Em 12.09.2020 o Respeitável Irmão Davi Hackbart Covaleski, Loja Estrela do Sul, 84, REAA, GOB-RS, Oriente de Bagé, Estado do Rio Grande do Sul, faz a seguinte colocação e pede comentário:
USO DA SAUDAÇÃO EM LOJA
Sei que o Ritual e o material disponibilizado no Sistema de Orientação Ritualística do GOB (pelo qual oportunamente aproveito para parabenizar e enaltecer a importância do trabalho realizado pelo Ir∴ frente à Secretaria Geral de Orientação Ritualística), são bastante claros no ponto que irei abordar mas, na intenção de dirimir qualquer dúvida e com o propósito de conseguir ir adequando e corrigindo os costumes ritualísticos em Loja (e que às vezes são herdados de práticas anteriores, que acabam se consolidando incorretamente), é que envio
este e-mail.
Sobre a saudação: O ritual de Aprendiz (pág. 42), diz
que esta é feita somente ao Ven∴ Mestre quando da entrada e saída do Oriente e ao Ven∴ Mestre e VVig∴ quando da entrada (após abertos
os trabalhos), e saída (quando definitiva), do Templo; Excetua-se a esta regra,
por óbvio (e também por orientação ritualística), as situações em que o Obreiro
estiver portando um "objeto de trabalho".
Sobre este ponto há que levar-se em
consideração a orientação disponibilizada pelo SOR em que, nas observações
sobre a transmissão da Pal∴ Sagrada é reiterado o fato de que o simples fato
de "desfazer o sinal" não se considera uma saudação propriamente
dita:
“III – Embora no texto do explicativo no ritual apareça o termo
“saudação”, nesse caso o Sinal é apenas uma norma ritualística e não uma
saudação propriamente dita. Destaque-se que o próprio ritual menciona que
saudações em Loja ocorrem somente ao Ven∴ Mestre durante o ingresso e saída do Or∴, e às LLuz∴ da Loja por ocasião do ingresso
formal ou retirada definitiva do Templo;”. Afirmação esta que é ratificada nas
Orientações relativas ao Sin∴ Gu∴ onde consta que:
"III – Embora toda Saud∴ Maç∴ obrigatoriamente seja feita pelo Sin∴ Pen∴, nem sempre o Sin∴ Pen∴ é necessariamente uma Saud∴ Maç∴";
e nas orientações relativas ao Fechamento do L∴ da L∴ onde consta que:
"II – Assim que o L∴ da L∴ é fechado todos desfazem o Sin∴ de Ord∴ pelo Sin∴ Gut∴. ATENÇÃO - Esse gesto não é
saudação".
Finalizada esta introdução, em que
pude trazer o que observei através da consulta ao Ritual e ao Sistema de
Orientação Ritualística disponibilizado pelo GOB, lhe descrevo sucintamente a
situação que tenho observado nas Lojas que já frequentei e que, apesar de uma
maneira menos "exagerada", também ocorre em minha Oficina.
Do observado em visitações:
- Já presenciei, em outras Lojas, a
realização de Saud∴ Maç∴ quando, no Ocidente, um obreiro cruza a linha
(simbólica/imaginária), que divide o Sul e o Norte;
- Já presenciei, em outras Lojas, a
realização de Saud∴ Maç∴ quando, eventualmente (por ocasião de
Transformação de Grau, ou em Sessões/Situações que demandam esta retirada), um
Obreiro necessita deixar temporariamente o Templo;
- Já presenciei, em outras Lojas, a
realização de Saud∴ Maç∴, inclusive, quando do momento que o Obreiro vai
tomar seu lugar e, antes de sentar-se, realiza o referido gesto.
Do observado em minha Loja:
- É costume, quando da assinatura do
Livro de Presenças (no caso de entrada com atraso ou em momento oportuno do
Cerimonial de Iniciação), tanto o Chanceler quanto aquele que irá assinar o
Livro realizarem, reciprocamente, a Saud∴ Maç∴;
- É costume a realização de Saud∴ Maç∴, quando da Circulação do Saco de PProp∴ e IInf∴ ou do Tr∴ de Benef∴ e o Oficial em questão entrega a
Bolsa/Saco ao Guarda do Templo para a sua participação no referido momento do
Ritual - ambos, reciprocamente, realizam a Saud∴ Maç∴;
- É costume a realização de Saud∴ Maç∴ em outros momentos como quando o
Mestre de Cerimônias recolhe o Balaústre junto ao Secr∴, ou quando o Hosp∴ entrega o Tr∴ de Benef∴ ao Tes∴ por exemplo.
Após o estudo descrito mais acima me
parece que todos estes usos são equívocos que acabaram se perpetuando de uma maneira
"hereditária": a reprodução pela reprodução. Me parece ainda que algo
destes equívocos residem no fato de haver uma confusão de quando é necessário
realizar a Saud∴ Maç∴ ou quando há um simples "desfazer" do Sin∴ de Ord∴. Não me parece ser de todo errado,
por exemplo, o Chanceler aguardar em Pé e a Ordem aquele Obreiro que irá
proceder a Assinatura do Livro de Presenças e, quando da chegada deste,
simplesmente "desfazer o sinal"; ou quando o Orador está aguardando
em Pé e a Ordem em seu local e é conduzido pelo Mestre de Cerimônias em
determinado momento do Ritual para o Fechamento do L∴ da L∴ (assim como naqueles momentos da
Transmissão da Pal∴ Sagr∴ já mencionados acima).
Gostaria então que o Ir∴, pudesse explanar sobre este assunto
de maneira a, como já dito no início deste e-mail, poder dirimir quaisquer
dúvidas que, ao menos para mim, ainda possam restar sobre o assunto e por isso,
humildemente, lhe peço auxílio.
CONSIDERAÇÕES.
Atendendo ao que dispões o SOR (Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral)
e o Ritual de Aprendiz do REAA em vigência do GOB, página 42, seguem os
comentários.
- Praticas observadas nas suas visitas:
a)
Ao atravessar de uma para outra
Coluna - Não está previsto porque não existe nenhuma saudação, seja ao
Venerável ou ao Delta, quando alguém em trânsito, à circular pelo Ocidente e cruzar
o equador do templo (eixo), tanto pela frente ou por trás do Painel. Do mesmo
modo também não existe, sob nenhuma hipótese, parada formal ou inclinação do corpo
acompanhado de meneios com a cabeça nessa ocasião.
b)
Na retirada do Templo - Nesse caso a
saudação somente será feita às Luzes da Loja se a saída for definitiva. Se o Templo
for coberto a alguém por tempo determinado e posterior retorno, então não
existe nenhuma saudação.
c)
Antes de tomar assento - Também não
existe saudação nessa ocasião. Se o protagonista estiver em pé usando a
palavra, ele fica à Ordem. Encerrando a sua fala, antes de sentar, obviamente
ele desfaz o Sin∴ de Ord∴ pelo Sin∴ Pen∴, contudo isso não é saudação, mas o simples ato de se “desfazer” o Sin∴, que deve ser sempre pelo gesto de aplicação
simbólica da pen∴. O ato de se desfazer o Sin∴ antes de se tomar assento é porque ninguém faz, ou compõe, o Sin∴ sentado. Lembro que o Sin∴ de Ord∴ do grau se divide em duas partes distintas e que se completam no seu
significado. A primeira parte é a “estática” e se trata da simples composição
do Sinal; a segunda parte é a “dinâmica” e se trata do ato de desfazer o Sin∴ pela aplicação da pen∴ simbólica (Sin∴ Pen∴). Em qualquer circunstância, tanto para desfazer o Sin∴ ou prestar saudação pelo Sin∴, o Sin∴ será sempre desfeito pelo Sin∴ Pen∴. Procedimentos embora iguais, não podem ser generalizados nos seus
significados.
- Práticas observadas na sua Loja:
a)
Retardatário e o Chanceler - Quem
ingressar após o início dos trabalhos, ao ser conduzido à mesa do Chanceler
para apor o seu ne varietur não saúda o Chanceler. Do mesmo modo o titular
da chancelaria da Loja também não faz nenhuma saudação, isto é, ele permanece
sentado. O que tem ocorrido é que o retardatário, ao abordar o Chanceler
geralmente se coloca à Ordem enquanto aguarda as providências do titular para
lhe oferecer o livro de presenças. Por óbvio que isso não é saudação, porém é a
efetivação de uma regra ritualística consuetudinária que preconiza ficar à
Ordem quando se estiver em pé e parado em loja aberta. Desse modo, o Chanceler,
sem levantar ou prestar qualquer saudação, apresenta o livro ao retardatário. Antes
de assinar, obviamente que o retardatário primeiro desfaz o Sin∴, o que não é um ato de saudação. Concluída
a sua obrigação, sem saudar o Chanceler, logo a seguir o retardatário acompanha
o seu guia até o lugar devido. Lá chegando senta-se imediatamente sem saudar
ninguém pelo Sin∴.
b)
Cobridor em auxílio com a bolsa - Também
não existe nenhuma saudação. Nessa ocasião o Cobridor Interno à chegada do
titular da coleta simplesmente fica em pé. Em seguida e sem nenhuma saudação, de
imediato recebe a bolsa do titular para auxiliá-lo. Do mesmo modo o titular
entrega a bolsa e, sem saudação, instantaneamente cumpre a sua obrigação.
Concluído o ato, o titular de imediato recebe a bolsa e se dirige para entre ccol∴ enquanto o Cobridor toma assento sem
fazer nenhuma saudação.
c)
Permanecem sentados - Em nenhum
desses casos existe qualquer saudação. A regra é a mesma. Os titulares que
ocupam mesas permanecem sentados nessas ocasiões. Se o oficial circulante
precisar aguardar providências, enquanto aguarda em pé e parado, fora do seu
lugar, fica à Ordem. Reitera-se: não existe saudação entre esses protagonistas nos
momentos de abordagem e retirada. Ratifica-se: o ato de se desfazer o Sin∴, dependendo da circunstância não é
saudação maçônica, porém um protocolo ritualístico.
Comentários finais:
Não se recomenda, por exemplo, o Chanceler receber o retardatário à
Ordem. Não existe o porquê desse excesso de preciosismo. É preferível que
dentro da simplicidade maçônica ele permaneça sentado no exercício desse
ofício. O mesmo se aplica às situações análogas.
No caso do Orador se dirigir ao Altar para o fechamento do Livro da Lei
a sua questão me parece prejudicada, até porque nesse momento a Loja inteira estará
à Ordem por comando do Venerável Mestre. Assim, quando o Mestre de Cerimônias
se apresentar para a condução do Orador, este simplesmente desfaz o Sinal e
segue o seu guia – isso não é saudação.
Creio que na liturgia da transmissão da palavra entre as Luzes e os
Diáconos para a abertura e encerramento dos trabalhos, os procedimentos estão
bem claros no SOR do GOB-RITUALÍSTICA. O que não se deve confundir é o ato de
desfazer o Sin∴ - que a ocasião pode exigir - com saudação maçônica.
T.F.A.
http://pedro-juk.blogspot.com.br
JUN/2021
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