Em 20.02.2025 o Respeitável Irmão Marco Aurélio Schmidt, Loja Alferes Tiradentes, 2101, REAA, GOB MINAS, Oriente de São João Del Rei, Estado de Minas Gerais, pede explicações para o que segue:
POSICIONAMENTO DOS PÉS
Imagino que o Irmão tenha passado por um certo volume de indagações e a que eu farei, de certo, outros irmãos talvez também já tenham feito. A intenção de minha pergunta é a título de conhecimento, aprendizado e evolução, nada de contrariedade e indignação. Gostaria de saber a fundamentação da posição dos pés durante o sinal de Ordem no grau 1. Até então todos os autores e na nossa instrução mantínhamos formando 90° sendo o pé esquerdo da marcha para frente e o direito encostado atrás. Agora me deparei com uma nova situação… você poderia por gentileza me embasar nesta atual mudança?
CONSIDERAÇÕES
Inicialmente é oportuno lembrar que o 1º Ritual para o simbolismo do REAA na França (1804), por circunstâncias históricas e políticas seguiu boa parte das condutas ritualísticas da Grande Loja dos Antigos de 1751, das quais, por exemplo, a da posição dos pés em esq∴, já que os Antigos não tinham o hábito de apontar literalmente um dos pés para a frente ao darem o passo ritualístico para comunicar os segredos do Grau.
Outro aspecto a ser considerado é o de que primitivamente a Marcha dos ritos latinos ainda não estava dividida por graus como acontece atualmente. Para se aproximar do Oriente, davam-se simplesmente oito passos "normais".
Nessa conjuntura, o hábito de se apontar um dos pés para a frente ao se aproximar ritualisticamente do Oriente pela Marcha do Grau é costume de outros ritos, mas que também acabariam influenciando, indevidamente, o REAA.
Autores autênticos como Jules Boucher, Renné R. Charlier, Theobaldo Varolli Filho, dentre outros, descrevem diagramas dos passos da Marcha seguindo a referência oblíqua do Pavimento Mosaico, natural no REAA.
Lembra-se também que se primitivamente os pés davam passos normais, então nenhum deles estaria apontado para a frente, senão com o ângulo interno da esquadria formada pelos pés aberta para a frente, ou seja, os pés arranjados tal como o Esq∴ que fica junto ao Comp∴ sobre o L∴ da L∴ aberto em cima do Alt∴ dos JJur∴.
Na verdade, por falta de observação e comodismo, ao longo dos tempos fomos nos acostumando a copiar procedimentos de outros ritos. Desse modo, quando aparece uma orientação que corrige um equívoco, muitos de nós se mostram contrariados – é a boca que se entortou pelo hábito do cachimbo.
No REAA, o avançar dos passos durante a Marcha dos graus de Aprendiz e Companheiro não deve ser feito se andando de lado, com ombro esq∴ voltado para a frente. Anda-se sim de frente, com o peito voltado para o Oriente, sem arrastar os pés no chão. A cada passo, com os pp∴ uun∴ pelos cc∴, forma-se uma esq∴ aberta para a frente.
O Pavimento Mosaico com as suas juntas diagonais (oblíquas) que unem os quadrados brancos e pretos, também servem para ordenar os passos do grau e orientar como devem ficar, aproximadamente, os pés apontados.
Ao finalizar vale ressaltar que a posição dos pés em esq∴ não é uma questão de precisão milimétrica, porém de uma modelagem aproximada. Afinal, praticamos uma Maçonaria simbólica que se expressa, veladamente, por símbolo e alegorias.
T.F.A.
PEDRO JUK -SGOR/GOB
http://pedro-juk.blogspot.com.br
AGO/2025