Em 15.01.2023 o Respeitável Irmão Olmyr Ferreira Júnior, Loja Arautos do Bem. 3603, REAA, GOB-PR, Oriente de Irati, Estado do Paraná, formula a questão seguinte:
QUARTA VELA
Lendo
sua resposta sobre acendimento das luzes litúrgicas, formulada pelo Irmão
Nelson Nascimento em 02.06.2022, restou-me uma dúvida: alguns Irmãos defendem a
ideia de que na Loja, deve haver uma quarta vela, que permanecerá acesa durante
toda a sessão, e de onde o Mestre de Cerimônias acende a vela auxiliar, com a
qual, acenderá finalmente, as velas nos candelabros. Ouvi comentários,
referindo-se a esta quarta vela, como sendo "a origem da luz".
Contando com o seu conhecimento, desde já agradeço.
CONSIDERAÇÕES
Absolutamente nada disso existe no REAA. Não há nada na liturgia que
justifique essa história de quarta vela, origem da luz, chama votiva e outras
invenções do gênero.
Tudo isso não passa de mera filigrana, pois no REAA não existe nenhum
cerimonial para acendimento de luzes, muito menos uma pretensa “quarta vela”
que estaria inserida nesse contexto.
Entenda-se por luzes litúrgicas aquelas dispostas nos três candelabros
de três braços e que são acesas em número conforme o grau em que a Loja esteja
aberta.
Vale dizer que o Ritual não prevê nenhuma outra vela litúrgica acesa além
das que compõem a liturgia de cada grau – destaque-se que essas luzes têm caráter
iniciático e não precisam de nenhuma fonte mística para alimentá-las.
Do mesmo modo, o SOR, que é o Sistema de Orientação Ritualística oficial
do GOB (o único que vale), não orienta qualquer prática nesse sentido.
O que de fato pode existir em relação a outras fontes de iluminação na
Loja são luzes auxiliares, e estas nada tem a ver com a liturgia do Rito. Como bem
diz o próprio nome, luzes auxiliares auxiliam a iluminar os ambientes em que os
titulares necessitem ler textos durante os trabalhos. Essas luzes auxiliares
estão inclusive previstas no ritual, contudo elas não possuem função iniciática,
portanto não são obrigatórias na decoração da Loja.
No que diz respeito às luzes litúrgicas, existem Lojas
que não adotam lâmpadas elétricas para simular as chamas, preferindo ainda
manter velas nos candelabros de três braços. Em atenção a essa possibilidade o
ritual então recomenda que não sendo as luzes litúrgicas lâmpadas elétricas, porém
velas, o Mestre de Cerimônias é quem as acenderá. Nesse caso recomenda-se que
ele, munido de uma vela auxiliar previamente acesa, simplesmente proceda ao
acendimento das demais na ordem prevista pelo ritual.
Na realidade, essa vela auxiliar tem apenas o desiderato de facilitar o
acendimento, evitando assim que o titular não fique no momento a riscar fósforos
ou se utilizar isqueiros para executar a sua missão.
Desse modo, logo que o Mestre de Cerimônias tenha completado a sua
missão, ele apagará imediatamente a chama da vela que foi utilizada para
acender as demais. Sob nenhuma hipótese essa vela auxiliar deve permanecer
acesa.
Graças a isso, algumas Lojas costumam manter antes do acendimento das
luzes liturgias uma pequena vela acesa sobre o Alt∴ dos PPerf∴ para que o Mestre de Cerimônias dela
se utilize no momento do acendimento das luzes dispostas nos candelabros. Concluído
o acendimento, imediatamente o titular deve apagá-la para não dar margem a
outras interpretações.
Provavelmente, alguns Irmãos imaginosos ao verem essa chama auxiliar acesa
sobre o Alt∴ dos PPerf∴ não tardaram a dar para ela interpretações criativas, como por exemplo
a da tal “origem da luz”. E assim nascem os “achismos”.
Nada a ver. A bem da verdade, nem o ritual e nem o SOR preveem essa vela
auxiliar para o Mestre de Cerimônias exatamente para coibir tais invencionices.
No caso desta vela ser utilizada para o acendimento das velas dispostas nos
candelabros distribuídos sobre o Altar (Venerável) e mesas (Vigilantes), imediatamente
após o acendimento das luzes a vela auxiliar deve ser imediatamente apagada.
Geralmente nada disso acontece quando para as luzes litúrgicas utilizam-se
lâmpadas elétricas em lugar de velas.
Enfim, em Maçonaria a Luz
significa esclarecimento, discernimento e conhecimento, portanto ela não está a
serviço das crendices e imaginações.
T.F.A.
PEDRO JUK
Secretário Geral de
Orientação Ritualística do GOB.
http://pedro-juk.blogspot.com.br
MAI/2023
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