Em 09.12.2022 o Respeitável Irmão Carlos Resende, Loja Cavaleiros do Sol, 3195, GOB-MS, REAA, Oriente de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, formula o que segue:
A CONDUÇÃO DO CANDIDATO AO TEMPLO
Eminente Irmão, que o G∴ A∴ D∴ U∴ te permita sempre iluminado e
com muita saúde e paciência conosco, para que nos transmita suas Luzes.
Sabemos que muitas Lojas, inclusive a minha,
têm algumas tradições que vem lá de trás e que são quase imutáveis.
Me refiro aqui ao "tour" realizado
pelos Irmãos que vão buscar o candidato, passando pela Maternidade (falando
sobre nascimento, igualdade no nascimento dentre outras coisas). Depois se vai
até a porta de uma Delegacia de Polícia e ali mais um discurso de que o Maçom
deve evitar entrar ali como delinquente/infrator, a não ser para visitas;
Depois, vem o discurso para que o candidato
reflita sobre a morte, etc... etc...
Em seguida, se v∴ o candidato e segue para
entregá-lo ao Irmão Ter∴ na
porta do Templo.
Eu mesmo já fiz isso como candidato e também
como condutor.
Enfim, este é, resumidamente, o que se pratica
em algumas Lojas.
Ocorre que, quanto mais leio e interpreto as
orientações Ritualísticas, aliando-se às evoluções e aos perigos de se conduzir
uma pessoa vend∴ pelas
ruas, mas me convenço que nosso Ritual de Aprendiz e o SOR deixam claro que a
INICIAÇÃO começa ali na porta do Templo com o Irmão Ter∴. E que todas essas encenações
pelas ruas são desnecessárias e temerárias. Sob a minha interpretação, tudo
isso que tentam passar ao candidato está implícito e aos olhos do candidato lá
na Câmara de Reflexão em toda a simbologia lá existente. E que, nas primeiras
Sessões ao neófito, isso deveria merecer um bom Tempo de Estudos.
Claro que posso estar totalmente errado nas
minhas interpretações, e é por isso que agradeceria receber mais uma aula de sabedoria
do Eminente Irmão.
CONSIDERAÇÕES.
De início devo salientar que de fato
nenhuma dessas encenações constam no nosso Ritual e nem no SOR.
É de fato inacreditável até aonde chega a imaginação
e o poder de criação de alguns, ao ponto de fazer com que a Maçonaria enverede
por caminhos tortuosos e temerários.
Ora, Maçonaria, ao que consta, nada tem a
ver como maternidade, delegacia de polícia e muito menos com necrópoles.
Ao que parece é que a falta total de
conhecimento sobre os verdadeiros propósitos da Sublime Instituição acaba fazendo
com que alguns Irmãos se dediquem a inventar procedimentos que desrespeitam tudo
o que está legalmente previsto, no caso no Ritual do REAA em vigência no GOB.
É preciso avisar alguns que o que deve ser
seguido está no Ritual e o SOR, dispensando-se, portanto, qualquer justificativa
que evoque costumes e tradições da Loja. Se assim fosse, então ritual serve para
quê?
Também não se justificam desculpas
esfarrapadas do tipo de que todas essas barbaridades ocorrem extra loja, ou seja,
antes da cerimônia de Iniciação.
Ora, é oportuno mencionar que o ato
iniciático começa quando um ou mais Irmãos, como guias e em nome da Maçonaria, conduzem
o Candidato do aconchego do seu lar até o edifício da Loja.
Assim, vale alertar aos “inventores” de práticas
não previstas, para que antes conferissem o que consta no Ritual de Aprendiz em
vigência do REAA/GOB, item 3.4.1.1, Iniciação – Preliminares; páginas 95, 96 e
parte da 97. Certamente que não encontrarão nada que combine com o bizarrismo de
se andar por maternidades, delegacia de polícia e cemitérios no dia da
Iniciação.
A propósito, é oportuno mencionar os dois parágrafos
iniciais das preliminares acima citadas que constam do ritual. Por si só elas
já demonstram a magnitude de uma cerimônia iniciática:
“A
Iniciação é o primeiro contato (o
grifo é meu) ativo que o prof∴, agora candidato tem na Ordem,
consequentemente deve ser solene e grave (o
grifo é meu)”.
“Recomenda-se não iniciar mais
de três candidatos (o grifo é meu), em uma única
Sessão Magna, sendo o ideal um só candidato (o grifo é meu),
dada a importância para o nascimento do Maçom (o grifo é meu)”.
Nesse contexto, o ritual também menciona
que o Candidato desvend∴ é introduzido no edifício e entregue ao Exp∴ e ao Tes∴.
Isso por si só já demonstra que o candidato somente será vend∴ depois que estiver dentro do
edifício que abriga a Loja.
Não se admite candidato vend∴ antes do que está previsto justamente para
que se evitem prováveis dissabores com autoridades policiais por conta de uma enganosa
interpretação que confunda a condução do Candidato com uma ação criminosa. Nessa
condição, o desrespeito ao Ritual é também um ato de irresponsabilidade, pois
pode colocar a Ordem Maçônica em uma situação no mínimo embaraçosa.
Já que o assunto é o devido
respeito pelo Ritual, vale também lembrar que o Ritual e o SOR recomendam, dada
a solenidade do ato, um máximo de três candidatos na Iniciação, enfatizando que
o ideal seria apenas um.
Infelizmente, nessas circunstâncias ainda
há Lojas que desrespeitam essa recomendação, iniciando vários candidatos de uma
só vez, ou seja, mais que o recomendável pelo ritual, fazendo com isso Iniciações
por atacado como fossem verdadeiros mercados de peixe.
Nessas condições, certamente o iniciado
nunca viverá a verdadeira Iniciação, isto é, estará longe de compreender
filosoficamente o ato inicial da transformação.
Desse modo, ao concluir reitera-se que uma
iniciação maçônica nada tem a ver com maternidades (setor hospitalar para
mulheres no último estágio da gestação), com delegacias de polícia (repartição
em que o delegado exerce a sua função) e nem com cemitérios (lugar onde se enterram
e guardam os mortos).
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
ABR/2023
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