Em 13/02/2020 o
Respeitável Irmão Marco Nascimento, Loja José Caraver, 101, GLEMERGS (CMSB),
REAA, sem mencionar o Oriente, Estado do Rio Grande do Sul, solicita o seguinte
esclarecimento:
ESTÃO SATISFEITOS?
Uma curiosidade
sobre a pancada com a palma da mão sobre o avental, para afirmar que os
Obreiros estão pagos e satisfeitos, como se originou este sinal?
Sei que é oriunda
da Maçonaria Operativa, seu trabalho publicado em 16 de maio de 2016 cujo
Título é "Estão satisfeitos?". Gostaria de saber se este procedimento
foi inserido após aquele período?
Fico agradecido
pela sua atenção de sempre.
CONSIDERAÇÕES.
Antes da resposta à sua questão, vai republicado abaixo o texto
que fora escrito em atenção à dúvida de um Irmão em anos passados. Entendo que
assim fica mais completa a presente consideração.
"E Eles Estão
Satisfeitos" - O termo foi muito usado em antigos rituais cujo procedimento fora haurido das construções do passado e a Franco-Maçonaria
(Maçonaria Operativa).
De modo
prático quando era concluída uma etapa da construção, geralmente antes do
período do inverno, os operários recebiam os seus salários conforme a sua
produção no canteiro. Assim o Mestre da Obra geralmente indagava a um dos seus
auxiliares imediatos (atual Primeiro Vigilante), se todos os Obreiros haviam
sido pagos e estavam satisfeitos. Se a resposta fosse afirmativa, então o
Mestre da Obra autorizava o Vigilante a encerrar os trabalhos no canteiro e
despedir os obreiros, recomendando, porém o retorno de todos na próxima estação
(no inverno não havia trabalho) para a continuidade dos afazeres da construção.
Obviamente
que se algum operário se sentisse injustiçado com o salário recebido ele
declarava seu descontentamento e as contas eram averiguadas para que se
processassem as justas remunerações.
Graças a
esses costumes é que muitos rituais da Moderna Maçonaria reviviam essa prática
quando o Venerável, antes do encerramento dos trabalhos, indagava
simbolicamente ao Primeiro Vigilante se os Obreiros estavam contentes e
satisfeitos. De modo simbólico eles assim afirmavam e então o Venerável mandava
fechar a Loja.
Com a
evolução de muitos rituais, atualmente essa reminiscência tem se apresentado
apenas durante a abertura dos trabalhos quando o Venerável pergunta ao Primeiro
Vigilante a razão dele ocupar aquele lugar no Ocidente. Em resposta o Vigilante
profere que do mesmo modo como o Sol se oculta no Ocidente para terminar o dia,
ali é colocado o Primeiro Vigilante para fechar a Loja, pagar os Obreiros e
despedi-los contentes e satisfeitos.
Assim essa prática
se tornou somente uma regra simbólica de usos e costumes e não de modo literal
uma pergunta individual ou à coletividade da Loja, até porque na Maçonaria
Simbólica se um Obreiro se sentir prejudicado, ele fará apelação na forma da
Lei ao Venerável ou diretamente ao Orador da Loja, ou mesmo ao representante do
Ministério Público Maçônico, conforme o Rito.
Desse modo e
nas atuais circunstâncias, ninguém esperaria o encerramento dos trabalhos da
Loja para manifestar seu eventual descontentamento que viesse prejudica-lo seus
direitos.
Finalizando; não está mais prevista
no Ritual nenhuma pergunta objetiva nesse sentido, daí qualquer resposta relativa
seria improcedente. (Resposta escrita em 2015 – JB News).
Em relação à questão atual, o costume de bater
com as mãos espalmadas sobre o avental é apenas uma alusão simbólica ao que
ocorria no período da Maçonaria de Ofício como acima explicado. O ato em si - o
de bater com as mãos espalmadas sobre o avental para demonstrar contentamento pelo
salário recebido - é um gesto especulativo. Obviamente que no período operativo
isso não ocorria (bater as mãos sobre o avental). Cabe lembrar que a forma de
trabalho operativa era literalmente de ofício e não de modo ritualístico como o
exercido em algumas das atuais Lojas de Maçons Aceitos.
Na Moderna Maçonaria - especulativa por
excelência - o obreiro não trabalha para o seu sustento de sobrevivência, porém
labuta para o seu aprimoramento pessoal, levando-se em conta que na Maçonaria
dos Aceitos, o operário é simbolicamente também a matéria prima. Nesse sentido,
sua remuneração é o seu aprendizado e a sua evolução iniciática. Desse modo,
seu contentamento pelas lições recebidas é demonstrado, em alguns ritos
especulativos, com o gesto de se bater com as mãos espalmadas sobre o avental.
É bom que se diga que essa não é uma prática generalizada, porém adotada por apenas
alguns ritos especulativos, destacando ainda que esse tem sido atualmente um costume praticamente em
desuso (anacrônico).
Devo salientar que o gesto de bater com as
mãos espalmadas sobre o avental não é um "sinal" maçônico, porém uma demonstração de contentamento. "Sinal maçônico" é algo muito mais amplo e
profundo, trazendo consigo importantes significados iniciáticos, o que não é o
caso do de bater sobre o avental.
Por fim, bater sobre o avental é atitude da Maçonaria
Especulativa para "relembrar" aspectos do cotidiano dos nossos
ancestrais que meritoriamente recebiam seu ordenado na época do Ofício.
T.F.A.
PEDRO JUK
MAIO/2020
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