Em 13/03/2017 o Respeitável Irmão Alisson Marcos,
Loja Acácia do Sudoeste, REAA, GOB-PR, Oriente de Pato Branco, Estado do
Paraná, formula a seguinte questão:
CRENÇA EM UM ENTE SUPREMO
É possível dizer que a maçonaria (especulativa)
sempre teve como requisito a crença em um Ser Supremo?
CONSIDERAÇÕES.
É bastante natural, já
que os nossos ancestrais operativos viviam à sombra da Igreja Católica – veja
as Associações Monásticas e as Confrarias leigas como percussoras da
Francomaçonaria.
Os construtores da
pedra viriam a ganhar grande impulso, sobretudo a partir do ano 1.000, época em
que, segundo a Igreja, se esperava o final dos tempos. Como a previsão
apocalíptica não aconteceu e visando agradecer a Deus por ter poupado o Mundo, os
homens se arvoraram a elevar louvores de agradecimento ao Criador, dentre
outros feitos, os de edificar igrejas e catedrais como que a deixar mensagens
das suas almas na pedra. Nessa época a Igreja-Estado expandia os seus domínios
e os Construtores, protegidos e ao seu serviço, edificavam igrejas, abadias,
obras públicas, etc. Sob essa óptica, com a expansão desses domínios, as
Guildas dos construtores amparadas e protegidas pela Igreja (ofícios livres) viriam
experimentar um avanço extraordinário de desenvolvimento.
Assim, essa influência
e cunho religioso dado ao trabalho, acompanhariam os canteiros da Idade Média.
Com o advento mais
tarde da Maçonaria Especulativa, que surgiria principalmente pela queda de
prestígio dos construtores operativos devido ao renascimento das Artes, muitos
homens não ligados à Arte de Construir acabariam por adentrar nos quadros das
Lojas no intuito de proteger e colaborar com a sobrevivência das construtoras. Documentalmente,
o primeiro especulativo a ingressar na Maçonaria foi o latifundiário John
Boswell, na Loja Capela de Maria na Escócia no ano de 1.600.
Esses novos
protetores, geralmente detentores de prestígio e respeito, quase sempre eram
ligados aos reinados da época que, por sua vez, mantinham estreitos laços com a
Igreja Católica.
Por esse particular e
pelas influências do passado, de modo imemorial e universalmente aceito, a
Maçonaria Especulativa (dos Aceitos) adotaria o Landmark da crença em um
“Arquiteto Criador” o que faria dela (da crença) uma condição de regularidade
perante a Primeira Grande Loja, desde 1.717 já no período da Moderna Maçonaria
– vide a Constituição de Anderson em 1723 e a sua revisão em 1.738.
Cabe aqui um pequeno
comentário: não raras vezes presenciamos Irmãos a confundirem a Moderna
Maçonaria com a Maçonaria Especulativa. Na verdade, o período Especulativo teve
o seu início em 1.600 com aceitação do primeiro elemento estranho ao ofício. Já
a Moderna Maçonaria, que é especulativa por excelência, teve o seu início no
ano de 1.717 com a fundação da “Primeira Grande Loja” em Londres, cujo marco
histórico inauguraria o sistema obediencial e a figura do Grão-Mestre.
Cronologicamente a Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos teve o seu início
documental no início do século XVII na Escócia, enquanto que a Moderna
Maçonaria é do primeiro quartel do século XVIII em Londres.
Retomando o raciocínio,
foi por essas influências cristãs sobre a Francomaçonaria, brevemente aqui relatadas
durante o desenvolvimento da sua história que possui aproximadamente 800 anos
de idade (Maçonaria não é milenar), é que a crença em um Ente Supremo se
tornaria uma condição “sine qua non”
para obter ingresso na Sublime Instituição.
É bem verdade que essa
crença não está na atualidade atrelada a nenhuma religião, já que essa crença é
de consciência individual, nela não imperando qualquer prevalência das
preferências religiosas. Em síntese, o maçom deve acreditar em Deus que, de
modo conciliatório é denominado na Maçonaria como o Grande Arquiteto do
Universo.
Cada maçom, à sua
maneira, seja ela do ponto de vista teísta ou deísta, tem a liberdade, e deve,
de professar a sua religião, desde que se manifeste sobre ela fora dos umbrais
dos recintos maçônicos.
Talvez até possa
parecer um paradoxo, mas na Maçonaria não se discute religião, embora ela, a
Instituição condicione aos seus membros, de modo irrestrito, a acreditar em
“Deus”.
A crença em um Ser
Supremo é um Landmark da Ordem haurido dos nossos ancestrais e que se mantém até
o presente na Moderna Maçonaria.
T.F.A.
PEDRO JUK
ABRIL/2017
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