Em 25.05.2022 o Respeitável Irmão Fábio Bento, Loja Igualdade de Vinhedo, REAA, GOP (COMAB), Oriente de Vinhedo, Estado de São Paulo, faz a pergunta seguinte:
A JOIA DO DIÁCONO
Preciso da sua inteligência em relação a joia do cargo de diácono e a
sua diferenciação entre o mensageiro (pomba) estar dentro do triângulo (1ª Diácono)
e estar fora do triângulo (2º Diácono).
Gostaria de sua visão pois o Irmão é uma das minhas referências em
seriedade que me afastam do achismo Maçônico que nos rodeia.
CONSIDERAÇÕES
De fato, não há qualquer
significado iniciático ou mesmo uma interpretação simbólica exclusiva para essa
diferenciação de joias.
Desse modo, a joia do Diácono, não importando seja ele o 1º ou o 2º, é simplesmente uma pomba, sobretudo porque esse é um dos símbolos consagrados do mensageiro (a Arca de Noé e a pomba; o pombo correio, etc.).
Na Maçonaria Operativa,
levando-se em conta a grandiosidade dos canteiros de obra e a rusticidade dos trabalhos
profissionais, as lojas operativas possuíam os seus mensageiros que tinham por
dever de ofício encaminhar ordens dos dirigentes dos trabalhos. Normalmente desses
mensageiros ficava à disposição do Mestre da Obra e o outro a serviço dos “wardens”,
mais tarde, os Vigilantes.
Graças a essas atividades hauridas
dos canteiros profissionais do passado, alguns ritos especulativos da Maçonaria
dos Aceitos revivem esses mensageiros atuando como antigos oficiais de chão.
Assim, nos ritos que possuem oficiais
mensageiros, agora conhecidos como Diáconos, os mesmos exercem atividades de
acordo com o modelo iniciático (prática ritualística) exigido pelo rito.
No REAA, por exemplo, os
Diáconos atuam única e exclusivamente na alegoria da transmissão da palavra sagrada
que emblematicamente revive as antigas aprumadas e nivelamentos que ocorriam
nos cantos da obra, assim exigidas no início e no encerramento dos trabalhos
nos tempos da Maçonaria Operativa.
Na prática, essa aferição tinha
o desiderato de produzir trabalhos a contento, aprumando e nivelando os cantos no
início da jornada para uma justa e perfeita elevação das paredes e, ao final,
conferindo para se certificar se os trabalhos transcorreram justos e perfeitos,
ou seja, se ocorreram em conformidade com as exigências da arte.
Como atualmente não somos
operativos e vivemos uma Maçonaria Especulativa, isto é, sem a literal
atividade profissional dos cortadores e entalhadores de pedra, o elemento
primitivo da obra (matéria prima) que era a pedra calcária, passou a ser
representada pelo elemento homem, passível de aprimoramento.
Nesse sentido,
especulativamente as aprumadas e nivelamentos do passado operativo foram
substituídas pela transmissão de uma palavra que se estiver dita “justa e perfeita”,
isto é, transmitida nos conformes ritualísticos, então os trabalhos da Loja
podem ser abertos e respectivamente encerrados.
Essa pois é a razão pela qual
existe no REAA a transmissão na palavra sagrada na abertura e encerramento.
Essa alegoria lembra as
atividades dos construtores medievais, nossos ancestrais. Desse modo, os Diáconos,
o Venerável Mestre e os Vigilantes, como protagonistas dessa transmissão, revivem
simbolicamente essa passagem outrora praticada pelos nossos ancestrais.
É daí que os Vigilantes usam
cada qual uma joia distintiva, ou seja, o Nível para o 1º e o Prumo para o 2º, respectivamente,
já o Venerável Mestre usa um Esquadro operativo como sua joia distintiva, enquanto
que e os Diáconos usam cada qual uma joia representativa do mensageiro, ou
seja, a pomba, porém sem que haja qualquer necessidade de diferenciação entre
ambas para identificar o 1º e o 2º Diácono. Rigorosamente, as joias dos Diáconos
devem, ou pelo menos deveriam, ser iguais, sendo, portanto, dispensável que uma
delas venha inscrita dentro de um triângulo.
Eram esses os comentários
sobre se existe ou não diferenciação entre as joias dos Diáconos. Como dito,
não existe e é algo dispensável, até porque assim não se dá oportunidade para
interpretações aventureiras e falaciosas que fatalmente apareceriam por conta
de achistas e oportunistas.
Concluindo, vale alertar que
no REAA, os Diáconos não se prestam ao oficio de levar bilhetes, recados e
outros afins. Esse é ofício do Mestre de Cerimônias como imediato do Venerável
Mestre. Como mensageiros, os Diáconos, junto com as Luzes da Loja, são
coadjuvantes da alegoria da transmissão da palavra sagrada no início e no encerramento
dos trabalhos. Reitera-se: essa é a única função dos Diáconos em Loja.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
DEZ/2022
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