sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

O PORTA ESPADA E A ESPADA FLAMEJANTE

Em 24.05.2022 o Respeitável Irmão Washington Teixeira da Silva, Loja Paz, Harmonia e Concórdia, 297, REAA, COMAB, Oriente de Guaranésia, Estado de Minas Gerais, pede resposta para a dúvida seguinte:

 

PORTA ESPADA

 

Caro Irmão Pedro. Bom dia! Gostaria de uma orientação sua quanto a principal função e início histórico do "Porta-Espada". Humildemente sou o responsável pelo cronograma de estudos a cada sessão e procuro orientar o mestre que fará o trabalho, sugerindo sempre um tema o qual houve algum comentário em loja e que despertou curiosidade, deixando sempre este quarto de hora dinâmico e atraente. Sempre me socorro em seu BLOG, GADU o
abençoe por isto. Percebi que a função deste cargo é pequena, mas não menos importante. Ao procurar sobre o tema, me deparo sempre com a cumplicidade do irmão cobridor. Ou seja, "a espada na Maçonaria" sempre nos leva a este irmão cobridor e pouco sobre o porta-espada. Outra orientação, caro irmão, é que teremos na sexta próxima, 27/05/2022, sempre ao final de cada mês, nossa reunião do Pacto Regional Maçônico cuja abrangência lojas de MG e SP. COMAB. Fiquei responsável por apresentar um estudo e lhe pediria uma sugestão atual para este quarto de hora.

 

COMENTÁRIOS

 

O cargo de Porta-Espada nada tem a ver com o porte ou condução das espadas utilizadas pelos Cobridores e pelos Expertos no REAA.

Na liturgia do rito em questão, durante as consagrações (dar dignidade ao grau) o Venerável Mestre se utiliza de uma espada que simbolicamente representa um raio de fogo, ou uma forte chama.

Graças a esse particular essa espada não possui bainha, ou digamos, não pode ser embainhada, pois seria um contrassenso alguém querer embainhar um raio de fogo ou uma labareda (grande chama).

A despeito da sua simbologia, a Espada Flamejante é no REAA um emblema de justiça iminente como a “Justiça de Salomão”. No misticismo ela se relaciona com dois querubins (anjos da primeira hierarquia) que no Jardim do Éden portavam espadas que expeliam chamas. Segundo alguns exegetas, a exemplo do respeitadíssimo e saudoso Irmão Theobaldo Varolli Filho, todo esse simbolismo se associa a ação imediata de aplicação da justiça.

Assim, a Espada Flamejante acabou adquirindo no rito em questão uma exclusividade de utilização, nesse caso podendo ser empunhada apenas e tão somente por um Venerável Mestre, ou, na sua falta, por um ex-Venerável.

Graças a isso é que então apareceu o cargo de Porta-Espada no REAA, ou seja, alguém para conduzir essa espada até o titular nas ocasiões em que ela precise ser utilizada (nas sagrações).

Como ela simbolicamente não pode ser embainhada por razões já descritas, estabeleceu-se então que essa Espada descanse em um escrínio ou uma almofada que geralmente fica sobre o lado sul do altar ocupado pelo Venerável Mestre. Menciona-se na banda Sul do altar-mor porque é desse lado do Oriente que logo abaixo do sólio ocupa lugar o Irmão Porta-Espada.

Como ficou estabelecido que a Espada Flamejante só pode ser empunhada por um Venerável Mestre ou um Mestre Instalado, o Irmão Porta-Espada, mesmo não sendo um Mestre Instalado, pode conduzi-la segurando apenas pela almofada ou pelo escrínio (estojo), mas nunca pela Espada em si.

Uma das particularidades da Espada Flamejante é que diferente das outras espadas (armas) que são sempre empunhadas pela mão direita do titular, a Flamejante é manuseada com a mão esquerda, já que a sua mão direita estará ocupada com o malhete para fazer a sagração (constituição do recipiendário).

Vale ainda comentar que como a lâmina da Espada Flamejante simboliza um raio de fogo, o Venerável Mestre no ato da consagração não deve tocar com a lâmina da espada a cabeça do candidato, pois isso, supostamente poderia fulminar o recipiendário. Obviamente que essa é apenas uma passagem ritualística de conotação simbólica e não um fato real. Sua menção aqui tem apenas o desiderato de instigar algo que faça sentido na liturgia.

Por fim, o costume de sagração de candidato com um espada é natural em alguns ritos da Moderna Maçonaria, sobretudo a de origem francesa que buscou adaptar essa liturgia embasada nas práticas na Ordem da Milícia do Templo, ou os Cavaleiros Templários. Atenção, essa abordagem sob nenhuma hipótese está afirmando que a Maçonaria se originou nos Templários. Essa citação aqui apenas procura demonstrar o ecletismo doutrinário da Maçonaria Especulativa.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

DEZ/2022

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