Em 14/06/2019
um Respeitável Irmão pertencente a uma Loja do Grande Oriente do Brasil me
apresentou a seguinte questão:
COLETA E CIRCULAÇÃO NO REAA.
Me desculpe se for importuno, mas gostaria que se possível o irmão
pudesse me ajudar nestas duvidas: (...) dou treinamento aos Novos Veneráveis de
nosso estado amanhã
dia 15 irei dar treinamento para essa nova diretoria.
Dentre muitas dúvidas que surgem uma delas é quanto a circulação do saco
de propostas e do tronco.
No Ritual de Aprendiz diz que a ordem é:
Venerável 1º e 2º Vigilantes, Orador, Secretario e Cobridor. Fechando os
dois triângulos.
Na normativa no site do GOB, tem na orientação que após se faz a coleta
dos irmãos que estão sentados ao lado do Venerável Mestre.
Minha dúvida:
Não seria o certo que ao fazer a coleta teria que fazer o trono inteiro?
Uma vez que o trono do Venerável Mestre por ser a figura ilustrativa e
simbólica do Rei Salomão é uno e indivisível? Que a circulação do Mestre de Cerimonias
e do Hospitaleiro é uma Viagem e se ele retorna ao Altar do Venerável Mestre
ele quebraria essa viagem simbólica?
Sem contar que se o Grão Mestre estiver na sessão ele é o presidente da Loja
ou seja a maior autoridade presente, ele não entrega o cargo ao Venerável ele
apenas devolve o Malhete para que o Venerável continue com os trabalhos.
Me desculpe se for importuno, mas gostaria que se possível o irmão
pudesse me ajudar nestas duvidas:
Precisamos
nos desvencilhar desses anacronismos do passado. Não existe a formação de triângulos
nas circulações da bolsa. Teríamos que imaginar demais para essa formação.
Infelizmente, nos tempos dantes autores ocultistas inventaram um suposto
triângulo da materialidade e outro da espiritualidade. Destes ainda uma estrela
de seis pontas que só obtém forma com muito exercício de imaginação. Aliás,
estrela de seis pontas nem é símbolo do REAA. Assim, isso não procede no
trajeto das bolsas.
Também
não procede essa ideia de “trono inteiro”. Ora, o sólio é um só e nele toma
assento o dirigente da Loja (aquele que detém o malhete). Os dois assentos, a
direita e a esquerda do Venerável são simplesmente cadeiras de honra e nada tem
a ver como o “trono”.
Nesse
sentido, não existe essa ideia de trono indivisível, até porque, mesmo se
fazendo esforço de imaginação fica difícil entender a razão dessa divisão
proibida. Durante a circulação da bolsa, ninguém está dividindo o trono com
ninguém, pois o dirigente é quem senta no trono e traz consigo o primeiro malhete
(símbolo do seu poder e sua autoridade).
É certo que
o Grão-Mestre, se ele quiser, pode dirigir os trabalhos. É uma prerrogativa sua
e tida como um Landmark moderno. Nesse caso, ele ocuparia então o lugar do
Venerável Mestre e dele receberia o malhete. Apesar dessa prerrogativa ser
inquestionável, o ritual especifica que o Grão-Mestre recebe o malhete conforme
previsto no Protocolo de Recepção para em seguida devolvê-lo ao Venerável Mestre
para o mesmo, por ter sido eleito para tal, dirija os trabalhos.
Assim, não
justifica fazer a coleta dele junto à do Venerável Mestre, ou mesmo de outros
ocupantes das duas cadeiras de honra. De mais a mais, a maior autoridade na
Loja é o Pavilhão Nacional, que se diga de passagem tem sua presença
obrigatória em todas as sessões realizadas pelas Lojas do GOB e o titular da
bolsa não se coloca diante dele durante a circulação para coleta.
No tocante
à circulação da bolsa ser comparada a uma viagem, para mim isso é uma grande novidade!
Ora, que significado teria essa viagem? O que realmente se sabe é que a alegoria
das viagens no REAA tem caráter iniciático, ocorrendo, portanto, somente nas
cerimônias de Iniciação, Elevação e Exaltação. O giro para a coleta nada tem a
ver com viagem, muito menos com alguma que não pode ser interrompida!
No tocante
a abordagem nessa circulação, o trajeto é feito primeiro entre os seis
primeiros cargos imprescindíveis que, somados ao do Mestre de Cerimônias, somam
os sete cargos mínimos necessários para se abrir uma Loja no REAA. Os três
primeiros hierarquicamente abordados são as Luzes da Loja - o Venerável Mestre
e os dois Vigilantes, em seguida, os três outros imprescindíveis que são o
Secretário para redigir a ata, o Orador para resguardar a Lei e o Cobridor
Interno para proteger a cobertura da Loja. Por fim o sétimo que é o Mestre de
Cerimônias, oficial imprescindível para organizar o desenvolvimento dos trabalhos
– três, governam a Loja, cinco a compõe e sete a completam. Assim, essa é a
regra que determina a sequência dos seis primeiros cargos.
Quando
então estiverem ocupadas as cadeiras de honra, depois de o titular ter abordado
os seis primeiros cargos acima mencionados, ele então volta ao Oriente e
recolhe de todos os demais ali presentes. No retorno ao Oriente a coleta agora começa
a partir dos ocupantes das duas cadeiras que ficam ao lado do Venerável. Concluída
a coleta de todo o Oriente, segue-se para os Mestres do Norte, do Sul, Companheiros,
Aprendizes e por último o próprio titular deposita a sua proposta ou óbolo na
forma de costume.
Concluindo,
não existe trono ou altar indivisível, triângulos, estrela e nem viagens relacionadas
à circulação das bolsas. O que existe é apenas uma simples sequência determinada
pelos cargos em Loja e que apropriadamente está orientada na plataforma do GOB RITUALÍSTICA
para o Ritual de Aprendiz do REAA em http://ritualistica.gob.org.br/
T.F.A.
PEDRO JUK
SET/2019
Irm.·. Pedro,
ResponderExcluirApenas para complementar, esta questão de "trono indivisível", acredito eu, se tratou de uma tentativa de enxerto moderno vinda do Rito Brasileiro para o REAA. Sorte que não passou de tentativa.
Lá no Rito Brasileiro, que, no meu sentir, tem um mote patriótico/nacionalista e hierárquico, pode até fazer sentido, já que o ritual dele prevê esta precedência das autoridades das cadeiras de honra sobre os Vigilantes, seja na circulação das bolsas, seja no cumprimento protocolar ao se manifestar em Loj.·.
Contrariamente, aqui no REAA, como bem disse o Irm.·., o mote é relembrar a imemorial composição mínima de mestres enfatizando, no REAA, se tratarem das DDig.·., compostas pelas Luzes que governam, completadas pelo Orad.·. e Secr.·. que, juntos, a compõe.
É isso meu Irmão. O Rito Brasileiro todos nós sabemos que é decalcado no REAA. O problema é que os ritos não conservam a sua natureza da criação. Assim, no meio do cainho sempre existe os "gajos" com suas ideias mirabolantes. Veja, por exemplo, o que fizeram com o Rito Adoniramita (é melhor que Adonhiramita), isso lá na França, latina por natureza, inventaram uma enormidade de procedimentos que não condizem com a originalidade do Rito. Pálio, giro infinito, cerimonial do fogo, etc., nada disso é encontrado na pureza do Rito, para tal basta consultar a Compilação Preciosa da Maçonaria Adoniramita na sua versão original publicada na França. Aí, o bonde anda, os enxertos e invenções se tornam consuetudinárias e a pureza vai perdendo a sua essência. T.F.A. e obrigado pela visita e seus comentários.
ExcluirPerdoe, quis dizer "no meio do caminho sempre existem..."
ExcluirIrmão Pedro, surgiu uma pequena dúvida quanto a coleta após a saída do Oriente. Nesta sua orientação li que "Concluída a coleta de todo o Oriente, segue-se para os Mestres do Norte, do Sul, Companheiros...". No site do GOB, mais precisamente ritualistica.gob.org.br vejo no item 3 das orientações quanto a circulação "Mestres das CCol.: Sul e Norte".
ResponderExcluirA coleta após a saída do Oriente iniciará pelos Mestres da Col.: Norte ou Sul?