Um Respeitável Irmão pertencente ao
GOB e de uma Loja praticante do REAA apresenta a seguinte questão:
PAL\ SAGR\ DO APRENDIZ
Na passagem da Palavra Semestral na abertura ritualística da Sessão é
informado que ela deve ser somente soletrada. Parece-me correto porque o Aprendiz
só sabe soletrar. Entretanto na primeira instrução do Aprendiz, no mesmo
ritual, é informado que ela deve ser passada soletrada e posteriormente (ao
final) silabada. Acredito que o Aprendiz não deve silabar. Somente o Companheiro
deve silabar (já aprendeu alguma coisa) e o Mestre fala a palavra completa (já
está completo). Solicito verificar e orientar porque temos irmãos confusos.
CONSIDERAÇÕES:
Na realidade, durante a abertura ritualística
o que existe no REAA é a liturgia da transmissão da Pal\
Sagr\ e não a da Pal\ Sem\.
Essa transmissão, da Pal\ Sagr\
que, diga-se de passagem, não é relacionada a nenhum telhamento, se apresenta
apenas como uma reminiscência de práticas antigas hauridas ainda do período
Operativo da Ordem e se dá entre as Luzes da Loja e os Diáconos. Embora não
seja esse o mote desses apontamentos, é oportuno comentar que os trabalhos da
Loja, para serem abertos e encerrados, dependem da sua correta transmissão (J\
e P\).
Assim, durante essa transmissão, quem dá a
Pal\ dá a mesma por inteiro e na forma de costume,
isto é, sol\ no caso do grau de Aprendiz. Nessa transmissão,
por não se tratar de um telhamento, já que a mesma é recebida e transmitida
entre Mestres Maçons, não existe no ato a troca alternada das letras
entre os protagonistas, e muito menos a de ssíl\ ao final.
As letras que compõem a Pal\
Sagr\ só são dadas de modo alternado entre os
interlocutores se mesma for a do grau de Aprendiz, enquanto que na do de Companheiro
alternam-se as suas ssíl\, porém isso só acontece
quando esse procedimento se der por motivo de um de telhamento – o ato de
examinar a qualidade maçônica de alguém pelo examinador.
É bom que se diga que muitos procedimentos em
Maçonaria podem ser iguais, entretanto, ao mesmo tempo eles podem ter objetivos
diferentes. É o caso, por exemplo, da liturgia da transmissão da Pal\
Sagr\ durante a abertura ou encerramento dos
trabalhos e a da tomada da Pal\ Sagr\
por ocasião de um telhamento. Em ambos os procedimentos, a Pal\
Sagr\ é transmitida, entretanto de modo e objetivo
diferente.
No tocante ao seu comentário em relação à Pal\
Sagr\ no Primeiro Grau ser dada l\
por l\ e ao final silab\,
de fato o Irmão tem toda a razão no seu raciocínio, pois isso é inadmissível no
grau de Aprendiz, já que iniciaticamente aprendemos que ele somente sabe soletrar
e não silabar. Afinal, n\ s\
l\ n\ p\,
s\ s\; d\
a p\ l\ e eu v\
d\ a s\.
Assim esse anacronismo, que de há muito tem
habitado erroneamente os nossos rituais, precisa ser realmente extirpado, pois
além de ser anacrônico, em se tratando do REAA ele é altamente contraditório,
sobretudo se observarmos máxima abreviada e mencionada no parágrafo imediatamente
anterior.
Seguindo a senda do aperfeiçoamento maçônico,
o Aprendiz ainda em estágio bruto, somente sabe dizer letra por letra, enquanto
que o Companheiro, mais instruído, capaz e prudente, já pode soletrar.
A despeito disso, os provimentos e
orientações sobre os rituais, cujos quais eu já remeti ao Poder Central, e que serão
colocados na página do GOB-RITUALÍSTICA para serem acessados via GOB-CARD,
especificamente sobre esse fato, o recomendado é que em nenhum caso a Pal\
Sagr\ do Aprendiz seja dada por sílabas, sobretudo
essa repetição anacrônica que tem se dado ao final da sua transmissão – em
síntese, quem está ainda dando os primeiros passos no aprendizado não sabe l\
e nem p\, s\ s\
s\.
T.F.A.
PEDRO
JUK
ABR/2019
Mano Pedro,
ResponderExcluirMais uma vez um excelente texto, que, como sempre, contém uma explicação clara, objetiva, lógica, histórica e analítica para a questão.
Fugindo, mas nem tanto, do assunto, pergunto se os provimentos e orientações sobre os rituais que virão pelo GOB-RITUALÍSTICA também contemplarão a questão das vogais corretas que formam a Pal.·. Sagr.·. do Aprendiz, conforme bem exposto pelo Irm.·. em http://pedro-juk.blogspot.com/2018/12/qual-escrita-correta-booz-ou-boaz.html.
Comungando com o pensamento do Irm.·. naquele texto sobre os que irresignadamente insistem em querer manter o erro evidente, minha sugestão de argumento para estes "teimosos do onde está escrito" (utilizando para tanto o singelo exercício que tive de 4 anos na Orat.·. de minha Loj.·.) diria que o que está escrito no Cobridor do Ritual é apenas a abreviatura "B", logo, legalmente, a pronúncia com as vogais "OA" está contemplada no Ritual, bastam que os provimentos e orientações sobre eles prevejam e indiquem a sua aplicação. Pelo menos é o que eu utilizaria como último argumento para esses que ainda preferem o anacronismo à segurança da pesquisa acadêmica-histórica-autêntica.
Um T.·.F.·.A.·.
Sem dúvida pretendo arrumar, todavia tenho que seguir com doses homeopáticas para não causar tumulto. De fato o seu argumento já me daria suporte para enfrentar a tropa de choque que comodamente só aceita o "aonde está escrito".
ExcluirObrigado pela vista e um fraterno abraço.