo esse título não lhe dá o direito de chegar atrasado, e ainda por cima ser recebido com aplausos.
O que existe sim são situações formais para visitantes e autoridades, entretanto elas não se adequam àqueles de adotam o péssimo hábito de chegar após já terem sido iniciados os trabalhos.
Assim, o Regulamento Geral da Federação, Título XII, Artigo 217 e seguintes trata dos Visitantes, Do Protocolo de Recepção e do Tratamento, destacando que o Ritual por sua vez determina as conformidades, como é o caso do Ritual de Aprendiz do REAA em vigência no item 2.7 – Recepção de Autoridades e Portadores de Títulos de Recompensa. Vide também o Sistema de Orientação Ritualística in GOB RITUALÍSTICA, http://ritualistica.gob.org.br



T.F.A.


PEDRO JUK


MAIO/2020

sábado, 2 de maio de 2020

FUNDAÇÃO DE UM TRIÂNGULO


Em 07/02/2020 o Respeitável Irmão Emerson Fernando Almeida, Loja Nelson Texeira Leite, 4.533, Rito Adoniramita, GOEB/GOB, Oriente de Seabra, Estado da Bahia, pergunta o que segue

TRIÂNGULO MAÇÔNICO


Gostaria de receber do Irmão orientações para fundação de um Triângulo Maçônico; assim com orientações sobre a ritualística (se é que existe) utilizada. Moro no Oriente vizinho a Seabra, Boninal, e aqui não temos do GOB. Quero ter aqui um triângulo no intuito de fundar uma Loja no RITO MODERNO.

CONSIDERAÇÕES.

Em se tratando do Grande Oriente do Brasil, um Triângulo é um núcleo maçônico provisório que só pode funcionar no máximo por um ano, sendo dissolvido pelo Grão-Mestre se não atingir o número de sete Mestres Maçons para constituir uma Loja. Sua administração se dá por três Mestres Maçons, sendo um Venerável Mestre, um Secretário e um Tesoureiro. Os demais, até o número de seis, serão distribuídos pelo Venerável.
Os critérios para a fundação e desenvolvimento de um Triângulo poderão ser encontrados na Constituição e Regulamento Geral da Federação do Grande Oriente do Brasil.
No tocante à ritualística dos seus trabalhos, ela não existe já que um Triângulo funciona apenas administrativamente, portanto nele não se aplica nenhuma liturgia tal como se dá em uma Loja.
Outras particularidades, no que couber, aplicam-se as disposições concernentes às Lojas.
Acredito que o Irmão deverá se dirigir à Secretaria Estadual da Guarda dos Selos do respectivo Grande Oriente Estadual para melhores informações e providências.


T.F.A.

PEDRO JUK


MAIO/2020

sexta-feira, 1 de maio de 2020

LUVAS NO TRAJE MAÇÔNICO E OCUPAÇÃO MOMENTÂNEA DE CARGOS


Em 06/02/2020 o Respeitável Irmão André Ricardo Ferraz Roque, Loja Barão do Rio Branco, 03, GOIPE (COMAB), REAA, Oriente de Arcoverde, Estado de Pernambuco, solicita o seguinte esclarecimento.

LUVAS E SUBSTITUIÇÃO DE CARGO


Gostaria que o nobre Irmão pudesse tirar duas dúvidas quanto à ritualística:
- As luvas, elas devem ser usadas em que sessões? Em toda reunião ritualística, seja ela econômica ou magna, ou apenas em reuniões magnas?
- Vamos supor que as Luzes ou as Dignidades por algum motivo precisem deixar a sua mesa momentaneamente durante a Sessão, é obrigatório que outro Irmão ocupe o seu lugar para que este não fique vago?

CONSIDERAÇÕES.

Luvas - Já escrevi bastante no meu Blog sobre a utilização de luvas na Maçonaria. Vale então repetir que em alguns ritos elas possuem tão somente o caráter iniciático enquanto que em outros elas fazem também parte da indumentária do maçom.
No caso do REAA, as luvas genuinamente não são componentes do vestuário, entretanto possuem alto significado iniciático por lembrar que pela sua alvura o iniciado deve manter as suas mãos afastadas das águas lodosas do vício. Pelo viés iniciático elas têm relação direta com a liturgia das purificações que ocorrem na cerimônia de Iniciação. Desse modo, longe de serem simples peças de vestuário, a sua alvura recomenda ao indivíduo a observação da pureza no seu sentido mais amplo.
Infelizmente ainda existem rituais do escocesismo que trazem o par de luvas também como um dos componentes do vestuário do maçom, o que é um erro, pois elas são entregues ao neófito apenas como objetos de alto valor simbólico e não como meras peças de vestuário que se ajustam às mãos e aos dedos para servirem de agasalho, adorno, proteção ou higiene.
Nesse sentido vê-se então maçons equivocadamente usando luvas aleatoriamente, sobretudo nas sessões magnas. Há de se observar que bons rituais apenas fazem alusão ao significado das luvas brancas quando elas são entregues ai neófito durante a Iniciação, não exigindo propriamente delas a sua utilização como elementos de vestuário de gala. Reitero, essa menção se faz ao REAA.
Pelo dito, no que concerne à sua questão e o uso das luvas na Maçonaria, originalmente no REAA elas são entregues para que o Iniciado as tenha apenas como emblema e não como objetos que literalmente devem ser calçados às mãos durante os trabalhos maçônicos, sejam esses ritualísticos (magnos ou econômicos) ou não. Em síntese, não é original no simbolismo do REAA o uso de luvas durante quaisquer trabalhos maçônicos. É bem verdade que mesmo equivocados, podem existir rituais que apregoem ao contrário, nesse caso é preciso antes arrumar o ritual (errata) do que desrespeitá-lo. Reitero, as luvas nesse caso são elementos emblemáticos e não peças de vestuário.
Ausência dos lugares - Respondendo sua questão, se o caso for momentâneo não há necessidade de que os titulares sejam substituídos, sobretudo pela falsa alegação de que sob nenhuma hipótese esses lugares possam ficar vazios, ainda que momentaneamente. Por óbvio que essa ausência pode ocorrer no decorrer dos trabalhos simplesmente por dever de ofício do titular, ocorrendo em seguida o seu imediato retorno. Observe que existem passagens ritualísticas que requerem uma breve saída dos titulares dos seus respectivos lugares, entretanto não existe nessa ocasião nenhum "preenchimento" de cargos. Se a ausência for definitiva, evidentemente que os substitutos legais assumirão a titularidade.
Um cuidado especial nesse caso deve ser dado ao cargo de Cobridor Interno - cargo que não pode, sob nenhuma hipótese permanecer desocupado - Landmark do sigilo.
Lembro que excessos de preciosismo apenas depõem contra o bom andamento da liturgia maçônica.




T.F.A.


PEDRO JUK


MAIO/2020