Em 14.04.2023 o Respeitável Irmão Giovani Nocchi, Loja Confraternidade Macaubense, 0920, REAA, GOB-RJ, Oriente de Conceição de Macabu, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a dúvida seguinte:
NÚMERO DE NÓS
Meu querido e amado irmão tudo bem? Tenho uma outra dúvida. Por que
alguns rituais possuem a discrepância com relação ao número de nós nas cordas
do ritual de aprendizes companheiros? Eram 9, hoje são 3 e no Ritual de
Aprendiz são 7?
CONSIDERAÇÕES
Principalmente na França, entre os séculos XVIII e XIX, um mesmo Painel
muitas vezes servia para o grau de Aprendiz e de Companheiro ao mesmo tempo,
destacando-se que inicialmente eram apenas dois graus, o de Aprendiz e
Companheiro, já que o grau especulativo de Mestre Maçom somente apareceu em
1725 e seria oficializado
por ocasião da edição da segunda constituição inglesa
em 1738.
No que diz respeito à questão apresentada e o número de nós, a
referência é sobre o cordel com nós que aparece normalmente nos painéis franceses
da Loja. Assim, o cordel (uma corda fina) com um determinado número de nós é um
símbolo distinto, e não deve ser confundido com a corda de 81 nós. Digo
isso porque eu mesmo já me confundi a esse respeito e acabei escrevendo, em oportunidades
passadas, laudas equivocadas e contraditórias sobre. Nesse contexto, vale o que
estou aqui escrevendo nessa oportunidade.
No tocante ao cordel com vários nós equidistantes que se
apresenta no painel, originalmente ele possuía 12 nós, no entanto, acredita-se
que devido à grande quantidade de painéis que foram elaborados, muitas distorções
também acabariam aparecendo, fazendo com que, ao gosto de cada um, o cordel
aparecesse com uma quantidade de nós diferenciadas dos 12 nós originais.
Nesse caso, é possível encontrar nos diversos rituais que foram elaborados
ao longo dos tempos, assim como nos inúmeros painéis das Lojas, desenhos de
cordéis com números diferenciados de nós – é possível se encontrar três, cinco,
sete e nove nós, senão ainda outros com outras quantidades.
(e ainda serve) para demarcar os “cantos” nivelados e aprumados das construções.
Para tal, esse cordel possuía 12 nós equidistantes e igualmente
distribuídos na razão de três segmentos para o cateto menor, quatro outros para
o cateto maior e outros cinco para à hipotenusa. Os nós se distribuíam em
distâncias iguais pelo artefato a partir de uma das extremidades do cordel. O
último nó, o 12º, ficava distante da outra extremidade do cordel em uma
distância igual a uma das existentes entre os nós.
Dessa forma, com o cordel os nossos antepassados aplicavam as
propriedades do triângulo retângulo utilizando-se do Teorema de Pitágoras, ou a
47ª Proposição de Euclides (a² + b² = c²). Por essa verdade universal eram
determinados cada um dos cantos (90º) que seriam elevados.
Por conta disso é que alguns ritos trazem entre os símbolos que compõem
o seu Painel da Loja, o cordel. É bem verdade que pela proliferação de painéis
diferenciados, muitos deles não respeitaram o número original dos 12 nós.
Nesse particular também vale mencionar que nem todos os ritos adotam o cordel
nos seus painéis. No rito de York, por exemplo, ele aparece dessa forma, todavia,
se apresenta na tábua de delinear enrolado em um carretel.
Por outro lado, o cordel também não deve ser confundido com a corda
com 81 nós, ou seja, aquela corda que em alguns ritos literalmente aparece contornando
ao alto as paredes internas do templo, mais precisamente logo abaixo da cimalha
ou meia-cana.
Assim, a corda com 81 nós é um símbolo distinto do cordel com
nós. Apenas com o fito de comparação com o cordel, seguem algumas ilustrações
sobre a corda com 81 nós.
Embora a corda com 81 nós como símbolo não esteja de fato presente
entre o relicário simbólico dos painéis, a mesma simboliza, nos ritos que a
adotam, a cerca que contornava o espaço de trabalho operativo.
Especulativamente, em alguns ritos ela é um dos Ornamentos da Loja de Aprendiz.
À vista disso, conta-se que nos velhos canteiros de obra da Maçonaria
Operativa havia geralmente uma corda contornando o espaço ocupado pelas oficinas
de trabalho. Geralmente ela era fixada em paliçadas que iam fincadas no chão.
Esse canteiro retangular cercado pela corda era orientado de Leste
para Oeste e possuía, na sua banda ocidental, entre dois postes maiores fixados
de maneira simétrica, uma abertura que servia como entrada e saída do recinto. Em
cada um dos dois postes maiores ficavam fixadas as respectivas extremidades da corda.
Historicamente esse “cercado” não era necessariamente fixado por 81 nós
em 81 paliçadas, pois eles poderiam variar em número conforme o tamanho do
canteiro de obras (loja, alojamento, oficina). O número 81 nesse caso nada tem
a ver com a Maçonaria de Ofício, mas com a Especulativa onde fora inserido para
atender aspectos iniciáticos.
Dessa forma, esse símbolo ornamental apareceria em alguns ritos
maçônicos “cercando” simbolicamente os seus templos em alusão aos canteiros de
obras dos nossos ancestrais.
À vista disso é que na simbologia da Moderna Maçonaria o cordel
com 12 nós e a corda com 81 nós são elementos simbólicos distintos.
De certa forma, pode-se dizer que um deles, o cordel, está
presente para lembrar a arte da Geometria que já era utilizada pelos nossos
antepassados. Já corda, a despeito dos seus significados esotéricos,
lembra também as oficinas operativas dos maçons antigos. Nesse particular, destaque-se
que as Lojas na Moderna Maçonaria, representam, de maneira estilizada, os
velhos redutos e alojamentos onde trabalhavam os nossos ancestrais.
Finalizando, destaco que em relação aos diferentes números de nós encontrados
nos cordéis e nos respectivos painéis, de certa forma todos eles representam o antigo
cordel que era utilizado pelos pedreiros nas construções
medievais. Atualmente ele é um dos instrumentos de trabalho utilizado pelo
Mestre Maçom.
T.F.A.
PEDRO JUK – SGOR/GOB
http://pedro-juk.blogspot.com.br
AGO/2023
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