quinta-feira, 2 de março de 2023

ALEGORIAS MAÇÔNICAS

Em 20/10/2022 o Respeitável Irmão Milton Souza, Loja União do Horizonte, 119, REAA, GLEGO (CMSB), sem mencionar o Oriente, Estado de Goiás, apresenta o que segue:

 

ALEGORIA MAÇÔNICA

 

Caro Irmão Pedro Juk.

Considero aceitável o meu desempenho nas explicações para as quais sou convidado ou convocado para expor sobre os variados temas da Ordem, levando em conta me concentro nos estudos (inclusive e principalmente nos seus) e não no que porventura venha "achar". Não significa que não tenho opinião própria. Quando raramente coloco opiniões próprias, procuro basear-me principalmente, na lógica e na razão. Mesmo assim, procuro "submeter minha vontade".

Mas o que preciso de você é sobre o fato de não estar conseguindo explicar a contento sobre ALEGORIA. As vezes pedem que eu separe quais são as alegorias e quais são os símbolos eis um pouco de dificuldades. Às vezes acho que muitos símbolos também são Alegorias, por uma outra visão ou utilidade.

Quais dos seus livros ou postagem esclarece sobre o assunto, numa linguagem bem feijão com arroz?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Alegoria é uma exposição figurada de um pensamento. É um conjunto de símbolos que designa a expressão de uma ideia por uma sucessão de imagens e figuras.

Além da linguagem individual dos símbolos, a Maçonaria se faz também valer de alegorias. De certo modo uma alegoria é uma ideia abstrata que se manifesta por meio de símbolos para torna-la compreensível.

Alegoria é um elemento metafórico ilustrado por símbolos. Por exemplo, a do Templo de Jerusalém (Salomão) quando relacionada à construção simbólica do Homem; a do caminho iniciático quando associada ao teatro da Natureza; a das viagens iniciáticas quando relacionadas aos ciclos da vida humana; a das pedras, bruta e cúbica, quando conexas com o homem iniciado e o elemento da Obra; etc.

No que diz respeito aos símbolos, em Maçonaria eles expressam figuras, ou objetos individualizados e convencionais elaborados com o desiderato de representar alguma coisa (emblema, insígnia).

Os símbolos maçônicos representam a maneira velada pela qual a Maçonaria ministra aos iniciados as lições de moral e ética que fazem parte da sua doutrina.

De maneira geral, os símbolos utilizados pela Maçonaria são instrumentos ou figuras ligados à arte (ofício) da construção. Por exemplo: Compasso; Esquadro; Maço, Prumo, Avental, Pedra Bruta, Pedra Cúbica, etc.

No contexto prático das alegorias, tomando como exemplo as que aqui já foram citadas, nesse caso o Templo de Jerusalém, demonstra-se o ideário de um ser humano preparado, o mais próximo possível da perfeição, para ser o habitat da Criação – metaforicamente é a ideia de que o Templo seja o próprio Homem.

Com essa natureza, a alegoria do Templo abriga dentro de si um encadeamento se símbolos que o constroem. Nesse particular é possível citar alguns deles: o Altar principal corresponde ao Sanctum Santorum; o Oriente corresponde ao Sanctum; o Pavimento Mosaico corresponde ao grande pátio; as Colunas Vestibulares correspondem o Pórtico; etc.

Assim, todos esses elementos unidos representam metaforicamente a alegoria do elemento ideal, aperfeiçoado e dedicado.

Como elemento emblemático, o Templo também é a oficina de trabalho onde o Iniciado opera sobre si mesmo a transformação e, em outra conjuntura, que não a alegórica, o Templo também foi o elemento base principal para se construir a Lenda do 3º Grau.

No caso do REAA e a alegoria que abriga o caminho iniciático e o teatro da Natureza, metaforicamente ela compara a vida simbólica do maçom à revolução anual da Natureza, ou seja, sugere que as etapas de aperfeiçoamento do homem iniciado sejam figuradamente correspondentes aos ciclos da Natureza – primavera, verão, outono e inverno (infância, juventude, maturidade e morte).

Resumidamente, o encadeamento de símbolos que formam essa alegoria é demonstrado visualmente no Templo pelas constelações do Zodíaco e as respectivas Colunas Zodiacais. Esses elementos simbólicos constituem parte de uma decoração apropriada para um rito solar. Enfim, esse ideário alegórico procura demonstrar que o Iniciado é um elemento que faz parte da Natureza.

No caso da alegoria que envolve as viagens simbólicas, comuns na liturgia do REAA, cada viagem se refere ao deslocamento do iniciado, relatando o seu próprio percurso, assim como o das civilizações e das sociedades humanas. Os elementos alquímicos da Terra, Ar, Água e Fogo, inerentes às viagens simbólicas, eles são os vetores iniciáticos que constroem, no REAA, essa figura metafórica de linguagem (veja o que representa cada uma dessas viagens no ritual durante a Iniciação).

No caso da alegoria que condensa as Pedras, Bruta e Cúbica (duas das três joias fixas da Loja) como seu ideário, ela manifesta figuradamente o estágio inicial de aperfeiçoamento do maçom (Aprendiz), seguida de uma visível evolução que fora adquirida pelo aprendizado resultante do trabalho perseverante (Companheiro). Metaforicamente, a Pedra Bruta e a Pedra Cúbica exprimem o estado do elemento primário suscetível ao aprimoramento nos dois primeiros ciclos iniciáticos.

Já na conjuntura exclusiva dos símbolos, individualizados ou conjugados, eles exprimem interpretações que tanto podem ser de viés alegórico ou místico.

Nesse sentido, seguem alguns exemplos de símbolos e os seus significados: o Compasso: individualmente simboliza a justa medida, mas também simboliza a espiritualidade e o conhecimento humano; o Esquadro: símbolo da retidão de caráter, simboliza também a materialidade humana; o Maço: símbolo do caráter a serviço da razão e da inteligência; o Prumo: simboliza a profundidade de conhecimento, o equilíbrio, a estabilidade e a justiça (não pende como as oblíquas); o Avental: simboliza o trabalho que honra e dignifica o homem; a Pedra Bruta: de maneira individualizada representa o início, o homem passível de aperfeiçoamento (elemento primário tal como retirado da jazida); a Pedra Cúbica: simboliza o Homem evoluído e preparado, representa o elemento próprio para ser utilizado na edificação, etc.

Obviamente que em se tratando de símbolos e alegorias, estes exemplos não se esgotam por aqui. Contudo, acredito que com esses elementos básicos seja possível compreender muitos desses fundamentos elementares da ritualística maçônica.

Espero que esse conteúdo seja útil para a sua súplica.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

MAR/2023

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