Em 12/09/2024 o Respeitável Irmão Francisco José Amaral Lima Filho, Loja Luiz Gonzaga, 48, REAA, GOIPE (COMAB), Oriente de Belo Jardim, Estado de Pernambuco, apresenta as dúvidas que seguem:
MESTRE DE CERIMÔNIAS – PRÁTICAS RITUALÍSTICAS
Acompanho com grande interesse o seu trabalho, que tem sido extremamente esclarecedor para mim. Por exemplo, desde o grau de aprendiz, fui instruído a saudar o Iôd ao cruzar o eixo da Loja diante do painel do grau, mas através dos seus escritos, entendi que a saudação deve ser direcionada ao Venerável Mestre.
Atualmente, estou atuando como Mestre de Cerimônias Ad Hoc em minha Loja, e surgiram algumas dúvidas sobre a correta execução da saudação durante a circum-ambulação. Algumas práticas adotadas em minha Oficina parecem estar incorretas.1. Um exemplo é o convite: "Irmão Orador, queira me acompanhar". Graças aos seus ensinamentos, descobri que essa prática é equivocada, embora eu já tenha sido cobrado por irmãos com mais tempo de Maçonaria que eu pela ausência desse convite ao Orador.
2. Outra situação é quando o Mestre de Cerimônias, com o bastão, conduz um Aprendiz para apresentar uma peça entre colunas. Durante o giro, ambos param no eixo e o Aprendiz faz a saudação, desfazendo-a em seguida, enquanto o Mestre de Cerimônias passa o bastão para a mão esquerda e realiza o mesmo sinal antes de continuar o giro. Acredito que esse procedimento esteja incorreto, uma vez que o obreiro está com a ferramenta de trabalho em mãos. A meu ver, ele deveria apenas inclinar a cabeça em respeito ao Venerável Mestre e seguir o giro. Poderia esclarecer qual seria a prática correta nesse caso?
3. Outra dúvida que tenho é sobre a apresentação de trabalhos. Na minha Loja, os Aprendizes sempre apresentam seus trabalhos entre colunas, mas os Mestres Maçons não. O Manual Ritualístico do grau não faz referência específica a essa prática, limitando-se a dizer que, se houver alguma instrução, o Venerável Mestre concederá a palavra. Esse procedimento está correto?
4. Em relação às batidas na porta, há um debate constante em minha Loja. O Mestre de Cerimônias dá as batidas antes da entrada dos irmãos, e há muita controvérsia sobre a quantidade de batidas e o repique. Li em uma de suas respostas que o repique é uma invencionice, e que a batida deve ser feita em três toques, independentemente do grau. Apresentei sua explicação durante o período de instrução, mas alguns irmãos questionaram, pois a resposta referia-se a um irmão que chegava atrasado em uma sessão de Mestres. Acredito que essa confusão se dá porque, no Manual Ritualístico de minha Potência, não há referência específica sobre o período em que os irmãos estão no átrio. No entanto, o manual menciona que, na abertura dos trabalhos, o Cobridor Interno dá três batidas e o Cobridor Externo responde com outras três. A mesma regra se aplica ao início dos trabalhos ou há alguma diferença?
5. Por fim, tenho uma dúvida sobre a posição da espada do Cobridor. Em minha Loja, o Cobridor posiciona a espada com a mão direita sobre o ombro direito durante a abertura da porta e a entrada dos irmãos. No entanto, em um grupo de estudos de WhatsApp, li que a espada deve ser segurada com a mão direita sobre o ombro esquerdo, formando um esquadro. Quando mencionei isso em Loja, alguns irmãos estranharam. Poderia compartilhar seus conhecimentos sobre esse assunto?
Desde já, agradeço imensamente pela atenção e pelo seu tempo.
CONSIDERAÇÕES:
Antes de mais nada vale ressaltar que as considerações aqui colocadas são relativas ao REAA de modo amplo, não especificamente a este ou aquele ritual, desta ou daquela Obediência. À vista disso, estas considerações não têm o desiderato de se insurgir contra rituais vigente legalmente aprovados.
Sendo assim, vale destacar que mesmo contraditórios, rituais vigentes devem ser integralmente obedecidos. Eventuais correções devem seguir aos ditames dos regulamentos.
Vamos as questões:
- Nesse caso, a prática mais apropriada é a de que o M∴ de CCer∴ se coloque diante do lugar do Orador para em seguida conduzi-lo ao Alt∴ dos JJur∴ (no REAA este Alt∴ fica no Oriente). Durante a atividade deste ato litúrgico, o M∴ de CCer∴ atua em silêncio, sem nada dizer, não devendo desnecessariamente convidar o Orador. Por si só o conduzido já sabe que deve acompanhar o seu condutor. Importa notar que nessa ocasião o Ven∴ Mestre não manda “convidar” o Orador, mas “conduzi-lo” a um determinado lugar. Ainda é oportuno lembrar que no REAA o M∴ de CCer∴, exercendo o ofício de conduzir alguém, estará munido do bastão na mão direita, indo à frente do seu conduzido.
- Pode-se dizer que aqui há uma sequência de impropriedades: a primeira delas é que não há necessidade, seja de quem for, de apresentar peça de arquitetura entre CCol∴. Para isso, bastaria que ele, em pé, fizesse a apresentação do seu lugar em Loja. Não existe necessidade de que o apresentante tenha o M∴ de CCer∴ ao lado nesta ocasião. A segunda é que ao se cruzar o eixo do templo (equador) não existe nenhuma saudação, ao Delta ou ao Ven∴ Mestre, assim como parada formal. A terceira é que também não existe esta troca de mão na condução do bastão, mormente para fazer uma saudação que nem mesmo existe. A quarta é que são impróprios esses tais meneios com a cabeça e inclinação para a frente com o corpo. Quem ingressar ou sair do Oriente em Loja aberta deve prestar saudação ao Ven∴ Mestre, não ao Delta. Duas outras observações: saudação é feita pelo Sin∴ do Grau; o M∴ de CCer∴, empunhando o seu objeto de trabalho, ao ingressar ou sair do Or∴ não fará Sin∴, mas apenas uma rápida parada formal. Não só o M∴ de CCer∴, mas qualquer Ir∴ que ingressar no Oriente em Loja aberta, deve saudar o Ven∴ Mestre.
- Como dito no item 02 acima, o mais apropriado é que Aprendizes, Companheiros e Mestres apresentem trabalhos, cada um do seu lugar em Loja.
- Se a questão se referir à entrada do préstito para o início dos trabalhos, para ingressar no Templo o Mestre de Cerimônias deve passar momentaneamente o bastão para a mão esquerda e dar na porta, com o punho da mão direita cerrado, a bateria do Grau em que a Loja será aberta; o Cobridor Interno, que já deverá estar dentro do Templo, munido de espada simplesmente abre a porta sem replicar a bateria – apenas abre a porta. Isso já é diferente de quando um retardatário bater à porta do Templo sem que haja Cobr∴ Externo no Átrio. Neste caso quem chegar atrasado dá na porta, em qualquer situação, a bateria do Grau de Aprendiz; se o momento não for propício para recebe-lo o Cobr∴ Interno dá, pelo lado de dentro, a bateria de Aprendiz, o que significa que o retardatário deve aguardar. Quando o momento for propício, o Cobr∴ Interno comunica à Loja na forma de costume e será feita a verificação de quem bate. Daí em diante seguem-se as demais providências. Não existe aumento de bateria para outro grau, baterias de alarme, réplicas, etc.
- Rigorosamente, parado ou andando, no REAA a espada (arma branca) deve ser empunhada pela mão direita, tendo a lâmina em riste (não feito vara de pescar) apontada para cima (vertical); punho na altura do quadril direito com o respectivo cotovelo afastado do corpo; o braço esquerdo fica normalmente caído.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
MAIO/2025
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