Em 20/10/2018 o Respeitável Irmão Sérgio Paulo Zanetti, Loja D. Pedro II,
REAA, GOB-PR, Oriente de Guaratuba, Estado do Paraná, solicita o seguinte
esclarecimento:
INSTRUÇÃO DO APRENDIZ
No ritual de Aprendiz; na pergunta da pagina 172 o
Venerável pergunta: o que visualizaste quando recebeste a luz?
A resposta é visualizei o L\ da L.\, o Esq\ e o Comp\.
Mas no Manual de Procedimento na pagina 160 a mesmo
pergunta obtém a resposta que visualizou raios cintilantes que feriram-me a
vista, vi então que eram espadas empunhadas por meus IIr.:,
Na pagina 168 do mesmo Manual a resposta é estando
entre CCol\ vi o Pav\ Mos\ e o L\ da L\ sobre o Alt\.
Gostaríamos que o querido Irmão nos ajudasse a dar
uma resposta única aos IIr\ Aprendizes de nossa Oficina.
CONSIDERAÇÕES:
Independente do que menciona o Ritual em vigência e os Procedimentos
Ritualísticos, devo alertar que as páginas mencionadas na sua questão em
relação aos Procedimentos Ritualísticos não estão de acordo com a edição
atualizada e em vigência, conforme o editado pelo Decreto 1701 de 31/10/2016 do
Grão-Mestre Estadual do GOB-PR. Sugiro a aquisição dos Procedimentos
Ritualísticos atualizados.
Outro aspecto é o de que nos “Procedimentos Ritualísticos” em vigência
está bem claro quando menciona na sua página 147 o seguinte: “sugere-se”
(o grifo é meu) que além das
“instruções obrigatórias contidas no Ritual, as seguintes:”, o que em
primeira análise tem o desiderato de complementar as instruções e não de
alterá-las, pois é sabido que as “oficiais” (constantes do Ritual), em sendo às
vezes até contraditórias, são também resumidas e pobres de conteúdo.
Nesse sentido, a ideia de se sugerir mais instruções não foi para
afrontar o Ritual e nem mesmo para trazer mais dúvidas, mas sim à de enriquecer
os ensinamentos, sobretudo trazendo-lhes o viés das suas razões e dos seus por
quês.
Sob essa óptica é que para as instruções propriamente ditas posso lhe
afirmar que “todas elas se adequam ao
momento iniciático relatado na sua questão”.
Nesse sentido, seguem então comentários a respeito:
Sobre a do Ritual, ele menciona que o Iniciando vê as Três Grandes Luzes
Emblemáticas - o que não deixa de ser verdade - embora naquele momento ele (o
neófito) ainda nem soubesse compreender esse simbolismo. Entretanto, ainda que ele
estivesse fisicamente distante do Oriente naquela ocasião (no extremo do
Ocidente), é sabido que a Loja só existe pela união desse conjunto emblemático,
destacando-se que uma Iniciação somente nela pode se desenvolver, ou seja, diante
do Livro da Lei, do Esquadro e do Compasso. Assim, propriamente a instrução da
página 172 do Ritual objetiva explicar ao Aprendiz o preliminar significado
dessas Luzes que só aparecem unidas em Loja – essa deve ser uma das primeiras
lições do Aprendiz.
Já na instrução dos Procedimentos Ritualísticos, a ideia é a de
expressar mais uma verdade sobre o que acontece naquele mesmo momento. Por sua
vez, note que o Ritual determina aos Mestres que ocupam as Colunas que, naquela
oportunidade, em pé empunhem com as suas respectivas mãos direitas espadas que
ficam apontadas para o Candidato (página 133 do Ritual). Ainda o mesmo Ritual,
na sua página 135, se menciona o porquê das espadas ficarem assim apontadas. Deste
modo e com esse propósito, os Procedimentos Ritualísticos, na sua página 167,
sem a intenção de contradizer ou alterar, busca acrescentar e explicar amiúde o
significado do panorama que o Iniciando acaba de vislumbrar ao receber a Luz,
ou seja, além de ver as Três Grandes Luzes Emblemáticas colocadas mais adiante no
Oriente conforme diz o Ritual, também saber da razão pela qual as espadas vão para
ele apontadas. Destaque-se que não há como negar esse acontecimento nesse
instante, sobretudo por estarem às espadas mais próximas do Candidato do que o
Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso expostos ao fundo no Oriente.
Ainda a respeito dos Procedimentos Ritualísticos do GOB-PR, agora na sua
página 174, o seu objetivo também não é de contradizer as outras afirmativas,
mas sim o de trazer ainda mais conhecimento sobre elas, ou seja, o de aumentar
a compreensão sobre a liturgia desse momento. Em síntese é relatar mais um
aspecto verdadeiramente presente ao ato, ou seja, o do momento em que Iniciando
pela primeira vez vislumbra o caminho (por sobre o Pavimento Mosaico) para
alcançar a plenitude da Luz. É o entrever do caminho que está na sua frente e
que ao longo do percurso iniciático paulatinamente o levará ao Oriente onde
repousam unidas as Três Grandes Luzes Emblemáticas. Assim, além da visão geral
do ambiente composto pelas espadas apontadas e Oriente ao fundo, também se vê a
passagem das pedras lavradas (Pavimento Mosaico) por sobre o qual o Aprendiz em
breve dará os seus primeiros passos pela vereda dos justos.
Destaco que não há como negar que o Iniciando, ao receber a Luz vê todo
esse conjunto à sua frente, seja o das Três Grandes Luzes, seja o das espadas
para ele apontadas, ou ainda o que menciona o Pavimento Mosaico e as Luzes
Emblemáticas. Tudo isso se apresenta diante do Neófito no momento em que a Luz
lhe é dada.
De tudo o que foi aqui mencionado sobre essas instruções, ordenou-se por
primeiro a lição obrigatória advinda do Ritual e em seguida os seus complementos
instrutivos que são oriundos dos Procedimentos Ritualísticos – todos eles
pertencentes ao mesmo momento litúrgico.
Ratifico que não há nenhuma contradição entre elas, assim como nenhuma
delas está incorreta. As três menções fazem parte do mesmo conteúdo, portando
não há entre elas distinção para que se dê à situação uma única resposta, pois
uma instrução complementa a outra.
No ideário maçônico de aperfeiçoamento que envolve essa questão, as
explicações paulatinamente se completam para dar a razão do “por que das coisas”.
Sem esse pormenor, as instruções perdem o seu brilho e simplesmente se
transformam em meros palavreados patéticos e repetitivos. A ideia é a de que o
operário e construtor social impreterivelmente compreenda as lições e saiba se
utilizar de todas as ferramentas simbólicas que lhe são oferecidas pela
Maçonaria.
Muitas vezes as linhas, mesmo que parecendo tortas, escondem
definitivamente Verdades incomensuráveis. Cabe ao maçom compreender a Arte e
separar o real do aparente. No caso desse momento iniciático, por exemplo,
todas as colocações hauridas, tanto aquelas pertinentes ao Ritual, bem como as
complementares sugeridas pelo Manual de Procedimentos Ritualísticos do GOB-PR,
são fatos visíveis e palpáveis. Nenhuma delas foi inventada, porém todas elas
estão previstas no projeto de construção de um novo homem, projeto esse que
consagra um dos momentos mais sublimes da Iniciação no REAA\, o do “Faça-se a Luz!”.
Nesse caso, sem licenciosidade alguma, cada lição abordada tem o escopo de
consagrar o todo.
T.F.A.
PEDRO JUK
NOV/2018
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