quinta-feira, 22 de novembro de 2018

INSTRUÇÃO DO APRENDIZ


Em 20/10/2018 o Respeitável Irmão Sérgio Paulo Zanetti, Loja D. Pedro II, REAA, GOB-PR, Oriente de Guaratuba, Estado do Paraná, solicita o seguinte esclarecimento:

INSTRUÇÃO DO APRENDIZ


Fui questionado por um Irmão Aprendiz com relação à Instrução do Grau.
No ritual de Aprendiz; na pergunta da pagina 172 o Venerável pergunta: o que visualizaste quando recebeste a luz?
A resposta é visualizei o L\ da L.\, o Esq\ e o Comp\.
Mas no Manual de Procedimento na pagina 160 a mesmo pergunta obtém a resposta que visualizou raios cintilantes que feriram-me a vista, vi então que eram espadas empunhadas por meus IIr.:,
Na pagina 168 do mesmo Manual a resposta é estando entre CCol\ vi o Pav\ Mos\ e o L\ da L\ sobre o Alt\.
Gostaríamos que o querido Irmão nos ajudasse a dar uma resposta única aos IIr\ Aprendizes de nossa Oficina.

CONSIDERAÇÕES:

Independente do que menciona o Ritual em vigência e os Procedimentos Ritualísticos, devo alertar que as páginas mencionadas na sua questão em relação aos Procedimentos Ritualísticos não estão de acordo com a edição atualizada e em vigência, conforme o editado pelo Decreto 1701 de 31/10/2016 do Grão-Mestre Estadual do GOB-PR. Sugiro a aquisição dos Procedimentos Ritualísticos atualizados.
Outro aspecto é o de que nos “Procedimentos Ritualísticos” em vigência está bem claro quando menciona na sua página 147 o seguinte: sugere-se(o grifo é meu) que além das “instruções obrigatórias contidas no Ritual, as seguintes:”, o que em primeira análise tem o desiderato de complementar as instruções e não de alterá-las, pois é sabido que as “oficiais” (constantes do Ritual), em sendo às vezes até contraditórias, são também resumidas e pobres de conteúdo.
Nesse sentido, a ideia de se sugerir mais instruções não foi para afrontar o Ritual e nem mesmo para trazer mais dúvidas, mas sim à de enriquecer os ensinamentos, sobretudo trazendo-lhes o viés das suas razões e dos seus por quês.
Sob essa óptica é que para as instruções propriamente ditas posso lhe afirmar que “todas elas se adequam ao momento iniciático relatado na sua questão”.
Nesse sentido, seguem então comentários a respeito:
Sobre a do Ritual, ele menciona que o Iniciando vê as Três Grandes Luzes Emblemáticas - o que não deixa de ser verdade - embora naquele momento ele (o neófito) ainda nem soubesse compreender esse simbolismo. Entretanto, ainda que ele estivesse fisicamente distante do Oriente naquela ocasião (no extremo do Ocidente), é sabido que a Loja só existe pela união desse conjunto emblemático, destacando-se que uma Iniciação somente nela pode se desenvolver, ou seja, diante do Livro da Lei, do Esquadro e do Compasso. Assim, propriamente a instrução da página 172 do Ritual objetiva explicar ao Aprendiz o preliminar significado dessas Luzes que só aparecem unidas em Loja – essa deve ser uma das primeiras lições do Aprendiz.
Já na instrução dos Procedimentos Ritualísticos, a ideia é a de expressar mais uma verdade sobre o que acontece naquele mesmo momento. Por sua vez, note que o Ritual determina aos Mestres que ocupam as Colunas que, naquela oportunidade, em pé empunhem com as suas respectivas mãos direitas espadas que ficam apontadas para o Candidato (página 133 do Ritual). Ainda o mesmo Ritual, na sua página 135, se menciona o porquê das espadas ficarem assim apontadas. Deste modo e com esse propósito, os Procedimentos Ritualísticos, na sua página 167, sem a intenção de contradizer ou alterar, busca acrescentar e explicar amiúde o significado do panorama que o Iniciando acaba de vislumbrar ao receber a Luz, ou seja, além de ver as Três Grandes Luzes Emblemáticas colocadas mais adiante no Oriente conforme diz o Ritual, também saber da razão pela qual as espadas vão para ele apontadas. Destaque-se que não há como negar esse acontecimento nesse instante, sobretudo por estarem às espadas mais próximas do Candidato do que o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso expostos ao fundo no Oriente.
Ainda a respeito dos Procedimentos Ritualísticos do GOB-PR, agora na sua página 174, o seu objetivo também não é de contradizer as outras afirmativas, mas sim o de trazer ainda mais conhecimento sobre elas, ou seja, o de aumentar a compreensão sobre a liturgia desse momento. Em síntese é relatar mais um aspecto verdadeiramente presente ao ato, ou seja, o do momento em que Iniciando pela primeira vez vislumbra o caminho (por sobre o Pavimento Mosaico) para alcançar a plenitude da Luz. É o entrever do caminho que está na sua frente e que ao longo do percurso iniciático paulatinamente o levará ao Oriente onde repousam unidas as Três Grandes Luzes Emblemáticas. Assim, além da visão geral do ambiente composto pelas espadas apontadas e Oriente ao fundo, também se vê a passagem das pedras lavradas (Pavimento Mosaico) por sobre o qual o Aprendiz em breve dará os seus primeiros passos pela vereda dos justos.
Destaco que não há como negar que o Iniciando, ao receber a Luz vê todo esse conjunto à sua frente, seja o das Três Grandes Luzes, seja o das espadas para ele apontadas, ou ainda o que menciona o Pavimento Mosaico e as Luzes Emblemáticas. Tudo isso se apresenta diante do Neófito no momento em que a Luz lhe é dada.
De tudo o que foi aqui mencionado sobre essas instruções, ordenou-se por primeiro a lição obrigatória advinda do Ritual e em seguida os seus complementos instrutivos que são oriundos dos Procedimentos Ritualísticos – todos eles pertencentes ao mesmo momento litúrgico.
Ratifico que não há nenhuma contradição entre elas, assim como nenhuma delas está incorreta. As três menções fazem parte do mesmo conteúdo, portando não há entre elas distinção para que se dê à situação uma única resposta, pois uma instrução complementa a outra.
No ideário maçônico de aperfeiçoamento que envolve essa questão, as explicações paulatinamente se completam para dar a razão do “por que das coisas”.
Sem esse pormenor, as instruções perdem o seu brilho e simplesmente se transformam em meros palavreados patéticos e repetitivos. A ideia é a de que o operário e construtor social impreterivelmente compreenda as lições e saiba se utilizar de todas as ferramentas simbólicas que lhe são oferecidas pela Maçonaria.
Muitas vezes as linhas, mesmo que parecendo tortas, escondem definitivamente Verdades incomensuráveis. Cabe ao maçom compreender a Arte e separar o real do aparente. No caso desse momento iniciático, por exemplo, todas as colocações hauridas, tanto aquelas pertinentes ao Ritual, bem como as complementares sugeridas pelo Manual de Procedimentos Ritualísticos do GOB-PR, são fatos visíveis e palpáveis. Nenhuma delas foi inventada, porém todas elas estão previstas no projeto de construção de um novo homem, projeto esse que consagra um dos momentos mais sublimes da Iniciação no REAA\, o do “Faça-se a Luz!”.
Nesse caso, sem licenciosidade alguma, cada lição abordada tem o escopo de consagrar o todo.



T.F.A.

PEDRO JUK



NOV/2018

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