quinta-feira, 17 de agosto de 2023

A MARCHA DO SOL E AS JANELAS NOS PAINÉIS DE APRENDIZ E DE COMPANHEIRO - REAA

Em 13.04.2023 o Respeitável Irmão Cláudio Cordeiro da Silva Filho, Loja Quintino Bocaiúva III, nº 09, REAA, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Oriente de Cornélio Procópio, Estado do Paraná, solicita os seguintes esclarecimentos:

 

JANELAS NOS PAINÉIS

 

Tenho a seguinte dúvida: Há alguma diferença entre as janelas dos Painéis de Aprendiz e de Companheiro? Certa vez em uma conversa ouvi que as janelas do painel de Companheiro estão fechadas, diferentemente do painel de Aprendiz em que as janelas estariam abertas, pois o mesmo necessita de Luz. Existe algo a respeito dessas diferenças nos painéis? Parabenizo-o pelo excelente trabalho em difundir tamanho conhecimento sobre ritualística.

 

CONSIDERAÇÕES

 


                     Isso não passa de uma mera conjectura e por cima ainda com uma justificativa esfarrapada.

Ora, nada a ver. Não há diferenciação entre as janelas no painéis dos graus de Aprendiz e de Companheiros. Não há situação em que elas estejam abertas ou fechadas conforme o grau. Elas são aberturas que indicam um aparente trajeto da Luz.

  À vista disso disso, seria bom que os inventores, antes de sair por aí disseminando barbaridades ritualísticas, soubessem que as três aberturas que figuram desenhadas nos painéis de Aprendiz e de Companheiro são símbolos indicativos da marcha aparente do Sol, levando-se em conta que o REAA é natural do hemisfério setentrional e o seu arcabouço doutrinário solar foi elaborado sob o ponto de vista de quem do hemisfério Norte olha para o Sul.

Desse modo, a alegoria iniciática da marcha do Sol deve ser compreendida
inicialmente como movimento diário e por último como solsticial. O que se refere ao movimento diário, ele corresponde à aurora, ao meio-dia e ao ocaso – as 24 horas que simbolizam o trabalho e o descanso do maçom. Sob o ponto de vista solsticial é o movimento aparente por onde o Sol passa resultando nos solstícios de verão e inverno.

Sob o ponto de vista do Norte, o movimento dá a impressão de que o Sol encontra a sua maior declinação austral (em direção ao Sul). Esse aparente movimento produz os ciclos naturais que desenvolvem a vida sobre a Terra. Essa mecânica solar foi aproveitada pela Moderna Maçonaria em alguns ritos com o desiderato de uma alegoria iniciática que compara a existência iniciado com o nascimento, vida e morte da Natureza.

                       Nesse contexto, a plenitude da Luz é alcançada pelo Mestre Maçom quando, após ter cumprido todos os ciclos iniciáticos como Aprendiz e Companheiro, ele por fim alcança o lugar da Luz (Oriente), se tornando com isso, figuradamente, uma fonte de Luz que atua pelos quatro cantos do mundo.

Daí o porquê da existência das figuras representativas das janelas ou aberturas nos painéis do 1º e 2º Grau simularem o caminho por onde o Sol (Luz) passa em seu movimento diário, assim como em seu percurso anual.

Vale mencionar que no painel do 3º Grau as janelas não aparecem porque, em última análise, o Mestre, para ingressar no Oriente, já cumpriu toda a jornada indicada pelas Colunas Zodiacais, primeiro como Aprendiz no topo do Norte e depois como Companheiro no topo do Sul.

Nesse sentido, não é admissível qualquer interpretação que mencione janelas fechadas e abertas no painel. Existe sim a representação de três aberturas por onde simbolicamente o Sol passa no seu movimento aparente.

Aí está uma explicação que dispensa qualquer possibilidade de existirem no painel representações de janelas “fechadas e abertas".

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

AGO/2023

2 comentários:

  1. Irm.·. Pedro, excelente explicação. Ficou claro para mim que o Irm.·. abordou a questão sob o aspecto original do R.·.E.·.A.·.A.·., até porque o consulente é de Loja da nossa coirmã COMAB. Contudo, se me permitir, gostaria de abordar a questão no âmbito do GOB, cujos painéis das fls. 84 do Ritual de Apr.·. e fls. 26 do Ritual de Companh.·. apresentam desenhos de janelas que, por serem de estilos distintos, aparentam estar respectivamente "fechadas" e "abertas". As do primeiro painel aparentam estar fechadas por "tapume" (listras diagonais) enquanto as dou outro aparentam conter vidros translúcidos divididos por caixilhos. É obvio que pode se tratar de mera questão estilística e/ou estética da representação no desenho, como de fato acredito que o é, mas como já atuei como instrutor de CCompanh.·., sempre há os mais observadores que, ao comparar os dois painéis, veem a diferença e já começam a tentar interpretá-la, sendo inegável que a conclusão mais lógica seria a de que os AApr.·. saindo da escuridão (local com janelas cerradas) foram para local mais iluminado (janelas translúcidas). Para evitar esse tipo de interpretação, se ela é incorreta, seria o caso de se corrigir isso, colocando janelas de tipos iguais em ambos os painéis, já nos novos rituais, que se espera sejam editados no ano que vem (oxála, pois não há quem aguente ficar com o ritual e com cópia do SOR para ficar conferindo as correções).
    A propósito, também não seria o caso de se substituir as trolhas por borlas nos cantos do painel de Companh.·., mantendo-se apenas a trolha maior já no próprio painel? Já sei, meu Irm.·., essa questão dá uma outra postagem (Kkkkk!)
    Um forte abraço e continue esse seu preciso trabalho.
    Hoje somos uma legião de admiradores do Irm.·., nas três Obediências...
    Que venha os "Exegese Simbólica" para o Companheiro e para o Mestre...

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    1. Fica registrada a sugestão. Certamente passaremos um pente fino no ritual, tirando, dentro do possível, tudo aquilo que colabore com interpretações estapafúrdias. Obrigado pela visita.

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