quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

REAA - ALTAR DOS PERFUMES. UM MOBILIÁRIO OBSOLETO.


Em 17/10/2019 o Respeitável Irmão Walter Vieira, Loja Torre do Médio Jequitinhonha, 2.326, REAA, GOB-MG, Oriente te Medina, Estado de Minas Gerais, faz a seguinte consulta:

ALTAR DOS PERFUMES


Meu caro Irmão, e o bendito "Altar dos Perfumes" presente na planta da Loja nos Rituais do REAA no GOB? Ele é tradicionalmente do REAA nos graus simbólicos ou é mais um enxerto vindo de outros ritos, provavelmente do Adoniramita?
Curioso ele estar no ritual sem nunca ser utilizado ou pelo menos citado.

CONSIDERAÇÕES.

Não é de hoje que eu venho "implicando" com esse tal de Altar dos Perfumes no simbolismo do REAA. Digo isso justamente porque ele não tem nenhuma função na Loja, senão aquela de favorecer enxertos e invenções, sobretudo as advindas dos imaginosos inventores. Não se discute aqui a menção desse Altar no Livro das Sagradas Escrituras, porém a da sua inexistência nos graus simbólicos do escocesismo.
Graças a esse "altar" é que aparece inadequadamente sobre ele, às vezes, uma vela acesa e um dispositivo para queima de incensos, tudo ao gosto dos inventores já que esses procedimentos tradicionalmente não existem no Rito em questão.
A bem da verdade, esse altar tem se apresentado no escocesismo de modo equivocado, sobretudo quando tentam impor à sala da Loja (lugar dos trabalhos maçônicos) uma espécie de cópia, ou arquétipo do Templo de Jerusalém.
Até compará-lo pelas alegorias e decoração é bastante aceitável, pois não há como negar a influência hebraica na Maçonaria, sobretudo no que diz respeito ao REAA, contudo literalmente transformá-lo num templo tal qual o construído por Salomão é que é inaceitável – fatos históricos não podem ser confundidos com alegorias e contos lendários.
Por outro lado, há também a influência dos rituais que foram criados ao longo dos tempos para sagração de templos maçônicos (verdadeiramente deveria ser chamados de consagração de templo). Esses rituais, criados para dar dignidade ao espaço e não o tornar santo, acabou trazendo genericamente características hauridas de outro rito, das quais a queima de incenso e cerimonial de luzes. Assim, sob esse feitio criou-se um ritual único e repleto de costumes que muitas vezes não condizem com particularidades de outros ritos. É o caso do que acontece no escocesismo, e outros ritos também, que se vê obrigado em face a "rituais genéricos" a admitir práticas litúrgicas que lhe são completamente estranhas.
Nesse contexto, como a Maçonaria tupiniquim por muitos anos viveu (e em partes ainda vive) sob a égide de rituais enxertados e distante da originalidade, é bastante provável que o Altar dos Perfumes acabou sendo incluído como mobiliário indistinto do Templo a partir das cerimônias de sagração de templo, ou seja, utilizado em uma única oportunidade para nunca mais sequer ser mencionado.
Sem função ritualística alguma no REAA, mas ainda presente no mobiliário em alguns rituais, esse altar acabou abrindo caminho para outras práticas inexistentes como, por exemplo, a queima de incensos sobre ele e a manutenção de uma vela acesa não prevista mas tida por alguns como matriz do Criador e que serve como fonte de luz para iluminar os quadrantes da Loja. Destaque-se que apesar de alguns rituais ultrapassados trazerem enxertos desse tipo, em termos de originalidade isso inexiste no verdadeiro REAA.
No GOB, futuramente, quando da edição de rituais adequados ao Sistema de Orientação Ritualística – http://ritualistica.gob.org.br – o Altar dos Perfumes por não trazer nenhuma função litúrgica certamente deixará de existir no ritual do REAA.
Concluindo, reitera-se que no simbolismo do REAA e Altar dos Perfumes não tem função alguma, destacando ainda que no rito em questão não há queima de incenso e nem cerimonial para acendimento de Luzes. Ademais, luzes litúrgicas são apenas aquelas que se acendem, conforme o grau, e que ficam sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e as respectivas mesas que servem aos Vigilantes.


T.F.A.

PEDRO JUK

JAN/2020

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