LUGAR DO COMPANHEIRO RECÉM-ELEVADO
Estimado Irmão Pedro Juk, agradeço mais uma vez por compartilhar e nos instruir quanto as dúvidas de todos os Irmãos. Novamente recorro mais uma vez ao Irmão no sentido de acl
arar mais um duvida que possuo. Li algumas peças do irmão referente ao lugar do recém-iniciado na Coluna do Norte em especial o texto "E o Topo da Coluna do Norte... Conclusões?”. Após algumas leituras e explicações surgiu uma dúvida quanto ao lugar do Companheiro recém-elevado. Sabe-se que os Companheiros tomam assento na Coluna Zodiacal Libra próximo à balaustrada (posição inversa ao Aprendiz recém-iniciado) indo de encontro a luz meio-dia ponto de maior iluminação. Daí surgi um interesse, poderia fazer um arrazoado a respeito do caminho a ser percorrido pelos Companheiros na Coluna do Sul?CONSIDERAÇÕES.
Cabe então compreender
como se apresenta o caminho iniciático no REAA. Lamentavelmente boa parte dos nossos
Irmãos ainda não compreendeu onde fisicamente ele (o caminho) aparece no Templo,
bem como o que ele significa. Essa falta de entendimento pode facilmente ser constatada
quando observamos a total ausência de conhecimento sobre o significado das
constelações do Zodíaco correspondentes às Colunas Zodiacais distribuídas pelas
paredes Norte e Sul do Templo simbólico do REAA. Existem, inclusive, opiniões
contrárias as suas existências – obviamente opiniões daqueles que não
compreendem, ou melhor, desconhecem o arcabouço doutrinário simbólico do Rito e
vivem presos a rituais antigos de procedência duvidosa.
Assim, comentando
esse caminho iniciático no REAA, sobretudo sob o viés deísta de um rito nascido
na França mas que possui também características anglo-saxônicas teístas, esse
Rito, antes de mais nada, compara alegoricamente a evolução iniciática pertinente
aos seus três graus simbólicos à revolução anual da Natureza, notadamente destacando
os ciclos da Natureza, também conhecidos como primavera, verão, outono e
Inverno.
Cabe destacar que para
efeito iniciático as estações do ano se relacionam com o hemisfério Norte da Terra,
hemisfério este onde o REAA teve a sua certidão de nascimento.
Desse modo, esse entendimento
iniciático traz no seu conteúdo concepções que associam as etapas da Natureza às
fases da vida humana, demonstrando de modo emblemático que o iniciado morre
para a vida profana e renasce, purificado pelos Elementos, para uma nova vida,
o que, em linhas gerais é demonstrado na passagem pela Câmara de Reflexão onde
o candidato, então despojado, faz o seu testamento simbólico e preenche o
questionário filosófico.
Sob essa óptica o
significado dessa alegoria iniciática é o de demonstrar que o Candidato, ao ser
consagrado Aprendiz Maçom (recém iniciado) representa um novo elemento, isto é,
uma nova planta (neófito) que nasceu tal qual como a Natureza revive na Primavera.
Nesse sentido, a primavera
possui caráter iniciático de começo, ou de partida. Sob o feitio místico, essa
estação do ano é representada no Templo pelos símbolos relativos às constelações
de Áries, Touro e Gêmeos (alinhamento do Sol, Terra e essas constelações na
faixa do Zodíaco).
Com isso, o ciclo
natural da primavera, que se inicia na constelação de Áries, no hemisfério
Norte, corresponde ao começo da jornada do Aprendiz. Partindo de Áries o
iniciado prossegue percorrendo sua senda até a constelação Virgem, o que, em
linhas gerais representa sua passagem pela primavera e pelo verão (infância e
adolescência).
A passagem por
esses dois ciclos corresponde simbolicamente à primeira etapa da vida do
Iniciado – o Aprendiz. Em síntese, esse caminho é visivelmente marcado pelas
seis primeiras Colunas Zodiacais que ficam de maneira equidistante situadas no
topo da Coluna do Norte. Cabe esclarecer que o termo “topo”, aqui utilizado, corresponde
a toda a parede setentrional do Templo situada entre o canto com parede ocidental
e a grade que marca o limite com o Oriente. Assim, a primeira Coluna Zodiacal (próxima
ao 1º Vigilante) representa Áries (início da primavera) e corresponde ao começo
da jornada, por extensão é o lugar onde o Aprendiz recém iniciado, logo após ter
sido consagrado maçom, é colocado para dali romper a sua caminhada.
Concluída a sua
passagem pela Coluna do Norte (interstício de aprendizado), o Aprendiz, ao
atingir a adolescência e a proximidade da juventude, passa então do topo da
Coluna do Norte para o topo da Coluna do Sul, o que se dá iniciaticamente pela
cerimônia de Elevação ao grau de Companheiro.
Agora Companheiro, o
Iniciado ao alcançar o Sul estará por primeiro em Libra que, dentre outros, significa
emblematicamente o ápice da juventude (Meio-Dia).
Desse modo o “novo”
Companheiro é colocado no topo da Coluna do Sul junto à Coluna Zodiacal correspondente
à constelação de Libra, ou Balança. Essa constelação marca astronomicamente o
início do Outono no hemisfério Norte e na Loja se situa no topo do Sul junto à
balaustrada que serve de limite com o Oriente.
Partindo do outono,
simbolicamente o Companheiro segue pelo topo da Coluna do Sul em direção à
maturidade (grau de Mestre), cuja qual, iniciaticamente corresponde ao inverno,
ou o final da jornada (Meia-Noite). Iniciaticamente é o ponto de partida da última
etapa, onde o Iniciado, após à Meia-Noite, segue o caminho que o levará à perpetuidade
no Oriente.
Emblematicamente o
Companheiro Maçom representa o ápice da vida, ou o vigor da sua juventude (ação
e trabalho). Diferente do Aprendiz recém-iniciado que, pelo topo do Norte, seguiu
após ter saído do interior da Terra (Câmara de Reflexão) para reviver na Luz da
primavera (infância), o Companheiro (juventude), pelo topo da Coluna do Sul rompe
sua jornada em Libra (o Sol passa para outro hemisfério e a maturidade se
aproxima).
A alegoria
demonstra que a partir daí sequencialmente os dias vão ficando cada vez mais
curtos e as noites mais longas. O outono (maturidade) antecede o inverno, época
em que a Terra ficará viúva do Sol (fim da vida).
De tudo, cabe
salientar que esse é apenas um teatro iniciático cuja aspiração é a de comparar
a vida humana com os ciclos da Natureza. Entenda-se que essa alegoria possui sentido
é figurado e foi criada para desenvolver os ciclos iniciáticos de passagem na
Moderna Maçonaria. No REAA essa alegoria traz uma profunda lição de moral para
o Iniciado. Todo esse agrupamento de ciclos e passagens é demonstrado, de modo
amplo e geral, na Iniciação, e de caráter particular, nas cerimônias de Elevação
e na Exaltação.
Conceitos iniciáticos
que envolvem a marcha em direção a Luz se apresentam nas alegorias maçônicas
por vários feitios, no entanto, todos eles convergem para o Leste, ou o Oriente
da Loja.
Assim, sob esse
aspecto, além do caminho iniciático propriamente dito, o espaço de trabalho, ou
a sala da Loja, também tem os seus pormenores como segue:
a) O primeiro é que a
passagem iniciática pelos ciclos naturais corresponde a vida do Iniciado, ou
seja, a infância, a adolescência, a juventude e a maturidade;
b) O segundo é que o Iniciado
sempre segue a sua jornada à procura da Luz. Isso explica o porquê dos
Aprendizes no topo do Norte e os Companheiros no topo Sul - sob o ponto de
vista do hemisfério setentrional o extremo Norte recebe menos luz por estar mais
distante do equador. Sob essa óptica, do Norte vislumbra-se a passagem do Sol pelo
Sul e é por essa razão que o Sul é também conhecido como Meio-Dia. Nesse caso,
o Iniciado após ter cumprido o seu tempo no Norte, passa para o Sul onde
aparentemente existe mais Luz (Meio-Dia). Esse detalhe pode ser constatado em
se observando as três janelas que aparecem nos respectivos Painéis. É bem
verdade que essa é apenas uma concepção simbólica, contudo segue os cultos
solares da antiguidade;
c)
O terceiro é que, além da revolução anual do Sol marcada pelos seus
alinhamentos com as constelações zodiacais, existe ainda a relação com a aparente
marcha diária do Sol, cuja qual envolve a liturgia da circulação no Ocidente da
Loja, a dos procedimentos de abertura e encerramento da trabalhos e a da aclamação
Huzzé.
Destaque-se que o movimento aparente e diário do Sol determina na sala
da Loja, emblematicamente o nascente do Oriente e o ocaso no Ocidente. De tudo,
o objetivo do iniciado é alcançar o Oriente, contudo ele antes deverá ter
cumprido toda a sua jornada que um dia se iniciara no topo da Coluna do Norte
próximo ao lugar do 1º Vigilante. Esotericamente a divisão Oriente/Ocidente
separa respectivamente o espiritual que é o lugar do Mestre do material que é o
lugar dos Aprendizes e Companheiros
Espero que esse breve arrazoado esteja a contento e, para concluir, devo
mencionar que o sistema de aperfeiçoamento maçônico, velado por símbolos e alegorias,
traz verdades profundas na sua complexão. Cabe ao iniciado, entretanto, perquirir,
desvendar e compreender a razão da sua existência.
P. S. – O escrito
denominado “E o Topo da Coluna do Norte – Conclusões?” pode ser encontrado no Volume
IV do INBRAPEM – Encontro Nacional do Instituto Brasileiro de Pesquisas
Maçônicas Fernando Salles Paschoal, Editora Maçônica A Trolha, Londrina, novembro
de 2007.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
AGO/2020
Bom dia, EXCELENTE esclarecimento. Muito obrigado meu querido Irmão por mais essa luz de sabedoria.TFA
ResponderExcluirGrato pela visita.
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