quinta-feira, 29 de maio de 2025

TILINTAR DE ESPADAS E O SILÊNCIO INICIÁTICO

Em 07.10.2024 o Respeitável Irmão Eduval Moraes Fogaça, Loja Prudente de Morais II, 2231, REAA, GOB-SP, Oriente de Piracicaba, Estado de São Paulo, apresenta a dúvida seguinte:

 

TILINTAR DE ESPADAS

 

No tempo de estudos aos Aprendizes, sobre a sessão de iniciação, comentamos que as pedras eram desbastadas fora do templo, na construção do Templo de Salomão, para não ouvir o tilintar, ou, som dos metais. O Aprendiz perguntou, porque na Segunda Viagem ouvimos o tilintar de espadas dentro do Templo. Pergunto qual explicação para o questionamento? Indago, não seria melhor que o tilintar das espadas ser por Áudio: uma gravação, como, na primeira viagem o som dos ventos, relâmpagos e raios?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Inicialmente é preciso dizer que a alegoria do Tempo de Jerusalém, ou o de Salomão, é apenas um elemento simbólico. O fato de não se ouvir nenhum barulho de ferramentas na construção do Templo, significa que o maçom deve trabalhar constante e silenciosamente no seu interior para alcançar progresso e aprimoramento, moral e intelectual – o Templo, nesse caso, é o próprio homem.

Em Maçonaria, a alegoria do Templo é uma construção simbólica para comportar uma lenda que é a chave da Grande Iniciação.

Nesse contexto se faz cogente compreender que a Maçonaria possui aproximados 800 anos de história documental e o Templo de Jerusalém, aludido na lenda, é muito mais antigo do que a existência da Maçonaria. Enfim, não existia Maçonaria nos tempos da construção do templo hebraico. O que é mencionado na Maçonaria é uma lenda criada para expor lições de ética, moral e sociabilidade. Reforça ainda essa afirmativa, o fato de que o grau especulativo de Mestre Maçom somente veio aparecer em 1725 na Inglaterra, sendo oficializado em 1738 na segunda Constituição de Anderson.

Diferente do Primeiro Templo de Jerusalém, que se acredita ter existido entre os séculos X e VI a. C., o primeiro Templo maçônico teve sua pedra angular fincada em 1776 e concluído aproximadamente dois anos mais tarde para abrigar a primeira Grande Loja, fundada em Londres e Westminster no ano de 1717. Este Templo (onde se encontra o atual Free Mason’s Hall) teve dois modelos principais para a sua construção: a Igreja e do Parlamento Britânico.

                Sob a conjuntura iniciática, a questão do lendário silêncio na construção do Primeiro Templo de Salomão, onde não se ouviam os ruídos produzidos pelas atividades profissionais dos que erigiam as paredes, quer dizer que simbolicamente o trabalho introspectivo, silencioso efetuado por cada maçom deve ser produzido sem alardes (discrição).

Sobre o literal tilintar de espadas em determinadas passagens iniciáticas da Moderna Maçonaria, onde literalmente os Irmãos batiam espadas umas contra outras, faz tempo que isso não ocorre mais. Atualmente este tilintar de espadas se faz valer de recursos sonoros produzidos por equipamentos eletrônicos operados, geralmente, pelo Mestre de Harmonia.

Na concepção iniciática, esses ruídos produzidos pelo tilintar de espadas, como fosse um entre chocar de armas brancas em combate, nada tem a ver com o silêncio da construção "simbólica" do Templo. O silêncio nessa construção revela introspecção do obreiro, já os ruídos produzidos pelo entre chocar de espadas, revela simbolicamente a luta natural daqueles que combatem as futilidades mundanas e os revezes da vida. Esse combate, que se revela na juventude do ser humano é natural daqueles que atravessam a segunda etapa da vida.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

MAIO/2025

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