Em 19/05/2020 o Respeitável Irmão Fernando Alves Queiroz, Loja Cláudio das Neves, REAA, GOB/MG, Oriente de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, apresenta a seguinte pergunta:
ZODÍACO NO REAA
Gostaria
de receber material sobre Colunas Zodiacais, assim como comentários sobre o tema,
tenho o propósito de fazer um trabalho para apresentação em Loja e gostaria de
agregar mais conhecimentos.
CONSIDERAÇÕES.
O Zodíaco apareceu nos rituais do REAA como herança
da Lojas Mães Escocesas. Dentre outros, essas Lojas organizavam na França os
trabalhos concernentes ao simbolismo do Rito. Destaque-se que é dessa época, mais
precisamente no ano de 1804 na França, o aparecimento do primeiro ritual do
REAA e que seria publicado oficialmente
em 1821 (estima-se) no “Guide des Maçons
Écossais”. É bom que se diga que nesta época o simbolismo do REAA enfrentava
nos seus primórdios de existência a sua consolidação e aperfeiçoamento.
Até 1815 existiu dentro do Grande Oriente da
França, junto com o Segundo Supre Conselho, uma Loja Geral Escocesa com o fito de
organizar o simbolismo. Essa Loja Geral viria se extinguir por volta de 1815.
Muitos símbolos e costumes pertinentes às primeiras
lojas simbólicas do REAA são frutos hauridos das Lojas Mães Escocesas (Marselha,
Paris e Avinhão, por exemplo).
Em linhas gerais, as quatro principais
contribuições das Lojas Mães para com o aprimoramento do ritual simbólico do
escocesismo nos seus primeiros anos de existência foram: primeiro, a disposição
das Colunas Vestibulares B e J tal como a usada pela Maçonaria anglo-saxônica (B
à esquerda e J à direita de quem entra); segundo, a aclamação Huzzé; terceiro as
constelações do zodíaco[1]
fixadas na base da abóbada; quarto, a consolidação da cor vermelha para o Rito.
Outras fontes principais que influenciaram esse primeiro
ritual, além daqueles hauridos das Lojas Mães, foram o “Régulateur du Maçom”
e os rituais ingleses da Grande Loja dos Antigos (divulgados pela exposição
“The Three Distinct Knocks”, de 1760).
Em relação às colunas zodiacais e as constelações
do zodíaco dispostas tais como se apresentam hoje, o que se pode dizer é que as
doze colunas primitivamente não eram utilizadas, aparecendo nos primeiros
tempos apenas as constelações zodiacais, ou os símbolos correspondentes ao
zodíaco, cujos quais iam fixados ao alto na base da abóbada - seis no setentrião
e seis no meridião. Destaque-se que essa decoração, apenas com constelações (ou
os símbolos do zodíaco) ainda é empregada no lugar das colunas zodiacais em
muitos templos do REAA atualmente.
Assim, as colunas zodiacais foram utilizadas para
marcar a posição das constelações zodiacais, já que muitas abóbadas não seguiam
essa decoração, isto é, omitiam nela o zodíaco. Provavelmente foi dado a isso que
se passou a utilizar meias-colunas verticais - como que encravadas nas paredes -
para projetar as constelações ausentes na base da abóbada (marcavam essa existência)
Deste modo, as colunas zodiacais, então colocadas para
suprir a falta das constelações, acabariam se tornando elementos obrigatórios segundo
muitos rituais do simbolismo do REAA.
Com as suas presenças como símbolos do zodíaco, as
colunas então trazem nos seus capiteis, ao invés da constelação fixada na
abóbada, pantáculos (símbolos que possuem significado de natureza esotérica) relativos
à cada um dos signos do zodíaco
Atinente ao porquê do simbolismo iniciático dessas colunas
no REAA, elas correspondem a faixa no mapa celeste que as doze constelações ocupam.
Desta forma, o zodíaco, em Maçonaria, nada tem a ver com prognósticos acerca de
uma pessoa em relação aos astros no dia do seu nascimento.
No REAA o zodíaco é utilizado apenas como alegoria iniciática. Nesse sentido, os alinhamentos correspondentes à Terra, o Sol e as respectivas constelações zodiacais,
agrupados sequencialmente de três em três, representam a primavera, o verão, o outono e o inverno – nascimento, vida e morte na Natureza adequada ao hemisfério Norte do nosso Planeta.Sob a óptica iniciática maçônica, esses ciclos são
representados no templo pelas colunas zodiacais a partir de 21 de março
(constelação de Áries) que é o início da primavera no Norte. Dessa forma, a
vida simbólica do Iniciado acompanha a sequência desses ciclos naturais (primavera,
verão, outono e inverno).
Emblematicamente se relacionando às etapas da existência
humana - a infância, a adolescência, a juventude e a maturidade - essas fases
se comparam à primavera, ao verão, ao outono e ao inverno, respectivamente.
Com isso, a jornada iniciática dos três graus universais
da Maçonaria seguem as estações representadas pelas colunas zodiacais a partir
de Áries (primavera no Norte). É sob esse formato que as colunas vão dispostas,
seis ao Norte e seis ao Sul. Divididas em quatro grupos de três, elas marcam os
ciclos naturais e indicam o caminho que o Iniciado deve seguir, rompendo o seu
percurso ao nascer na primavera para simbolicamente fenecer no inverno e, em
seguida, tal como a Natureza revivida, reviver na Luz.
O Iniciado, ao percorrer a senda demarcada pelas colunas
zodiacais simula seu aprimoramento como Aprendiz (infância-adolescência) nas
seis primeiras colunas, de Áries até Virgem (Norte); o Companheiro (juventude)
em Libra ao Sul e o Mestre prossegue nas colunas restantes em direção ao solstício
de inverno quando a Natureza se prepara para ficar viúva do Sol (vide cultos
solares da Antiguidade).
Assim, esse foi um breve relato sobre o significado
da presença das colunas zodiacais nos templos do REAA. Evidentemente que esse é
um percurso simbólico, contudo de conteúdo altamente significativo no que
concerne à transformação e o aprimoramento – uma das doutrinas do Rito.
Por fim, toda essa proposição simbólica demonstrada
busca explicar a importância emblemática dos solstícios e equinócios na liturgia
maçônica. Não à toa que Câncer aparece no templo sempre ao Norte e Capricórnio
ao Sul. Não menos importante ainda é lembrar que os solstícios de verão e de inverno
ao Norte (onde nasceu a Maçonaria), correspondem respectivamente às datas
comemorativas de João, o Batista e João, o Evangelista (as Lojas de São João).
Ainda nesse contexto é bom lembrar que as Colunas B e J, também conhecidas como
“pilares solsticiais”, marcam a passagem dos trópicos de Câncer e Capricórnio
no templo – o Sol não ultrapassa os Trópicos e o Iniciado percorre os “ciclos”.
O resto é estudar e compreender, destacando que o conhecimento esotérico é
reservado apenas aos Iniciados. Eis aí os subsídios.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com,br
OUT/2020
[1] Zodíaco
(astronomia) zona circular na esfera celeste, que se estende a cerca de 8° em cada lado
da eclíptica e forma a faixa sobre a qual se movem o Sol, a Lua e os planetas
em órbita.
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