Em 05/12/2017 o Respeitável Irmão
Luís Torres, sem mencionar o nome da Loja e do Oriente, Rito Adonhiramita,
GLESP, Estado de São Paulo formula a seguinte questão:
MARCHA DO APRENDIZ – RITO ADONHIRAMITA.
Lendo algumas matérias que assinou, gostaria de
consulta-lo se há alguma informação nova sobre a Marcha do Aprendiz do Rito
Adonhiramita – em caso positivo - onde posso encontra-la. O Ritual não é conclusivo, apenas fala de passos, que hoje são
interpretados de formas diversas – inclusive a de arrasta-los (que eu não
concordo). Estou buscando fundamentos para fazer uma boa prancha sobre o
assunto. Se tiver algum material para me enviar, ou mesmo tiver notícia sobre
algum Ritual que esclareça a questão, por favor, me avise que tentarei
adquiri-lo.
CONSIDERAÇÕES.
Em regra geral as Marchas
(passos) nos ritos que as possuem determinam simbolicamente o início do caminho
do Aprendiz em direção à Luz – das trevas da ignorância à Luz do esclarecimento.
O que ocorre, entretanto, é que
os Ritos possuem suas particularidades doutrinárias e ao mesmo tempo
históricas. No caso do Rito Adonhiramita, além dele estar voltado para o
conceito metafísico-filosófico do ser humano, ele é também oriundo da corrente
teísta de Maçonaria, muito embora ele seja um rito nascido no século XVIII na
França.
No caso especialmente da Marcha
do Aprendiz no Rito, alguns autores divulgam que ela é executada de forma
invertida em relação ao REAA, o que não é verdade, pois isso não pode ser
tratado como inversão, senão como uma característica Adonhiramita que
provavelmente tenha surgido na época pela tentativa de resguardar os segredos
que vinham sendo comumente revelados os jornais semanais sob o título de “revelações
maçônicas”. Com essa atitude muitos procedimentos ritualísticos acabaram sendo
invertidos em relação a outros na intenção de confundir os bisbilhoteiros do
mundo profano.
Assim, a Marcha de Aprendiz do
Rito Adonhiramita é sempre executada com o p\ d\ à frente, formando a cada um dos
t\ pp\ uma esq\. Essa
característica a difere do escocesismo que executa a Marcha sempre com o p\ e\. Note
que isso não é “inversão”, mas característica do Rito.
No que diz respeito ao significado
básico dessa alegoria, o mesmo está na retidão (esq\)
associada ao caráter do maçom, pois os t\ grandes p\ pela esq\ têm o
desiderato de ensinar ao Aprendiz o caminho que ele deve seguir na Ordem.
Essa é uma ideia representativa e
significa o zelo no caminho percorrido e que será avaliado pelo seu instrutor.
Tudo se resume na esq\ por ser ela o grande símbolo da
vereda dos justos.
Ainda os t\
pp\, eles revelam o princípio da retomada do
caminho após a Iniciação. Nesse particular o maçom revela nos seus primeiros
passos a alegoria da sua infância.
Quanto à expressão “arrastar
os pés”, eu posso lhe afirmar que bons e verdadeiros rituais não mencionam
essa prática, simplesmente porque ela não existe, senão como fruto de
imaginação de fantasistas que adoram rechear rituais com as suas “brilhantes
ideias”.
A rigor, simplesmente
a cada p\ avança-se por primeiro o p\
d\ apontado para frente, unindo-se em seguida o
outro p\ na forma de costume. Originalmente não
existe o arrastar de pés nesse movimento.
Dada à característica
espiritualizada do Rito Adonhiramita, muitos outros conceitos podem se
apresentar na sua doutrina. A questão talvez seja a de separar o joio do trigo.
O verdadeiro Rito
Adonhiramita foi construído com três graus simbólicos e mais nove graus ditos
superiores, o que lhe deu a originalidade de doze graus.
A posteriori, segundo
alguns autores, em homenagem a Frederico, o Grande, o superado Ragon acabou
vendo nele mais um grau pertinente, o que acabou se consolidando como um Rito
de treze graus.
Para piorar as
coisas, infelizmente aqui no Brasil, já no final do século XX, alguns rituais Adonhiramitas
acintosamente apareceram e foram aprovados com trinta e três graus à moda do escocesismo
e sob a justificativa capenga de que o acréscimo de mais graus fortaleceria a
prática do Rito.
Dados esses
comentários e concluindo, sugiro ao Irmão que consulte a obra de Gilvan Barbosa
que trata da Coletânea Preciosa do Rito Adonhiramita aqui no Brasil. Veja
também os rituais Adonhiramitas do Grande Oriente Independente do Estado de
Santa Catarina (COMAB) que sem dúvida tem sido por aqui os mais próximos da
originalidade. Recomendo o livro Passos de Um Aprendiz Adonhiramita de Amauri
de Souza, Editora Maçônica A Trolha, 2016, dentre outros.
T.F.A.
PEDRO JUK
MARÇO/2018.
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