Em 17/10/2017 o
Respeitável Irmão Juvenal Cordeiro Barbosa, Loja Novo Tempo, 19, REAA, Grande
Oriente de Mato Grosso do Sul (COMAB), Oriente de Campo Grande, Estado do Mato
Grosso do Sul, apresenta as questões abaixo:
QUESTÕES SOBRE MAÇONARIA – RITUAIS, ESPADA, ORIGENS, ETC.
1. Os rituais na maçonaria têm por função criar,
manter e reavivar estados mentais nos indivíduos, a fim de manter a coesão social?
2. A ciência oculta foi um dos vetores que deu impulso
a criação da maçonaria?
3. Ouvi "certa feita” que a cadeia de união não é
formada por todos os membros da Loja, mas por somente doze maçons e não é
formada em circulo, mas um triângulo equilátero, com vértice para o oriente,
tem sentido essa informação?
4. O uso da espada na maçonaria foi herdade de quem?
5. Fala-se, comenta-se que a Maçonaria nasceu sem ter
um autor, pois ela vive por vida própria e existirá enquanto houver homens
livres e justos. Procede?
CONSIDERAÇÕES
1 - Rituais - autenticamente
ritos e rituais foram criados já na Moderna Maçonaria (século XVIII) no sentido
de ordenar os trabalhos maçônicos conforme o rito. Disciplinando os trabalhos,
por extensão, a ritualística também disciplina o homem. Na realidade a liturgia
associa o trabalho operativo das construções do passado ao trabalho
especulativo que visa melhorar (aperfeiçoar) o homem. Ao contrário da Maçonaria
de Ofício que tinha como matéria prima a pedra calcária, a especulativa substitui
simbolicamente a pedra pelo ser humano - consertai
o homem e melhorarás o mundo.Reavivar estados mentais me parece
não se coadunar muito com o propósito racional da Maçonaria. Quanto à coesão
social ela é mais dada ao quadro da Loja na busca do aprimoramento e a
construção do ambiente social onde a Loja se situa (no respectivo Oriente).
2 - Ciência oculta - jamais,
embora alguns teimem em trazer suas convicções de credo para dentro da Ordem, a
verdadeira Maçonaria não atua nessa área. Ocultismo não é de forma alguma
matéria maçônica. Como maçons nós devemos respeitar as convicções de cada um,
entretanto nada autoriza que essas convicções se constituam em proselitismos
dentro nos nossos Templos. Os artefatos e artifícios maçônicos não foram
criados para servir às crenças, tanto coletivas como individuais.
3 - Cadeia de União - pura
bobagem, esse número de integrantes e demais citações é pura especulação.
Existem ritos que tem as suas particularidades, outros que nem adotam a Cadeia
de União. No REAA\ a mesma só é
formada para a transmissão da Palavra Semestral. Nela, em se tratando do
escocesismo, não há orações, preces, pedidos de ajuda e outras coisas do
gênero. Existem ritos que receberam enxertos e dramatizam essas ocasiões. Eu
prefiro não comentar por entender que isso é contraditório em relação aos
autênticos propósitos da Ordem. Diz o verdadeiro preceptor maçônico: “fanatismo
e superstição são flagelos da humanidade”.
4 - Espada - como arma
ela sempre foi usada para defender os trabalhos maçônicos e são objetos de
trabalho dos oficiais que tem por ofício cuidar da porta do Templo. Assim o seu
uso nesse sentido é muito antigo. Eu diria desde o período medieval.
Agora outras práticas como abóbadas, pálios, etc., nada mais é do que
prática especulativa que se espalhou, principalmente na Maçonaria francesa no
século XVIII.
Despida de especulações, verdadeiramente a espada, tirando a sua função
como arma, na França ela foi adotada como símbolo de igualdade num período em
que só portavam espadas os elementos mais abastados financeiramente - a
aristocracia. Nesse sentido, a Maçonaria desconsiderando esse critério, deu a
todos os seus membros, independente das suas classes social, o direito de usar
a espada, tudo na condição simbólica de exprimir igualdade entre os seus
membros.
5 - Origens da
Maçonaria - suas raízes autênticas se deram simplesmente pelo meio do ofício da
arte da cantaria e das construções na Idade Média.
A Maçonaria possui aproximadamente oitocentos anos de história, portanto
é equivocado se acreditar que ela já existisse na Antiguidade. O que existem
são lendas que geralmente tem o desiderato de montar o arcabouço doutrinário da
Sublime Instituição. Isso está muito longe de ser considerado fato histórico.
Suas origens autênticas estão nos canteiros medievais do passado, cujos
quais eram protegidos naquela época pela Igreja Católica. Cronologicamente
nossos ancestrais foram membros das Associações Monásticas, depois das Confrarias
Leigas e por fim da Francomaçonaria. Tudo isso era o Ofício Franco.
Por razões históricas e a declínio das Corporações de Ofício, as Lojas
Operativas começaram a aceitar elementos estranhos à arte de construir (especulativos).
O período de aceitação teve por objetivo dar suporte para manter as Lojas que
haviam perdido o prestigio pelo advento do Renascimento e da queda do estilo
gótico no norte da Europa. Com isso, tem-se como registro que o primeiro maçom
especulativo ingressou na Maçonaria no ano de 1600 da Escócia. Desde aí a
Maçonaria construiu vários capítulos da sua história num período de transição e
que seria mais tarde transformado definitivamente na Moderna Maçonaria (especulativa
por excelência) com o advento da fundação da Premier Grand Lodge em Londres no
ano de 1717. Para melhores esclarecimentos sugiro a leitura de um livro da
minha autoria denominado Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, Tomo I –
Editora A Trolha.
Assim, um autor ou fundador específico para a Maçonaria realmente não
existe, mas o seu embrião adveio da própria necessidade de organização dos
construtores medievais. Atualmente como construtora social, é muito provável
que enquanto existir o gênero humano ela sempre estará presente.
T.F.A.
PEDRO JUK
JAN/2017
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