Em 17/10/2019 o Respeitável Irmão
Walter Vieira, Loja Torre do Médio Jequitinhonha, 2.326, REAA, GOB-MG, Oriente
te Medina, Estado de Minas Gerais, faz a seguinte consulta:
ALTAR DOS PERFUMES
Meu caro Irmão, e o bendito "Altar
dos Perfumes" presente na planta da Loja nos Rituais do REAA no GOB? Ele é
tradicionalmente do REAA nos graus simbólicos ou é mais um enxerto vindo de
outros ritos, provavelmente do Adoniramita?
Curioso ele estar no ritual sem nunca
ser utilizado ou pelo menos citado.
CONSIDERAÇÕES.
Não é de hoje que eu venho "implicando" com esse tal de
Altar dos Perfumes no simbolismo do REAA. Digo isso justamente porque ele não
tem nenhuma função na Loja, senão aquela de favorecer enxertos e invenções, sobretudo
as advindas dos imaginosos inventores. Não se discute aqui a menção desse Altar
no Livro das Sagradas Escrituras, porém a da sua inexistência nos graus simbólicos
do escocesismo.
Graças a esse "altar" é que aparece inadequadamente sobre
ele, às vezes, uma vela acesa e um dispositivo para queima de incensos, tudo ao
gosto dos inventores já que esses procedimentos tradicionalmente não existem no
Rito em questão.
A bem da verdade, esse altar tem se apresentado no escocesismo de
modo equivocado, sobretudo quando tentam impor à sala da Loja (lugar dos
trabalhos maçônicos) uma espécie de cópia, ou arquétipo do Templo de Jerusalém.
Até compará-lo pelas alegorias e decoração é bastante aceitável, pois
não há como negar a influência hebraica na Maçonaria, sobretudo no que diz
respeito ao REAA, contudo literalmente transformá-lo num templo tal qual o construído
por Salomão é que é inaceitável – fatos históricos não podem ser confundidos
com alegorias e contos lendários.
Por outro lado, há também a influência dos rituais que foram criados
ao longo dos tempos para sagração de templos maçônicos (verdadeiramente deveria
ser chamados de consagração de templo). Esses rituais, criados para dar dignidade
ao espaço e não o tornar santo, acabou trazendo genericamente
características hauridas de outro rito, das quais a queima de incenso e
cerimonial de luzes. Assim, sob esse feitio criou-se um ritual único e repleto
de costumes que muitas vezes não condizem com particularidades de outros ritos.
É o caso do que acontece no escocesismo, e outros ritos também, que se vê
obrigado em face a "rituais genéricos" a admitir práticas litúrgicas que
lhe são completamente estranhas.
Nesse contexto, como a Maçonaria tupiniquim por muitos anos viveu
(e em partes ainda vive) sob a égide de rituais enxertados e distante da
originalidade, é bastante provável que o Altar dos Perfumes acabou sendo incluído
como mobiliário indistinto do Templo a partir das cerimônias de sagração de
templo, ou seja, utilizado em uma única oportunidade para nunca mais sequer ser
mencionado.
Sem função ritualística alguma no REAA, mas ainda presente no
mobiliário em alguns rituais, esse altar acabou abrindo caminho para outras práticas
inexistentes como, por exemplo, a queima de incensos sobre ele e a manutenção
de uma vela acesa não prevista mas tida por alguns como matriz do Criador e que
serve como fonte de luz para iluminar os quadrantes da Loja. Destaque-se que apesar
de alguns rituais ultrapassados trazerem enxertos desse tipo, em termos de
originalidade isso inexiste no verdadeiro REAA.
No GOB, futuramente, quando da edição de rituais adequados ao
Sistema de Orientação Ritualística – http://ritualistica.gob.org.br
– o Altar dos Perfumes por não trazer nenhuma função litúrgica certamente deixará
de existir no ritual do REAA.
Concluindo, reitera-se que no simbolismo do REAA e Altar dos Perfumes
não tem função alguma, destacando ainda que no rito em questão não há queima de
incenso e nem cerimonial para acendimento de Luzes. Ademais, luzes litúrgicas são
apenas aquelas que se acendem, conforme o grau, e que ficam sobre o Altar ocupado
pelo Venerável Mestre e as respectivas mesas que servem aos Vigilantes.
T.F.A.
PEDRO
JUK
JAN/2020
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