Um
Respeitável Irmão praticante do REAA e de Loja pertencente ao Grande Oriente do
Brasil, Distrito Federal, apresenta a questão seguinte:
ATRIBUIÇÕES DOS DIÁCONOS.
Baseado
na dialética ritualística entre o Venerável Mestre e os Diáconos durante a
abertura dos trabalhos, pergunto:
1. O Primeiro Diácono, pode comandado pelo
Venerável Mestre se dirigir-se a qualquer Dignidade ou Oficial para ajudar o Venerável?
Como por exemplo, se dirigir ao Tesoureiro pegar o débito de um Irmão?
2. E o Segundo Diácono, se houver algum Irmão
importunando os trabalhos (conversando, ou fazendo uso de celular, etc...) ele
poderá sair do seu lugar e advertir o importunador?
ORIENTAÇÕES.
A dialética ritualística relativa aos
Diáconos no REAA é uma reminiscência simbólica das antigas construções da
Maçonaria de Ofício e nada tem a ver literalmente com o que preceituam os
textos atuais. Explicar essa afinidade demandaria de uma longa exposição
histórica mergulhada nos tempos medievais quando os “Oficiais de Chão” operavam
como mensageiros e fiscais dentro dos imensos canteiros que comportavam as
construções das velhas catedrais, muito bem citadas por Harry Carr e Fort Newton.
No REAA\ a relação dos Diáconos com o oficio do
mensageiro perduram apenas na alegoria da Transmissão da Palavra utilizada na
abertura e encerramento dos trabalhos. Suas atividades sugerem uma relação com
as aprumadas e nivelamentos dos cantos da obra, que iam geralmente fundamentados
na pedra angular colocada no canto nordeste da construção.
Muitas dessas expressões de retórica
(dialética ritualística) são originárias do Craft (trabalho inglês) e acabaram influenciando
costumes de alguns ritos de vertente francesa, como é o caso do REAA.
No Craft, vertente maçônica anglo-saxônica
- vide, por exemplo, o Rito de York - os Diáconos têm muito mais função de
ofício do que no REAA, embora o simbolismo do Rito Escocês também tenha herdado
muitos costumes dos “Antigos”, por extensão, influências anglo-saxônicas. Foi assim
que essa dialética ritualística passou a existir no simbolismo do REAA,
sobretudo através do aperfeiçoamento dos seus rituais ocorridos a partir do
século XIX na França.
Assim, no escocesismo simbólico, apesar
da dialética ritualística que consta no ritual, os Diáconos são apenas os
personagens mensageiros na alegoria da Transmissão da Palavra que ocorre entre
as Luzes da Loja no rito em questão. Na época dos canteiros medievais, ainda
como Oficiais de Chão, esses mensageiros e fiscais dos trabalhos seriam posteriormente,
por influência da Igreja, denominados Diáconos.
No tocante à Moderna Maçonaria, especialmente
nas Lojas especulativas do REAA, a função de trazer e levar documentos durante
os trabalhos da Loja, assim como manter a organização e fiscalizar os operários,
não é ofício dos os Diáconos. Reitero, no ritual essa é apenas uma dialética de
profundo significado iniciático, munca uma ação literal de ofício.
Assim sendo, no REAA, quem auxilia o
Venerável no ofício de conduzir papeis, documentos e outros congêneres, é o Mestre
de Cerimônias. Quem fiscaliza a legalidade e o comportamento dos Irmãos nos
trabalhos é o Orador. Nada disso tem a ver com os Diáconos em se tratando do
escocesismo simbólico.
É bom que se diga que o Venerável Mestre
é o primeiro que deve saber disso.
A propósito, nas orientações e
adequações do ritual de Aprendiz que já constam na plataforma http://ritualistica.gob.org.br , eu
menciono a não utilização dos Diáconos para outras finalidades, senão aquelas
que os envolvem na transmissão da Palavra para a abertura e o encerramento dos
trabalhos.
Por consequência desses comentários,
ratifica-se que no REAA os Diáconos somente são os transmissores da Palavra
Sagrada na abertura e encerramento. O que menciona os itens 1 e 2 da sua
questão é ofício do Mestre de Cerimônias e do Orador, respectivamente.
T.F.A.
PEDRO
JUK
Secretário
Geral de Orientação Ritualística
17/07/2019
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