quinta-feira, 15 de setembro de 2022

A CORDA DE 81 NÓS NOS PRIMEIROS RITUAIS

Em 16.03.2022 o Respeitável Irmão Marcio V. de Freitas, Loja Congresso Nacional, 4444, GOB-DF, REAA, Oriente de Brasília, Distrito Federal, solicita esclarecimento.

 

CORDA DE 81 NÓS

 

Estou produzindo uma peça de arquitetura sobre a corda de 81 nós, gostaria de saber se você saberia me dizer se nos primeiros templos do Brasil essa corda já se fazia presente.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Não, nos primórdios da Maçonaria brasileira, os primeiros rituais do REAA, acredito que pelas circunstâncias da época, a corda que circunda o templo, conhecida como Corda de 81 Nós, ainda não aparecia nos rituais e nos templos.

A bem da verdade, essa corda não deve ser confundida com o cordel que normalmente aparece nos painéis da Loja com 7, às vezes 9 e mesmo 12 nós.


A corda com 81 nós de circunda o templo fixada na parte superior das
paredes, próxima à cimalha e abaixo das sancas, em linhas gerais lembra os canteiros operativos onde o espaço de trabalho ocupado para construir uma catedral, uma igreja, ou uma abadia, por exemplo, era cercado por uma corda grossa, geralmente de sisal, que era fixada em paliçadas de madeira equidistantes. A corda, nesse sentido, limitava o espaço de trabalho retangular, tendo em um dos seus lados menores uma abertura utilizada como acesso para entrada e saída daquele recinto. Nesse espaço de passagem a corda normalmente terminava pendente nos dois lados demarcados por postes maiores que as demais paliçadas.

Na Moderna Maçonaria, alguns ritos têm a corda de nós como um ornamento da Loja, cujo qual historicamente lembra os nossos ancestrais operativos.

Como alegoria, caracterizada pelo número 81 concernente aos nós equidistantes, assim como os fios de sisal unidos que lhe dão forma, a corda, dentre outros, sugere a união dos maçons trabalhando no seio da Loja.

À França se deve o aprimoramento dos rituais latinos a partir dos meados do século XIX, sobretudo após a extinção das Lojas Capitulares, comuns na época ao REAA. A partir daí muitos elementos começam a se firmar como peças constituintes do cabedal simbólico dos ritos maçônicos franceses. Os painéis de Loja, por exemplo, condensam no seu interior o conjunto simbólico do rito, e os seus templos decorados como a oficina de trabalho.

No contexto dos painéis aparece o cordel operativo, cuja finalidade era a de marcar os cantos da obra. Esse cordel, que não é a corda que cercava o canteiro, passa então a fazer parte dos painéis da Loja em alusão ao esquadrejamento das construções.

Já a corda longa, com 81 nós, fixada no alto das paredes e aberta em duas borlas junto à porta sugere, de modo estilizado, os velhos canteiros operativos da Idade Média onde a Loja cercada era a oficina de trabalho.

Aqui no Brasil, a Corda de 81 Nós, como elemento decorativo ao redor das paredes das Lojas do REAA somente se firmaria mais tarde, aproximadamente nos meados do século XX, não obstante não se possa afirmar se os rituais da época não traziam esse símbolo porque simplesmente ele não existia ou se por mero desconhecimento da sua existência. Antes de fazer qualquer afirmativa nesse particular, é preciso antes perscrutar o ambiente passado em que esses rituais foram por aqui construídos. Às vezes, o não aparecimento de um símbolo em um ritual não significa que ele simplesmente não exista.

O certo é que atualmente no REAA a Corda com 81 Nós é um símbolo consagrado e tem sido um dos ornamentos da Loja de Aprendiz.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

SET/2022

 

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