sábado, 13 de março de 2021

QUEM ASSINA POR ÚLTIMO NO LIVRO DE PRESENÇAS

 

O Poderoso Irmão Derildo Martins da Costa, Secretário Estadual de Orientação Ritualística do GOB-ES, Oriente de Vitória, Estado do Espírito Santo, me apresenta as questões seguintes.

 

ASSINATURAS NO LIVRO DE PRESENÇAS.

 

Eminente e estimado irmão Pedro Juk, preciso do seu socorro para me ajudar


a esclarecer algumas questões que não encontrei na legislação. Por favor, veja o que você pode me ajudar:

1.   O Ir Chanceler leva o Livro de Presenças ao Venerável Mestre e ele assina “fechando” a folha de presença do livro. O livro de visitantes é também “fechado” pelo Venerável?

2.   Se sim, estando presente o Grão-Mestre, este “fecha” também o livro de visitantes?

3.   Sobre cartões de visitantes (certificado de presença): O cartão tem de ser devolvido ao Irmão após os registros pelo chanceler?

Desde já agradeço a atenção que sempre obtive do irmão.

 

COMENTÁRIOS.

 

Seguem meus apontamentos, não laudatórios, baseados naquilo que eu penso a respeito. Esse conteúdo é fruto da minha opinião, portanto ela pode ser contestada por quem de direito que milite no campo das questões legais.

De tal modo, meus comentários se baseiam em usos e costumes, não obstante outras particularidades que eventualmente um rito possa possuir.

Vamos aos comentários:

Concernente ao item 01, o que é consagrado é o costume de que o Venerável Mestre encerre o rol do livro de presenças dos Irmãos do quadro da Loja. Quanto ao livro dos visitantes, eu desconheço qualquer regra a respeito. Entendo que não existem duas assinaturas para comprovar a presença de alguém na mesma sessão de uma Loja. Ao Venerável, como dirigente dos trabalhos, cabe assinar por último fechando a lista de presenças da Loja. Depois do Venerável ninguém deve assinar o livro do quadro, até porque essa prática revela um ato de segurança contra qualquer acréscimo ou alteração indevida.

No que diz respeito ao item 02, o Grão-Mestre só encerra o rol de presenças se porventura tenha sido ele o dirigente dos trabalhos. O mais recomendável, no caso de o Grão-Mestre estar presente e não dirigindo os trabalhos, é que ele assine imediatamente antes do Venerável (penúltimo), destacando-lhe essa formalidade porque tradicionalmente ele é o Grão-Mestre de todas as Lojas da sua jurisdição. Se o Grão-Mestre preferir assinar o livro dos visitantes, essa é uma opção dele, desde que assine apenas um dos livros. Nesse caso, desconheço qualquer regra de que necessariamente deva ser ele quem encerra o rol no livro dos visitantes. Entendo que o costume consagrado é o de que quem encerra o livro de presenças do quadro é aquele que na oportunidade estiver detendo o primeiro malhete da oficina (dirigindo os trabalhos).

É recomendável que o Secretário, ao final, depois de todos já terem assinado, inulize as linhas em branco que sobraram na página.

No tocante aos cartões certificados de presença, depois de decifrado o mais comum é que o mesmo fique arquivado na Loja junto ao dossiê do Irmão. Não existe razão para devolvê-lo.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

MAR/2021

terça-feira, 9 de março de 2021

SAGRAÇÃO DE PAINEL DA LOJA - ISSO EXISTE?

 

Em 08/08/2020 o Respeitável Irmão Gleiner Costa, Loja Cayrú, 762, REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, apresenta o que segue:

 

PAINEL DA LOJA

 

Preciso lhe fazer uma consulta. O Venerável Mestre da Administração 2015/2017 trocou


o Painel da Loja por outro de um artista amigo dele inclusive colocou no Painel o nome do artista (nós já retiramos) e doou o outro sem autorização do plenário para uma Loja Irmã. Eu preciso saber se esse Painel precisa ser sagrado. Obrigado.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Me parece que existiu aí algumas irregularidades. Eu não conheço o conteúdo desse Painel confeccionado e assinado pelo artista amigo do Venerável. O que eu sei é que o modelo do Painel do Grau para o Rito está bem claro no ritual em vigência. Assim, segue-se o que nele se apresenta. Em síntese o Painel deve ser uma cópia fidedigna do contido no ritual.

No que diz respeito à doação de algum objeto que é carga do patrimônio da Loja, entendo que o donativo só pode acontecer se o plenário, em votação por maioria simples, aprovar a concessão (assunto para o Orador opinar pela legalidade da transação).

Quanto a sagração de Painel, obviamente que isso não existe.

Sagração - melhor seria “consagração” - que é tradicional em parte da Moderna Maçonaria, existe apenas para o espaço de trabalho (templo). Seu objetivo não é o de dar caráter religioso ao ambiente, porém o de dar dignidade ao recinto onde serão realizados os trabalhos maçônicos.

Maçonaria não é religião e é bem por isso que o título “templo”, dado ao lugar em que a Loja se reúne, não é muito apropriado – o templo é na realidade uma oficina de trabalho haurida dos costumes dos nossos antepassados.

É bem verdade que existem por aí rituais de sagração de Estandarte, contudo essa prática, nada original, foi inventada e inserida em rituais próprios de algumas Obediências.

Concluindo, o ato de consagração deveria existir apenas para o espaço de trabalho maçônico.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

MARÇO/2021

quarta-feira, 3 de março de 2021

QUESTÕES PERTINENTES AO RITO BRASILEIRO

 

Em 08/08/2020 o Respeitável Irmão João Batista Soriani, Lojas Terra Brasilis, Rito Brasileiro e 14 de Julho, REAA, GOB-PR, Oriente de Maringá, Estado do Paraná, apresenta as seguintes questões pertinentes ao Rito Brasileiro.

 

QUESTÕES SOBRE O RITO BRASILEIRO

 

Segunda feira última, quando de sua palestra pela Loja Maringá, queria perguntar alguma coisa sobre o Rito Brasileiro, mais como era do REAA, me calei.

Como você disse de sua pesquisa sobre o REAA na sua originalidade francesa, tomo a liberdade que perguntar a você algo sobre o Rito Brasileiro, considerando a proximidade do RB com o REAA (ritual de 1968).

1ª - O piso do Oriente é o quarto degrau, ou seja, o primeiro do Oriente – certo?

2ª – Em se dirigindo ao Oriente, você faz a saudação no piso (4ºdegrau) do Oriente ou no 3º degrau como que se dizendo – posso entrar? Se fizer a saudação no quarto degrau, o irmão já não estará no Oriente?

3ª - Você tem como me dizer a origem dos graus filosóficos do Rito Brasileiro?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Entendo que atinge o Oriente aquele que alcançar o último desnível (o mais alto) em relação ao chão do Ocidente. Em linhas gerais, o quarto degrau é o piso oriental.

No que diz respeito à saudação ao se ingressar no Oriente, ela é feita na forma de costume quando o protagonista imediatamente atingir o piso do quadrante oriental, ou seja, no seu limite com o Ocidente tomando por base a linha de balaustrada que separa os dois ambientes. Assim, não se saúda a partir do terceiro degrau, mas assim quando se atinge o solo oriental.

Do mesmo modo, em retirada, antes de descer o primeiro desnível, também se presta a saudação (antes de sair).

Desse modo, uma baliza referencial para a saudação é o alinhamento da balaustrada fixada sobre o chão do Oriente.

No que diz respeito a origem dos 33 graus filosóficos do Rito Brasileiro, cujos quais se distribuem em Sublimes Capítulos para os graus 4 ao 18 e são dedicados à cultura moral; os Grandes Conselhos Filosóficos constituídos em Câmaras dos graus 19 ao 30 dedicados à cultura artística, científica, tecnológica e filosófica; Altos Colégios que englobam os graus 31 e 32 dedicados à cultura cívica e, por fim, o Supremo Conclave que é dedicado à síntese humanística.

Sobre a origem desses graus eu sugiro o Irmão que a procure perscrutando a história do Rito Brasileiro. Particularmente indico os autores Kurt Prober e José Castellani.

Para ilustrar particularidades e contradições merecedoras de pesquisa pertinentes ao desenvolvimento do Rito Brasileiro, transcrevo baixo um trecho do que consta no livro Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom (em todos os Ritos), autor José Castellani, A Gazeta Maçônica, São Paulo, 1984, página 21:

O Rito Brasileiro, surgido no fim do século XIX, foi regulamentado a 23 de dezembro de 1914, por Lauro Sodré, Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil. Foi, posteriormente, abandonado, para ressurgir, em 1968, com grande vigor, considerando-se o número de Lojas que passaram a praticá-lo.

Saliente-se, todavia, que existem, no território nacional, dois ritos Brasileiros, tão díspares, entre si, como se fossem ritos diferentes: um com rituais aprovados pelo Soberano Supremo Conclave do Rito Brasileiro, que, embora possuindo tinturas dos Moderno e Adoniramita, é, indisfarçavelmente, influenciado pelo Rito Escocês, até com as deturpações nele introduzidas; outro, com rituais aprovados pelo Supremo Conclave Autônomo do Rito Brasileiro, que, além das influências do escocesismo, mostra, em larga escala, passagens típicas do Rito de York.

É por essa óptica de construção histórica que eu sugiro uma pesquisa estruturada de modo acadêmico para que se alcance uma resposta satisfatória à última parte da sua questão.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

http://pedro-juk.blogspot.com.br

jukirm@hotmail.com

 

 

MAR/2021

segunda-feira, 1 de março de 2021

REAA - COLUNAS ZODIACAIS. POR QUÊ?

 

Em 07/08/2020 o Respeitável Irmão que se identifica como Janse, Loja Mensageiros do Bem, 812, GOB-PE, REAA, Oriente de Garanhuns, Estado de Pernambuco, apresenta o que segue:

 

COLUNAS ZODIACAIS NO TEMPLO. POR QUÊ?

 

Gostaria que o irmão enviasse alguma literatura sobre as Colunas Zodiacais, estou
preparando uma peça de arquitetura para apresentação.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Certamente o Irmão encontrará escritos a respeito no meu blog em http://pedro-juk.blogspot.com.br

Numa síntese sobre esse assunto, as constelações do Zodíaco primitivamente faziam parte da decoração estelar que ia na base da abóbada no REAA.

Historicamente o primeiro ritual do simbolismo do REAA veio aparecer em 1804 na França e foi estruturado sobre a exposure relativa aos autodenominados “antigos” da segunda Grande Loja rival de 1751 inglesa (As Três Pancadas Distintas), sobre o ritual do Rito Francês e ainda por influências da Loja Geral Escocesa, essa última contribuindo com a decoração da abóbada, com a disposição dos pilares B e J, com a aclamação H, H, H e com a cor encarnada (vermelha) na decoração do rito.

No que diz respeito à decoração estelar e as constelações do Zodíaco, essas originalmente apareciam seis na base da abóbada ao Norte e as outras seis ao Sul, contadas a partir de Áries no canto noroeste do recinto (equinócio de primavera no setentrião).

Com o decorrer do tempo, contudo, na evolução dos rituais apareceriam também doze colunas encravadas nas paredes Norte e Sul correspondente a essas constelações, sobretudo porque muitas Lojas não mais as traziam na base da abóbada os pantáculos das constelações como tradicionalmente ocorria. Como essas constelações marcam simbolicamente a jornada iniciática do maçom desde o topo da coluna do Norte até o topo do Sul (paredes Norte e Sul), as colunas zodiacais, mais apropriadamente passaram a marcar essa senda. Destaque-se que essas colunas não ultrapassam a balaustrada que demarca o Oriente.

Desse modo, notadamente a jornada iniciática no REAA está relacionada aos ciclos naturais (primavera, verão, outono e inverno), lembrando que essas constelações, agrupadas de três em três, correspondem às estações do ano no hemisfério Norte.

Assim sendo, cada ciclo natural corresponde nessa alegoria uma etapa iniciática – Aries, Touro e Gêmeos (primavera), Câncer, Leão e Vigem (verão) relacionados ao Aprendiz (infância e adolescência); Libra, Escorpião, Sagitário (outono) relativo ao Companheiro (juventude) e, por fim, Capricórnio, Aquário e Peixes (inverno) pertinente ao Mestre (maturidade e morte).

Essa emblemática comparação sugere a alegoria ao nascimento, vida e morte da Natureza associada ao nascimento, vida e morte do Iniciado. Todo esse teatro iniciatório simula o maçom a caminho da Luz no Oriente.

Tal qual ocorre na Natureza, o iniciado precisa antes morrer para renascer. Em síntese, as colunas zodiacais marcam o caminho que leva a esse objetivo.

Vale a pena mencionar que a revolução da Natureza aqui mencionada se reporta ao Norte por ser o hemisfério onde nasceu o REAA.

Cabe ainda alertar que as constelações zodiacais aqui abordadas nada tem a ver com a crença de adivinhações e outras concepções de caráter ocultista. Reitera-se: em Maçonaria o Zodíaco representa a aparente jornada anual do Sol que, conforme o deslocamento da Terra ao seu redor, ela se alinha a cada uma dessas constelações (como se passasse pela frente de cada um desses grupos estelares). Segundo cada um desses alinhamentos - que dura aproximados 30 dias – e devido a inclinação do eixo do planeta Terra em relação ao seu plano de órbita (aproximados 23º), as estações do ano paulatinamente se sucedem - de modo oposto conforme o hemisfério.

Assim sendo, a Maçonaria, através do REAA, copiando os cultos solares da antiguidade, acabou construindo a alegoria da transformação e aperfeiçoamento do iniciado para o seu arcabouço doutrinário.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com.br

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

MAR/2021