quinta-feira, 16 de março de 2017

MARCHA DO APRENDIZ - REAA

Em 30/01/2016 o Respeitável Irmão Joaquim Guimarães Maia Neto, Loja Fênix do Alto do Paranaíba, GOB-MG, sem mencionar o nome do Rito, Oriente de Patos de Minas, Estado de Minas Gerais, solicita o que segue:

MARCHA DE APRENDIZ.

Queria, por favor, suas considerações sobre o trabalho montado por um Irmão (...) sobre a Marcha do Aprendiz Maçom. Achei um pouco pesada por alguns termos usados. Espero suas opiniões para que possa apresenta-la em uma sessão do Grau 1.
CONSIDERAÇÕES.

Prefiro não criticar amiúde o trabalho de outrem. Em vez disso vou tecer aqui algumas das minhas considerações sobre o significado da Marcha do Grau sob o ponto de vista da escola autêntica, de modo a compreender sob essa óptica os reais propósitos da Ordem.
Com lucidez e sem lançar mão do imaginário que geralmente envolve concepções ocultistas e quando não, credos e opiniões pessoais que não pertencem ao ideário da razão, o melhor mesmo é estabelecer relações lógicas, de conhecer, de compreender e de raciocinar, utilizando bom senso, juízo e prudência.
Infelizmente a Sublime Instituição pela sua característica de tolerância e liberdade, vem sofrendo ao longo da sua existência especulativa o bombardeio de uma série de conceitos e concepções muitas vezes afastadas da lógica e da razão.
Especificamente no que tange a alegoria da Marcha do Grau (nos ritos que a possuem), inúmeras ilações e até mesmo invenções, tem povoado o imaginário de alguns autores. É comum nos depararmos com ideias, como por exemplo, que querem justificar o inventivo arrastar dos pés na Marcha do Primeiro Grau, ligando-o a um pretenso campo de força do pensamento ou a formação de egrégora (que, aliás, nem existe definição do que é no nosso vernáculo). Na verdade, tudo isso nada mais é do que mera especulação perpetrada por aqueles que querem fazer da Maçonaria sua própria passarela por onde desfilam suas convicções pessoais.
Ora, ao tempo de aplicar todo esse exercício de imaginação, que não raras vezes atenta contra a paciência da coletividade, melhor seria é se despir dessas concepções e tentar entender a estrutura doutrinária da Moderna Maçonaria em geral e dos seus Ritos em particular.
Pensando em colaborar com esse pensamento, vou descrever sinteticamente e sem esgotar o assunto, alguns elementos que possam levar a reflexão e dar suporte para a compreensão saudável da alegoria da Marcha do Grau de Aprendiz no REAA. Talvez por si só até fazer uma avaliação criteriosa comparando essa minha resumida explanação com a Peça de Arquitetura que me fora por vos enviada e que mereceu a questão aqui levantada. Seguem os apontamentos:
  1. A alegoria da Marcha do Grau impreterivelmente está associada à doutrina do REAA. Por assim dizer, é imperioso compreender que o Rito em questão é de origem francesa e, por sua vez possui características deístas, portanto o seu método de busca do aperfeiçoamento se embasa simbolicamente nas Leis da Natureza. Assim o caminho do primeiro ciclo (Aprendiz) representa comparativamente à renovação primaveril. Em tese, com o término do Inverno, caminhando em direção à Luz o Obreiro que acabou de recebê-la, mesmo que tenuamente rompe a marcha na sua direção – partindo do Ocidente em direção ao Oriente (o lugar da Luz).
  2. À procura de mais Luz o Aprendiz exercita o caminho da retidão sobre o eixo do Templo (equador) tendo como guia a Esquadro (posição dos pés) o que o faz palmilhando passo a passo em linha reta. A Maçonaria ensina que a retidão é a vereda dos justos.
  3. Esquadrejando passo a passo como que estivesse usando de cautela, o Aprendiz avança com o seu p\ esq\ pelo solo ainda pouco iluminado (Ocidente). Ainda que com prudência, mas com passo normal, segue a interseção das linhas que formam os ângulos que constituem o Pavimento Mosaico. Assim, o Aprendiz dá três passos começando por avançar o p\ esq\ juntando a cada passo pelos cc\ o p\ dir\ em esq\. O termo passos normais significa aqui que não se devem arrastar os pés.
  4. Representando a evolução e o aperfeiçoamento humano a Marcha em direção à Luz ratifica esse objetivo. Como sendo o único caso em que se anda à Ordem, desde cedo o Aprendiz aprende que estará sempre pronto e a disposição para servir (é o significado do termo “à Ordem”).
  5. Os três passos, dentre outros, representando a vereda dos justos, cada passo concebe um ciclo que será cumprido na sua jornada. No futuro ao alcançar sucessivamente cada uma dessas etapas, mais mistérios lhe serão revelados (aumentos de salário). Partindo do número um ele chegará ao número três, afinal essa e uma regra da Natureza - todos haverão de passar pelas três etapas da vida: a infância, a juventude e a maturidade (primavera, verão e outono).

Assim, ficam aqui algumas ponderações a respeito da Marcha do Grau do Aprendiz, mas sem o subterfúgio da fertilidade do imaginário.
Em busca do aperfeiçoamento, o Homem deve palmilhar os caminhos da vida e da lógica com serenidade e constância. Não há como se aproximar da perfeição sem que antes se investigue amiúde a Verdade. Não é divisa de um maçom estacionar ou recuar à sombra da imaginação, beber das ilações e se alimentar das crenças temerárias.
A Marcha, desde cedo nos ensina a nunca retroceder na busca do objetivo (perseverança), porém alcança-lo, mesmo que no futuro nos deparemos com um caminho sinuoso, já que no fim da jornada, a Luz estará no Oriente. (se bem observada e compreendida a Arte, esse último parágrafo é um resumo do significado das três Marchas do simbolismo).

T.F.A.

PEDRO JUK


MARÇO/2017

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