Em 29/05/2018 o Respeitável Irmão
Ronaldo Pinto de Morais (Moura), Editora Maçônica A Trolha, Oriente de
Londrina, Estado do Paraná, solicita o seguinte esclarecimento:
ACLAMAÇÃO NO GRAU DE MESTRE
Peço mais uma vez sua ajuda para lhe perguntar: Por que no Grau de
Mestre não tem ACLAMAÇÃO?
CONSIDERAÇÕES:
Diferente do que
muitos pensam, a aclamação H\ possui o simples
significado de saudação à Luz. Nesse sentido ela se refere à volta do Sol que
sempre se rompe na aurora para governar o dia. Em Maçonaria a Luz é um sinônimo
de sabedoria e ela, dentre outros, é aplicada ao Venerável Mestre que, dotado
do saber, é o dirigente dos trabalhos (Coluna Jônica). Isso pode ser constatado
no ritual durante o diálogo de abertura entre o Venerável e o Primeiro
Vigilante.
H\ é a corruptela de uma antiga
saudação que os árabes faziam durante o solstício de inverno (dezembro no
Norte) ao Sol. Nessa data o Sol atinge a sua maior declinação em direção ao
meridião (Meio-Dia ou Sul). A partir desse solstício invernal, o que se dá em
21 de dezembro no norte, aparentemente o Sol inicia o seu retorno para o hemisfério
norte. Esse regresso é misticamente comemorado como uma alegoria básica dos
cultos solares da antiguidade - a “volta do sol invicto”.
Sob esse particular,
os árabes costumavam saudar aclamando a volta do Sol tendo nas mãos com um ramo
de acácia florida, já que as flores amarelas da planta se parecem com pequenos
sois. Maomé, mais tarde, por conta do islamismo, viria proibir essa
manifestação.
Foi graças a essa
alegoria que certos autores fantasiosos confundiram o termo H\ - que era bradado na aclamação árabe
como “huzza” - com acácia, o que não é verdade. Outros ainda mencionaram
inadvertidamente que H\ é a tradução de
acácia na língua hebraica. Sem dúvida essa é outra bobagem. Há ainda os que
aproveitam essa aclamação para impor os seus credos pessoais evocando
convicções ocultistas. Esse também é outro disparate, pois Maçonaria não é
lugar para proselitismos.
O Rito Escocês
Antigo e Aceito, rito esse que adota a aclamação H\ nos seus trabalhos, fundamenta esse
costume nos dois primeiros graus como um símbolo de saudação à Luz
(esclarecimento), não só sob o aspecto solsticial, mas também sob o movimento
diário do astro rei. No seu ápice (abertura dos trabalhos) é o Meio-Dia e no
seu ocaso (encerramento) é à Meia-Noite – período de alto significado simbólico.
Já sob o ponto de
vista místico do terceiro grau, o lendário e principal personagem é
simbolicamente a personificação do Sol (sabedoria, esclarecimento). Assim, sob
a égide desse teatro simbólico e iniciático, tal qual como nos cultos solares
da antiguidade, o arquiteto é assassinado pelos três maus personagens (três meses
de inverno) deixando a Terra viúva do Sol. Porém mesmo morto ele acaba mais
tarde revivendo para novamente fecundar a Grande Viúva – são as sucessivas
mortes e renascimentos da Natureza.
Essa alegoria solar,
de concepção deísta (francesa), corresponde à Grande Iniciação que se dá no REAA\ durante a Exaltação do Mestre.
Assim, o assassinato, a tristeza e a esperança de renascimento ocorrem
simbolicamente numa câmara mortuária. Lamentando a morte e procurando da Luz,
os maçons buscam a Palavra Perdida representando liturgicamente esse acontecimento
na Lenda do Terceiro Grau onde, em primeira análise, tudo ocorre no inverno até
que o Mestre seja novamente revivido pelos C\ PP\ PP\ da Maç\.
Sob essa óptica
então, a Câmara do Meio representando um recinto em luto, dor e consternação
pela perda do Mestre (fim da vida – meia-noite) não exige na sua liturgia a
aclamação ao Sol, pois tal como o personagem assassinado, as trevas do inverno ainda
prevalecem sobre a Natureza inerte.
Quanto à existência
dessa aclamação nos dois primeiros graus, isso se dá porque neles a referência
é ao Meio-Dia, enquanto que no terceiro é à Meia-Noite, destacando-se que tal
qual a escuridão da madrugada que prenuncia o nascimento de um novo dia, o
Mestre, após a meia-noite, também reviverá no Oriente.
Concluindo, é essa
a razão pela qual na Câmara do Meio, onde há dor e consternação, não existe a
aclamação H\.
T.F.A.
PEDRO JUK
AGO/2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário