domingo, 25 de agosto de 2024

POSIÇÃO DOS PÉS EM ESQ.'. NO REAA

Em 18/11/2023 um Respeitável Irmão de uma Loja do REAA, GOB-SP, Oriente de São Paulo, Capital, apresentou a dúvida seguinte.

 

POSIÇÃO – PÉS EM ESQ

 

Por gentileza, peço um esclarecimento sobre a alteração no sinal de ordem do Aprendiz, quanto ao posicionamento dos pés, bem como na marcha.

Na minha Loja se está discutindo muito isso, e querem saber de onde e quando tem essa orientação que os pés devem seguir a posição oblíqua do pavimento mosaico, pois todo o conhecimento que se temos desde sempre, e em todos os lugares do mundo em que irmãos da Loja já visitaram, a posição dos pés é apontado para a frente e o outro em esquadria para a lateral.

Peço ao Irmão essas informações para entendermos e sanarmos as dúvidas dos irmãos.

Em tempo, sito que muitos irmãos bem antigos de Ordem e estudiosos, estão relutantes a essa modificação, e não encontram justificativa para isso.

Se o Irmão puder esclarecer, agradecemos imensamente.

 

CONSIDERAÇÕES:

 

Os pés em esquadria, dispostos naturalmente sobre o pavimento - e não andando de lado – tem como referência a disposição do Pav Mos, de aparência oblíqua no REAA. Deste modo, segue-se as orientações previstas no SOR – Sistema de Orientação Ritualística oficial do GOB.

No tocante às discussões sobre o tema, entende-se como natural a relutância de alguns Irmãos, já que a grande maioria, inclusive este que vos escreve, aprendeu errado em rituais anacrônicos, principalmente no Brasil, que tem a característica de misturar várias vezes em um rito, práticas e procedimentos de outros ritos. Infelizmente estes desacertos acabam se consagrando pela insistência da sua aplicação, ao ponto de enfrentar levantes de satisfeitos que não admitem “correções”.

Apontar o pé esquerdo para frente não é prática original do REAA, pois tal como os “Antigos” de 1751 (vide a história dos Modernos e Antigos), o ritual de 1804 (o primeiro para o simbolismo do REAA) trazia, no trato dos passos sobre o Pav, a simples orientação de que eles eram oito passos normais para frente – observe-se que naquela época não havia ainda a marcha separada por grau.

No que diz respeito à disposição natural dos ppas e dos pp em esq, aberta para a frente, é porque se seguem os costumes revelados na exposure “The Three Distinct Knocks”, uma revelação datada de 1760 atinente à Grande Loja dos Antigos de 1751 na Inglaterra. É oportuno salientar que esta revelação (exposure) foi uma das referências para a construção do primeiro ritual do simbolismo do REAA na França em 1804. Neste pormenor, sugere-se o estudo da história das revelações (traições), denominadas genericamente mais tarde pelos pesquisadores como “obras espúrias” – vide, como exemplo, Masonry Dissected, Samuel Pritchard, 1730 e A Ordem dos Franco-maçons Traída, Abade Perau, França, século XVIII, duas das principais “revelações” de época, na Inglaterra e na França.

Ainda em relação aos ppas e a posição dos pp, de acordo com os costumes dos autodenominados “Antigos”, o p e, ou d, não fica apontado para a frente. Esta característica pode ser aferida em se observando como se faz o Pas Regda Maçonaria inglesa, que por circunstâncias históricas acabou também influenciando a vertente escocesista da Maçonaria francesa.

Já a outra vertente francesa, aquela implantada pelos Modernos ingleses e que deu base à construção do Rito Moderno, e por extensão ao Rito Adonhiramita, também, se diferenciou dos “Antigos” neste particular por dar os ppas do grau com os pp apontados para a frente. Sobre esta história, sugere-se o estudo dos Modernos e Antigos da Maçonaria inglesa, a implantação da Maçonaria na França no século XVIII pelos ingleses e as duas vertentes francesas, a dos stuartistas e a dos modernos.

No tocante à evolução dos rituais do REAA, pós Lojas Capitulares, dentre outros, o rito também adotou um Pav Mos como um dos ornamentos da Loja. Todavia, diferente do Pav construído com um tabuleiro de xadrez e era normalmente representado por um tapete quadriculado ao centro da Loja, o do REAA ocupava todo o Ocidente, e tinha seus quadrados brancos e pretos dispostos de moto oblíquo.

Foi desta forma que o Pav Mos se consagrou na decoração da Loja no escocesismo simbólico, mantendo-o até os dias atuais A sua disposição oblíqua justifica-se porque cada um dos quadrados, branco ou preto, fixados em diagonal, orientam, sobre o eixo do Templo, os passos nas Marchas de Aprendiz e de Companheiro. Neste caso o Pav Mos serve como referência para a colocação dos pp uunid pelos ccalc formando uma esq aberta para a frente (a mesma posição do Esq sobre o L da L∴).

NOTA: Autores autênticos e respeitados como Theobaldo Varolli Filho no seu Curso de Maçonaria Simbólica, Tomo I – Editora Gazeta Maçônica, São Paulo, 1971; Renè Joseph Crarlier em seu “Pequeno Ensaio de Maçonaria Simbólica” – Editora Traço, São Paulo, 1961, Joules Boucher, em “La Symbolique Maçonnique”, Dervy-Livres, Paris, 1979, demonstram claramente a posição dos pp em esq aberta para a frente, como deve ser no REAA.

Dito isto, infelizmente aqui no Brasil, por circunstâncias adversas, foram criados muitos rituais do REAA com passagens ritualísticas enxertadas e misturadas com práticas de outros ritos, principalmente dos ritos Moderno e do Adonhiramita e, em alguns casos, também do York (inglês e norte-americano).

Não obstante a isto, em 1927 houve, também, a primeira grande cisão na Maçonaria brasileira, resultando com isto a criação das Grandes Lojas Estaduais brasileiras. Dado a essa ocorrência é que aparece em 1928 outro ritual para o REAA, o qual ficaria conhecido como o “REAA de Béhring”, graças às diferenças ritualísticas oriundas de inserções e acomodações indevidas encontradas nesse ritual. Dentre outros, nele aparece um Pav Mosquadriculado com aparência de um tabuleiro de xadrez, colocado no centro do Ocidente. Deste modo, esta disposição do pavimento fez com que durante a marcha o p e se ajustasse ao tabuleiro de xadrez, ficando, desta forma, o p apontado para a frente, tal como fazem os maçons do rito Moderno e do Adonhiramita.

Desta maneira, tudo ao melhor gosto do "achismo", mais uma vez o REAA foi contemplado com práticas alheias à sua originalidade. Como uma “colcha de retalhos”, lhe dão suporte determinados rituais anacrônicos, os mesmos que geralmente os “estudiosos” os têm como corretos verdadeiros.

                 Assim, à vista de tudo o que foi até aqui comentado, o GOB não está "mudando" nada, porém está tentando voltar à autenticidade de Rituais que se banham em água limpa.

Quanto aos Irmãos que viajaram até a Europa e lá viram o “pé apontado para a frente”, me atrevo a garantir que isso não é original no REAA, a despeito de que por lá também existem muitos erros, principalmente nos redutos maçônicos latinos.

Ao contrário de que no "mundo inteiro se faz assim”, não me parece que esta seja uma afirmativa sustentável ao crivo de uma pesquisa desapaixonada.

Enfim, é bom alertar que existem pelo Mundo muitos rituais anacrônicos que foram construídos sobre vícios e invenções ritualísticas. Seus conteúdos são nocivos e agridem, muitas vezes, razão e a ordem doutrinária.

Os rituais primitivos do REAA para o seu simbolismo foram construídos na França a partir de 1804 e aperfeiçoados ao longo do século XIX até meados do XX. Ainda no século XIX o REAA passou no Grande Oriente da França pelas vicissitudes capitulares, em um outro importante período da sua história. Inegavelmente, isso também serviu como interferência no desenvolvimento da sua liturgia, portanto, também é preciso se levar em conta este acontecimento – Lojas Capitulares e o Grande Oriente da França no século XIX.

O REAA é um rito deísta de origem francesa, mas que possui forte influência da Maçonaria anglo-saxônica (teísta), tudo graças ao suporte que lhe foi dado pela exposure "As Três Pancadas Distintas" quando da construção do seu primeiro ritual para o simbolismo. Assim, sugere-se também o estudo dos três documentos básicos que serviram de suporte para a construção do primeiro ritual para o seu simbolismo: As Três Pancadas Distintas (1760), o Regulador do Maçom do Grande Oriente da França (1801) e a Loja Geral Escocesa de Paris, criada em 1804 para gerenciar a construção do 1º Ritual (extinta em 1816).

Mediante a isto e por uma meticulosa observação, é possível se descobrir as inserções temerárias que desfiguraram a autenticidade do ritual, do REAA, notadamente por conta das Lojas Capitulares que foram impostas pelo Grande Oriente da França em 1816. Nesta conjuntura, vale também arrecadar subsídios estudando a história do II Supremo Conselho do REAA, o de Paris.

Por fim, é bom lembrar que originalmente o REAA, conhecido na Europa como Rito Antigo e Aceito, não possuía na arquitetura do seu templo o Oriente elevado e separado. Influenciado pelos Antigos de York, o REAA primitivamente possuía uma sala da Loja muito parecida com a do Craft. Não é à toa que o REAA, rito de origem francesa, até hoje tem o seu 2º Vigilante posicionado, à moda inglesa, no meridiano do Meio-dia.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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AGO/2024

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

TRÊS VIRTUDES TEOLOGAIS NA MAÇONARIA

Em 15/11/2023 o Respeitável Irmão Samarone Lucio da Silva Gonçalves, sem informar o nome da Loja, Rito, Obediência, Cidade e Estado da Federação, faz a pergunta seguinte:

 

VIRTUDES TEOLOGAIS

 

Gostaria, claro, se for do conhecimento do Irmão, uma explicação sobre três pontos no painel alegórico da Loja de Aprendiz. São eles: A Cruz latina, como foi inserida, qual a inspiração? A mão em direção a taça, qual a real representatividade, e por último, a âncora. Encontrei algumas explicações, mas não conseguir me dar por satisfeito. Se o Irmão, como grande estudioso e pesquisador que é, se tiver algumas informações e puder compartilhar o conhecimento, ficarei grato.

 

CONSIDERAÇÕES

 

As Três Virtudes Teologais encontram-se representadas na Tábua de Delinear do 1º Grau da Maçonaria anglo-saxônica, dela o Rito de York, por exemplo.

As Três Virtudes encontram-se representadas sobre os degraus da figura de uma escada que leva à uma Estrela de Sete Pontas.

Nesta alegoria, a Fé está representada por uma cruz, a Esperança, por uma âncora
e a Caridade por uma mão estendida em direção a um graal.

Pode-se dizer que este apólogo religioso ocorre pela influência da Igreja Católica na Maçonaria, particularmente nos tempos em que ela era protetora dos “canteiros profissionais”, cujas corporações de ofício construíam, para o clero, mosteiros, abadias, igrejas e catedrais.

Nesta conjuntura, particularmente a maçonaria anglo-saxônica manteve este forte apelo teísta haurido dos nossos ancestrais, o que se pode constatar observando as suas instruções, emblemas e alegorias pertinentes ao Craft.

No contexto maçônico, em linhas gerais as Virtudes Teologais apresentam-se como marcos no caminho de ascensão e aperfeiçoamento do iniciado. Na Tábua de Delinear, observa-se a escada tendo como base um volume do Livro da Lei Sagrado. A figura expõe uma espécie de um código moral e religioso necessário para que o maçom alcance o topo desta escada, conhecida na maçonaria inglesa como a Escada de Jacó.

À vista disto, o conjunto emblemático procura exaltar a espiritualidade do maçom com base na sua Fé (crença em um Entre Criador), acender a Esperança (de chegar ao ápice pela purificação) e evidenciar a Caridade (na virtude de amor ao próximo).

A Estrela Heptagonal visível no ápice da escada representa a soma das três Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade) mais as quatro Virtudes Cardeais (Justiça, Prudência, Temperança e Coragem, ou Fortaleza).

Na Tábua, as Virtudes Cardeais encontram-se representas pelas quatro borlas situadas em cada um dos cantos do quadro, ou seja, nos quatro cantos da sala da Loja. Vale lembrar que o conjunto de símbolos que constituí a Tábua de Delinear corresponde à Loja, no caso, do 1º Grau.

Ainda vale a pena mencionar que estes são conceitos próprios da maçonaria inglesa e não da francesa – lembra-se que o REAA é filho espiritual da França, não da Escócia.

Sob esta óptica, infelizmente ainda existem rituais do REAA que equivocadamente insistem em trazer, junto com o Painel da Loja, um outro painel denominado “alegórico”. Ora, este painel não existe, e nada mais é do que uma colocação indevida da Tábua de Delinear do 1º Grau do Rito de York no REAA.

Graças a isto, alguns ritualistas não se aperceberam que o relicário simbólico da Tábua de Delinear inglesa não se ajusta com o relicário simbólico do REAA. Ao final desta miscelânea. o que ocorre mesmo é uma mistura de símbolos que não faz sentido para as estruturas doutrinárias originais – a inglesa e a francesa.

Ao finalizar, ratifica-se: no REAA não existe painel com o nome de alegórico, tratando-se simplesmente de um enxerto copiado de outro rito; também as três Virtudes Teologais não pertencem à estrutura doutrinária do REAA. As mesmas pertencem ao Craft (Rito de York).

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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AGO/2024

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

ALFAIAS DO SUBSTITUTO DO VENERÁVEL MESTRE

Em 14/11/2023 o Respeitável Irmão Ronaldo de Castro Laje, Loja Harmonia, 1625, REAA, GOB, Oriente de João Monlevade, Estado dos Minas Gerais, apresenta a pergunta seguinte:

 

ALFAIAS DO SUBSTITUTO

 

Caro irmão estou atualmente ocupando o cargo de 1º Vigilante e ao substituir o Venerável Mestre em uma seção fui advertido que deveria usar o colar do Venerável Mestre e consequentemente o 2º Vigilante teria que usar o colar do 1º Vigilante. Poderia me esclarecer, pois o que sei é que em substituição ao Venerável Mestre as joias são do cargo pelo qual ele foi eleito e essa substituição é esporádica por isso acredito que devo usar todos os paramentos do 1º Vigilante, desde já agradeço.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

              O eventual substituto preenche o cargo com os seus paramentos, porém veste o colar com a joia do substituído. A joia é do cargo que ele preencher, identificando-o na oportunidade.

No caso de preenchimento do cargo de Venerável Mestre, devido a sua ausência, em uma sessão ordinária o 1º Vigilante assume usando a joia de Venerável. Por sua vez, o 2º Vigilante preenche o cargo do 1º Vigilante usando a joia do 1º Vigilante; o 2º Experto preenche o cargo do 2º Vigilante usando a joia do 2º Vigilante.

Nas sessões magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação, se o 1º Vigilante não possuir o título honorífico de Mestre Instalado, em uma eventual ausência do titular do 1º malhete, assume a direção da Oficina o Mestre Instalado mais recente da Loja – veste sobre o seu colar o de Venerável com a respectiva joia.

Notadamente, estas instruções relacionam-se ao REAA.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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AGO/2024

terça-feira, 20 de agosto de 2024

ALTAR DOS PERFUMES - ELEMENTO OBSOLETO NO REAA

Em 13/11/2023 o Respeitável Irmão Teodoro Robens Freitas Silveira, Loja Apóstolos da Galileia, 2412, REAA, GOB MINAS, Oriente de Montes Claros, Estado de Minas Gerais, apresenta a dúvida seguinte:

 

ALTAR DOS PERFUMES

 

Lendo suas considerações sobre o tema, publicadas em "perguntas e respostas" - Achar Menos e Perguntar Mais - de 17/07/2021, fiquei com uma dúvida:

- Se só existem apenas três altares: " ocupado pelo Venerável Mestre, dos Juramentos e dos Perfumes", é de se ressaltar a importância do Altar dos perfumes neste contexto.

- Por outro lado, não existe incensação dos trabalhos maçônicos no REAA e provavelmente ele será extirpado quando da edição de novos rituais; como fica o entendimento desta situação conflitante?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Neste contexto, o Altar dos Perfumes foi mencionado apenas como uma referência daquilo que se pode tratar como altar no REAA.

Neste sentido, exceto o Altar ocupado pelo Venerável Mestre, o Altar dos Juramentos
(extensão do Altar do Venerável) e o dos Perfumes, as demais mesas ocupadas por Dignidades e Oficiais são simplesmente mesas (mesa - substantivo feminino; móvel, comumente de madeira, sobre a qual se escreve, trabalha, etc.).

Dos três altares citados, o dos Perfumes é um elemento apenas ilustrativo, já que não possui nenhuma serventia para a liturgia do simbolismo do REAA. Não existe nenhuma passagem ritualística sequer que mencione este Altar, seja no ritual do 1º, 2º e do 3º Grau.

Em que pese ser um importante símbolo haurido da alegoria do Templo de Jerusalém, no simbolismo ele provavelmente só permaneceu como resquício de rituais de sagração de Templo, geralmente rituais genéricos que regulam cerimônias que conferem a dignidade do espaço para os trabalhos maçônicos.

Como este Altar não possui nenhuma função para os três graus simbólicos, o citei no escrito mencionado na questão, apenas como uma referência relativa ao substantivo "altar”.

Assim, em se tratando de simbolismo do REAA, o Altar dos Perfumes, de fato é apenas um móvel decorativo colocado no Oriente, até porque não há, no Rito em questão, seja nas sessões econômicas (ordinárias) ou magnas iniciáticas, nenhuma prática que envolva a utilização de incenso no Templo.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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AGO/2024

REAA - SAUDAÇÃO EM LOJA

Em 11/11/2023 o Respeitável Irmão Jobel Ferreira da Silva, Loja Solidariedade e Harmonia, 3081, REAA, GOB-SP, Oriente de Osvaldo Cruz, Estado de São Paulo, apresenta a dúvida seguinte:

 

SAUDAÇÃO EM LOJA

 

Sou uma pessoa simples, mas extremamente dedicado, a minha dúvida, quando o Primeiro Diácono leva a palavra ao Primeiro Vigilante, o Livro da Lei estando aberto, ele ao deixar o Oriente, tem que saudar o Venerável Mestre, sendo saudação no meu entendimento ele terá que voltar a ordem, mas o que vejo é que simplesmente fazem um cumprimento ritualístico.

Tem que fazer saudação, voltando à Ordem, ou não, quando se se deixa a Loja por qualquer motivo também está escrito saudação, e fazem simplesmente um cumprimento, pode explicar esta minha dúvida.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Inicialmente devo recomendar ao Irmão que consulte o SOR - Sistema de Orientação Ritualística oficial do GOB que se encontra na página oficial do GOB. O SOR é para ser aplicado sobre os rituais em vigência e foi instituído em 2019 pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral.

            Dito isto, lembro que na página 42 do ritual de Aprendiz do REAA consta quando devem ser feitas saudações em Loja.

A saudação deve ser feita sempre pelo Sin Pen do Grau. Assim, para se saudar é preciso antes estar em pé e parado, para só depois compor o Sinal de Ordem e, a partir dele, prestar a saudação pelo Sinal.

Quando o maçom estiver em deslocamento pela Loja e precise fazer a saudação, ele pára, fica à Ordem e presta a saudação pelo Sinal Penal, sem voltar novamente à Ordem, devendo, imediatamente a seguir, continuar no seu percurso. Não volta à Ordem porque no REAA não se anda com o Sinal composto. A exceção é na Marcha do Grau.

No caso do Diácono, se a Loja estiver aberta, ele ao sair do Oriente (antes de descer) saúda o Venerável Mestre pelo Sinal e prossegue imediatamente no cumprimento da sua missão. De retorno, ao ingressar no Oriente, faz a saudação ao Venerável. Retorna em seguida ao seu lugar.

No caso de saída definitiva do Templo, o retirante, próximo à porta, deve antes saudar pelo Sin às Luzes da Loja.

Se a retirada não for definitiva. não haverá saudação - nem na saída e nem no retorno.

Obreiro segurando (empunhando) um objeto de trabalho não faz saudação, todavia faz uma parada rápida e formal, sem meneios com a cabeça e nem inclinação com o corpo.

O novo ritual que virá ainda em 2024 trará explicações detalhadas sobre essa prática.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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AGO/2024

PEDRA CÚBICA PIRAMIDAL

Em 10/11/2023 o Respeitável Irmão Sidney Lopes Thofehrn, Loja Caldas Júnior-Imbé, REAA, GORGS, Oriente de Imbé, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta o que segue:

 

PEDRA PIRAMIDAL

 

Meu Irmão me valendo do seu conhecimento, gostaria, se possível, me esclarecer a seguinte dúvida.

Em nosso Rito, está identificada no Oriente do templo uma Pedra Piramidal que em alguns autores a identificam como a Obra Prima do Aprendiz.

Entretanto, não encontrei nenhuma lógica ou explicação coerente para a sua existência dentro dos graus simbólicos.

Entendo que as pedras frente aos VVig simbolizam a evolução do conhecimento, o aprimoramento, de cada Obr, mas não consigo achar uma lógica para a existência da pedra piramidal no templo (graus simbólicos).

Já li algo relacionando esta à Alquimia e a Obra Prima do Aprendiz (como já mencionei acima).

Como uma das principais funções dos Mestres é transmitir os conhecimentos adquiridos, procuro sempre estabelecer uma lógica no ensinamento, pois de outra forma torna-se uma explicação sem embasamento e de difícil compreensão (parece aquela pílula que não desce e fica travada na garganta).

Se eu pudesse escolher uma substituição daquela pedra pontiaguda no Oriente para estabelecer uma lógica, primeiramente faria uma distinção entre a Pedra Cúbica (rústica) e a Pedra Polida....e ai sim, colocaria a pedra Polida no Oriente como a Obra final do Companheiro maçom, representando a sua evolução....mas tudo se complicou a  partir dos graus capitulares e a maçonaria especulativa com seguimento aos filosóficos.

Vamos a minha dúvida...

Esta pedra piramidal tem algum fundamento com o trabalho dos AApr?

Seria possível fazer uma distinção entre a Pedra Cúbica e a Pedra Cúbica Polida?

Se a distinção entre elas fosse possível, esta (pedra cúbica polida) poderia ter lugar no Oriente?

Desde já, agradeço a disponibilidade do caro irmão para esclarecimento de dúvidas.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Em relação à pedra pontiaguda, ou piramidal, ou ainda cúbica piramidal, etc., a mesma nada tem a ver com as práticas do simbolismo no REAA. Reitero, práticas do “simbolismo”.

O que ocorre, infelizmente, é que boa parte dos praticantes da Maçonaria latina adoram misturar símbolos e práticas litúrgicas de uns em outros ritos de vertentes distintas de Maçonaria (inglesa e francesa).

Isto acaba muitas vezes em um verdadeiro “sincretismo” de símbolos e emblemas, o que resulta em conceitos incompreensíveis, antagônicos e sem sentido para a evolução iniciática proposta pelo rito.

Em se tratando da grande magia, cujo símbolo é a Pedra Bruta e a Cúbica, não existe no simbolismo do REAA nenhuma outra pedra com outro formato e significado, senão as distribuídas no Templo como duas das três Joias Fixas da Loja, uma no Norte, de formato disforme, tal como foi retirada da jazida, e outra no Sul, desbastada, cinzelada e preparada, para atender as exigências da Arte.

                Esta alegoria significa a evolução do Iniciado em dois dos três ciclos da sua vida maçônica, ou seja, das asperezas da Pedra Bruta, que representa o Aprendiz (fase inicial) e da Pedra Cúbica (símbolo do Companheiro), já preparada para servir à elevação das paredes do Templo – demonstra que houve evolução do obreiro. São as únicas duas pedras que aparecem nos Painéis do 1º e 2º Grau do REAA.

Neste contexto, a terceira fase, ou a Obra Final representa o Mestre no Oriente e a conclusão da construção do Templo, elevado de acordo com o que fora projetado e desenhado na Pranch pelo Mestre (memória).

Esta é a verdadeira estrutura doutrinária de aperfeiçoamento prevista no simbolismo do REAA. As pedras, como joias, são fixas para servir como um código de moral e ética do Maçom. Ambas ficam no Ocidente porque esotericamente se localizam no mundo material, em contraposição à Pranch  que se situa além da balaustrada, no Oriente, ou o mundo espiritual.

Concernente à pedra pontiaguda, ou cubo piramidal, ela aparece em outros ritos, principalmente os de vertente anglo-saxônica, portanto, não faz parte do arcabouço simbólico do REAA, que é de vertente francesa.

Muitos outros sistemas doutrinários maçônicos mencionam uma pedra cúbica com o topo pontiagudo. Esta pedra servia nos canteiros operativos como a pedra angular da construção, ou seja, ela era colocada no canto nordeste do canteiro de obras e servia como um marco referencial, ou ponto de partida para a construção. A partir desta pedra referencial determinavam-se os alinhamentos, esquadrejamentos e aprumadas. A pedra pontiaguda estabelecia o vértice de 90º do triângulo retângulo, cujas propriedades geométricas estabeleciam o “canto” (square) das construções.

À vista disto, este conceito iniciático refere-se à outra estrutura doutrinária, como o Rito de York, por exemplo, onde os Aprendizes ocupam a fileira da frente à nordeste da sala da Loja. O Aprendiz, representando o início da jornada, é a pedra angular (pontiaguda), ou o ponto de partida.

Deste modo, reitera-se que em face à estrutura doutrinária do REAA ser de origem francesa, a pedra pontiaguda não se enquadra no seu sistema iniciático. Vale observar que independente dos ritos que a compõe, o objetivo da Maçonaria é apenas um: o de transformar homens bons em homens melhores ainda. O que pode se diferenciar são os métodos e processos de aperfeiçoamento, que muitas vezes se diferenciam nas suas estruturas

O REAA se serve da alegoria solar e a vida e morte da Natureza para construir estruturar a sua doutrina iniciática, enquanto que os ritos anglo-saxônicos se servem, amiúde, do contexto operativo, levando o iniciado a vivenciar, em muitas passagens, as construções do passado comparadas à sua construção interior.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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AGO/2024