Em 17/09/2020 o Respeitável Irmão Carlos Fernandes dos Santos, Loja Acácia, 0177, REAA, GOB-RJ, Oriente de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, formula a seguinte questão:
COLOCAR O TRONCO POR OUTRO.
Em época não tão distante, tínhamos um costume de pedir a outro Irmão que nos representasse no Tronco de Beneficência quando não podíamos, por algum motivo de força
maior estar de corpo presente em uma dada sessão. Entendíamos que essa prática era benéfica para Loja e para o propósito do Tronco. Essa prática com o tempo caiu em desuso, alguns irmãos dizem que fora proibida pelo GOB, mas o documento com essa publicação até hoje não encontrei. Qual o mal que isso traria para a Instituição, já que as Lojas possuem autonomia própria para dar o destino ao Tronco da melhor forma em benefício dos irmãos e/ou seus dependentes? Gostaria de um parecer do irmão.
CONSIDERAÇÕES.
Não se trata de proibição, mas sim de um retorno ao verdadeiro significado
desse ato ritualístico. A bem da verdade, ser representado na coleta do Tronco
sem estar presente na sessão é atitude incorreta.
Para os ritos que possuem a coleta pelo giro em Loja, o resultado da
coleta deve ser apurado e anunciado na mesma sessão em que houve o giro, isto
é, na presença dos Irmãos presentes nos trabalhos. Essa atitude tem o fito de
reforçar a lisura que sempre deve acompanhar as práticas maçônicas.
A caridade em Maçonaria é sigilosa e para tal aprendemos que em
Maçonaria o Tronco da Solidariedade, ou de Beneficência, simboliza a expressão
lata de como se praticar a caridade com sigilo e sem ostentação. Assim, o
giro não permite que se saiba quem deu mais ou menos, ou quem nada pode dar naquela
oportunidade.
Atendendo a esse ensinamento é que o coletor e o contribuinte se colocam
de forma peculiar quando do ato da coleta.
“Tu, porém, ao dares a esmola, ignora a tua mão direita o que
faz a tua esquerda”.
Quanto aos recursos que cada um pôde dispor para a caridade, o ensinamento
praticado desde a Iniciação inspira-se na oferta da “pobre viúva”, cuja
contribuição, oferecida da sua própria indulgência, o Divino Mestre considerou
mais importante do que todas aquelas advindas dos que ofereceram da sua própria
riqueza.
Desse modo, o costume é de que apenas os presentes na sessão devem
participar da coleta, não sendo apropriado alguém fazer e anunciar a doação por
outrem que não esteja presente no ato.
De modo prático, se alguém quiser reforçar o Tronco doando por um Irmão ausente,
que então o faça sigilosamente, porém sem fazer comunicação à assembleia. Ora,
o importante não é saber quem deu, quanto deu ou se nada naquele momento poder dar.
O importante é o ato de solidariedade que está ali sendo representado – a doação não
precisa de vir acompanha de “toques de trombeta”.
Cabe mencionar que certos fatos merecem ser vistos sob a óptica da ética
e da moral e não pela autonomia da Loja, por exemplo. Obviamente que o produto
do tronco é para os necessitados e as doações arrecadadas no giro ficarão à
disposição do Irmão Hospitaleiro, que é o oficial que simboliza a virtude da
caridade.
Atente-se que por trás da liturgia da coleta há uma belíssima mensagem que
é a de se fazer caridade com justiça e sem ostentação.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
MAIO/2021
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