quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

ABERTURA DO LIVRO DA LEI NO PRIMEIRO GRAU DO REAA - SALMO OU S. JOÃO?


 

Em 25/06/2020 o Respeitável Irmão Leonardo Abreu Amorim Neves, atual Secretário das Relações Exteriores do Grande Oriente da Bahia, COMAB, Estado da Bahia, apresenta o que segue:

 

ABERTURA DO LIVRO DA LEI

 

Antes de assumir essa função eu estava em um local mais natural e confortável para mim, a Grande Secretaria de Orientação Ritualística. Como fiz um bom trabalho, acaba que me tornei referência para os Irmãos de nossa Obediência e de nosso Oriente sobre essas questões. Atualmente estou trabalhando em um artigo sobre o Evangelho de São João na Abertura do Grau de Aprendiz e me deparei com uma publicação sua em diversos sites. Porém não há referências de pesquisa, sendo esses a que busco diretamente com o Irmão através desta.

Tenho alguns Rituais antigos, mas em nenhum deles é mencionado qual o trecho do Livro da Lei, é usado para a abertura da cerimônia.

Achei em Rituais franceses, portugueses e alemães a abertura feita no Evangelho de João, mas não nos brasileiros.

Será que posso contar com a sua ajuda?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Caro Irmão, em se tratando de rituais brasileiros mais antigos há de fato uma deficiência de indicação pertinente a abertura do Livro e a leitura do evangelho, em João I, 1 – 5 no REAA.

Existem falhas propositais e outras de mero esquecimento. Assim, esse tratad
o deve ser abordado no contexto doutrinário do REAA que prevê, no 1º Grau, a prevalência da Luz sobre as trevas. Reitera-se, é isso que a liturgia do Rito propõe.

Em termos de Brasil, nem todos os rituais trazem essa abertura, contudo também não a excluem, provavelmente pelo seu caráter de obviedade.

Infelizmente vivemos no Brasil uma Maçonaria de origem francesa, peripatética e abusivamente sob o estigma de carimbos e convenções. Assim, criou-se a marca de que se deve fazer o que está escrito, mesmo estando o escrito equivocado ou mesmo omisso. Isso acabou despertando muitas mentes preguiçosas que se valem da comodidade do “aonde está escrito”, ao contrário de proporcionar discussões de entendimento ou aplicação de bom senso sobre o conteúdo ritualístico.

Já sob a óptica da autenticidade e de se saber a razão das coisas é que pesquisadores legítimos têm procurado fontes de água limpa para pesquisas a esse respeito. Ou seja, nos rituais franceses. É bem verdade que na França também apareceu um tal São João da Escócia que, a bem da verdade nem mesmo existe no hagiológio da Igreja.

Autores respeitadíssimos como José Castellani, Francisco de Assis Carvalho, Theobaldo Varolli Filho, dentre outros, sempre fizeram a afirmativa de que a abertura no grau de Aprendiz no REAA é feita em João, I, 1 – 5. A essência socrática do grau prevê ao iniciado primeiro conhecer-se a si mesmo, o que em linhas gerais instiga o autoconhecimento, por conseguinte a procura da Luz (... e as trevas não a compreenderam.).

Nesse sentido, sugiro que o Irmão busque nas obras desses autores, também referências bibliográficas, contudo alerto que nada está pronto. É preciso antes, como já dito, envolver a pesquisa no contexto doutrinário do Rito.

Em termos de rituais escoceses, aqui no Brasil existem alguns que trazem a abertura em João, é o caso de muitos rituais da COMAB, além dos famosos rituais de capa vermelha compostos por Varolli Filho. Numa pesquisa mais abrangente o Irmão encontrará inclusive em rituais antigos do GOB (mesmo que sob o estigma do João da Escócia). Isso não invalida a abertura em João I, 1-5.

Desafortunadamente, muitos rituais brasileiros em vigência trazem o Salmo 133, ou 132 conforme a versão bíblica. Esse é um erro crasso haurido de rituais contraditórios, sobretudo os advindos após a cisão de 1.927 e a fundação das Grandes Lojas Estaduais Brasileiras. Essa anomalia acabou se espalhando, investindo inclusive sobre os rituais escoceses do GOB como se pode ver atualmente.

A leitura do Salmo 133 teve sua origem no Yorkshire, na Inglaterra. Segundo Harry Carr esse costume logo teria sido abandonado.

Não como abertura do Livro da Lei, mas como passagem iniciática, o Salmo 133 é lido durante a iniciação nas Blue Lodges (Maçonaria Norte-Americana). É muito provável que foi daí que Bhéring trouxe esse costume e o incluiu no REAA, sobretudo com a edição de novos rituais para as suas Grandes Lojas que por aqui haviam sido recém-criadas. Em síntese o Salmo não possui nenhum caráter de autenticidade, principalmente se tratando do REAA.

De tudo meu Irmão, concito-o a pesquisar na fonte do REAA que é na França. Certamente assim, com uma grade bem fundamentada de pesquisa, conclusões acertadas haverão de ser tomadas.

Afirmar apenas que um determinado assunto está num ritual, em princípio pode parecer lógico, contudo, é preciso antes perscrutar os “porquês” dos fatos, caso contrário o rumo do estudo poderá estar legado à meras repetições.

 

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hiotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

DEZ/2020

domingo, 27 de dezembro de 2020

MAÇONARIA - JOÃO. O EVANGELISTA - O OUTRO PATRONO

 

MAÇONARIA – JOÃO, O EVANGELISTA.

O OUTRO PATRONO

 

 

 

Em que pese muitos autores considerarem apenas João, o Batista como patrono da Maçonaria, essa afirmativa merece contestação.

Cabe mencionar que os períodos solsticiais sempre estiveram presentes nas comemorações dos nossos antecessores – as associações de pedreiros da Idade Média, ou a Franco-maçonaria.

Desse modo, e sob o aspecto prático, historicamente as datas solsticiais


eram comemoradas pelos nossos antepassados porque elas também serviam para marcar etapas das construções góticas.

Em Maçonaria, sempre com referência ao hemisfério Norte, o verão, em 21 de junho, tido como a plenitude da Luz, era o marco das atividades em sua plenitude nas oficinas de trabalho. A prevalência da Luz sobre as trevas se caracterizava na alegoria dos dias longos e noites mais curtas. Isso se correlacionava com a patente atividade do ofício.

Já o inverno, marcava o final do ciclo de trabalho. Concluíam-se as etapas nesse período porque as agruras do inverno no setentrião não eram próprias para o trabalho. As noites longas e os dias curtos indicavam um período impróprio para o trabalho. Os obreiros eram então pagos e despedidos para o merecido descanso até que as atividades fossem retomadas novamente na primavera.

Com a Terra viúva do Sol, era época de revisão dos planos da obra e para admissão de novos membros no Ofício. Desse modo, no inverno, em 21 de dezembro, a Franco-maçonaria comemorava a certeza de que a partir daquela data, o Sol iria começar o seu retorno do Sul para o Norte. A boa nova era a volta da Luz, cuja qual, após o inverno, na primavera reviveria a Natureza – em termos práticos, uma nova etapa se iniciaria.

Bem sabido é que a Franco-maçonaria floresceu e cresceu sob a proteção da Igreja. Comum a isso, os ancestrais da Franco-maçonaria, é bom que se diga, eram construtores advindos das Associações Monásticas e posteriormente, pela expansão do domínio eclesiástico, das Confrarias Leigas e das Guildas dos Construtores. Assim, muitas características religiosas acabariam temperando os costumes da Arte real. Nesse particular, as festas solsticiais acabariam se confundindo com festas patronais, geralmente comemoradas em Lojas de Mesa num ágape fraternal e em homenagem a João, o Batist
a, se no verão e a João, o Evangelista, se no inverno. Graças a esses antigos costumes é que as Lojas maçônicas ficariam conhecidas como as Lojas de São João.

Nesse particular, cabe destacar que os Joões patronais, são aqueles cujas datas comemorativas estão próximas às datas solsticiais. Assim, João, o Batista, aquele que anteviu a Luz é comemorado no dia 24 de junho, isto é, em pleno verão no hemisfério Norte. Por sua vez, João, o Evangelista, aquele que pregou a Luz é comemorado no dia 27 de dezembro, isto é, na plenitude do inverno no hemisfério Norte. Existe aqui uma sensível relação com o Natal – Natalis Invicti Solis.

Reitera-se assim, que a comemoração desses santos patronais é algo muito antigo na Maçonaria. Nesse contexto, as Lojas de São João correspondem ao Batista e ao Evangelista, já que os dois solstícios são partes integrantes da cultura e da liturgia maçônica de há muito – vide o significado das Colunas Solsticiais, conhecidas como B e J.

Além das conotações místicas e iniciáticas, João - o Evangelista, tal como o Batista, assume um destacado simbolismo no contexto doutrinário maçônico, sendo comum na Moderna Maçonaria comemorarem-se as duas datas, a de verão em 24 de junho relacionada a João - o Batista e a de inverno no dia 27 de dezembro concernente a João - o Evangelista.

As comemorações pertinentes a João, o Evangelista podem ser encontradas no contextual histórico da Ordem. Exemplos disso, dentre outros, poder-se ia citar o ocorrido em meados do século XVI num episódio pertinente ao declínio das Corporações de Ofício, quando em 1558 a rainha Isabel, ao assumir o trono da Inglaterra renovava uma ordenação que proibia qualquer assembleia ilegal. Em dezembro de 1561, tendo os franco-maçons ingleses anunciado a realização de uma convenção em York, durante as festividades a São João, o Evangelista, a rainha ordenou a dissolução da assembleia, decretando a prisão de todos os presentes. Segundo historiadores, essa ordem só não se confirmou porque o Lord Thomas de Sackville, adepto da Maçonaria, demoveu a rainha do seu intento (in Maçonaria – Origem Histórica). Outro exemplo que se pode citar foi o ocorrido no século XVIII na França, mais precisamente em 27 de dezembro de 1766 quando das comemorações da festa da Ordem em homenagem a São João, o Evangelista. Nessa oportunidade, pela fragmentação da Grande Loja devido aos prepostos que assumiam autoritariamente cargos delegados pelo Grão-Mestre, Conde de Clermont, um extraordinário tumulto aconteceu proporcionado por membros excluídos devido a rixas internas. Nesse lamentável episódio foi necessária a intervenção policial para que a ordem fosse restabelecida. A consequência disso foi a de que as reuniões maçônicas na França acabariam por ser proibidas. Essas atividades somente seriam restabelecidas em 1771 (in A Maçonaria Moderna – José Castellani).

Nos dois exemplos logo acima apresentados, em que pese o seu argumento histórico, chamo a atenção para as datas comemorativas pertinentes à data de 27 de dezembro, dia de João, o Evangelista. Nesse sentido assegura-se também a presença do Evangelista no conteúdo histórico patronal da Sublime Instituição. Em síntese chama-se a atenção para a utilização dos dois santos padroeiros, sempre aqueles relativos aos solstícios.

A despeito do que aqui foi mencionado, cabe salientar que o arcabouço doutrinário da Maçonaria como um todo traz esses dois personagens relativizados às Colunas B e J. Essas Colunas, dentre outros significados, de modo amplo trazem, no encadeamento alegórico da Ordem, uma relação solar e determinam os ciclos solsticiais.

Embora a Maçonaria não possa ser tomada como uma religião, é inegável, contudo, que por influência da Igreja muitas concepções maçônicas acabariam temperadas por um ideário religioso. Isso explica a presença dos santos Joões relacionados às portas solsticiais da alegoria maçônica.

Assim, em se tratando de Maçonaria, cabem apenas e tão somente os personagens que se relacionam com o ápice do verão e do inverno no hemisfério Norte da Terra. Hoje, especialmente no dia 27 de dezembro, João - o Evangelista, ou aquele correspondente à Coluna J

Concluindo, é bom lembrar que um dos símbolos mais antigos da Maçonaria é aquele constituído pelo círculo entre as paralelas tangenciais. Significa que o Sol não ultrapassa os trópicos. Junto à porta dos deuses está a figura de João, o Evangelista, um dos quais empresta o seu nome às Lojas de São João.

 

27 de dezembro de 2020.

 

 

PEDRO JUK

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

DECORAÇÃO DAS PAREDES DA LOJA EM C. DO M.

 

Em 07/12/2020 o Respeitável Irmão Ricardo Lóes, Loja Estrela Uberabense, 0941, REAA, GOB-MG, Oriente de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, deixa a seguinte pergunta no Blog do Pedro Juk quando trata de resposta pertinente à orientação do Painel da Loja de Mestre.

LLÁGR NAS PAREDES DA C DO M

Sei que o Irmão prefere não responder diretamente em comentários das perguntas, mas como em sua resposta já há explicação acerca das faixas sobre o e.·., acredito que sej
a dúvida de vários Irmãos do GOB sobre o número, agrupamento e disposição das llágr
sobre o e e em relação às ditas faixas.

A propósito, se já puder responder, há uma disposição correta dos agrupamentos de llágr.·. semeadas nas paredes da C do M? (triângulo, pentágono, etc. ou de acordo com a disposição das estrelas das constelações Orion, Híades e Plêiades ou simplesmente agrupadas nos números constantes na p. 15 do Ritual).

Se entender que não é o local ideal para a resposta, pode incluir o questionamento na fila de perguntas.

Estamos ansiosos para as correções e explicações do Ritual do 3º Grau no SOR, que tem sido uma ferramenta te grande valia.

 

CONSIDERAÇÕES.

Caro Irmão, essa decoração fixada nas cortinas que recobrem as paredes com a finalidade de se adaptar uma C do Mé disposta em grupos equidistantes e compostos cada qual por um c encimando duas tt ccruz, mais 15 llágr distribuídas em subgrupos de 3, 5 e 7 llágr. Todos esses símbolos são de matiz prateada.

Essa disposição de grupos de llágr e um c encimando tt atende à simetria possível e pertinente à extensão das paredes do recinto. Em síntese, se distribuem conforme o
tamanho da sala. Atenção: o forro não deve cobrir o retábulo do Oriente onde se encontram o Delta e as duas luminárias - Sol e a Lua.

Quanto ao formato de disposição de cada subgrupamentos de llágr que fica abaixo do c e das tt, esse não possui nenhuma regra, desde de que seja visível e compreensível a separação entre as 3, 5 e 7 llágr subgrupadas. Aconselha-se a melhor disposição possível, destacando que o mais importante é a separação dos subgrupos de llágr.

No tocante às llágr que aparecem sobre o forro que cobre o e no Painel do Grau, segue-se o que está disposto na gravura da página 86 do ritual. É apenas uma representação para aquele conjunto alegórico, não existindo nenhuma relação entre disposição e quantidade de subgrupos de llágr, cc e tt especificados para as paredes da C do M (pág. 15 do ritual).

Salvo os números iniciáticos 3, 5 e 7 dos subgrupamentos que cobrem as paredes, esses símbolos se apresentam no ambiente para caracterizar dor e consternação inerentes ao fenecimento da vida.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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DEZ/2020

domingo, 6 de dezembro de 2020

REAA - ORIENTAÇÃO NO PAINEL DO MESTRE

 

Em 14.06.2020 o Respeitável Irmão Armando Soares da Silva, Loja Cavaleiros Templários de Contagem, REAA, GOB-MG, Oriente de Contagem, Estado de Minas Gerais, apresenta a seguinte questão:

 

ORIENTAÇÃO NO PAINEL DE MESTRE

 

Por favor, me esclareça uma dúvida sobre os painéis dos graus, o grau 1, tem-se no alto o Oriente, em baixo o Ocidente, na direita Sul e esquerda o Norte.

No grau 3 esses pontos cardeais estão invertidos. Isso está correto ou é um erro nos rituais
? Sobre o Painel do Grau 3, uma vez que se eu o colocar com o lado Or
para o Oriente da Loja o Esq e o Comp ficaram invertidos bem como a letra G.

Me dê uma ajuda e explicação.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

De fato, não existe nada invertido. A questão é que a figura que representa o t, o personagem ali sep ocupa lugar sobre o eixo do templo com os pp voltados para o Or.

Isso se dá por duas questões. A primeira é que a Marcha do Mestre se faz em direção ao Or, destacando que na Exaltação existe a alegoria do renascimento da Natureza – no REAA, H A é a representação do Sol. O sentido interpretativo se dá em direção à Luz. A segunda é que durante a cena teatral da Lenda o Respeit M assume posição diante do t próximo aos pp do cad, momento em que ele fará com que H reviva.

Assim, a figura alegórica inserida no Painel está disposta de acordo com a liturgia da representação teatral da Lenda Hirâmica.

No tocante ao Comp e o Esq, ambos ficam dispostos para o ponto de vista do Respeit M, destacando que esse conjunto emblemático é demonstrativo sem que exista para ele a necessidade de coincidir com as TT GG LL Emblem que ficam sobre o Alt dos JJur, até porque sobre o ataú, perceba, não aparece o L da L.

Da mesma forma, a letra G e o ramo de Ac estão colocados para o ponto de vista do Respeit M, sobretudo no momento em que ele formará com o personagem os CC PP PP do M, postura apropriada para reviver H A (representação iconográfica do Sol) no solstício de inverno no Norte. É deste conjunto gestual que se origina ao T do Mestre pelos CC PP.

Por fim, ainda sobre o ponto de vista do Respeit M, imagine o personagem revivido agora posicionado em pé e de frente para o Or - que é o seu destino final. Note então que nessa posição a letra G, bem como o ramo de Ac e o Esq e o Comp permanecem de conformidade com o quadrângulo mosaico que simboliza o piso (os pés ficam apoiados no chão). Note também que as faixas constituídas sobre o e representam o equador (sentido longitudinal) e o meridiano do meio-dia (sentido transversal). Toda essa alegoria está diretamente ligada à Natureza e aos cultos solares da antiguidade. É essa a explicação possível nesse arrazoado.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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DEZ/2020

sábado, 5 de dezembro de 2020

SINAL DE SOCORRO - PLENITUDE MAÇÔNICA

 

Em 12.06.2020 o Respeitável Irmão Renato Peixoto, Loja Eugenio Bargiona, 3.593, REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a seguinte questão:

 

SINAL DE SOCORRO

 

Solicito ao Irmão que pelo seu profundo conhecimento da Ritualística Maçônica, possa


me esclarecer o ponto abaixo:

Por que temos o Sinal de Socorro no Grau de Mestre, sendo inexistente nos Graus de Aprendiz e Companheiro?

Entendo que todos somos Maçons e me pergunto por que só o Mestre possui o Sinal. Ouvi diversas explicações, sem, contudo, me convencer.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

As formas discretas de pedidos de ajuda remontam a época das guildas medievais de construtores nos séculos XII e XIII, principalmente.

No período da Maçonaria de Ofício, também conhecida como Operativa, não existiam graus especulativos tais como os que atualmente conhecemos.

Na época das construções medievais (canteiros), o que verdadeiramente existiam eram duas classes de trabalhadores, conhecidos no ideário maçônico como a dos Aprendizes do Ofício e a dos Companheiros da Arte.

Em linhas gerais, os Companheiros é que possuíam a plenitude do conhecimento, portanto eram autorizados a viajar livremente em busca de atividades do seu ofício. Já os Aprendizes deveriam permanecer nos canteiros pelo tempo necessário do seu aprendizado, geralmente três anos.

Assim, os Aprendizes permaneciam pelo tempo necessário sob a tutela do Mestre da Obra (era um Companheiro mais experimentado) não carecendo com isso conhecer pormenores de reconhecimento (pedido de ajuda), pois a sua permanência era exigida num mesmo local enquanto no seu aprendizado ele servisse o seu senhorio.

Já os Companheiros, caracterizados pelo título de “franco-maçom”, ou os freemasons (operários qualificados), podiam se deslocar pelos diversos rincões em busca de trabalho e de novos contratos para o seu ofício.

Devido à característica de possuir liberdade de locomoção, os Companheiros, além de dominar os sinais, toques e palavras de reconhecimento do ofício, também conheciam sinais que os levariam a porto de salvamento caso enfrentassem revezes e instabilidades no curso das suas jornadas.

Com o advento da Moderna Maçonaria - por excelência composta de Maçons Aceitos - os trabalhos operativos seriam substituídos por trabalhos especulativos. Desse modo, o franco-maçônico básico, universalmente caracterizado por três graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre), manteve suas tradições, usos e costumes, contudo a plenitude maçônica deixou o grau de Companheiro e passou a ser exclusividade do 3º Grau.

Assim relembrando a Maçonaria primitiva, a Moderna Maçonaria, no tocante ao hoje nominado Sin de Socor∴, designa este apenas àqueles que alcançarem a plenitude do grau de Mestre Maçom, pois emblematicamente os Mestres Maçons são senhores de todos os caminhos e espaços da Loja, podendo com isso, tal como os franco-maçons do passado se deslocar pelos quatro cantos do Orbe.

Por tudo o aqui exposto, a posse do Sin de Socor é uma questão de plenitude maçônica, destacando que esse sin permanece atualmente mais como tradição do que como uma prática explicitamente utilizada. Talvez em casos raros e excepcionais é que se poderia, quem sabe, vislumbrar um Mestre Maçom se utilizando dessa prática fora dos umbrais dos templos maçônicos e nos atuais padões sociais.

Concluindo, como tradição esse evento permaneceu, em linhas gerais, condicionado à posse da plenitude e é por isso que o maçom, enquanto Aprendiz e Companheiro, não recebe ensinamentos para deslindar esse segredo.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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DEZ/2020

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

FRATERNIDADE MAÇÔNICA

 

Em 08/06/2020 o Irmão Aprendiz José Ribamar P. Nascimento, Loja De Messejana José de Alencar, 94, sem mencionar o nome do Rito, Grande Loja Maçônica do Estado do Ceará, Oriente de Fortaleza, Estado do Ceará, faz o seguinte pedido:

 

FRATERNIDADE MAÇÔNICA.

 

Tendo recebido a missão de fazer meu primeiro trabalho maçônico, cujo tema é "A VERDADEIRA FRATERNIDADE MAÇÔNICA", venho a vossa presença, em busca do vos


so auxílio, ou seja, solicitar ao nobre Irmão, me ser facultado cópia de trabalhos/artigos relacionados ao tema. Tal (is) material(is), tem por objetivo, me servir de parâmetros e citações.

Certo de vossa compreensão, agradeço antecipadamente.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Sobre trabalhos e artigos de minha lauda, eu não faço remessas específicas, contudo boa parte deles podem ser encontrados na rede. Infelizmente, pelo meu tempo exíguo, não tenho como atender a pedidos individuais dessa natureza.

De qualquer modo, deixo aqui alguns apontamentos a respeito do tema.

De início, penso que é um paradoxo se utilizar da expressão “Verdadeira Fraternidade Maçônica”, já que o termo “fraternidade”, de modo abrangente e “verdadeiro” menciona parentesco entre irmãos, amor ao próximo, convivência entre pares, amizade, união, harmonia, tudo isso consubstanciado nos laços que unem aqueles que trabalham num mesmo objetivo.

Dada essa dissertação, fraternidade é por si só fraternidade, não cabendo, no meu entender, algo que precise expressá-la como “a verdadeira”, mais conveniente ou a melhor. Em Maçonaria não tratamos de espécimes de fraternidade, mas simplesmente de fraternidade e ponto final. Seria redundante tornar algo além do que ele já é ou significa.

Entendo que uma das características da Moderna Maçonaria é possuir no seu cerne a fraternidade que convive latente junto à irmandade maçônica.

Cabe mencionar que comungar das mesmas ideias em busca de um mesmo objetivo exige devotamento, sinceridade, fidelidade, tolerância e lealdade. É nesse convívio que, como maçons, devemos nos tratar como Irmãos.

Que até possam existir outros conceitos de fraternidade, contudo, certamente nenhum deles se adequará à Ordem Maçônica além do conceito originário dessa palavra.

Em linhas gerais a fraternidade é uma das pedras angulares da Instituição Maçônica. Assim, as Lojas devem continuamente investir nesse entendimento, sobretudo para atender e consolidar os objetivos de se construir uma sociedade melhor.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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