sábado, 15 de julho de 2017

ENTRADA FORMAL NA LOJA

Em 01/06/2017 o Respeitável Irmão Francisco Elias P. Amorim, Loja Luz e Fraternidade Castanhal, 28, REAA, sem mencionar a Obediência, Oriente de Castanhal, Estado do Pará, através do Consultório Maçônico José Castellani, apresenta a seguinte questão:

ENTRADA FORMAL NA LOJA


Se possível, gostaria de obter informações sobre a entrada em Loja, "romper a marcha com o pé esquerdo" e seu real significado.

CONSIDERAÇÕES.

Em Loja aberta ao se passar pela porta do Templo passa-se andando normalmente. Tanto faz com qual pé se entra no recinto. Ocorre é que logo após o ingresso, quem adentrou no recinto deve primeiro parar próximo à porta e aguardar ordens.
Como existem diferenças de procedimentos ritualísticos entre os Ritos e Trabalhos maçônicos, esse distingue se apresenta, principalmente nesse caso, logo após o protagonista ter entrado no recinto.
É nesse sentido que será então abordada a prática litúrgica da Marcha do Grau no REAA\ ao se ingressar no Templo depois de a Loja ter iniciado os trabalhos.
Ratifico, trata-se do ato de romper a Marcha (passo) como formalidade de ingresso após já se te adentrado ao recinto.
Vamos aos procedimentos: como a Loja já está trabalhando, quem nela ingressar pela primeira vez na sessão (um visitante ou um retardatário), se devidamente autorizado o faz vindo do Átrio andando normalmente. Assim que ele passar pela porta, a uma distância dela compatível (no extremo do Ocidente), fica à Ordem de frente para o Oriente – corpo ereto, pés em esquadria e sinal composto. Ao passar pela porta tanto faz o pé que ingressa por primeiro no recinto. Não existe nenhuma regra para isso. Qualquer menção nesse sentido é mera invenção.
Prosseguindo: tendo ingressado, estando à Ordem, inicia-se a Marcha do Aprendiz sempre com o pé esquerdo por tratar-se do REAA\, até porque todos os três passos que compõe a Marcha são sempre feitos avançando primeiro o pé esquerdo e juntando a ele o direito pelos calcanhares. Nunca é demais lembrar que a Marcha de qualquer Grau Simbólico no REAA\ principia-se sempre pela de Aprendiz, por conseguinte, o início de contínuo se dará com o pé esquerdo.
Quanto à razão do procedimento se principiar com o pé esquerdo, esse hábito se sacramentou com a evolução dos rituais simbólicos escoceses no século XIX, já que primitivamente não existia propriamente a Marcha, mas sim a evolução de oito passos normais em linha reta do Ocidente para o Oriente. Provavelmente o hábito de se romper a Marcha com o pé esquerdo fora adquirido de costumes marciais.
Existem algumas correntes místicas que até atribuem esse costume às suas convicções e credos pessoais, entretanto essa teoria cai por terra, especialmente quando se tratar de ritos oriundos da vertente francesa de Maçonaria (como é o caso do REAA\), cuja qual evoluiu a partir do Século das Luzes se embasando, portanto nos princípios da razão não admitindo nela ideias supersticiosas.
Assim, no escocesismo simbólico a regra de avançar por primeiro o pé esquerdo durante a execução da Marcha é apenas um procedimento que torna a prática uniforme em qualquer situação. Nunca é demais lembrar que existem ritos nos quais, ao contrário do pé esquerdo, rompem a Marcha com o pé direito, enquanto que outros ainda nem Marcha adotam.
Não obstante ao hábito do pé esquerdo, o que existe no REAA\ é a disposição litúrgica com que ocorrem as suas respectivas Marchas nos três graus, isso porque o mote doutrinário do rito é a evolução do homem a partir da sua infância, juventude e maturidade associado à evolução da Natureza, o que faz com que nele exista um simbolismo particular em cada grupo de passos correspondentes aos três graus do franco-maçônico básico – o primeiro (Aprendiz), ao juntarem-se os pés a cada passo em linha reta sugere a infância e os primeiros caminhares guiados pelo tutor; o segundo (Companheiro) se refere à capacidade de naturalmente saber retornar ao caminho original numa eventual necessidade de desvio para investigar a Natureza, o que sugere a pragmática de ação e trabalho característica da segunda etapa da vida, a juventude; por fim o terceiro (Mestre) representa a evolução anual do Sol e a morte da Natureza, sugerindo o início, meio e fim da existência humana e a Obra realizada ao longo da vida. Nada disso, entretanto, tem a ver com o pé que se rompe a marcha, a despeito de que mesmo sendo uma longa jornada ela se inicia sempre pelo primeiro passo.
Concluindo, o costume de romper a Marcha com o pé esquerdo ou direito (conforme o rito), não é o mesmo que passar com passos normais pela porta que dá acesso à Sala da Loja. O primeiro caso é regra litúrgica, já no segundo é apenas o ato literal de se deslocar (caminhar), não existindo para tal, digamos, como regra de entrar no recinto com o pé direito ou com o esquerdo. Isso tanto faz.



T.F.A.

PEDRO JUK



JULHO/2017

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