Em 16.11.2024 o Respeitável Irmão Marco
Nascimento, Loja José Caraver, 101, REAA, GLMERGS (CMSB), Oriente de Porto
Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão:
SIN∴ DE
COMP∴
Venho lhe expor uma curiosidade que alguns
Irmãos da Loja estão com alguma interrogação sobre uma postagem feita por nosso
Irmão Almir Santana da Cruz sobre os sinais dos Graus.
Chamou-nos a atenção sobre o Grau de Comp∴, em especial a posição do b∴ e∴. Vou copiar a postagem, e se
o Irmão puder nos auxiliar sobre a dita posição, desde já ficamos agradecidos.
“OS SSIN∴ DOS GRAUS SIMBÓLICOS
SÃO SIN∴ PEN∴
Ir∴ Almir Sant’Anna Cruz.
Muito
já se especulou sobre o significado dos ssin∴ de cada grau e surgiram
diversas explicações descoladas da realidade. O fato é que a única explicação
está no Gr∴ de M∴, a partir da Lenda de
H∴ A∴ e no próprio juramento
dos Graus. Vejamos: [...]”.
(Nota de Pedro Juk: seguem
as descrições do autor das ppen∴ aapl∴ na Lenda, as quais serão aqui
omitidas por motivos óbvios).
“Um
detalhe interessante, e de certa forma incompreensível, é que no Grau de Comp∴ muitas Obediências não
deixam explícito ao descrever o sin∴ que a
m∴ no c∴ deve estar como se
fosse uma g∴. Além
disso, a grande maioria das Obediências acrescentou no sin∴ do REAA o b∴ e∴, que nada tem a ver
com a penalidade descrita na Lenda Hirâmica e também no jur∴ (pelo menos nos Ritos
Adonhiramita, Moderno e Schröder não se fez essa inclusão do braço esquerdo)”.
Mais uma vez agradeço pela atenção do meu Ir∴.
CONSIDERAÇÕES
No que diz respeito ao texto, o Resp∴ Irmão Almir Sant’Anna está coberto de razão.
Rigorosamente, no autêntico REAA os SSin∴ PPen∴ são sempre executados com a mão direita. Atitude esta que corrobora com
o que está descrito na Lenda do 3º Grau.
Historicamente, o também uso do membro sup∴ esq∴ para compor o Sin∴ do 2º Grau é natural do Rito de York, para o qual existe fundamento na
sua utilização.
Já no REAA (francês), diferente do Rito de York (inglês), não se utiliza
a m∴ esq∴ na composição do Sin∴ no 2º Grau. Nesse caso, o membro sup∴ esq∴ (br∴, antebr∴ e m∴) fica caído naturalmente ao lado esquerdo do corpo.
No caso do REAA, o indevido uso da m∴ esq∴ no 2º Grau deve-se a Joseph Paul Oswald Wirth, ocultista, artista e
escritor suíço nascido no Cantão de Berna em 1860, que via no br∴ esq∴ levantado uma relação com a passagem bíblica mencionada em Êxodo, 17:
11-13, VI.
Assim, foi graças à disseminação dessa imaginosa interpretação de Wirth
que a m∴ esq∴ lev∴ veio indevidamente parar em alguns rituais franceses, em especial nos
do REAA.
Vinda de outro rito, esta cópia malfeita não tardaria a produzir as mais
estapafúrdias explicações sobre o uso da m∴ esq∴ no Sin∴ de Comp∴ do REAA, ao ponto de se produzirem absurdos como o de relatar que a m∴ esq∴ erguida simbolizava a Estr∴ Flamej∴ - a imaginação não tem limites.
Havia muito tempo que o irreparável e saudoso Irmão José Castellani já alertava
para esse equívoco.
Longe das invencionices, no CRAFT - por aqui mais conhecido como Rito de
York (inglês) - o uso do membro sup∴ esq∴ no Sin∴ do 2º Grau é apropriado e original. Nele, o uso da m∴ esq∴ é uma espécie de preparação para outro Sin∴ que virá no 3º Grau.
Como os ssin∴ são ppen∴, no simbolismo do REAA o gesto se trata da aplicação da pena simbólica
proferida na tomada de obrigação do Comp∴. Este sin∴ é conhecido como Sin∴ Cord∴ (relativo a coração).
Nesse contexto, vale também ressaltar que a Lenda do 3º Grau, onde estão
descritos os SSin∴ PPen∴, mesmo que a sua narrativa seja muito parecida entre os ritos maçônicos,
não se pode negar que entre eles existem pequenas diferenças, as quais merecem
ser levadas em muita consideração, a despeito de que essas dessemelhanças podem
influenciar no gestual de execução dos SSin∴ entre os ritos.
Embora sem justificativa plausível, a inserção da m∴ esq∴, por tudo o que foi aqui relatado, acabou ficando consagrada e
enraizada no Sin∴ do 2º Grau do REAA. Retirá-la hoje do contexto ritualístico, sem dúvida
iria despertar a ira de muitos, sobretudo daqueles que não conhecem os meandros
da verdade obtida pela pesquisa acadêmica. Quem sabe se no futuro, paulatinamente
isso não possa, por doses homeopáticas ser retirado do contexto.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
jukirm@hotmail.com
JUN/2025