quinta-feira, 11 de abril de 2019

A PALAVRA SAGRADA DO APRENDIZ - SOLETRADA OU SILABADA


Um Respeitável Irmão pertencente ao GOB e de uma Loja praticante do REAA apresenta a seguinte questão:

PAL\ SAGR\ DO APRENDIZ


Na passagem da Palavra Semestral na abertura ritualística da Sessão é informado que ela deve ser somente soletrada. Parece-me correto porque o Aprendiz só sabe soletrar. Entretanto na primeira instrução do Aprendiz, no mesmo ritual, é informado que ela deve ser passada soletrada e posteriormente (ao final) silabada. Acredito que o Aprendiz não deve silabar. Somente o Companheiro deve silabar (já aprendeu alguma coisa) e o Mestre fala a palavra completa (já está completo). Solicito verificar e orientar porque temos irmãos confusos.

CONSIDERAÇÕES:

Na realidade, durante a abertura ritualística o que existe no REAA é a liturgia da transmissão da Pal\ Sagr\ e não a da Pal\ Sem\. Essa transmissão, da Pal\ Sagr\ que, diga-se de passagem, não é relacionada a nenhum telhamento, se apresenta apenas como uma reminiscência de práticas antigas hauridas ainda do período Operativo da Ordem e se dá entre as Luzes da Loja e os Diáconos. Embora não seja esse o mote desses apontamentos, é oportuno comentar que os trabalhos da Loja, para serem abertos e encerrados, dependem da sua correta transmissão (J\ e P\).
Assim, durante essa transmissão, quem dá a Pal\ dá a mesma por inteiro e na forma de costume, isto é, sol\ no caso do grau de Aprendiz. Nessa transmissão, por não se tratar de um telhamento, já que a mesma é recebida e transmitida entre Mestres Maçons, não existe no ato a troca alternada das letras entre os protagonistas, e muito menos a de ssíl\ ao final.
As letras que compõem a Pal\ Sagr\ só são dadas de modo alternado entre os interlocutores se mesma for a do grau de Aprendiz, enquanto que na do de Companheiro alternam-se as suas ssíl\, porém isso só acontece quando esse procedimento se der por motivo de um de telhamento – o ato de examinar a qualidade maçônica de alguém pelo examinador.
É bom que se diga que muitos procedimentos em Maçonaria podem ser iguais, entretanto, ao mesmo tempo eles podem ter objetivos diferentes. É o caso, por exemplo, da liturgia da transmissão da Pal\ Sagr\ durante a abertura ou encerramento dos trabalhos e a da tomada da Pal\ Sagr\ por ocasião de um telhamento. Em ambos os procedimentos, a Pal\ Sagr\ é transmitida, entretanto de modo e objetivo diferente.
No tocante ao seu comentário em relação à Pal\ Sagr\ no Primeiro Grau ser dada l\ por l\ e ao final silab\, de fato o Irmão tem toda a razão no seu raciocínio, pois isso é inadmissível no grau de Aprendiz, já que iniciaticamente aprendemos que ele somente sabe soletrar e não silabar. Afinal, n\ s\ l\ n\ p\, s\ s\; d\ a p\ l\ e eu v\ d\ a s\.
Assim esse anacronismo, que de há muito tem habitado erroneamente os nossos rituais, precisa ser realmente extirpado, pois além de ser anacrônico, em se tratando do REAA ele é altamente contraditório, sobretudo se observarmos máxima abreviada e mencionada no parágrafo imediatamente anterior.
Seguindo a senda do aperfeiçoamento maçônico, o Aprendiz ainda em estágio bruto, somente sabe dizer letra por letra, enquanto que o Companheiro, mais instruído, capaz e prudente, já pode soletrar.
A despeito disso, os provimentos e orientações sobre os rituais, cujos quais eu já remeti ao Poder Central, e que serão colocados na página do GOB-RITUALÍSTICA para serem acessados via GOB-CARD, especificamente sobre esse fato, o recomendado é que em nenhum caso a Pal\ Sagr\ do Aprendiz seja dada por sílabas, sobretudo essa repetição anacrônica que tem se dado ao final da sua transmissão – em síntese, quem está ainda dando os primeiros passos no aprendizado não sabe l\ e nem p\, s\ s\ s\.


T.F.A.

PEDRO JUK


ABR/2019

2 comentários:

  1. Mano Pedro,

    Mais uma vez um excelente texto, que, como sempre, contém uma explicação clara, objetiva, lógica, histórica e analítica para a questão.

    Fugindo, mas nem tanto, do assunto, pergunto se os provimentos e orientações sobre os rituais que virão pelo GOB-RITUALÍSTICA também contemplarão a questão das vogais corretas que formam a Pal.·. Sagr.·. do Aprendiz, conforme bem exposto pelo Irm.·. em http://pedro-juk.blogspot.com/2018/12/qual-escrita-correta-booz-ou-boaz.html.

    Comungando com o pensamento do Irm.·. naquele texto sobre os que irresignadamente insistem em querer manter o erro evidente, minha sugestão de argumento para estes "teimosos do onde está escrito" (utilizando para tanto o singelo exercício que tive de 4 anos na Orat.·. de minha Loj.·.) diria que o que está escrito no Cobridor do Ritual é apenas a abreviatura "B", logo, legalmente, a pronúncia com as vogais "OA" está contemplada no Ritual, bastam que os provimentos e orientações sobre eles prevejam e indiquem a sua aplicação. Pelo menos é o que eu utilizaria como último argumento para esses que ainda preferem o anacronismo à segurança da pesquisa acadêmica-histórica-autêntica.

    Um T.·.F.·.A.·.

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    1. Sem dúvida pretendo arrumar, todavia tenho que seguir com doses homeopáticas para não causar tumulto. De fato o seu argumento já me daria suporte para enfrentar a tropa de choque que comodamente só aceita o "aonde está escrito".
      Obrigado pela vista e um fraterno abraço.

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