segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

REAA - NO ORIENTE NÃO EXISTE TELHAMENTO

Em 26.05.2021 o Respeitável Irmão Carlos Alberto de Souza Santos, Loja Harmonia e Concórdia, REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, apresenta a seguinte questão.

 

TELHAMENTO NO ORIENTE

 

Gostaria de saber sobre a mudança na ritualística do Grau 3 na verificação dos irmãos em Loja? Antigamente o Respeitabilíssimo ordenava que todos ficassem em pé voltados para o


Oriente, inclusive os do Oriente, para que os mesmos não olhassem a verificação. Agora somente os que estão no Ocidente ficam de pé voltados para o Oriente. Afinal de contas assim como antes não há verificação no Oriente. Então qual a razão para tal mudança?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Em síntese pergunta-se: se não há telhamento no Oriente, então por que os seus ocupantes precisariam se voltar para a parede oriental?

Ora, isso não faz o mínimo sentido. A correção, não mudança, é para que a liturgia faça sentido, aliás, está mais do que na hora de extirparmos invenções que só confundem ao invés de nos trazer esclarecimentos.

No Oriente não há telhamento porque isso é um resquício das Lojas Capitulares, extintas de há muito. Graças a esse formato capitular é que levantaram e dividiram o Oriente do REAA. Originalmente (1º ritual em 1804 na França) o piso da Loja era todo no mesmo nível e não havia divisão.

Com o advento das Lojas Capitulares em 1.816 da França (vide essa história) foi preciso criar um santuário Rosa-Cruz, ou seja, algum lugar separado do simbolismo em uma mesma Loja. Desse modo, no Oriente dividido e separado do Ocidente, só ingressavam Irmãos detentores do grau Rosa-Cruz. Diante disso, o Venerável Mestre era também o Athersata do Capítulo.

Trocando em miúdos, mais tarde, quando foram extintas as Lojas Capitulares - no início do século XX - ao tempo do Oriente retornar para o mesmo nível do espaço ocidental, como é no Craft, desafortunadamente o desnível e a divisão acabariam resistindo, se tornando consuetudinários no Rito, isto é, consagrados e universalmente aceitos no escocesismo.

Com as coisas no seu devido lugar, o simbolismo apenas com a Obediência Simbólica, o Oriente elevado e dividido passou a ser reservado apenas aos Mestres Maçons e ex-Veneráveis Mestres.

No contexto iniciático dessa topografia da sala da loja, o Oriente é o final da jornada iniciática do simbolismo, nele só ingressando aqueles que passaram pela cerimônia de Exaltação ao 3º Grau (morte e renascimento).

Com isso, o ápice atingido pelo Grau de Mestre é assegurado pelo dirigente maior da Loja quando o Venerável diz: eu respondo pelos do Oriente. Como o Oriente é lugar do Mestre Maçom, nesse espaço, herdado do santuário capitular, não há telhamento. Por óbvio, os Vigilantes não ingressam no Oriente para examinar os seus ocupantes. Também nem o Venerável Mestre tem esse ofício, bastando para a responsabilidade da sua palavra.

No Brasil, com a desmedida profusão de rituais carregados de deturpação apareceu essa bobagem de no REAA os Irmãos do Oriente se voltarem para a parede oriental, inclusive o absurdo de o próprio Venerável ficar de costas para o Ocidente.

Não há coerência alguma nessa prática, pois o telhamento é restrito ao Ocidente, onde os Vigilantes percorrem o canteiro para simbolicamente se assegurar da qualidade maçônica daqueles que ocupam as Colunas da Loja. Como dito, as Colunas, não o Oriente.

Historicamente, é bom lembrar que as Colunas Norte e Sul simbolizam o espaço onde os nossos ancestrais operários trabalhavam na construção e era ali que comumente se verificava o nivelamento e a aprumada das paredes (vide a joia dos Vigilantes).

Nesse sentido, o que tem ocorrido é que nos tempos atuais muitas dessas práticas esdrúxulas e sem sentido, como a dos do Oriente ficarem de costas para o Ocidente, têm sido abortadas, portanto não se trata de mudar, ou de mudar para quê.

O caso é que tem se procurado justificar e dar sentido às práticas maçônicas e não ficar simplesmente copiando e praticando procedimentos equivocados oriundos de rituais anacrônicos.

É bom que se diga que não basta só seguir o que está escrito. É preciso também conhecer a história da liturgia e o porquê da sua aplicação na ritualística. Assim, se bem compreendida essa arte, certamente muitas fantasias e invenções perderão guarita nos nossos rituais.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

DEZ/2021

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