Em 08/08/2017 o Respeitável Irmão Cláudio Lúcio Fernandes Amaral, Loja
Cavaleiros da Arte Real, 4.309, Rito de York (Emulação), GOB-PR, Oriente de
Curitiba, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:
DIFERENÇAS NO REAA
Estou estudando comparações entre ritos e, se possível, gostaria que o
valoroso irmão me esclarecesse sobre diferenças entre REAA da Grande Loja e do
Grande Oriente. Des
de já agradeço.
CONSIDERAÇÕES.
As ponderações seguintes
não possuem o desiderato de tratar desse assunto como um libelo acusatório
contra essa ou aquela Obediência pelas inúmeras contradições e procedimentos
equivocados que povoam os rituais do escocesismo simbólico praticado pela
Maçonaria brasileira.
Na realidade isso
não deveria acontecer quando se trata de um mesmo Rito, todavia muitas questões
fizeram com que essas diferenças acontecessem.
Dentre elas, no que
diz respeito aos rituais do REAA\ praticado nas Grandes
Lojas brasileiras, tomando por base o grau de Aprendiz, existem algumas dessas características
que foram adquiridas principalmente por conta da busca de reconhecimento por
Mário Béhring no segundo quartel do século passado junto às Grandes Lojas
norte-americanas para a sua Obediência recém-nascida da cisão de 1927 que
acontecera no seio do Grande Oriente do Brasil.
No que diz respeito
aos rituais das Grandes Lojas brasileiras e o mencionado reconhecimento
norte-americano, ele trouxe algumas alterações para REAA\ baseadas naquilo que se praticava ritualisticamente,
aliás, e que ainda se pratica, nos Estados Unidos da América do Norte, cuja
liturgia vem das Lojas Azuis do Craft, comumente também conhecido por aqui como
Rito de York Americano.
Explica-se,
entretanto que a Maçonaria norte-americana é oriunda da Maçonaria inglesa, mais
precisamente da Grande Loja dos Antigos de 1751 que fazia oposição à Grande
Loja dos Modernos de 1717. Já o REAA\ que
verdadeiramente não nasceu na Escócia, embora também possua influências
anglo-saxônicas, é originário da França. Embora o Primeiro Supremo Conselho do
REAA\ tenha nascido nos Estados Unidos da
América do Norte, as suas raízes, a partir do Rito de Heredon, são francesas –
a História, implacável e acadêmica e não tendenciosa sacramenta essa
afirmativa.
Retomando o curso
do comentário e da influência norte-americana nos rituais do escocesismo
praticado no Brasil, é premente se compreender que por razões culturais e
históricas a liturgia e a ritualística praticada nas Lojas Azuis (origem
inglesa) não são iguais àquela praticada pelo verdadeiro simbolismo do REAA\, que é de origem francesa.
Isto posto, coloco
então alguns tópicos que são originais da liturgia das Lojas Azuis (Rito de
York Americano), mas que acabaram pelas circunstâncias do reconhecimento procurado
por Béhring influenciando à posteriori
alguns rituais escoceses praticados, principalmente pelas Obediências
brasileiras e que se encontram presentes até a atualidade.
Assim, seguem enumeradas as
principais práticas das Lojas Azuis acima mencionadas e que provavelmente
influenciaram os rituais do REAA\praticados no
Brasil;
1. Avental do Mestre Maçom
orlado de matiz azul;
2. Diáconos e Mordomos[1] do Craft americano geralmente
usam bastões (varas). Em algumas ocasiões ritualísticas os Diáconos cruzam os
seus instrumentos no alto como que a formar um pórtico para passagem (isso
ocorre inclusive no Craft inglês com as varas);
3. O Altar dos
Juramentos é colocado no centro do Ocidente;
4. Contornando o Altar
dos Juramentos, iluminando o Livro da Lei existem três candelabros, cada qual
com uma luz (vela) – originários dos antigos tocheiros;
5. Durante a Iniciação
o Marechal (cargo do Rito de York Americano) lê durante a perambulação do
Aprendiz Admitido o Salmo 133;
6. Em algumas Grandes
Lojas o Rito de York Americano usa-se o mesmo painel inglês (Tábua de
Delinear).
Dados esses tópicos e circunstâncias
mencionadas, é que provavelmente essas práticas litúrgicas das Lojas Azuis, no
intuito de agradar os reconhecedores norte-americanos, acabaram sendo
implantadas nos rituais escoceses das Grandes Lojas Estaduais brasileiras como,
por exemplo, as que seguem abaixo enumeradas:
1. Aventais orlados em
azul para os Mestres no REAA\, quando
verdadeiramente deveriam ser encarnados;
2. Os Diáconos
portando bastão, quando no REAA\ eles originalmente
não os utilizam;
3. Do cruzamento dos
bastões, comuns algumas vezes nas Lojas Azuis, mas não no REAA\. Equivocadamente ainda com relação
aos bastões cruzados, juntados a eles o bastão do Mestre de Cerimônias, o pálio
sobre o Livro da Lei durante a abertura e encerramento dos trabalhos[2];
4. Altar dos
Juramentos colocado no centro do Ocidente, o que no REAA\ originalmente fica no Oriente;
5. Leitura do Salmo
133 inserido na abertura do Livro da Lei, quando no original do REAA\ é feito em João, 1, 1-5.
6. Colocação de um
Painel inglês no Oriente dando-lhe o nome de Painel Alegórico, mobiliário esse inexistente
no verdadeiro REAA\. Essa inserção
equivocada acabou dando para os rituais das Grandes Lojas o aparecimento de dois
Painéis se somado com o outro que é o verdadeiro e original (francês) que fica
corretamente posicionado no Ocidente. Além desse tal Painel Alegórico não
existir no REAA\ ele ainda traz um
conteúdo simbólico que não condiz com o arcabouço doutrinário deísta francês.
7. Embora nada tenha a
ver com a liturgia das Lojas Azuis, ainda aparecem nos rituais escoceses das
Grandes Lojas equivocadamente as colunetas nas mesas dos Vigilantes que se
posicionam (em pé ou deitada) conforme o período de trabalho. Essas colunetas
são originárias do Craft inglês a exemplo dos Trabalhos de Emulação. Essas
miniaturas de colunas também nada têm a ver com o REAA\.
É bem verdade que
outros enxertos acabaram aparecendo nos rituais escoceses, não só nos da Grande
Loja, mas também nos do GOB e, por extensão, nos da COMAB.
É verdade que o
GOB, por influência de Irmãos oriundos das Grandes Lojas também acabou adotando
deles alguns costumes trazidos - é o caso dos aventais azuis adotados para os
Mestres do escocesismo, embora de tonalidade mais clara (à moda inglesa). Do
mesmo modo, também a leitura do Salmo 133 durante a abertura do Livro da Lei.
Conquanto possam
existir ainda outras tantas controvérsias, o que foi aqui mencionado já dá uma
ideia da ancestralidade dessas diferenças.
De tudo o que foi
dito, o que se pode lamentar é que, independente das Obediências brasileiras, o
Rito Escocês Antigo e Aceito acabou se tornando um elemento desfigurado. Uma
colcha de retalhos. Obviamente por ter recebido influências não só do Craft
norte-americano, mas também de outros ritos e costumes.
Além do mais aqui
nem mesmo se mencionou os adeptos do invencionismo e os colecionadores de
rituais anacrônicos que tanto mal fizeram e ainda fazem à Maçonaria Tupiniquim.
Concluindo meu
Irmão, são esses os paradoxos que alimentam concepções anacrônicas e
diferenciais que existem entre os rituais de um mesmo Rito, principalmente aqui
no Brasil. Expus apenas alguns aspectos para estimulá-lo a refletir, porém
nunca com a intenção de criticar pontualmente esse ou aquele rito ou ritual, ou
ainda essa ou aquela Obediência. Entendo que em se tratando de originalidade,
todos contribuíram para a construção da colcha de retalhos “made in Brasil” que se tornou o REAA\. É para se lamentar.
T.F.A.
PEDRO JUK
OUT/2017
Estive em lojas do REAA tanto na Itália quanto em Portugal. Uma em cada. Eles também, me parece, modificaram seus rituais. Avental orlado de vermelho é verdade, mas com muitas diferenças,inclusive na circulação...
ResponderExcluirLatinos meu Irmão. Mas nem todos. Lá existe também diferença entre obediêcias, ritos e rituais.
ResponderExcluirGLLP ( Portugal) GOI ( Itália)
ExcluirNa Itália só instalam VM no Emulação. Portugal me foi dito que instalam todos. Lembramos que a potência regular portuguesa é da década de 90.
Então, faz trinta anos que eu venho falando que no REAA não existe instalação. Esse foi mais um enxerto trazido da Maçonaria anglo-saxonica.
ExcluirCirculação das Bolsas - Na GLESP: (GM ou Delegados,se estiverem presentes) Ven. M. 1ºVig. 2º Vig.. Orad. Secr. e todos do Or., Col do Sul, G. do T. Col. do Norte, portador da Bolsa coloca a sua prop. ou óbulo ns mesma portada pelo G. do T.
ResponderExcluirPor meio de blog prefiro não aprofundar.
ResponderExcluirO fato do REAA daqui utilizar o br∴ esq∴ no S∴ de Ord∴ e S∴ de Saud∴ do 2º grau também é uma influência das Blue Lodge de Smith-Webb, correto?
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