terça-feira, 11 de setembro de 2018

BATERIA NA PORTA E O RETARDATÁRIO


Em 01/07/2018 o Respeitável Irmão Joaquim Vicente Filho, Loja Duque de Caxias Luzeiro do Oriente, 252, REAA, GOB-PE, Oriente de Recife, Estado do Pernambuco, solicita esclarecimentos para o que segue:

BATERIA NA PORTA E O RETARDATÁRIO.


Nobre irmão, são tantas dúvidas entre os Maçons, umas devido às invencionices, outras à usos e costumes, etc. Quando somos indagados sobre um irmão chegar atrasado na reunião qual seria a forma de adentrar ao Templo. Embora o ritual diga que o Cobridor Interno verifica quem bate pra anunciar em seguida, tenho me baseado no que aprendi há 34 anos: Suponhamos que a Loja esteja trabalhando no Grau 3 O irmão atrasado bate como Aprendiz – O Cobridor devolve as pancadas como Aprendiz o atrasado bate como Companheiro O Cobridor devolve como Companheiro e aí se bate como Mestre.
Sei que não consta nos rituais, mas me parece com todo respeito ser uma forma correta de telhamento. Qual a sua opinião a respeito, e se procede?

CONSIDERAÇÕES.

Já escrevi bastante sobre esse assunto, entretanto pelo perfil do maçom latino, ele sempre volta à tona.
Na realidade, a pontualidade é uma das virtudes do maçom, daí os nossos regulamentos e rituais não preconizarem instruções para o ato de se chegar atrasado.
Nesse sentido, em se tratando da pontualidade e o início dos trabalhos da Loja, o atraso não deveria existir, mas como há o tal do “por motivo de força maior”, não raras vezes aparecem justificativas para a sua existência.
Por aqui o Cobridor Externo tem sido um mero elemento decorativo nos trabalhos da Loja, sendo um cargo que dificilmente é preenchido e, quando ele porventura é ocupado, boa parte dos rituais orienta para que logo após a abertura dos trabalhos se dê o seu ingresso e permanência no interior da sala da Loja (fica sem função).
Obviamente que se houvesse um Cobridor Externo no átrio da Loja, um eventual retardatário por primeiro a ele se dirigiria antes de bater diretamente na porta do Templo, cabendo a esse Cobridor dar as informações necessárias e tomar as providências.
Como nenhuma coisa e nem outra acontece, vez por outra a Loja convive com retardatários batendo à porta para pedir ingresso. Dado a isso existe uma regra consuetudinária para que não aconteçam verdadeiras batucadas por transformação de baterias na porta. Assim, independente do grau de trabalho da Loja, o retardatário dará sempre na porta a bateria maçônica universal - a do Aprendiz Maçom.
Nesse sentido, em sendo propício o momento para o ingresso de um retardatário, o Cobridor Interno comunica a Loja e os procedimentos se seguem na forma de costume. Em seguida o Cobridor verifica quem bate, cabendo a ele verificar se o retardatário possui grau suficiente para ingressar. Portanto, não existem nessa oportunidade réplicas e nem adequações de bateria do grau entre os protagonistas. Em síntese, o retardatário bate sempre como Aprendiz, ficando o seu ingresso condicionado à sua qualificação iniciática (grau) e a condição na qual a Loja esteja aberta. A verificação é feita pessoalmente pelo Cobridor Interno.
Se porventura o retardatário pedir ingresso na forma de costume (bateria universal) e o momento não for propício para o seu ingresso, o Cobridor Interno então dará pelo lado de dentro a mesma bateria universal, o que deve ser imediatamente subentendido como um aviso para que o retardatário aguarde. Assim, o retardatário espera até que lhe seja franqueado o ingresso. Atenção: essa atitude não pode ser confundida como um pedido para que se dê a bateria de outro grau. Ela significa simplesmente: aguarde!
Por assim ser, no caso de Irmão chegar atrasado e pedir ingresso, a bateria na porta será sempre uma só - a universal (Aprendiz).
A condição de ingresso ou não, depende da verificação in loco feita pelo Cobridor Interno. Nunca, nessa oportunidade, se deve mudar para a bateria correspondente a outro grau.
Obviamente que toda essa prática é apropriada para um retardatário que seja membro do quadro, ou no máximo um Irmão conhecido da Loja. Em se tratando de Irmão desconhecido, o pedido de ingresso também será pela bateria universal (Aprendiz), porém a investigação deve demandar de telhamento completo executado pelo Segundo Experto, assim como o Orador deve constatar a regularidade e a veracidade da identidade maçônica do visitante.
No Blog do Pedro Juk certamente o Irmão encontrará mais comentários a respeito desse tema.


T.F.A.

PEDRO JUK


SET/2018

sábado, 8 de setembro de 2018

AVENTAL PELO LADO AVESSO


Em 24/06/2018 o Respeitável Irmão Thiers Antonio P. Ribeiro, Loja Antonio Lafetá Ribeiro, REAA, GOMG - COMAB, Oriente de Montes Claros, Estado de Minas Gerais, apresenta a questão que segue:

AVENTAL PELO LADO AVESSO.


Ao me encaminhar para minha Loja para uma Sessão do Grau 3, encontrei os Irmãos paramentados com o avental pelo avesso. Pergunto: isso é correto ou é mais uma invenção desses "ritualistas" que nada entendem de Maçonaria?

CONSIDERAÇÕES.

Motivo lógico para o uso do avental pelo lado avesso realmente não existe, nem mesmo sob a alegação de luto.
Na realidade ainda existem rituais no Brasil que apregoam o uso do avental pelo lado avesso em um determinado período de uma cerimônia de um determinado grau.
Muito embora estando prevista em alguns rituais em vigência, pelo que obriga os maçons a segui-la, sem dúvida alguma essa é uma resolução completamente equivocada.
Desafortunadamente no REAA essa prática fora adquirida na época em que ainda existiam as Lojas Capitulares, cujas quais tinham sob a sua égide, além dos graus simbólicos, também a Perfeição e o Capítulo.
Nesse particular, o avental do 18º Grau possui a característica de ter duas faces decoradas, sendo a principal que é a externa comumente usada e a secundária que é a interna e na cor encarnada utilizada em momento específico. Destaque-se que esse avental não possui lado avesso, porém duas faces.
Segundo o saudoso Irmão Francisco de Assis Carvalho, com quem eu também concordo, foi devido ao uso desse avental de duas faces que surgiu a ideia de também se utilizar as alfaias de Mestre (colar e avental) pelo lado avesso, justificando para tal a alegórica consternação (luto) que é própria de uma cerimônia que envolve a Câmara do Meio – destaque-se, entretanto que o avental capitular, que possui a face interna vermelha, só serviu como ideia, pois ele nada tem a ver com sentimento de dor e tristeza.
Certamente, a imaginação latina atingiu de pronto o avental simbólico do Mestre, isso porque resolveram revestir indiscriminadamente o avesso do avental e do colar com forro de cor negra em alusão ao pretenso “luto”. Por certo aproveitando o teatro simbólico proposto pela lenda hirâmica – tudo na mais profunda e pura fantasia.
A despeito disso, muitos rituais passaram a orientar essa prática sem sentido algum, pois em nome da fantasia acabaram desconhecendo que esse simbolismo não existe, pois em qualquer circunstância, o avental do Mestre Maçom deve ser usado pelo seu lado direito. A cor do forro nesse caso é o que menos importa, lembrando que não é universal a utilização de forro na cor negra para o avesso do avental e do colar. Dependendo do rito ela pode variar, o que faz com que a “teoria” do luto caia por terra. A propósito o ideário da consternação existe, porém está presente na decoração da Loja em Câmara do Meio e não no avental.
Assim, a turma do copiar e colar vem perpetuando esses anacronismos, sobretudo aqueles que sem critério acham que qualquer ritual antigo é sinônimo de verdade. Não vai longe e a ainda encontramos aventais com crânio e tíbias cruzadas pintadas no avesso negro do avental como fosse ele uma bandeira de pirata, coisa que sem qualquer significado só serve para deturpar um dos mais importantes símbolos do maçom - o avental.
Não quero nem comentar e nem entrar no mérito de certos rituais de pompas fúnebres que, em alguns casos, andam por aí a piorar ainda mais a situação.
Respeitados autores, a exemplo do já mencionado Xico Trolha, assim como José Castellani e Theobaldo Varolli Filho, sempre que possível refutavam a barbárie de se usar em qualquer tempo e situação o avental de Mestre pelo lado avesso, fato esse com o qual eu concordo plenamente.
Muito ainda se poderia abordar, entretanto é melhor não despertar a crítica dos puristas de plantão que podem se arvorar contra a “exposição de segredos” ou mesmo os defensores do “sempre foi assim na minha Loja”.
Concluindo, devo acrescentar que não estou incentivando desrespeito a rituais legalmente em vigência e que apregoam práticas contrárias às minhas explanações. Os meus comentos tem apenas o objetivo de despertar no leitor o desejo de investigar a razão das coisas.



T.F.A.

PEDRO JUK


SET/2018.


VOLTADOS OU NÃO PARA O ORIENTE?


Em 25/06/2018 o Respeitável Irmão Joaquim Vicente Filho, Loja Duque de Caxias Luzeiro do Oriente, 252, REAA, GOB, Oriente de Recife, Estado do Pernambuco, solicita o seguinte esclarecimento.

VOLTADOS OU NÃO PARA O ORIENTE?


A dúvida no meu questionamento é no Grau 2. Os irmãos na hora da verificação
das Colunas todos têm que se voltar para o Oriente inclusive os do Oriente?
O Venerável se vira a julgar que o Oriente não termina ali, mas infinito. Procede?
Venerável Mestre volta-se para o Oriente como? Se ele está muito junto à parede? No Grau 3, só os Irmãos das Colunas se voltam. Há uma explicação para isso?

CONSIDERAÇÕES.

Já expliquei bastante isso. No ritual do Segundo Grau, a partir da edição de 2009, esse foi um erro de impressão e montagem. Atualmente, as novas impressões do ritual já estão chegando corrigidas.
Assim, essa prática ritualística, com as devidas ressalvas, deve ser executada tal qual com acontece no Terceiro Grau – apenas os do Ocidente ficam e pé e voltados para o Oriente. Os do Oriente permanecem sentados, pois ali não existe telhamento.
Quanto à justificativa do Oriente infinito mencionada na questão, ela é meramente capenga e não faz sentido algum. Eu já expliquei bastante sobre quando surgiu essa atitude de “todos” se voltarem para o Oriente. Nos antigos rituais do século XIX esse fato até era comum por não existir divisão entre Oriente e Ocidente no REAA (não havia desnível e nem balaustrada). Essa divisão só veio surgir com o aparecimento das então conhecidas Lojas Capitulares. Extintas essas, ao contrário, a divisão do ambiente permaneceu fazendo com que todo o quadrante oriental ficasse sob a responsabilidade do Venerável Mestre. Dada a essa divisão, iniciaticamente no Oriente só ingressam Mestres Maçons. É nesse sentido a razão pela qual no Oriente não existe telhamento – sempre afirma o Venerável: “Eu respondo pelos do Oriente”.
Outros comentários a respeito podem ser encontrados em Perguntas e Respostas do Blog do Pedro Juk.

T.F.A.

PEDRO JUK

SET/2018

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

TRANSMISSÃO DA PALAVRA ENTRE OS DIÁCONOS E AS LUZES DA LOJA


Em 20/06/2018 o Respeitável Irmão José de Freitas Tolentino, Loja Fraternidade e Justiça de Gurupi, 1947, REAA, GOB-TO, Oriente de Gurupi, Estado do Tocantins, apresenta a seguinte questão:

TRANSMISSÃO DA PALAVRA ENTRE OS DIÁCONOS E AS LUZES


Venho mais uma vez recorrer à sua sabedoria para dirimir uma dúvida sobre ritualísti
ca. Recentemente nossa Loja passou a adotar a seguinte postura dos Vigilantes por ocasião da transmissão da Palavra Sagrada: ficam em pé, do lado esquerdo de suas mesas, e de frente para a parede da coluna do norte.
Segundo o irmão que liderou a mudança esse comportamento está baseado na seguinte frase que encontramos na página 49 do Ritual do 1º Grau de Aprendiz Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito que diz: (vou colocar as palavras-chaves em maiúsculas)
“O 1º Diácono sobe os degraus do Trono, pelo NORTE... O 1º Diácono dirige-se ao 1º Vigilante transmite a Palavra Sagrada DA FORMA que recebeu e volta ao seu lugar. O 1º Vigilante a envia ao 2º Vigilante DO MESMO MODO..."
Ou seja: A interpretação é que a Palavra Sagrada deve ser transmitida sempre DO LADO NORTE. O entendimento é que quem recebe deve estar NO LADO NORTE.
Estou achando muito estranha essa interpretação. Sempre trabalhamos com os Vigilantes postados à direita das suas mesas nessas ocasiões.
Gostaria muito que pudesse se manifestar sobre esse assunto, o que antecipadamente agradecemos.

CONSIDERAÇÕES.

Pura invenção de gente que parece não ter o que fazer. É a busca do chifre na cabeça do cavalo.
Ora, alguém que explique para esse Irmão inventor que as Luzes da Loja (Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilantes) são sempre abordadas pela sua direita, isto é, pelo seu ombro direito. Assim, a referência “norte”, dada ao Primeiro Diácono é para que ele suba os degraus pelo lado norte do Altar em direção ao Venerável Mestre. Agora isso não tem nada a ver com lado da abordagem dos Vigilantes pelos Diáconos, sobretudo numa situação como a do Segundo Vigilante que ocupa a Coluna do Sul e fica de frente para o norte.
O termo “da forma que recebeu” ou “do mesmo modo” utilizado genericamente no ritual se refere literalmente ao ato de se transmitir sussurrada a Palavra, que pode ser dita soletrada, silabada ou dada sem separação (por inteiro) conforme o grau de trabalho da Loja. Isso nada tem a ver com lado da abordagem do Venerável Mestre ou dos Vigilantes.
Ora, ora, ora... É mesmo impressionante como alguns Irmãos gostam de deturpar e inventar na ritualística. De fato, além de estranha, é completamente desproposital essa forma de interpretar e praticar a liturgia da transmissão da Palavra Sagrada na abertura e encerramento dos trabalhos.
A forma correta sempre foi a de o Primeiro Diácono abordar o Altar (Venerável) pelo lado direito (norte). Indo ao Primeiro Vigilante, ele o aborda pelo seu lado direito (ombro direito do titular). Por sua vez, o Segundo Diácono vai diretamente do seu lugar até o Primeiro Vigilante abordando-o também pela sua direita e, em seguida se desloca até o Segundo Vigilante aproximando-se dele pelo seu lado direito (ombro direito). Em resumo, tanto o Venerável como os Vigilantes são sempre abordados pelos seus respectivos ombros direitos. A propósito, não existe também o ato de se circular em volta das mesas dos Vigilantes ou mesmo passar pela sua retaguarda.
De resto é só lembrar que morremos e não vemos tudo o que a capacidade inventiva do homem tem para preparar e nos mostrar.


T.F.A.

PEDRO JUK

SET/2018

SESSÃO CONJUNTA SEM PRÉVIA FORMALIZAÇÃO


Em 25/06/2018 o Respeitável Irmão João Domingos de Araújo, Loja Anielo Pernice Neto, 3.564, GOSP-GOB, REAA, Oriente de Peruíbe, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:

SESSÃO CONJUNTA SEM FORMALIZAÇÃO.


Tenho lido suas matérias pela Internet. Sou do Rito Moderno no Oriente de Santos.
Contudo ao me aposentar vim para Peruíbe, SP. Aqui chegando me filiei a uma Loja
do REAA.
Tenho uma dúvida e gostaria de ser merecedor de sua colaboração:
  1. Uma Loja pode ir com alguns Irmãos a outra Loja de Oriente próximo e dizer que a sessão foi transferida? Ali levar o livro de presença e dizer que houve sessão fora do local de seu templo? Para isto não teria que ser formalizada uma sessão conjunta e não apenas uma visita com muitos irmãos?
  2. E aqueles que não podem se deslocar a outro local, simplesmente fica com ausência, interferindo seu resultado na chancelaria?
  3. Uma sessão conjunta tem que ter amparo ou ciência da Potencia a que sua Loja é subordinada?
Desde já agradeço, pois não encontrei nenhuma leitura que me ajude nestas questões, salvo algumas de suas matérias que me deu a liberdade de lhe escrever.

CONSIDERAÇÕES.

Conforme o Regulamento Geral da Federação em seu Art.º 97, Inciso VII – São direitos da Loja: Realizar sessões; podendo ser em conjunto com outras Lojas.
No tocante a sua questão propriamente dita, seguem alguns apontamentos:
  1. Uma Loja para realizar uma Sessão Conjunta com outra Loja (desde que da mesma Obediência) deve antecipadamente comunicar por edital aos seus Obreiros. Uma Loja como visitante não leva o seu livro de presenças. Os obreiros visitantes podem receber da Loja anfitriã o certificado de visita. A Loja visitante, assim como a visitada, não pode tratar uma visita como Sessão Conjunta.
  2. Se a Sessão Conjunta for acordada entre ambas as Lojas e previamente marcada, o Irmão que não comparecer à sessão será considerado faltante. Dado a isso é que o Quadro deve tomar conhecimento com antecedência. Recomenda-se que essa tomada de decisão seja tratada em Loja com a concordância da maioria.
  3. Não especificamente, pois para tal o que determina a possibilidade de se realizar uma Seção Conjunta deve ser ato previsto no Regulamento Geral da Obediência. Destaque-se que regimentalmente essas sessões se realizam apenas entre as Lojas de uma mesma Obediência.


T.F.A.

PEDRO JUK

SET/2018

INSTALAÇÃO DE VENERÁVEL MESTRE


Em 19/06/2018 o Respeitável Irmão Aécio Speck Neves, Loja Regeneração Catarinense, 138, REAA, GOB-SC, Oriente de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, apresenta a seguinte questão:

INSTALAÇÃO DE VENERÁVEL MESTRE.


Recorro, mais uma vez, ao teu conhecimento maçônico a fim de solicitar informações sobre os seguintes tópicos:
1.     Desde quando os Mestres devem se retirar do Templo na parte final da instalação de um novo Venerável Mestre?
2.     Antes disso os Mestres podiam ficar no Templo durante toda a cerimônia?
3.     Faço tais indagações porque pretendo levantar na minha Loja uma ideia, ou luta, em prol da presença dos Mestres Maçons no Templo, durante toda a cerimônia de instalação do novo Mestre da Loja; afinal, se nós elegemos, por que não podemos assistir toda a cerimônia, não concordas?


CONSIDERAÇÕES.

Embora a Instalação que acontece indistintamente em todos os ritos na Maçonaria brasileira não seja original – Instalação tradicional ocorre apenas no Craft – esse costume acabou se tornando consuetudinário por aqui.
Na realidade, a verdadeira Instalação inglesa não se adequa a lendas e a procedimentos esotéricos. Instalação é simplesmente a posse de um dirigente acolhido na cadeira (trono) da Loja.
A despeito desses comentários, a Instalação formatada por uma alegoria lendária, além de sinais, toques e palavra acabou se tornando, particularmente no REAA, uma marca da Maçonaria tupiniquim, sendo a sua aplicação obrigatória para aqueles que são legalmente eleitos para o veneralato da Loja. Nesse sentido, uma vez instalado na cadeira da Loja o maçom adquire ad aeternum o título honorífico, ou distintivo de Mestre Maçom Instalado, mesmo após ter deixado a presidência da Loja. Nesse caso os ex-Veneráveis são Mestres Maçons Instalados. Cabe alertar que embora a presença de “segredos esotéricos” esse título não é um grau maçônico.
No Grande Oriente do Brasil o costume de se instalar esotericamente um Mestre Maçom eleito para o cargo de Venerável ocorre desde o ano de 1968. Naquela oportunidade o então Grão-Mestre Geral Moacir Arbex Dinamarco adotou um ritual para esse fim que fora encomendado ao Irmão Nicola Aslan, obreiro esse oriundo das Grandes Lojas Estaduais brasileiras.
Destaque-se que foi a Obediência que congrega as Grandes Lojas estaduais brasileiras que copiou das Grandes Lojas norte-americanas (Lojas Azuis - York Americano) esse costume, adequando-o, diferente do norte-americano (por extensão, do inglês) a um sistema velado que adota sinais, toques e palavra. Nesse embalo o REAA, rito que originalmente não possui instalação, acabou recebendo essa prática por enxerto.
Provavelmente Aslan ao elaborar o ritual para o GOB buscou todo esse esoterismo em rituais latinos (franceses) que se propunham a dar à Instalação esse tipo de perfil. Acrescente-se que a verdadeira instalação praticada na Inglaterra pelo Craft nada tem a ver com essas criações inventivas.
Dado a isso, aqui no Brasil as Obediências costumeiramente nomeiam Conselhos compostos por Mestres Instalados para empossar um novo Mestre Instalado no cargo de Venerável Mestre, ou mesmo reconduzir um ex-Venerável ao mandato por uma cerimônia de Reassunção. Ocorre que, pela adoção de um cerimonial esotérico que, em primeira análise possui seus “segredos”, um Mestre Maçom eleito Venerável Mestre passa por uma cerimônia própria, cuja qual é restrita apenas àqueles que detêm o título honorífico de Mestre Instalado. Por assim ser e atendendo a um ritual para esse fim legalmente aprovado, parte dessa cerimônia é coberta aos Aprendizes, Companheiros e Mestres Maçons não detentores desse título distintivo. Em síntese, em determinada parte dessa cerimônia só podem estrar presentes Mestres Instalados, portanto não há como, segundo o modelo adotado, estarem presentes Irmãos que não tenham sido ainda eleitos para o veneralato de uma Loja.
Em se tratado do Grande Oriente do Brasil, eu entendo a preocupação do Irmão, todavia a regra é respeitar o ritual legalmente aprovado, destacando que nele existe a cobertura do templo para a reunião do Conselho de Mestres Instalados, Conselho esse designado por ato do Grão-Mestre Estadual.
Especificamente no que diz respeito a sua questão, no GOB a cerimônia esotérica de Instalação passou a se fazer presente desde 1968. Antes disso não havia esse tipo de cerimônia e o Mestre Maçom eleito para o veneralato, particularmente no REAA, simplesmente tomava posse na presença de todos. Ele, ao concluir o seu mandato era tratado apenas como ex-Venerável.
Por fim, alterar esse costume dependeria antes de qualquer coisa mudar toda a estrutura da cerimônia, sobretudo aquela que mantém procedimentos velados e restritos ao Conselho dos Mestres Instalados. 


T.F.A.

PEDRO JUK


SET/2018


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

OFÍCIO DO CHANCELER II


Em 17/06/2018 o Irmão Marcelo Souza, Companheiro Maçom da Loja Montsalvat, REAA, GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, pede comentário sobre o que segue:

OFÍCIO DO CHANCELER


A questão que apresento não diz respeito à ritualística, porém, solicito seu auxílio com relação ao seguinte: além dos deveres em Loja, quais seriam os atos/ações que poderiam
ser atribuídos/exercidos pelo Chanceler?

CONSIDERAÇÕES.

O cargo se deriva do antigo magistrado a quem incumbia à guarda do selo real; por extensão, o guarda-selos.
Em Maçonaria ele é também o oficial encarregado dos registros dos obreiros da Loja, ficando ao seu encargo a guarda do Livro de Presenças, tanto o do da Loja, assim como o dos Irmãos visitantes.
É o responsável pelo Selo da Loja, o qual ele aporá às assinaturas quando se fizer necessário. Sua missão é a de chancelar documentos. Com base nesse ofício é que sua joia distintiva corresponde ao guarda-selos.
Uma das suas missões é controlar a frequência dos Irmãos fornecendo, quando solicitado, os percentuais de assiduidade, principalmente quando da realização de eleições.
Junto com o Secretário ele mantém em dia os dossiês dos membros da Loja registrando paulatinamente as respectivas atualizações. É o encarregado de fornecer os certificados de presença aos visitantes.
É também do Chanceler a missão de informar ao Venerável Mestre se há número suficiente de Irmãos para a abertura dos trabalhos.
Compete a ele informar à Loja as efemérides pertinentes à Maçonaria em geral e do Quadro em particular.
Afora as suas obrigações de ofício, como qualquer maçom ele deve estar sempre à Ordem para desempenhar missões que porventura possam lhe ser atribuída.


T.F.A.

PEDRO JUK


SET/2018.