segunda-feira, 19 de julho de 2021

SEGREGAÇÃO DE MESTRES INSTALADOS - REAA

 

Em 10.10.2020 o Respeitável Irmão José Carlos Cruz, Loja Mário Behring, 200, REAA, GLMMG (CMSB), Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, em face à minha palestra on-line no XV Seminário de Estudos Maçônicos do Oriente de Franca, SP, e Região, formula a seguinte questão:

 

MESTRES INSTALADOS.

 

Agradecemos de coração a palestra “História, Doutrina e Prática do REAA”, proferida no XV Seminário de Estudos Maçônicos do Oriente de Franca-SP e Região. Foi muito esclarecedora e nos instiga a estudar mais. Contudo, sinto a necessidade de lhe perguntar:

Considerando que temos 3 graus no REAA, é comum percebermos uma segregação de domínio dos Mestres Instalados. Como nosso Irmão Pedro Juk enxerga essa postura?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Penso que esse tem sido um costume completamente equivocado no REAA, onde se sabe que instalação esotérica é uma prática não original.

O REAA, como rito de origem francesa, tradicionalmente não possui instalação


. Na França, salvo adequações oriundas de acomodação para “certos” reconhecimentos, principalmente os ocorridos nos meados do século XX, instalação significa única e exclusivamente posse.

Já escrevi bastante sobre isso, principalmente porque muitos maçons brasileiros ainda “acham” que Mestre Maçom Instalado é grau, o que não é verdade. Para essa categoria honorífica não existe nenhuma segregação (separação) do grau de Mestre Maçom. Esse falso juízo se dá devido ao uso de uma cerimônia esotérica “criada” para a instalação latina. No verdadeiro costume anglo-saxônico, onde de fato a instalação, trazida pelos irlandeses, é real, o que não existe é esse cerimonial aplicado na corrente latina.

Por outro lado, também entendo que, mesmo na contramão da história, a instalação esotérica é uma realidade consagrada na Maçonaria brasileira (no GOB desde 1968). Por assim ser, destaco que Mestre Maçom Instalado é um título honorífico que é concedido àquele que um dia exerceu o Veneralato de uma Loja. A bem da verdade ele é um ex-Venerável que, conforme o rito, pode substituir o Venerável no caso da sua ausência, principalmente se for o caso nas Iniciações, Elevações e Exaltações.

No rigor da lei, conselhos de Mestres Instalados, criados exclusivamente pela Obediência, só existem para instalar um novo eleito para dirigir uma Loja. Concluída a cerimônia instalação, o conselho e imediatamente dissolvido.

Assim, vale mencionar que não é legal, ou mesmo recomendável, que certas Lojas por contra própria criem conselhos de Mestres Maçons Instalados a parte que possam interferir na administração.

Sem dúvida, o Mestre Maçom Instalado é um personagem importante para a vida da Loja, sobretudo pela sua experiência administrativa adquirida, mas isso não o segrega e não o faz portador de nenhum grau iniciático acima do de Mestre Maçom.

A sua presença, além das suas atividades previstas nos regulamentos, é sempre bem-vinda para auxiliar a Loja, nunca interferir.

O único privilégio, se é que assim se pode dizer, é que ele, por ser possuidor desse título honorífico, lhe é assegurado lugar no Oriente da Loja.

Cabe destacar que o simbolismo é constituído universalmente por três graus e não há como se imaginar qualquer grau além do de Mestre Maçom no franco-maçônico básico universal.

Vale lembrar que após a extinção das Lojas Capitulares (um capítulo à parte da história do REAA), o Oriente elevado, então criado para se amoldar ao santuário Rosa-Cruz, acabou indevidamente permanecendo no simbolismo, fato que com o tempo acabou servindo para acomodar as autoridades maçônicas do simbolismo e também os ex-Veneráveis (Mestres Instalados).

Como a instalação generalizada na maçonaria brasileira virou norma consuetudinária, não se discute a sua legalidade e nem a presença do personagem Mestre Maçom Instalado na Loja.

Vale a pena mencionar que o título “instalação” é original da Maçonaria anglo-saxônica, onde o Mestre Maçom que deixa o cargo de Worshipful Master (Venerável Mestre) é tratado como Past-Master (Mestre Passado) ou Imediate Past Master (Mestre Passado recente ou imediato), contudo sem qualquer conotação de um grau acima do de Mestre Maçom.

Antes de concluir, reitera-se que o Mestre Instalado é um Mestre Maçom que um dia foi empossado para exercer o cargo de Venerável Mestre de uma Loja.

Finalizando, alerto que as minhas colocações não têm aqui o intuito de desrespeitar qualquer regulamento de Obediência que mencione o contrário e até trate o Mestre Instalado separadamente. Meus comentários dizem respeito à originalidade do REAA.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

http://pedro-juk.blogspot.com.br

jukirm@hotmail.com

 

JUL/2021

2 comentários:

  1. Em∴ Ir∴ Pedro Juk, vi já em nossos regulamentos (GOB), a previsão do Conselho de Mestres Instalados e também a Comissão Instaladora. Em vossa dissertação, o Irmão explica que o conselho existe para a posse do novo VM, e depois se dissolve. Qual seria a diferença entre o Conselho e a Comissão?

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    1. É tudo a mesma coisa, o Conselho, ou Comissão, instala o Venerável, isto é, dá posse. Note que o Conselho, ou comissão se encerra ao final da Sessão de "Instalação e Posse". Esses paradoxos se dão porque esse tem sido um enxerto empurrado do REAA. Fazer o quê? Instalação, mesmo que na contramão da história é uma realidade na Maçonaria Tupiniquim, no REAA.

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