Em 22.08.2020 o Respeitável Irmão José Anderson Monteiro de Meneses, Loja Rui Barbosa, 970, REAA, GOB-RJ, Oriente de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, solicita esclarecimentos.
LANDMARKS
Surgiu uma dúvida sobre os Landmarks. Quais são os verdadeiros Landmarks? Qual é o conjunto de Landmarks adotados pelo GOB? Sabemos da relação Landmark
versus constituição do GOB, somados aos princípios de reconhecimento da UGLE. Outrossim, sabemos da variedade de autores que trataram do tema, Albert Mackey, Albert Pike, Findel, Castellani, entre outros. Há em nosso Ritual de M∴ M∴ essas variações.
Por isso, a pergunta: Quais são os Landmarks
verdadeiros (tradicionais)?
CONSIDERAÇÕES
Landmark, palavra de origem inglesa, dentre outros,
em Maçonaria menciona as suas regras e limites adquiridos nos tempos primitivos.
Figuradamente é um ponto máximo que não se pode
ultrapassar. É o marco, o limite, a baliza, a raia.
Essa palavra aparece pela primeira vez em 1721 na
Inglaterra quando da compilação dos Regulamentos Gerais que seriam
posteriormente incluídos na Constituição de Anderson, datada de 1723, onde nela
se lê em seu 39º regulamento: “Cada Grande Loja anual tem o inerente poder e
autoridade para modificar esse Regulamento ou redigir um novo, em benefício da
Fraternidade, contanto que sejam mantidos invariáveis (o grifo é
meu) os antigos landmarks...”.
Em face a existência desses limites que regulam a
atividade e o comportamento dos maçons, é que a partir do século XIX iriam surgir
inúmeras classificações de Landmarks, muito embora nenhuma delas possa resistir,
na sua totalidade, a uma análise mais crítica sobre as verdadeiras qualidades
de um limite ou um lindeiro da Ordem.
No tocante à sua definição, um landmark para
se caracterizar num verdadeiro limite deve atender a qualidade de ser imemorial,
espontâneo e universalmente aceito.
Ser imemorial para satisfazer a regra de ter
antiguidade a tal pondo de que não se possa estabelecer sua origem no tempo. Ser
espontâneo porque ele não possui autor e foi gerado pelo uso comum em
uma coletividade. Ser universalmente aceito porque uma norma, se só
aceita em algumas comunidades, não é um legítimo limite, porém é uma regra particular
de conduta.
Com base nessas apreciações é que se pode analisar
e avaliar, nas diversas classificações encontradas, aqueles que são verdadeiros
landmarks e aqueles que se constituem apenas em regras regulamentares.
Evidentemente que não cabe nesta ocasião uma
análise mais esmiuçada dessas classificações, pois o espaço de escrita que aqui
nos é oferecido não permite tal empreitada.
Dentre as dezenas de classificações mais conhecidas,
eu citaria para estudo a de Mackey, a de Findel, a de Pike, a de Pound e a de
Berthelon.
Sob a óptica do que é imemorial, espontâneo e
universalmente aceito, entendo que dentre as classificações acima mencionadas algumas
delas podem conter landmarks, contudo às vezes misturados a regulamentos
pontuais, ou mesmo regras criadas pelos respectivos autores.
Desse modo, entendo por landmark, por exemplo,
a crença em Deus, a obrigação dos maçons se reunirem em Loja, a cobertura da
Loja, o sigilo, três são os governantes da Loja, a necessidade de o maçom ser
homem livre e de idade civil. Assim, vale conferir nas classificações
mencionadas quais delas trazem esses verdadeiros lindeiros.
Progressivamente no tempo, as Obediências (Grandes
Lojas e Grandes Orientes) passaram a possuir, cada qual, as suas próprias Constituições,
geralmente estas modeladas sobre suas necessidades regulamentares adequadas às
leis vigentes nos seus países de origem, contudo sem ferir os preceitos
fundamentais dos landmarks.
É o caso do Grande Oriente do Brasil que já não mais
adota a classificação de Albert G. Mackey, o que pode ser conferido na sua Carta
Magna que foi instituída dentro dos lindeiros da Ordem. Particularmente sabe-se
que a grande maioria das classificações de Mackey não são verdadeiros landmarks,
mas sim regras e regulamentos por ele criados.
Reitero que para se definir o que são Landmarks
é preciso antes observar se eles estão devidamente adequados aos conceitos de
imemorabilidade, espontaneidade e aceitação universal.
Não há como negar que esse é um tema complexo e que
merece muita cautela antes de se proferir, sobre ele, qualquer conceito laudatório.
Por fim, devo mencionar que uma das melhores formas
de se buscar entendimento sobre o que é e quais são os verdadeiros landmarks,
é a de perscrutar com muito zelo e atenção as antigas constituições góticas da
Ordem conhecidas por Old Charges. Tão importante quanto, é também necessário
considerar o período em que essas velhas constituições góticas foram escritas,
sobretudo quando se faz um comparativo com as Constituições e Regulamentos das
Obediências Maçônicas da atualidade.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
ABRIL/2021
Saudações, meu Irmão!
ResponderExcluirEm primeiro lugar, mais uma vez, venho expressar gratidão pelo árduo trabalho do Ir.: em trazer esclarecimentos para a família maçônica e amigos através deste Blog. Segundo, lendo o artigo, me surgiu uma dúvida. A partir de que ano o GOB deixou de adotar a classificação de Mackey? O mesmo se aplica a Constituição de Anderson? Grato pela atenção dispensada!
T.:F.:A.: Ir.: Rodrigo Nogueira, A.:M.: A.:R.:L.:S.: Arca da Aliança N° 2489, R.:E.:A.:A.: GOB/RS
Não sei precisamente, mas provavelmente entre a década de 90 e os anos 2000. Veja, a Constituição de Anderson é mais um referencia do que uma catalogação de Landmarks. As Obediências, por si só, possuem suas constituições que lhe servem como carta magna. Obviamente que em muitos casos as constituições inglesas servem como modelo, a destacar que a Constituição de Anderson foi modificada em 1738 e em 1815 com o advento do Ato de União de 1813. Outro aspecto é que as Obediências Maçônicas devem obedecer aos verdadeiros Landmaks da Ordem e se adaptar a legislação do país que ela pertence. Assim, a sua Constituição se conduz na legalidade. A questão de Landmarks é que deve ser observada, desde que um Landmark seja imemorial, espontâneo e universalmente aceito. Os de Mackey, por exemplo, em sua grande maioria não se enquadram nesse contexto. Obrigado pela visita.
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