Em 20/03/2019 o Respeitável Irmão Robson da Silveira, Loja Renascer do
Vale, 4007, REAA, GOB-SC, Oriente de Balneário de Piçarras, Estado de Santa
Catarina, apresenta a seguinte questão:
COLUNA DA HARMONIA
Tenho me dedicado à
Coluna de Harmonia de minha Loja, e buscado compreender melhor, da importância
da mesma. Confesso ao irmão que alguns pontos me confundem:
1. Nosso Ritual, não
permite a inclusão de atos que nele não estão previstos, a Coluna da Harmonia e
a execução de músicas na ritualística da sessão, não estão previstos (apesar de
no ritual, o cargo de Mestre de Harmonia estar previsto. Uma contradição.
Não?). Como fazer?
2. A harmonia está
presente na história da Maçonaria, é citada em vários livros, sendo assim; não
seria uma contradição do nosso Ritual?
Particularmente,
vejo a harmonia, como essencial para a egrégora da sessão, gosto muito de
visitar Lojas e vejo que uma boa harmonia, faz toda a diferença nos trabalhos,
aliás das mais de 30 visitas que fiz, em nenhuma a harmonia deixou de ser
executada.
De tudo que li, o que mais me embasa
e me norteia na preparação da harmonia para nossas sessões, é o descrito
abaixo:
Compreendem normas na
Maçonaria que suas reuniões se realizem com músicas adequadas e propiciatórias.
As músicas são invariavelmente colocadas por hábito, por gosto ou por imitação,
associando o profundo trabalho de introspecção que é a litúrgica maçônica a uma
trilha sonora que estimule nos instantes de euforia, acalme nos momentos de
meditação, espiritualize profundamente nos momentos de abertura e fechamento do
L.'. L.'., que seja melodiosa e nos leve
a profunda meditação do ato que fazemos quando
os Irmãos M.'. Cer.'. e Hosp.'. circulam com o S.'. PProp.'. e o T.'. Benef.'.
e, alegre e viva, no momento do encerramento.
Como tenho muito
respeito pela opinião do irmão, gostaria de sua visão sobre esta coluna, que na
minha modesta opinião, não é valorizada como deveria.
CONSIDERAÇÕES.
Sob a óptica da
tradição, a Coluna da Harmonia é uma realidade na Moderna Maçonaria, até porque
usar músicas adequadas nos trabalhos maçônicos não pode ser considerado uma
inclusão contrária ao Ritual, sobretudo aqueles ritos que possuem o Mestre de
Harmonia, ou o Organista. Se assim fosse, então qual seria a razão de existirem
esses Oficiais na liturgia maçônica?
Nesse sentido, fazer funcionar
a Harmonia da Loja utilizado a sexta, das Sete Ciências e Artes Liberais da
Antiguidade, “a Música”, não é desrespeitar o Ritual, mas sim tornar exequível
a presença de matéria que compõe a doutrina maçônica – Gramática, Retórica e
Lógica, Aritmética, Geometria, MÚSICA e Astronomia. Obviamente que falamos
de música apropriada.
De fato, é preciso que
se dê mais ênfase a esse ofício nos nossos rituais, pois ao que parece, a
Coluna da Harmonia (como outras também) tem passado despercebida dos aos olhos
dos nossos “ritualistas”. O Irmão tem toda razão nesse sentido, sobretudo pela disposição
bem ordenada que harmonia dá ao desenvolvimento da liturgia maçônica.
De pronto, devo
mencionar que depois que estiverem publicadas todas as orientações e adequações
ritualísticas pertinentes aos três graus na plataforma do GOB http://ritualistica.gob.org.br ,
pretendemos deixar um adendo sugerindo algumas peças musicais e seus momentos
apropriados num roteiro para utilização nos trabalhos maçônicos.
Destaco, por exemplo,
o que nos deixou a respeito, o saudoso Irmão Theobaldo Varolli Filho ao tratar
da Coluna da Harmonia e a Música:
- O Mestre de
Harmonia só deve interromper a música quando terminada a frase musical. Os
Veneráveis devem respeitar essa regra;
- Preferem-se musicas
maçônicas ou de autores maçons;
- Ainda é
tradicional a execução de trechos da ópera maçônica “A Flauta Mágica”, do
nosso Irmão Mozart, que é autor também da imprescindível “Marcha Maçônica”.
Esta pode ser substituída pelo Hino da Maçonaria do nosso Irmão D. Pedro
I, o Libertador do Brasil;
- Coros, orquestras
ou quartetos são permitidos;
- O órgão antigo,
ou elétrico, é o melhor instrumento musical para as sessões maçônicas.
Ainda sugere o Mestre
Varolli algumas músicas programadas para trechos da sessão maçônica como:
“Thaís”, Meditação de
Massenet; “Souvenir” de Franz Drdla; “Sonho de Amor de Franz Liszt; “Largo” de
Handel; “Intermezzo” da Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni; “Piedade
Senhor” de autor desconhecido; trechos da “Flauta Mágica” de Mozart; “Clair de
Lune” da ópera Werther de Massenet ou da composição de Débussy; final da “Alvorada”
do Irmão Carlos Gomes; “Aleluia” de Handel, dentre outras.
Assim, a Coluna da
Harmonia é uma realidade e não uma inserção inapropriada ou um enxerto. Inclusive
dela também faz parte o ofício do contra-regra na produção de efeitos sonoros e
ruídos em determinados momentos inciciáticos. Francisco de Assis Carvalho (o saudoso
Xico Trolha) cita o cargo de Mestre de Harmonia no seu livro Cargos em Loja, assim
também o autor Zaly Barros de Araújo produziu para a Maçonaria o livro Coluna
da Harmonia. Muitas referências sobre a Harmonia podem ser encontradas em
bibliografias pertinentes, lembrando que houve tempos que em determinadas Lojas
a música era executada ao vivo nas sessões. Atualmente esse costume ainda pode
ser encontrado na Maçonaria, principalmente naquela praticada na Inglaterra,
Irlanda e Escócia.
Ao concluir, permita-me não
comentar nada sobre "egrégora", palavra essa inexistente no nosso
idioma, cujos propósitos dados pelos seus criadores, parece não caberem numa Instituição
que busca o aprimoramento racional do homem. Crenças e credos particulares
merecem todo nosso respeito, porém elas são da alçada de cada um e não da
coletividade maçônica.
T.F.A.
PEDRO JUK
JULHO/2019
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