domingo, 18 de novembro de 2018

TAPETE NO RITO SCHRÖDER


Em 21/08/2018 o Respeitável Irmão David Lorenzo Sotolepe, Loja Unidade, Justiça e Liberdade, 274, Rito Schröder, MRGLMERGS (CMSB), sem mencionar o Oriente, Estado do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos para o que segue:

TAPETE DO RITO SCHRÖDER


O saúdo por três vezes três! Sei que seu Rito é Escocês, ai que lhe pergunto: Poderia definir o Tapete do Rito Schröder?
Estou tentando descobrir algo mais de todo o Tapete, mas tenho poucas informações no Rito.
Além do que se diz e ouve, gostaria escutar algo mais, que lhe parece?
Desde já muito obrigado

COMENTÁRIOS.

Sob o aspecto iniciático o Tapete condensa todo o simbolismo da escalada iniciática do Rito.
Historicamente o Tapete advém dos antigos costumes quando os maçons por não possuírem espaços apropriados e exclusivos para os seus trabalhos, ao se reunirem a coberto (longe dos cowans bisbilhoteiros) tinham o hábito de desenhar no chão do recinto, geralmente com giz ou carvão, a simbologia pertinente. Quando se encerrava a reunião de trabalhos, os desenhos eram então apagados.
Vale a pena destacar que pela inexistência de lugares adequados, era costume que os maçons se reunissem nos adros das igrejas e posteriormente em tabernas e hospedarias.
Com a evolução dos costumes, a posteriori achou-se mais apropriado e seguro não mais riscar o chão, porém desenhar definitivamente as figuras em um tapete, cujo qual era então aberto (estendido) no chão durante os trabalhos. Ao encerramento o mesmo era enrolado e guardado.
Mais tarde, com o aparecimento de recintos apropriados e exclusivos, o tapete acabou se transformando em quadros ou painéis, costume esse que se sacramentou e é até hoje comum à grande maioria dos ritos maçônicos – veja os Painéis da Loja e as Tábuas de Delinear.
O Rito Schröder, entretanto, preservou o costume do uso Tapete nos seus trabalhos, Tapete esse que possui toda a simbologia inerente à sua concepção doutrinária. Em síntese, nele condensa um agrupamento simbólico - até certo ponto simples - mas de alto significado para a proposta do aperfeiçoamento do ser humano.
Assim, a característica principal da alegoria do Tapete é a de que os seus símbolos são basicamente aqueles transcritos dos tempos do ofício (Maçonaria Operativa), destacando-se principalmente as ferramentas à época utilizadas e seguidas da matéria prima da construção – a Pedra Bruta, ou o princípio e a Pedra Cúbica, o fim.
Apropriadamente nesse conjunto simbólico, além dos espécimes citados no conteúdo do Tapete, também a Geometria, como Quinta Ciência se apresenta na figura estilizada da 47ª Proposição de Euclides (Teorema de Pitágoras) representando o grande símbolo da Verdade Universal.
A despeito de toda essa constituição simbólica, o formato retangular do Tapete com seu comprimento Leste – Oeste também corresponde à síntese do espaço de trabalho, ou da sala da Loja. Esse contorno menciona uma relação com a grande alegoria do Templo de Jerusalém (paredes estilizadas) adaptado ao entendimento da Lenda Hirâmica. As portas conjugadas ao Oriente, Sul e Ocidente correspondem, em última análise, à marcha do Sol na sua eclíptica diária. O firmamento, mudando de tonalidade do Oriente para o Ocidente demonstra esse movimento quando marca a transição do Sol, do alvorecer ao anoitecer, aludindo ao tempo de trabalho que o maçom desenvolve nos limites do espaço dedicado ao aperfeiçoamento humano.
Todos esses símbolos são gratos ao desenvolvimento da lei moral, sociológica e humanística que a Grande Obra do Templo representa na concepção do Rito Schröder.
Via de regra, o Tapete é o conjunto; é a Loja; é o rumo; é a causa e o efeito. Tudo à disposição para a compreensão dos maçons que trabalham incessantemente para o progresso da humanidade. Na realidade, ele é a representação de um conjunto de regras morais que deve ser seguido pelo maçom. A questão é de o operário compreendê-la e aplicá-la.
Tenho ainda a destacar que cada símbolo componente do quadro representado pelo Tapete é uma chave para o conhecimento e a vivência do aprendizado. Por óbvio, cada uma dessas figuras simbólicas deve ser perscrutada profunda e veladamente nos escritos para cada grau no ritual. Diz-se que na construção do Templo não se ouvia nenhum ruído oriundo da aplicação das ferramentas no trabalho – o homem constrói no seu silêncio interior.
Penso que estudar e aprender Maçonaria são conteúdos da primeira etapa, já na segunda é tempo para refletir sobre as lições recebidas. Por fim a terceira, com a Régua medir e avaliar se a Geometria aplicada produziu resultado a contento.
“Além do que se diz e ouve” (sic), eu diria ao Irmão: procure ver esse corolário simbólico valorizando um saber crítico imbuído ao maior conhecimento do ser; perscrute nele uma regra capaz de desenvolver as potencialidades da condição humana sob a égide da filosofia humanística.
Por fim, se bem compreendida Arte, eu ainda diria: todo o aprendizado no Rito Schröder se desenvolve ao de redor do Tapete. Pois ele é a verdadeira Loja.


T.F.A.

PEDRO JUK


NOV/2018

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