Em 08/02/2017 o Respeitável Irmão Rogério Freire
Kochmanscky, Loja União e Luz, 3.379, REAA, GOB-PR, Oriente de Londrina, Estado
do Paraná, formula a seguinte questão.
GRANDES VERDADES.
Peço sua orientação, pois quando
estive estudando (mais uma vez) o Ritual do REAA, Grau de Companheiro, na
página 84, em sessão Magna de Elevação, o Venerável Mestre, após contemplar a
Estrela Misteriosa, e fazer comentários sobre a mesma, segue:
- O DELTA, que vedes tão
resplandecente de Luz, vos oferece duas grandes verdades e duas ideias
sublimes.
A pergunta: Quais são as duas grandes
verdades e quais as duas ideias sublimes?
Fiz pesquisas em vários livros e não
obtive sucesso. Talvez sejam informações que já sabemos, mas que no momento,
não sei responde-las.
CONSIDERAÇÕES:
Sob o ponto de vista maçônico, a
definição mais conhecida por “Verdade” é aquela que a menciona como a expressão fiel de tudo o que é; que foi e
que será; respeitando as Leis da transformação e da renovação. É a tradução
do fato verdadeiro ou correto; embora não se possa considera-la como patrimônio
exclusivo do filósofo.
São convicções e pontos de vista
daqueles que a deliberam, embora essa questão possa ser subjetiva, pois o que é
Verdade para alguns, pode não ser para outros.
Com relação ao Delta e a Verdade,
em alguns ritos maçônicos, essa expressão pode ser determinada como uma manifestação
do Arquiteto Criador sejam eles de concepção teísta, ou deísta.
Assim uma das Grandes Verdades
na Maçonaria é, num caso desses, a propriedade geométrica do Triângulo
Equilátero como ideia e alegoria da divindade. Em primeira análise a figura do
Delta simboliza a conjugação dos ternários (primeira figura geométrica plana),
ou as tríades divinas, cujos conceitos têm sido comuns desde as antigas
civilizações e, por extensão, à maioria das religiões.
O símbolo do Delta exprime uma
figura neutra, o que é compreensível pela igualdade dos seus lados. Daí o uso
do adjetivo equilátero dado à sua representação triangular - o que tem todos os
seus lados iguais entre si.
Ele representa o perfeito
equilíbrio entre os aspectos da divindade, pois quando o triângulo tem o ápice
voltado para cima, ele simboliza as qualidades espirituais, já com o ápice voltado
para baixo, representa as qualidades materiais – em tese é a integração do
espírito e da matéria.
Na Maçonaria o Delta é um dos seus
principais símbolos, sendo denominado de Radiante, ou Luminoso como atributo da
Luz e da divindade. É devido a isso que ele se localiza no Oriente, ao alto e
centro do Retábulo como figura distinta e visível a todos, podendo ter ao
centro a figura de um olho esquerdo (concepção deísta) ou as letras do
Tetragrama hebraico (concepção teísta) que sugere o nome inefável de Deus (Iôd, Hé, Vav, Hé), ou ainda só a
primeira letra (Iôd). Em síntese essa
Grande Verdade se traduz na presença do Arquiteto Criador e a sua
personificação conforme a crença de cada um. Em tese, segundo o que menciona o
Ritual, ele chama a atenção para entender a primeira “Verdade”, ou seja, perceber
o Criador conforme a sua crença, mas respeitando as convicções alheias.
Assim, o Delta Radiante como símbolo
da existência do “Grande Arquiteto do Universo” oferece ao Companheiro outra
Grande Verdade - aquela relativa aos atributos do Criador como a fonte do saber
humano. Sob esse prisma, Deus é o Ser superior aos homens e aos espíritos. Para
a filosofia religiosa monoteísta Deus é o princípio único e supremo do
Universo. É o fundamento de todas as existências, atividades e valores. Para a
Maçonaria e os seus Ritos, sem a pretensão de ser uma religião, porém um
ambiente de convivência religiosa cultua a Deus e a Ele invoca sua proteção e
auxílio nos trabalhos maçônicos. Em síntese, Deus para os maçons, independente
da religião de cada um dos seus membros, de modo conciliatório, é denominado o Grande
Arquiteto do Universo – Aquele que arquitetou o Universo.
Essas são as duas “Grandes
Verdades” relativas ao símbolo e mencionadas no ritual. A primeira concebe a existência
do Arquiteto Criador e os seus atributos, enquanto que a segunda O idealiza perante
o maçom.
No que diz respeito aos ideais
sublimes (não é a ideia, a imagem), como síntese de tudo que aspiramos e de
perfeição que buscamos, o primeiro ideal é concebido pela Geometria e sua
aplicação na Arte. Considerada como símbolo maçônico do construtor, a
Geometria, ou a Quinta Ciência, de cujos predicados o maçom se faz dela valer
para edificar a Obra perfeita e duradoura, tem sido um ideal (objetivo)
que está presente desde os catecismos antigos da Maçonaria inglesa, onde se lê:
“Por que vos fizeste receber como
Companheiro Maçom?” – “Pela letra G.” – “O que significa essa letra?” –
“Geometria, ou a Quinta Ciência”.
A Geometria nasceu no Antigo
Egito com objetivo de medir as terras férteis do Delta do Rio Nilo. Os
filósofos gregos, observando a precisão dos seus princípios matemáticos, mais
tarde a levariam à Grécia dando-lhe um cunho filosófico relacionando-a a Ordem,
Harmonia e Equilíbrio do Universo, concepção essa que lhe titularia como uma
obra do Grande Geômetra, ou Aquele que geometrizou o Universo.
É nesse sentido que o
Companheiro, com ideais sublimes (aprimoramento e perfeição) pela ação e pelo
trabalho aplica no ofício da Arte de Construir a Quinta Ciência (Geometria).
Sumáriamente, é o seu ideal de Elevar a Obra construindo-a geometricamente para
que, ao seu final, ao contemplá-la, ter a certeza que aplicou as ferramentas de
acordo com as exigências da Arte – o ideal é que Obra permaneça para sempre na
mente dos pósteros.
Verdade, Geometria e Criatura se
geminam no resumo da vida, já que todos são produtos do Grande Geômetra. Nesse
particular, as “Grandes Verdades” para o Companheiro estão na
representatividade do Delta e nos seus atributos, pois deles dependem os
sublimes ideais. Primeiro o sublime ideal de aplicar a Geometria na elevação da
Obra da Vida, segundo o ideal de deixar essa Obra como exemplo aos pósteros. É
certo que chegará o tempo que se dirá: “essa
idade não me agrada”. Tudo está entre o Meio-Dia e a Meia-Noite.
T.F.A.
PEDRO JUK
MAR/2017.
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