Em 21/08/2018 o Respeitável Irmão David Lorenzo Sotolepe, Loja Unidade,
Justiça e Liberdade, 274, Rito Schröder, MRGLMERGS (CMSB), sem mencionar o
Oriente, Estado do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos para o que
segue:
TAPETE DO RITO SCHRÖDER
O saúdo por três vezes três! Sei que seu Rito é Escocês, ai que lhe
pergunto: Poderia definir o Tapete do Rito
Schröder?
Estou tentando descobrir algo mais de
todo o Tapete, mas tenho poucas informações no Rito.
Além do que se diz e ouve, gostaria
escutar algo mais, que lhe parece?
Desde já muito obrigado
COMENTÁRIOS.
Sob o aspecto iniciático o Tapete condensa todo o
simbolismo da escalada iniciática do Rito.
Historicamente o Tapete advém dos antigos costumes
quando os maçons por não possuírem espaços apropriados e exclusivos para os
seus trabalhos, ao se reunirem a coberto (longe dos cowans bisbilhoteiros)
tinham o hábito de desenhar no chão do recinto, geralmente com giz ou carvão, a
simbologia pertinente. Quando se encerrava a reunião de trabalhos, os desenhos
eram então apagados.
Vale a pena destacar que pela inexistência de
lugares adequados, era costume que os maçons se reunissem nos adros das igrejas
e posteriormente em tabernas e hospedarias.
Com a evolução dos costumes, a posteriori achou-se
mais apropriado e seguro não mais riscar o chão, porém desenhar definitivamente
as figuras em um tapete, cujo qual era então aberto (estendido) no chão durante
os trabalhos. Ao encerramento o mesmo era enrolado e guardado.
Mais tarde, com o aparecimento de recintos
apropriados e exclusivos, o tapete acabou se transformando em quadros ou
painéis, costume esse que se sacramentou e é até hoje comum à grande maioria
dos ritos maçônicos – veja os Painéis da Loja e as Tábuas de Delinear.
O Rito Schröder, entretanto, preservou o costume do
uso Tapete nos seus trabalhos, Tapete esse que possui toda a simbologia
inerente à sua concepção doutrinária. Em síntese, nele condensa um agrupamento
simbólico - até certo ponto simples - mas de alto significado para a proposta do
aperfeiçoamento do ser humano.
Assim, a característica principal da alegoria do
Tapete é a de que os seus símbolos são basicamente aqueles transcritos dos tempos do
ofício (Maçonaria Operativa), destacando-se principalmente as ferramentas à
época utilizadas e seguidas da matéria prima da construção – a Pedra Bruta, ou
o princípio e a Pedra Cúbica, o fim.
Apropriadamente nesse conjunto simbólico, além dos
espécimes citados no conteúdo do Tapete, também a Geometria, como Quinta
Ciência se apresenta na figura estilizada da 47ª Proposição de Euclides
(Teorema de Pitágoras) representando o grande símbolo da Verdade Universal.
A despeito de toda essa constituição simbólica, o
formato retangular do Tapete com seu comprimento Leste – Oeste também
corresponde à síntese do espaço de trabalho, ou da sala da Loja. Esse contorno
menciona uma relação com a grande alegoria do Templo de Jerusalém (paredes
estilizadas) adaptado ao entendimento da Lenda Hirâmica. As portas conjugadas
ao Oriente, Sul e Ocidente correspondem, em última análise, à marcha do Sol na
sua eclíptica diária. O firmamento, mudando de tonalidade do Oriente para o
Ocidente demonstra esse movimento quando marca a transição do Sol, do alvorecer
ao anoitecer, aludindo ao tempo de trabalho que o maçom desenvolve nos limites
do espaço dedicado ao aperfeiçoamento humano.
Todos esses símbolos são gratos ao desenvolvimento
da lei moral, sociológica e humanística que a Grande Obra do Templo representa na
concepção do Rito Schröder.
Via de regra, o Tapete é o conjunto; é a Loja; é o
rumo; é a causa e o efeito. Tudo à disposição para a compreensão dos maçons que
trabalham incessantemente para o progresso da humanidade. Na realidade, ele é a
representação de um conjunto de regras morais que deve ser seguido pelo maçom.
A questão é de o operário compreendê-la e aplicá-la.
Tenho ainda a destacar que cada símbolo componente
do quadro representado pelo Tapete é uma chave para o conhecimento e a vivência
do aprendizado. Por óbvio, cada uma dessas figuras simbólicas deve ser
perscrutada profunda e veladamente nos escritos para cada grau no ritual.
Diz-se que na construção do Templo não se ouvia nenhum ruído oriundo da
aplicação das ferramentas no trabalho – o homem constrói no seu silêncio
interior.
Penso que estudar e aprender Maçonaria são
conteúdos da primeira etapa, já na segunda é tempo para refletir sobre as
lições recebidas. Por fim a terceira, com a Régua medir e avaliar se a Geometria aplicada
produziu resultado a contento.
“Além do que se diz e ouve” (sic), eu diria
ao Irmão: procure ver esse corolário simbólico valorizando um saber crítico
imbuído ao maior conhecimento do ser; perscrute nele uma regra capaz de
desenvolver as potencialidades da condição humana sob a égide da filosofia
humanística.
Por fim, se bem compreendida Arte, eu ainda diria: todo
o aprendizado no Rito Schröder se desenvolve ao de redor do Tapete. Pois ele é
a verdadeira Loja.
T.F.A.
PEDRO JUK
NOV/2018
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