sexta-feira, 29 de junho de 2018

PELO SINAL, PELA BATERIA E PELA ACLAMAÇÃO


Em 26/04/2018 o Irmão Cesar Benjamim Duarte Ferreira, Loja Cavaleiros de Hiran, 4.057, REAA, GOB-PR, Oriente de Campo Largo, Estado do Paraná, apresenta a questão seguinte:

PELO SINAL, PELA BATERIA E PELA ACLAMAÇÃO


Temos uma duvida, em relação a saudação:
Na hora da execução pelo Sinal - corta o Sinal Gutural, retorna a ordem - pela Bateria - corta o Sinal, volta ao Sinal e pela Saudação corta o Sinal e volta à posição de ordem, esse tem sido o entendimento de alguns Irmãos, outros acham que deve ser direto, mais não são três atos separados? O qual deve votar sempre a ordem para sua execução?

CONSIDERAÇÕES.

Sem dúvidas são procedimentos separados. Pelo Sin\, pela Bat\, pela Aclam\.
Esse conjunto de práticas tem sido para alguns Irmãos um trampolim para exercer excessos do preciosismo com inclusões de práticas que destoam da sequência litúrgica.
A questão é sempre de bom senso, pelo que vou tentar fazer as colocações necessárias inerentes a essas práticas.
Para tanto, observe que existem dois momentos onde o ritual prevê essa sequência ritualística. A primeira logo após a Loja no REAA\ ter sido declarada aberta e, a segunda, logo após a mesma Loja ter sido declarada fechada (encerrada).
Assim, na abertura dos trabalhos essa sequência se compõe por três práticas distintas, enquanto que no encerramento, apenas duas. No período final não existe composição de Sinal porque a Loja já foi declarada fechada.
Na abertura, a sequência se dá na seguinte forma: quando da ordem do Venerável do “pelo Sin\”, todos, por já estarem à Ordem, imediatamente o desfazem pelo Sin\ Pen\ que é a prática obrigatória para se desfazer o Sin\ de Ord\. Ato seguido, atendendo novamente a resolução do Venerável do “pela Bat\”, de imediato, sem voltar ao Sinal de Ord\, todos estendem à frente a sua mão esquerda espalmada com a palma voltada para cima, que fica parada, e nela dão a Bat\ do grau com a sua respectiva mão direita espalmada. Encerrada a Bat\, agora todos imediatamente voltam ao Sin\ de Ord\. Por fim, recebido comando do Venerável do “pela Aclam\”, todos aclamam na forma de costume e aguardam o comando para sentar. Antes de tomar assento todos desfazem o Sin\ de Ord\ pelo Sin\ Pen\.
O ato de se voltar ao Sin\ de Ord\ logo depois da Bat\ nada tem a ver em especial com a Aclam\. Isso acontece apenas para cumprir a regra de que em se estando em pé, com as mãos livres e desocupadas de outros gestos, em Loja aberta, fica-se à Ordem.
Antes de comentar os procedimentos para o encerramento, penso serem úteis as seguintes explicações: os Sinais de Ord\ e Pen\ são gestos manuais que determinam o Sin\ do Grau, cujo qual se denomina, conforme o grau, como Gut\, Cord\ ou Ventr\. Assim, quem estiver compondo o Sin\ de Ord\, para desfazê-lo exige-se antes o seu complemento, o que se dá pela execução do Sin\ Pen\, este haurido das ppen\ ssimb\ pronunciadas pelos recipiendários ou postulantes nas suas respectivas obrigações. Em síntese, um Sin\ do Grau é composto por dois gestos distintos, um estático, que é propriamente a sua composição, e outro em movimento, que é o ato de desfazê-lo. Esse último gesto, por representar a pena aplicada, denomina-se Sin\ Pen\. Dado a isso é que não se desfaz e nem se passa diretamente de um para outro Sin\ sem que antes ele seja desfeito na forma de costume. São também chulos os termos “carregar e descarregar” quando utilizados no trato com os Sinais maçônicos. Recomendo o mesmo para o termo “cortar o sinal” (sic).
No que diz respeito ao encerramento, não há regra relativa aos SSin\ porque no final dos trabalhos a Loja já estará fechada, cabendo ao Venerável ordenar apenas a Bat\, cuja qual se dá de acordo com o que já fora explicado, e a Aclam\, que nesse momento é pronunciada sem se estar à Ordem pelo motivo também já aqui ilustrado (Loja fechada).
Em Loja de Terceiro Grau não existe a Aclam\, assim no princípio procede-se pelo Sin\ e pela Bat\ enquanto que no encerramento apenas pela Bat\. Todos os demais procedimentos são iguais aos que aqui foram comentados.
Eram esses os comentários pertinentes. Existem sempre minúcias que explicam os procedimentos. É sempre de boa geometria se conhecer com detalhes cada ato que compõe a liturgia maçônica. Sem querer ser repetitivo, nada existe por acaso na ritualística dos ritos maçônicos. A questão é compreendê-los, no lugar de antes produzir atitudes inventivas.


T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2018

CIRCULAÇÃO EM LOJA. EXISTE CIRCULAÇÃO NA MESMA COLUNA?


Em 26/04/2018 o Respeitável Irmão Josias Severino da Silva, Loja Segredo e Paz, 1.852, REAA, GOPE-GOB, Oriente de Pombos, Estado de Pernambuco apresenta as questões seguintes:

CIRCULAÇÃO EM LOJA NO REAA. CIRCULAÇÃO NA MESMA COLUNA.


1 – O Segundo Diácono para receber a Palavra do Primeiro Vigilantes, ele estando na mesma Coluna precisa fazer o giro para receber? Para levar ao Segundo Vigilante é obrigado a fazer o giro?
2 – O Mestre de Cerimônias vai até o Segundo Vigilante. Estando na mesma Coluna
ele pode voltar ao seu lugar sem transpor a linha imaginária?

CONSIDERAÇÕES.

  1. A regra é a seguinte: na mesma Coluna não há circulação. Assim, o Segundo Diácono se dirige diretamente do seu lugar até o Primeiro Vigilante, abordando-o pelo seu lado direito (ombro direito). Recebendo a Palavra na forma de costume, ele dali se desloca até o lugar do Segundo Vigilante cruzando o eixo longitudinal da Loja (equador) do Norte para o Sul pelo espaço entre a retaguarda do Painel do Grau e o limite como o Oriente. Ao chegar, aborda também o Segundo Vigilante pela sua direita (ombro direito). Transmitida a Palavra ele retorna ao seu lugar no Norte passando pelo espaço entre a frente do Painel do Grau e a porta do Templo.
É oportuno mencionar que as Luzes da Loja são sempre abordadas pela sua direita. Não existe circulação em torno das mesas dos Vigilantes. Durante a abertura dos trabalhos, mesmo que a Loja não esteja definitivamente aberta, obedece-se a circulação quando se passa de uma para outra Coluna. Ratifico: na mesma Coluna não existe circulação, pois ninguém precisa dar a volta ao mundo para parar no mesmo lugar.
  1. É o que já foi comentado no item 1 em relação aos deslocamentos na mesma Coluna. Nesse sentido a circulação não existe. Assim, o Mestre de Cerimônias, no caso da sua questão, vai e volta sem a necessidade de contornar o Painel.
Aproveito a ensejo para alertar que durante o processo ritualístico para a abertura dos trabalhos, o Mestre de Cerimônias, para conduzir o Orador até o Altar dos Juramentos, primeiro obedece à circulação (Loja em processo de abertura). Jamais ele entra direto do seu lugar no Oriente. Quem ingressa no Oriente sempre o faz a partir da Coluna do Norte e, dele sai sempre em direção à Coluna do Sul.



T.F.A.


PEDRO JUK


JUNHO/2018

quinta-feira, 28 de junho de 2018

APRESENTAÇÃO DE TRABALHO EM LOJA - ENTRE COLUNAS OU NO SEU LUGAR?


Em 25/04/2018 o Respeitável Irmão Carlos Roberto Coelho, Loja Alma Farrapa, 3.028, REAA, GOB-RS, Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos para o seguinte:

APRESENTAÇÃO DE TRABALHO EM LOJA

Mais uma vez recorro aos seus conhecimentos para esclarecer algumas dúvidas.
As questões desta vez são quanto à apresentação de trabalhos em Loja, a saber:
1 - O Irmão que for apresentar trabalho, apresenta do seu lugar, ou se coloca entre colunas?

2 - Quando da saudação as Luzes, o Irmão deverá fazer o sinal e descarregá-lo quando se dirigir a cada uma das Luzes, ou arma o sinal, cumprimenta as luzes e só depois desarma?
3 - É permitido, após a apresentação do trabalho, ainda no Tempo de Estudos, passar a palavra nas colunas, para comentários ou sugestões ao mesmo, ou somente na hora da Palavra?
Na certeza de que suas considerações serão de grande utilidade para o esclarecimento destas dúvidas, mais uma vez agradeço antecipadamente e nos colocamos a sua inteira disposição aqui no Sul.

CONSIDERAÇÕES:

  1. Não existe uma regra específica para tal, todavia, em nome da praticidade, da produtividade e objetividade é preferível que o apresentador o faça do seu lugar. Se a Loja preferir que o apresentador o faça entre as Colunas do Norte e do Sul no extremo do Ocidente, o Mestre de Cerimônias então deve conduzir o apresentador ao lugar devido. Feita a apresentação, novamente o Mestre de Cerimônias o conduz, desta vez em retorno.
  2. Na verdade essa prática não trata especificamente de saudação, porém de modo protocolar utilizado comumente por aquele que faz o uso da palavra em Loja. A regra simples para essa ocasião é a seguinte: o usuário da palavra fica em pé e, por consequência fica à Ordem, o que significa se posicionar com o corpo ereto, pés unidos pelos calcanhares em esq\ compondo com a(s) mão(s) o Sinal do Grau (também conhecido como Sinal de Ordem). Com essa postura assumida, ele protocolarmente se dirige à Loja (isso não é saudação), primeiramente às Luzes, em seguida e de modo genérico às autoridades se for o caso (sem a necessidade de mencioná-las uma a uma) e, por fim, também de modo genérico, aos demais Irmãos. Concluído o protocolo, ele faz o uso da palavra - nesse caso apresenta a sua peça de arquitetura. Concluído, ele desfaz o Sinal na forma de costume e toma assento, ou, se for o caso, segue o seu condutor.
É oportuno mencionar que o Venerável pode autorizar depois de complementado o protocolo do uso da palavra o protagonista a falar sem a composição do Sinal, sobretudo para tornar a situação mais confortável para ele. Isso acontecendo o mesmo deve segurar o texto com ambas as mãos. Concluída a sua apresentação, volta à Ordem e, antes de se sentar, ou de acompanhar o seu condutor, desfaz o Sinal.
Ratifico: nenhum desses casos considera-se saudação. É bem verdade que toda a saudação maçônica é feita pelo Sinal, entretanto nem sempre o Sinal significa saudação. Saudação maçônica, conforme especifica o ritual, é feita somente ao Venerável Mestre à entrada e saída do Oriente ou às Luzes da Loja por ocasião da entrada formal (após a Marcha do Grau) – são as minúcias da ritualística maçônica.
  1. Se o tempo for plausível e o assunto merecer considerações o Venerável pode colocar a palavra nas Colunas e no Oriente, porém seguindo o giro costumeiro (a partir do Sul). Saliente-se que essas considerações são relativas às peças de arquitetura que possuam o caráter instrutivo ou cultural. Já uma peça de arquitetura produzida para aumento de salário deve ser apresentada na Ordem do Dia para que, a partir dela, sejam tomadas as providências de costume (transformação da Loja, cobertura do Templo, votação, etc.). Peça de arquitetura que objetiva aumento de salário não é matéria de quarto de hora de estudos, mas sim da Ordem do Dia, pois dela resultará votação.
Eram essas as considerações a respeito, lembrando que todo assunto debatido e comentado em períodos anteriores à Palavra a Bem da Ordem não carecem mais de repetições com palavreados que redundantes e que nada mais tem a acrescentar.


T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2018

quarta-feira, 27 de junho de 2018

MESTRE MAÇOM SEM CARGO TOMANDO ASSENTO NO ORIENTE


Em 25/04/2018 o Respeitável Irmão Nilson Alves Garcia, Deputado Federal da Loja Estrela da Serrinha, REAA, GOB-GO, Oriente de Goiânia, Estado de Goiás, apresenta a seguinte questão:

OCUPAÇÃO DO ORIENTE POR MESTRE SEM CARGO.


Gostaria que o Irmão me esclarecesse se um Irmão Mestre Maçom sem cargo e que não seja instalado, ou autoridade maçônica, pode tomar assento no Oriente? Ainda, o Venerável Mestre pode convidar um Mestre Maçom nessas condições para tomar assento no Oriente?

CONSIDERAÇÕES.

Ao que parece está havendo confusão no entendimento entre àqueles que podem ingressar no Oriente da Loja e aqueles que, pelo ritual em vigência, ocupam lugar no Oriente.
Obviamente que o Oriente, como final da escalada iniciática, é reservado apenas aos Mestres Maçons, dos quais os oficiais que no espaço oriental da Loja exercem os seus ofícios, assim como aqueles que detêm o título de autoridade maçônica. Ali também permanecem os Mestres Instalados (Veneráveis e ex-Veneráveis).
Transitoriamente nele também ingressam por dever de ofício outros oficiais que vem do Ocidente para o Oriente. É o caso do Mestre de Cerimônias e do Hospitaleiro, bem como daqueles que eventualmente trabalham transitoriamente nas iniciações, elevações e exaltações.
Existe ainda a possibilidade de um Mestre Maçom sem cargo permanecer temporariamente no Oriente, quando ele convocado, por exemplo, ali ingressar para receber um certificado, um mimo, uma condecoração, ou outros afins do gênero. Nesse caso o Venerável autoriza a permanência temporária dele para o cumprimento das ações necessárias. Concluídas, ele retorna para o lugar de onde ele veio.
Fora essas situações, os Mestres Maçons sem cargo, ou que não sejam autoridades ou ainda detentores do título distintivo de instalado, devem ocupar lugar nas Colunas do Norte e do Sul, isto é, no Ocidente conforme previsto no ritual.
Assim, não é da alçada do Venerável Mestre convidar aleatoriamente qualquer Mestre Maçom sem cargo para tomar assento no Oriente. O Venerável não tem autoridade para tanto. É bom lembrar que um Venerável Mestre, como qualquer outro obreiro, deve cumprir o ritual, destacando-se que nele não está previsto esse convite para permanência. Insistir nessa prática é desrespeitar o ritual, afinal nele está bem clara a disposição dos lugares dos maçons da Loja.

T.F.A.


PEDRO JUK


JUNHO/2018

terça-feira, 26 de junho de 2018

TRONCO DE BENEFICÊNCIA NA SESSÃO PÚBLICA


Em 24/04/2018 o Respeitável Irmão Thiers Antonio P. Ribeiro, Loja Antonio Lafetá Ribeiro, REAA, GOMG - COMAB, Oriente de Montes Claros, Estado de Minas Gerais, apresenta a questão que segue:

TRONCO DE BENEFICÊCIA NA SESSÃO PÚBLICA


Volto ao prezado Irmão, solicitando o seu auxilio para o meu entendimento: Fizemos uma sessão pública com ritual próprio (elaborado pela COMAB). Discordei do mesmo, pois acredito que uma Sessão Pública, deve ser feita com o próprio Ritual de Aprendiz. A
berta a Sessão ritualisticamente, na Ordem do Dia, são chamados os convidados profanos para entrarem no Templo. O Venerável diz qual o tema a ser proferido e o Irmão escalado fará a apresentação do seu trabalho. Após a fala do Irmão, o Venerável pede para que se tenha o templo coberto aos visitantes, que serão encaminhados ao Salão de Festas. Continua a sessão ritualisticamente até seu encerramento.
A sessão com ritualística própria (ritual do GOMG-COMAB): O Venerável diz: Os Irmãos fiquem de pé, pois vai correr o tronco de beneficência. E isso é feito com a Loja cheia de visitantes (Senhores, Senhoras, Crianças). O Irmão Hospitaleiro vai cumprir com o seu dever.
ISSO É CORRETO, MEU IRMAO? - Discordo totalmente. Peço esclarecer-me, por favor.

CONSIDERAÇÕES.

É como eu tenho dito, inventores é que não faltam na Maçonaria.
Isso que o Irmão aqui relata é uma verdadeira fanfarrice e uma agressão para a liturgia maçônica. Eu até me atreveria a dizer que essa prática, realizada diante de convidados não maçons está mais para uma atitude de “aparecer” do que de verdadeiramente praticar solidariedade. Hilariamente os inventores dessa galhofa adoram mesmo é impressionar aqueles que nem mesmo sabem o que está acontecendo.
É o que dá quando por um sistema ultrapassado são nomeados pseudos ritualistas que nada entendem da tradição da Ordem. O resultado disso são as invenções de procedimentos temerários. De pronto eles inserem num ritual e a Obediência o adota. Consequentemente, em nome do que está escrito, inescrupulosamente a bobagem é obrigada a ser cumprida. Isso é mesmo lamentável!
Como atitude correta e tradicional, nas ocasiões em que ocorrem essas sessões públicas, não se faz coleta do óbolo na presença de convidados não iniciados, assim como dela eles também não participam.
É por isso que os convidados nas sessões públicas ingressam (ou pelo menos deveriam ingressar) somente na Ordem do Dia, ocasião em que o Venerável determina as providências necessárias. Cumprido o desiderato para qual a sessão fora convocada, os não iniciados se retiram, encerra-se a Ordem do Dia e, antes do encerramento dos trabalhos, privativos só para maçons, o Tronco de Beneficência faz o seu giro.
Assim, isso nunca acontece na frente de convidados não iniciados e ainda sem a “firula” de se colocar nessa ocasião os Irmãos em pé para a coleta. Penso que alguém precisa alertar esses luminares que inventaram essa barbaridade que essa prática é altamente incorreta.


T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2018

segunda-feira, 25 de junho de 2018

RETARDATÁRIO - A QUEM ANUNCIAR


Em 23/04/2018 o Respeitável Irmão Ronaldo Neris Batista, Loja Fé, Equilíbrio e Amor, 317, REAA, GLESP, Oriente de São Paulo, Capital, apresenta a seguinte questão:

RETARDATÁRIO. A QUEM ANUNCIAR?


Novamente venho recorrer aos vossos ensinamentos e esclarecimentos.
Em uma Loja aberta no grau de Companheiro um Irmão que chegue atrasado e ritualisticamente bate à porta de forma correta no devido grau, isto é, bate
como Companheiro o Irmão Guarda do Templo deve dirigir-se ao 1º ou ao 2º Vigilante?
Pergunto isso porque de rotina costuma-se seguir o ritual de Aprendiz e o Guarda do Templo dirige-se anunciando ao 1º Vigilante.
Entretanto, no ritual de exaltação está claro quando da entrada do “exaltante” que se deve informar ao 2º Vigilante que, “...como Companheiro bate-se a porta do Templo”
Parece-me mais lógico, realmente anunciar ao 2º Vigilante a chegada de um irmão de sua coluna.

CONSIDERAÇÕES.

Antes um pequeno reparo. Atraso não é procedimento institucionalizado, entretanto nesse caso um retardatário dará sempre na porta do Templo a bateria universal, que é a do Aprendiz, não importando o grau de trabalho da Loja. Cabe ao Cobridor Interno quando da verificação de quem bate informar ao atrasado o grau de trabalho da Loja.
Quanto a quem o Cobridor informa numa situação dessas, nas sessões ordinárias (econômicas) ele o faz sempre ao Primeiro Vigilante porque esse Vigilante está no extremo do Ocidente, portanto mais próximo da porta e do próprio Cobridor. Note que na abertura dos trabalhos, como sua primeira obrigação, o Primeiro Vigilante se dirige ao Cobridor para se certificar da cobertura do recinto. Destaque-se que a Sala da Loja é alegoricamente um canteiro de obras.
Já no que diz respeito à cerimônia de Exaltação, a questão não é a de ser um Irmão dessa ou daquela Coluna que pede ingresso, porém é uma questão de característica iniciática que envolve a liturgia maçônica.
Isso se explica porque desde os primórdios da Maçonaria quem recebia os candidatos nessas cerimônias sempre era o Segundo Vigilante.
De certo modo, a Moderna Maçonaria conservou essa tradição mantendo esse dialogo ritualístico nas sessões magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação com o Segundo Vigilante, embora ainda existam rituais que não respeitam essa regra, o que é lamentável.
É oportuno mencionar que a ritualística maçônica é detentora de inúmeros pormenores que devem ser observados, dos quais eu destacaria, nesse caso, dois aspectos: a do retardatário que pede ingresso e a do candidato que passa por uma cerimônia iniciática (iniciação ou aumento de salário). Em ambos os casos os procedimentos se distinguem porque o primeiro se reporta a simplesmente solicitar ingresso para participar dos trabalhos na Loja, enquanto o no segundo o ingresso é parte de um procedimento ritualístico que compõe a liturgia iniciática.

T.F.A.

PEDRO JUK

JUNHO/2018

sábado, 23 de junho de 2018

A CRENÇA EM DEUS - ASPECTOS DO RITO MODERNO


Em 22/04/2018 o Respeitável Irmão Antonio Gouveia, Loja Serra do Roncador, 2.240, sem mencionar o nome do Rito e do Oriente, GOB-MT, Oriente do Mato Grosso, solicita comentários a respeito:

ASPECTOS DO RITO MODERNO


Gostaria de saber sua opinião sobre alguns aspectos do Rito Moderno. Entendo que, ao se declararem agnósticos pela prática deste Rito, Maçons estão contrariando o Inciso I do Art. 2º da Constituição do GOB. Também a ausência de símbolos nas Lojas retira do Ritual sua função iniciática representada pelo simbolismo neles existente. Seria, para mim, um Rito sem rito iniciático. Gostaria de sua opinião sobre estes dois pontos, desde já agradecendo sua atenção.

CONSIDERAÇÕES.

Penso que para tal existem aspectos que merecem uma consideração mais apurada.
Na concepção do agnosticismo, sobre o ponto de vista de um rito maçônico, ele deve ser admitido apenas como uma atitude que vê inúteis discussões sobre questões metafísicas, sobretudo porque elas tratam de realidades do incognoscível.
Isso, entretanto, não quer dizer descrença num Princípio Criador, senão o caráter de não discutir esse efeito, deixando que cada um, livremente, fique com as suas conclusões.
Ainda sob essa égide, se bem observado às teorias agnósticas, o agnosticismo admite uma ordem de realidade que não pode ser conhecido. Por óbvio isso nada tem a ver com descrença em Deus.
No que diz respeito a isso, especialmente ao Rito Moderno, ou Francês, sua definição se adequa mais a um sistema não dogmático, a despeito de que dogma seja um ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina ou sistema religioso. Não apregoar e nem aceitar dogmas também não é a mesma coisa do que ser ateu. Muito menos ainda é confundir essa definição como agnosticismo – vide os conceitos filosóficos do teísmo e do deísmo.
Na realidade o Rito Moderno se embasa na liberdade do pensamento e na razão, motivo pelo qual ele deixa à consciência de cada um dos seus membros as interpretações metafísicas. Na verdade isso não significa combater a religião, mas ensinar ao homem que cada um deve respeitar as convicções dos outros. Assim, o ambiente ritualístico desse Rito não admite nele a imposição de preferências religiosas ou em seu nome fazer proselitismos.
Isso faz parte da história e pode ser verificada nos acontecimentos políticos, sociais e religiosos hauridos do século XVIII.
Essa condição racional está sutilmente interligada a uma concepção deísta que de certo modo acredita num Criador, mas sem a sua antropomorfização e nem a sua interferência nas causas humanas.
No que diz respeito à Constituição do GOB e o seu Artº 2º, Inciso I – a existência de um princípio criador: o Grande Arquiteto do Universo – cabe ao maçom compreender quem e o que é esse Princípio Criador denominado Arquiteto do Universo. Para tanto há que se compreender que esse título tem acima de tudo um viés conciliatório para um único Deus Criador mencionado nas religiões dos homens, visto tanto pela óptica teísta bem como pela deísta.
Assim, o Grande Arquiteto do Universo é Aquele que concilia todas as crenças, sem que com isso existam na Moderna Maçonaria imposições religiosas.
Nesse sentido o Rito Moderno, ou Francês, ao contrário do que muitos pensam, jamais se opõe à crença em Deus. Entende sim que embora nos seus templos não estejam absolutamente previstos dogmas e nem preces e orações, o Arquiteto Criador é um elemento velado de conciliação religiosa entre os homens - que cada um tenha a sua convicção, sem que haja sobre tal nenhuma interpelação por parte da Maçonaria.
Evidencia-se nesse caso o respeito à liberdade individual religiosa, porém sem que jamais esse caráter possa se confundir com ateísmo.
É oportuno mencionar que na Maçonaria em geral (para todos os seus ritos) basta o título de “O Grande Arquiteto do Universo”. Não existe razão para que ele seja ainda complementado como o redundante “que é Deus”, como é comum se encontrar em muitos rituais, pois por si só conciliatoriamente Grande Arquiteto já exprime essa verdade.
A despeito desse comentário, é seguro dizer que não existe ateísmo na Maçonaria, ou melhor, que não existem ritos ateus, isso porque os nossos ancestrais, as “organizações de construtores medievais”, sempre tiveram a característica de dar um cunho religioso ao trabalho. É o caso, por exemplo, das Associações Monásticas do século VII, das Confrarias Leigas do século XI, da Francomaçonaria (protegida pela Igreja) após e século XII e as Guildas de Construtores. Posteriormente, já no período dos Aceitos, século XV, a Maçonaria continuou trazendo consigo todo esse respeito religioso, o que pode ser inclusive comprovado no século XVIII com o advento da Moderna Maçonaria surgida com a fundação da Primeira Grande Loja em Londres.
Infelizmente muitos tratadistas, e mesmo alguns próprios praticantes do Rito Moderno ou Francês, continuam fazendo má interpretação da sua história dando ao Rito uma falsa característica de ser um sistema que não crê em Deus. Provavelmente isso acontece por eles não a conhecerem amiúde a sua história, sobretudo a partir das origens da Maçonaria na França, assim como a sua própria filosofia.
A retirada da Bíblia, fato que se deu no Grande Oriente da França, também deu subsídios para interpretações equivocadas. Alguns entenderam esse procedimento como um predicado de ateísmo, o que não é verdade, pois essa atitude nada tem a ver com a crença em Deus, apenas teve o desiderato de manter a liberdade religiosa entre seus membros, não indagando deles a sua religião.
Sugere-se àquele que estuda esse tema que não tome conclusões apressadas sem antes fazer uma analise minuciosa da sua história, sobretudo naquilo que envolve a Maçonaria na França a partir do século XVIII.
O belíssimo Rito Moderno, ou Francês tem por norma considerar o maçom como lídimo produto da Loja e, acima de tudo, um construtor social que, pelo estudo da Natureza, deve inspirar-se na Sabedoria e na evolução, colaborando assim com a construção de um mundo melhor e fundamentado na Liberdade, na Igualdade e na Fraternidade. Longe disso, mas muito longe mesmo, está qualquer afirmativa de que o Rito seja contrário à crença individual em Deus.
Quanto a sua questão quando aborda a inexistência de símbolos na Loja do Rito e com isso a sua função iniciática, me parece que esse seja um entendimento precipitado e equivocado, pois os seus verdadeiros rituais apresentam um belíssimo arcabouço iniciático suportado por símbolos e alegorias.
Símbolos estão presentes sim no Rito Moderno, ou Francês. Pode-se citar, por exemplo, a presença do Delta, do Olho Onividente, do Sol, da Lua, do Esquadro e do Compasso (Luzes Emblemáticas), do Painel da Loja, cujo mesmo integra no seu interior um conjunto de símbolos e alegorias, etc.
Eu tenho dito que cada rito maçônico possui o seu arcabouço doutrinário que fora desenvolvido sobre um sistema de símbolos e alegorias. O Rito Moderno ou Francês não foge a essa regra.
O que se tem infelizmente observado é que ultimamente muitas opiniões hauridas de falsos entendidos têm feito com que o Rito Moderno tenha se descaracterizado em alguns dos seus aspectos. Originário da França e amparado pelas ideias dos Modernos da Primeira Grande Loja Inglesa, o Rito surgiu de uma depuração feita sobre a enxurrada de graus além do simbolismo que assolava na época a Maçonaria francesa.
Sob essa égide o Rito Moderno, nasceu no seio do Grande Oriente da França e foi concebido e revisado originalmente com três graus simbólicos – Aprendiz, Companheiro e Mestre – mais quatro graus além dos três primeiros – Eleito, Escocês, Cavaleiro do Oriente, ou da Espada, e Cavaleiro Rosa Cruz. Com essa característica ele ficou também conhecido como o “rito dos sete graus”, enquanto que o título “Moderno” se deu porque o Rito aderiu aos costumes da Primeira Grande Loja inglesa que era também conhecida como a Grande Loja dos Modernos.
Embora algumas Obediências mundiais mantenham o Rito com as suas características originais, outras, entretanto infelizmente já o deturparam como é o caso do acréscimo nele de mais dois graus sob a alegação de que houve tempo que em Portugal o Rito possuía nove graus, esquecendo-se esses de que originalmente o Rito nasceu na França e não em Portugal.
Outra deturpação que o Rito tem enfrentado em algumas Obediências tem sido pela interferência dos seus respectivos Regulamentos. Um exemplo disso é a inclusão, em alguns casos, da Bíblia como Livro da Lei no Rito Moderno quando se sabe perfeitamente que ela não faz parte originalmente do relicário emblemático desse Rito, justamente pela sua característica de não interferir na individualidade dos seus membros. O original, no lugar da Bíblia, é o Livro das Constituições, mas como alguns regulamentos de algumas Obediências preveem indiscriminadamente a utilização da Bíblia em qualquer Rito, essa anomalia acaba se dando em completo desrespeito àquilo que prevê o seu sistema iniciático e doutrinário.
Eram essas as minhas considerações.



T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2018