sexta-feira, 28 de abril de 2017

TRIÂNGULO DA ESPIRITUALIDADE E DA MATERIALIDADE NA CADEIA DE UNIÃO?

Em 16/03/2017 o Respeitável Irmão Otávio Alvares de Almeida, Loja Deus e Fraternidade, 51, REAA, Grande Loja do Estado da Bahia, Oriente de Cruz das Almas, Estado da Bahia, solicita o seguinte esclarecimento:

TRIÂNGULOS DA ESPIRITUALIDADE E DA MATERIALIDADE NA CADEIA DE UNIÃO?


Ontem, 15/03, em minha Loja foi feita uma Cadeia de União para transmissão da Palavra Semestral e, pela primeira vez, em função do posicionamento do Venerável Mestre ladeado pelo Secretário e Orador no Oriente do Pavimento Mosaico e do Mestre de Cerimonias no Ocidente ladeado pelos Vigilantes nas suas respectivas Colunas, me veio a dúvida e por isso peço a sua ajuda, sobre quem forma o vértice do Triangulo da Materialidade: O Mestre de Cerimonias ou o Guarda do Templo?

CONSIDERAÇÕES.

Antes da questão propriamente dita, primeiro alguns apontamentos pertinentes.
Sem confundir com tríades, associado aos atributos da espiritualidade está o triângulo (isóscele ou equilátero) com um ápice voltado para cima, enquanto que o da materialidade está associado àquele que mantém o ápice voltado para baixo.
Ainda em relação aos triângulos (exceto ao concernente ao Delta Radiante), no REAA também aparecem às figuras triangulares correspondentes aos elementos Terra, Ar, Água e Fogo que se apresentam juntos às Colunas Zodiacais.
A união dos triângulos da materialidade e a espiritualidade formam a Magsen David (Estrela, ou Selo de Davi), ou a Blazing Star, comum principalmente na vertente inglesa de Maçonaria (estrela de seis pontas). Já o simbolismo do REAA\, por ser um rito de vertente francesa, esse não possui nele, como símbolo, nenhuma estrela de seis pontas, sobretudo aquela tão comentada invenção de uma pretensa estrela formada num formidável exercício de imaginação que se diz existir quando da abordagem dos oficiais na circulação da Bolsa de Propostas e Informações e Tronco de Solidariedade. Na verdade a sequência dessa abordagem tem apenas relação com a história e a importância dos cargos na Loja, no mais, fazer ilações associando esse percurso a um trajeto estelar nada mais é do que pura bobagem que não tem compromisso algum com a doutrina simbólica do Rito Escocês. Provavelmente foi dessa inventiva sugestão que surgiu a relação de triângulos de espiritualidade e de materialidade na Cadeia de União.
Ora, isso é mero exercício de imaginação. Primeiro, porque a Cadeia quando formada, assume uma figura circular ou elíptica e não triangular. Segundo é porque a Cadeia, quando constituída no REAA, tem originalmente apenas um único objetivo: o de se transmitir a Palavra Semestral e nada mais, pois nela não existe a prática de preces e orações. Assim, a Cadeia de União é formada sobre o Pavimento Mosaico (que ocupa todo o espaço ocidental da Loja) após o encerramento dos trabalhos tendo, numa das extremidades da elipse (da cadeia) e de costas para o Oriente o Venerável Mestre com o Secretário à sua esquerda e o Orador à sua direita. Na outra extremidade da elipse em frente ao Venerável, de costas para a porta e parede ocidental, vai o Mestre de Cerimônias tendo à sua direita o Segundo Vigilante e à sua esquerda o Primeiro Vigilante. Os demais Irmãos se distribuem de modo que a figura elipsoide ou circular da Cadeia se mantenha com número equilibrado de obreiros no que diz respeito à quantidade de participantes à direita e à esquerda.
Devida à disposição elipsoide ou circular dos integrantes da Cadeia, não há como se imaginar a formação de triângulos imaginários formados pelas cinco Dignidades da Loja e pelo Mestre de Cerimônias. A disposição relativa aos que ladeiam o Venerável e ao Mestre de Cerimônias é porque o Orador e o Secretário tomam assento no Oriente e os Vigilantes, bem como o Mestre de Cerimônias no Ocidente. É simplesmente só isso e nada mais.
No que diz respeito ao Cobridor mencionado na sua questão, ele nada tem a ver com triângulo da materialidade e nem fica na Cadeia posicionado entre os Vigilantes – na extremidade da elipse de frente para o Venerável fica mesmo o Mestre de Cerimônias.
É bem verdade sim que esotericamente o Oriente da Loja corresponde à Luz e a espiritualidade, enquanto que o Ocidente, à materialidade e aquilo que é passível de aprimoramento, porém essa alegoria não se relaciona sob qualquer hipótese à Cadeia de União e nem mesmo à inexistente estrela de seis pontas aqui anteriormente mencionada.
Ainda, em se tratando de triângulo equilátero (três lados iguais), nada do que aqui foi mencionado sugere alguma relação com o Delta Radiante, cujo símbolo fica no Retábulo do Oriente (ao alto, atrás do Venerável) – esse triângulo é outro importantíssimo emblema que em Maçonaria, tanto na concepção deísta como na teísta, exprime os atributos da divindade. É o símbolo da crença na existência de um Ser Supremo.
Concluindo, devo mencionar que as minhas ponderações aqui expressas se prendem unicamente à pureza e tradição do escocesismo simbólico, independe daquilo que possa porventura estar escrito em alguns rituais das nossas Obediências. Assim, se deles derivarem instruções contrárias às minhas convicções, em estando os mesmos em vigência, mesmo que equivocados, por primeiro seguem-se as suas orientações.


T.F.A.

PEDRO JUK


ABRIL/2017.

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