Através do New GOB Net um
Respeitável Irmão de uma Loja da constelação do Grande Oriente do Brasil, REAA,
apresenta a questão que segue:
DENOMINAÇÃO DE DEUS NA MAÇONARIA
Conforme descrito abaixo, solicita-se
esclarecimento quanto às diferenças de terminologias que suscitaram dúvidas
entre os irmãos, ao referenciar o GADU:
1) RGF (alterações GOB 2019) traz em seu artigo
1º, item IX, que o candidato deve "aceitar a existência de um Princípio
Criador";
2) Formulário de Admissão (conforme decreto
1.800 GOB, de 06/12/2019) traz a pergunta: "Acredita em um Ser
Supremo?";
3) Ritual de Aprendiz (REAA GOB, 2009) traz na
pág. 109 - "Senhor(es), embora a Maçonaria não seja uma religião e
proclame liberdade absoluta de consciência, crê no Ente Supremo, o GADU, que é
Deus, e os Maçons não se empenham em empresa importante sem primeiro O
invocarem"; página 110 - "Senhor(es), tomai parte na oração que, em
nosso favor, vamos dirigir ao Senhor dos Mundos e autor de todas as
coisas"; página 111 - ORAÇÃO - "(...) ELE é um só e subsiste por si
mesmo e todos os seres devem-LHE a existência (...)"; página 112 -
"Pois se confiais em Deus, levantai-vos, segui com passos firmes vosso
guia e nada receeis".
O item 1, "Princípio Criador" abre
precedente para um entendimento científico de Criação, o qual levado a cabo
pode ser interpretado, por exemplo, como o "Big Bang", sem a
intervenção divina. Contudo, analisando-se os itens 2 e 3, ao definir o termo
"Ser Supremo" e defini-lo claramente como "Deus" no ritual
de iniciação, entendemos que o "Princípio Criador" não pode ser
interpretado de outra forma. Portanto, que caso o candidato não manifeste a
crença em Deus (para o qual declarará confiança na iniciação) NÃO poderá ser
admitido em nossa Ordem.
Não crer expressamente em Deus, mas sim em um
princípio criador, mesmo que "supremo" ou "absoluto", por
mais que esteja alinhado ao artigo 1º do RGF GOB, não traduz o entendimento e
personificação deste princípio na figura do GADU conforme definido pela
Maçonaria, NÃO podendo ser admitido em nossos quadros. Esse é o entendimento
correto? Do contrário, solicitamos esclarecer o conceito
COMENTÁRIOS.
As denominações Grande Arquiteto do
Universo, Princípio Criador, Ente Supremo, Ser Supremo, Senhor dos Mundos, Soberano
Árbitro dos Mundos, Grande Geômetra, etc., se referem ao nome de Deus em se
tratando de Maçonaria.
De há muito a crença em Deus é condição sine qua non para que um
candidato seja iniciado na Moderna Maçonaria. Obviamente que isso não é de se
estranhar, sobretudo porque nossos antepassados, os "canteiros
medievais", organizações de construtores da Idade Média, floresceram e viveram
por muito sob a proteção da Igreja.
A designação de "Grande Arquiteto
do Universo", ou seus títulos nominais derivados, representa um modo
conciliatório para que Deus não seja motivo de proselitismo religioso na
Maçonaria, fazendo assim com que de modo ecumênico os maçons convivam em
harmonia e tolerância independente da religião que cada um pratique.
É por esse sentido que o Art. 2º da Constituição
do Grande Oriente do Brasil menciona: "São postulados universais da
Instituição Maçônica: I – a existência de um Princípio Criador - o Grande
Arquiteto do Universo".
Do ponto de vista histórico e filosófico
essa tem sido a regra. Desse modo, para ser iniciado na Maçonaria é preciso que
o candidato declare sua crença num Princípio Criador. A sua religião não importa,
porém, a crença em Deus é que vale.
Agora, questões legais relativas ao nome
de Deus que possam gerar incompatibilidade perante a legislação maçônica já não
me cabem esclarecer, senão pelos legisladores que tratam de nuances jurídicas concernentes
aos diplomas legais.
De pronto apenas posso afirmar que todos
os maçons devem saber que para ingressar na Ordem obrigatória é a crença num Princípio
Criador: o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus.
A Maçonaria não indaga dos seus membros
a religião que cada um pratica, porém assevera que só pode permanecer na Sublime
Instituição aquele que acreditar na existência de um Deus único, seja ele entendido
tanto pelo viés teísta como pelo viés deísta. Embora a Maçonaria seja uma religião,
ela, entretanto, não deixa de incentivar seus membros para que fora dos templos
maçônicos, cada qual procure e cultue a sua fé.
Por tudo o comentado até aqui, logicamente
fica claro que aquele que não declarar crença num Ente Criador, que é Deus, não
poderá ser iniciado e nem permanecer na Maçonaria.
T.F.A.
PEDRO JUK
FEV/2020
Interessante observar que nao obstante deísta em sua origem, há váriass nuances de viés teísta no rito ou na prática de seus integrantes, quer no momento propor oração e súplica ao GADU, quer nas diversas formas de se pedir a sua proteção, orientação, iluminação,etc. Portanto, ao que parece, já não reflete mais a proposta original permeada de forte conteúdo positivista, e retornando ao eixo principal de religiosidade, sem ser religião.
ResponderExcluirDe fato. Isso se dá pelas influências anglo-saxônicas sobre o REAA, sobretudo quando da criação do seu primeiro ritual em 1804. Os criadores desse ritual eram maçons franceses de retorno à França oriundos dos Estados Unidos da América do Norte. Esses maçons praticavam a América ritualística pertinente às Lojas Azuis Norte-Americanas que, por sua vez praticavam a Maçonaria dos Antigos ingleses de 1751, cuja ritualística seria organizada em solo americano por Thomas Smith Web - vide Duncan's Ritual. Foi devido a isso que o REAA, rito originário da França, acabou também ganhando um viés teísta. Obrigado pelo comentário e pela visita. T.F.A.
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