terça-feira, 9 de outubro de 2018

OS DIÁCONOS E A TRANSMISSÃO DA PALAVRA SAGRADA - ORIGEM - II


Em 21/07/2018 o Respeitável Irmão Ricardo Guedes, Loja Filhos de Abraão, 322, REAA, GLMMG, Oriente de Carmo da Mata, Estado de Minas Gerais, apresenta a seguinte questão:

OS DIÁCONOS E A TRANSMISSÃO DA PALAVRA SAGRADA

 
Gostaria de receber material sobre a transmissão da palavra sagrada, tendo em vista que vou compor a comissão de Liturgia e como responsável pela parte ritualística de minha Oficina.
Quando falo em material seria a explicação histórica do papel dos diáconos, e não só a parte ritualística, pois essa todos somos sabedores;

CONSIDERAÇÕES:

Caro Irmão, eu não forneço material. Nas pesquisas sobre Maçonaria a grande maioria dos temas é elemento disperso e carece de muito tempo para catalogação. Eu não tenho tempo disponível para digitalizar documentação, fragmentos e escritos de rodapés de antigas obrigações dos construtores medievais e remeter para os meus leitores. Para tanto, existem obras e autores autênticos para serem consultados. Dentre outros, por aqui eu poderia citar José Castellani, Francisco de Assis Carvalho, Theobaldo Varolli Filho, Frederico Guilherme da Costa, Ambrósio Peters, etc. No exterior eu citaria Jasper Ridley, Joseph Fort Newton, Harry Carr, Alec Mellor, Bernard E. Jones, Alex Horne, etc., além de uma viagem pelas Atas da Quatuor Coronati Lodge 2076 de Londres.
Vou então comentar alguns aspectos para norteá-lo nessa pesquisa. A propósito, no campo da história, opiniões laudatórias dependem de muito estudo e comparação por método acadêmico. Nada existe de pronto quando se coloca na pauta da pesquisa, assuntos que envolvem tradições, usos e costumes da Maçonaria. Isso se deve principalmente à amplitude e a abrangência que envolve a história da nossa Sublime Ordem.
No tocante ao assunto em epígrafe, na Moderna Maçonaria (a dos Aceitos por excelência), os Diáconos são simbolicamente oficiais mensageiros.
Especialmente no REAA\ eles são personagens que compõem a ritualística na alegoria da transmissão da Palavra Sagrada, o que ocorre entre as Luzes da Loja para a abertura e encerramento dos trabalhos.
Assim meu Irmão, a questão, não é bem a de que “todos somos sabedores”, porém a de compreender o porquê desse exercício que envolve os Diáconos e as Luzes da Loja. É sempre de boa geometria por primeiro se compreender as características que permeiam a originalidade de um ato ritualístico.
No tocante à originalidade, embora existam rituais no Brasil que mencionem o contrário, genuinamente no REAA\ os Diáconos não usam bastão e, por consequência, não existe o cruzar de bastões e muito menos com eles a formação de pálio. A propósito, isso é prática de outro(s) rito(s), mas que desafortunadamente tem sido enxertada indevidamente no escocesismo. Aqui não se está discutindo se esse ou aquele ritual está certo, ou mesmo se um é melhor do que o outro, mas sim a autenticidade de um ato litúrgico. Ademais, ritual em vigência, mesmo que equivocado, deve ser respeitado.
Sob a óptica da autenticidade, o cargo de Diácono é originário da ainda Maçonaria de Ofício (operativa). Nela eles eram denominados como os antigos “oficiais de chão” e serviam o Mestre da Obra e os Zeladores (wardens) - esses últimos os ancestrais dos atuais Vigilantes da Loja. O título “Diácono” apareceria mais tarde e por influência da igreja.
A propósito, eu já escrevi bastante sobre isso, e existem respostas sobre esse assunto publicadas no meu Blog em http://pedro-juk.blogspot.com.br
Segue então um pequeno comentário sobre os antigos “oficiais de chão”, antepassados dos atuais Diáconos e oficiais mensageiros na Maçonaria Especulativa.
Na época das associações dos construtores medievais (antepassados da Maçonaria), quando das construções das catedrais góticas no século XI, os imensos canteiros de obras acolhiam nos seus quadros de operários várias centenas de trabalhadores. Dentre esses, haviam os operários especializados que eram privilegiados por conhecerem amiúde o segredo técnico da construção. Assim, quando uma obra, ou uma etapa da mesma iria ser iniciada, o Mestre da Obra (atual Venerável Mestre) enviava, por intermédio dos seus “oficiais de chão”, ordens aos seus Vigilantes para que eles nivelassem e aprumassem os cantos da construção para que os trabalhos fossem iniciados com força e vigor. Em linhas gerais, os oficiais de chão (atuais Diáconos), como mensageiros, levavam a ordem aos Vigilantes que então executavam a missão. Isto é: aprumavam e nivelavam os cantos, comunicando em seguida ao Mestre pelos mesmos oficiais mensageiros que tudo estava “justo e perfeito”. Certificado disso, o Mestre da Obra então ordenava à sua plêiade de operários que iniciassem os trabalhos – os cantos nivelados e aprumados eram as balizas para a colocação do cordel seguido na elevação da obra. Destaque-se a vastidão de um canteiro de obras medieval onde a comunicação entre os operários comumente era feita se servindo de mensageiros que se locomoviam pelos meandros e vielas do espaço.
Concluída a etapa contratada da construção, o Mestre da Obra ordenava novamente aos seus oficiais de chão (mensageiros) que comunicassem os Vigilantes, pois era chegada a hora de conferir o resultado dos trabalhos até então executados. Recebida a ordem, os Vigilantes, cada qual cumprindo o seu ofício, conferiam o nivelamento e a aprumada daquilo que havia sido até então construído. Estando tudo de acordo com os planos da obra, os Vigilantes informavam através dos mesmos mensageiros que tudo estava “justo e perfeito”. Em assim sendo, o Mestre mandava o seu Primeiro Vigilante encerrar os trabalhos e em seguida pagar os obreiros despedindo-os contentes e satisfeitos, mas não sem antes recomendá-los a retornar após o inverno para o início de uma nova etapa da construção.
Esse é então um resumo do que ocorria nos Ofícios-Francos, o que dá um panorama da razão pela qual a Moderna Maçonaria adota no REAA\ uma alegoria que revive essa antiga prática, substituindo os nivelamentos e aprumadas pela transmissão de uma palavra que, se transmitida corretamente (justa e perfeita) denota a qualidade para abrir e fechar os trabalhos de uma Loja maçônica. Essa qualidade representa o aperfeiçoamento moral e ético que o maçom procura no canteiro especulativo da Maçonaria.
Estabelecendo uma relação entre o operativo e o especulativo, os Diáconos são os antigos oficiais de chão enquanto que o Mestre da Obra é atualmente o Venerável Mestre. Já os “zeladores” de outrora são os atuais Vigilantes.
Como a Moderna Maçonaria é atualmente especulativa, o maçom, no lugar da pedra, passou a ser o elemento primário (matéria prima). Assim, o nivelamento e a aprumada são apenas práticas simbólicas o que se traduz pela transmissão de uma palavra, tanto no início como no encerramento dos trabalhos. Estando ela transmitida nos conformes, justa e perfeita, figuradamente o ato significa a boa geometria de uma construção perfeita e durável. É essa a razão pela qual acontece a transmissão da Palavra Sagrada entre as Luzes da Loja com a utilização dos Diáconos que são os mensageiros que a transportam pelo recinto.
Ainda, no intuito de esclarecer, foi pela razão das aprumadas e nivelamentos de antigamente que os Vigilantes trazem consigo joias distintivas - o Nível e o Prumo. É também por essa razão que é o Primeiro Vigilante quem declara a Loja fechada (vide o ritual).
Por fim, no REAA os Diáconos servem o canteiro especulativo (a Loja) como mensageiros durante a transmissão da Palavra Sagrada para a abertura e o encerramento dos trabalhos. Eles relembram os antigos oficiais de chão que no passado serviam diretamente o Mestre da Loja e os Vigilantes como seus mensageiros e auxiliares. Nos ritos onde não existe a alegoria da transmissão da Palavra Sagrada, geralmente os Diáconos relembram o ofício de auxiliares de ordens das Luzes da Loja.

P.S. – Como elemento para sua pesquisa eu sugiro consultar no Blog do Pedro Juk em Peças de Arquitetura o título: “Bastões, Varas, Hastes – Instrumentos de Trabalho na Liturgia Maçônica” que foi publicada em 29/01/2018. Esse escrito por certo lhe dará uma ideia a respeito da amplitude que envolve o trato da pesquisa maçônica.



T.F.A.

PEDRO JUK


OUT/2018

domingo, 7 de outubro de 2018

CONDECORAÇÃO E HOMENAGEM EM ANTONINA - 06/10/2018


Homenagem e condecoração que ontem, dia 06/10/2018, recebi em Antonina, minha cidade natal. Na oportunidade recebi a Comenda Irmão Honório de Oliveira Machado oferecida pela Loja de Perfeição Dr. Carlos Eduardo Maia - Grande Oriente do Paraná e Supremo Conselho do Grau 33 do Paraná. O evento se deu ao Vale de Antonina, Pr. 

Tive a honra de receber a Comenda das mãos do Sereníssimo Irmão e particular amigo João Krainski Neto, Grão-Mestre de Honra do Grande Oriente do Paraná (COMAB), pelo que agradeço as suas gentis e carinhosas palavras.
Também gostaria de registrar a honrosa mensagem que recebi do Eminente Irmão Luiz Rodrigo Larson Carsten e lida pelo Presidente da mesa na ocasião.
Presentes ao evento também compareceram inúmeras autoridades maçônicas, assim como Irmãos, autoridades municipais e ilustres integrantes da sociedade antoninense (capelista). 
O feliz evento me deu oportunidade de reencontrar muitos Irmãos que transitam pelas jornadas maçônicas. Obrigado à Loja Estrela de Antonina, assim como aos Irmãos Gilmar Pazinatto, Marcy Alves Pinto Jr e Mário Carlos Miranda de Souza, obreiros da minha Loja, Estrela de Morretes, que se fizeram presentes.
Ao término dessa mensagem, deixo minha saudação a todos os demais agraciados no evento.

Abaixo, fotos do evento.


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

PAINEL ALEGÓRICO DO APRENDIZ - RITO ADONHIRAMITA


Em 03.07.2018 o Respeitável Irmão William Reis, Grande Oriente de Santa Catarina, COMAB, Rito Adonhiramita, Oriente de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, apresenta a seguinte questão:


PAINEL ALEGÓRICO DO APRENDIZ – RITO ADONHIRAMITA


Após conversa que tivemos, hoje à noite por telefone, solicito que me envie um parágrafo, ou uma frase, que contenha sua opinião explícita de estudo, sobre a Maçonaria brasileira, a respeito do “Painel Alegórico” (Tracing Boards) de Vertente Inglesa. Que começou a ser utilizado na Maçonaria Brasileira os dois Painéis oficialmente em 1928, com a edição
dos Rituais baseados nos editados por Mário Behring (GOB), o qual utilizou as duas vertentes (Francesa e Inglesa), em diversos Ritos.
Sabemos que aconteceram reformulações, a partir de 1981, em outras potências como GOB e GGLL, significando que, adotaram os painéis de John Harris (Vertente Inglesa) e o Painel Simbólico de Vertente Francesa.
Tendo em vista a situação descrita, o Painel Alegórico continua sendo utilizado, mesmo não tendo sido encontrado nenhum fundamento de sua origem no Rito Adonhiramita. Encontra-se respaldado pela antiguidade dos usos e costumes, sendo o mesmo adotado, desde o momento em que as Lojas passaram a expor um painel, no decorrer das sessões, além de ser aceito por todas as Lojas Adonhiramitas.
Portanto, solicito a opinião do Irmão, pois a meu ver, o Painel Alegórico não deve ser alterado, não deve ter nada incluído, muito menos deve haver trocas nas três colunas (Dórica, Jônica e Coríntia). Mesmo que a localização dos Vigilantes do Rito Adonhiramita seja diferente dos outros Ritos, não se deve mexer nas particularidades do painel.
As instruções para o aprendiz devem conter que o Painel Alegórico não é originalmente do Rito Adonhiramita, pois é de Vertente Inglesa e que os símbolos, poderão ser explicados, sem modificar o painel original.
Na minha opinião, o Painel Alegórico, deve permanecer idêntico ao de John Harris. Continuando do mesmo modo, sem mudanças. Deve ficar exatamente do mesmo jeito.
Segue anexo o Painel alegórico (Tracing Boards) – 1876.
Agradeço imensamente a sua atenção.

COMENTÁRIOS.

Antes alguns aspectos que merecem consideração.
Quando Mário Marinho Béhring buscou reconhecimento nos Estados Unidos da América do Norte para a sua recém-criada Obediência, acabou trazendo costumes do Craft Norte-americano que reconhecidamente é de raiz inglesa. Assim, Béhring ao trazer para a Maçonaria brasileira algumas práticas ritualísticas comuns às Lojas Azuis (Rito de York Americano), ele não o fez para o GOB, porém para as suas Grandes Lojas Estaduais Brasileiras (CMSB), cujas quais foram criadas por uma dissidência ocorrida no próprio GOB em 1927. Obviamente que essas práticas enxertadas acabariam mais tarde se espalhando por toda a Maçonaria praticada no solo brasileiro, mas esse não é o mote dessa questão.
Um desses enxertos que por aqui aportou foi o da Tábua de Delinear do Craft sendo que esse objeto simbólico acabou se incorporando em alguns ritos praticados no Brasil que não o possuem, fazendo com que inadvertidamente houvesse duplicidade de painéis, pois esse painel alienígena (a Tábua de Delinear) adquiriu nesse caso o nome inventivo de “painel alegórico” para se distinguir do verdadeiro Painel da Loja (Painel do Grau) de ritos de origem francesa.
Destaque-se também que no GOB, dentre outros, nem o REAA\ e particularmente nem o Rito Adonhiramita utilizam-se de outro painel que não o da Loja - esse painel é de origem francesa devida a inquestionável origem desses Ritos.
No caso do Rito Adonhiramita, assunto dessa questão, no seu ritual em vigência praticado no GOB não há nele nenhuma referência ao tal “painel alegórico”. Portanto se existe duplicidade de painéis num mesmo rito - um inglês e outro francês – esse não é o caso do GOB\.
No tocante ao Rito Adonhiramita praticado na COMAB em Santa Catarina, essa duplicidade de painéis me causa estranheza, pois na Coleção da Maçonaria Simbólica do Rito Adonhiramita – Ritual de Aprendiz, 1987, selado pelo Grande Capítulo Adonhiramita de Santa Catarina, criado em setembro de 1991, coleção essa que recebi do Amado Irmão Lúcio por indicação do Irmão José Castellani, não aparece nenhum “painel alegórico”, senão apenas um painel de origem francesa – o Painel da Loja. Agora, se atualmente a COMAB catarinense resolveu adotar mais um painel e chama-lo de “painel alegórico” no Rito Adonhiramita, com toda certeza tenho a dizer que é lamentável. Mas; se foi legalmente aprovado... Fazer o quê?
Quanto ao seu comentário na questão, o “painel alegórico” que o Irmão apresenta é de fato a Tábua de Delinear (Tracing Board) do Primeiro Grau utilizado pela Maçonaria inglesa, destacando-se que originalmente ela não deveria estar presente no Rito Adonhiramita, até porque a Maçonaria inglesa é teísta por excelência e a sua simbologia não condiz com um rito de vertente deísta.
A utilização indevida desse “painel alegórico” no Rito Adonhiramita pode ter uma explicação. Atente-se para tal que o Rito Moderno, ou Francês, nascido na França do século XVIII originalmente utilizava, com poucas variações, um Painel do Grau decalcado da Tábua de Delinear inglesa, isso porque naquela época a França desconhecia completamente outra Maçonaria que não aquela praticada pelos “modernos” nascidos da Primeira Grande Loja inglesa de 1717. Graças a isso o Rito Francês ficaria também conhecido como “ou Moderno”. Nesse sentido, o painel do Rito Francês, ou Moderno se aproximou muito da tábua de delinear inglesa – contendo as três colunas (Jônica, Dórica e Coríntia), a escada (de Jacó) em direção ao céu, as três virtudes teologais, etc.
Muitos dos seus rituais ainda mantêm essa tradição, embora muitos outros já o tenham substituído pelo painel de origem francesa (com as Colunas J e B), comuns aos ritos nascidos dessa vertente e, em especial o Rito Francês ou Moderno que busca se afastar de qualquer simbologia que detenha feições teístas ou deístas no intento de se coadunar com as suas próprias características – a de liberdade de consciência religiosa do homem.
Sem que esse seja um comentário laudatório, existe a probabilidade de que alguns ritualistas do Rito Adonhiramita, rito que também é de origem francesa, tenham equivocadamente adotado em algum momento da sua história também esse painel do Rito Moderno, cujo qual, como já explicado, fora decalcado da Maçonaria inglesa.
Assim, com a indevida adesão de mais um painel no Rito e, como a boca se entorta conforme o hábito do cachimbo, o mesmo, à moda Béhring, acabou por ser conhecido como “painel alegórico”. Destaque-se que essa é apenas uma possibilidade, não uma afirmativa.
Infelizmente, o que essas inserções indevidas trazem são contradições, já que elas não se explicam pela sua presença no arcabouço doutrinário do rito, colaborando fatalmente com invenções e fantasias que só fazem por disseminar ainda mais a semente da dúvida.
Sem dúvida, é devido a isso que as instruções muitas vezes acabam por não fazer sentido e se tornam contraditórias. Muitas vezes, inadvertidamente, alguns, em busca da solução pelo menor esforço, preferem alterar conceitos da simbologia a enfrentar a causa. É bom que se diga que um símbolo sempre traz uma mensagem velada, portando deve estar sempre afastado da interpretação licenciosa.
Se, como é o caso do “painel alegórico”, um símbolo, ou um conjunto de símbolos se faz presente, em respeito a sua tradição ele, ou eles, não podem ser alterados ou desordenados na intenção de se acomodarem ideias. Particularmente, o caso do “painel alegórico”, mesmo de inserção duvidosa, é preferível que ele permaneça sem alteração. Em respeito a sua originalidade, nele não cabem acomodações. Em não sendo ele apropriado para o Rito, o ideal é que ele ali não permaneça, entretanto, se não for possível a sua remoção, então que ele permaneça como está.
Nesse sentido, esse “painel alegórico” é constituído por um conjunto de símbolos que formam a senda iniciática do grau de um rito. Se ele não está no lugar certo, não é invertendo seu conteúdo ou retirando algumas das suas peças que ele fará sentido. Na realidade ele só faz sentido no rito a ele apropriado.
Não se conserta um erro acrescentando outro maior. O melhor mesmo é se utilizar do bom senso. A liturgia maçônica tem para cada rito uma disposição simbólica. Alterá-la para adequações ou “jeitinhos” são atos de péssima geometria.
No tocante ao que comenta o Irmão na sua questão, eu só tenho a lamentar que o belo Rito Adonhiramita praticado na COMAB de Santa Catarina, tenha adotado outro painel, além do seu original, intitulando-o de “painel alegórico”.
Sobre a questão em si, entendo que dos males o menor. Penso que não se faz a rolha para depois se fazer a garrafa. Se há um equívoco, o ideal é extirpá-lo por completo antes de aumenta-lo ainda mais. Assim, se o tal painel alegórico foi adotado no Rito Adonhiramita e, em nome da duvidosa justificativa “usos e costumes” ele não pode ser erradicado, então que pelo menos ele permaneça inalterado, pois não é de bom alvitre modificar o conteúdo de um painel para adequá-lo a um sistema para o qual ele não foi criado.
Objetivamente a questão é a seguinte: se o “painel” mesmo inapropriado constar no ritual do em vigência do Rito e não puder ser retirado, então que ele permaneça como está. Descaracterizá-lo para “arrumar jeitinhos” não é a solução. O ideal seria um debate legal para a retirada desse painel por não ser ele original no rito em questão.

OBSERVAÇÃO - Ao mencionar no texto que os rituais em vigência no Grande Oriente do Brasil, em relação ao Rito Adonhiramita, não contemplam o Painel Alegórico, de fato eles não aparencem na liturgia e no desenvolvimento da ritualística. Entretando ele aparece apenas como elemento que pode ser usado como decoração no átrio do Templo. Assim, ele continua a não exercer nenhuma influência sobre o Rito pois o mesmo não aparece na decoração do Templo "dentro da Loja" e nem é mencionado como elemento simbólico que atua na dinâmica iniciática. Essa observação tem apenas o desiderato de esclarer o porquê de eu não tê-lo mencionadoo como elemento constitutivo da constelação simbólica do rito, já que ele aparece fora do Templo e nem é mencionado na liturgia.


T.F.A.

PEDRO JUK


OUT/2018

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

A MÃO SOB O AVENTAL


Em 18.07.2018 o Respeitável Irmão Julio Cesar Monteiro da Silva, Loja Acácia do Oeste, 2.812, GOSP, REAA, Oriente de Dracena, Estado de São Paulo, solicita esclarecimento:

MÃO SOB O AVENTAL


Irmão Pedro, gostaria de saber se há no ritual do REAA praticado pelo GOB, sobre a posição da mão direita escondida debaixo do avental, quando do Tronco de Beneficência, uma vez que já participei de curso de ritualística e o orientador afirmou da não necessidade de esconder a mão, uma vez o Irmão não esta dando uma esmola, e sim o que o Irmão pode doar naquele momento. Procede?

CONSIDERAÇÕES.

Salvo se existir algum ritual que determine algo nesse sentido, originalmente não existe regra para isso. O costume é apenas o de colocar a mão direita fechada no recipiente e retirá-la aberta. A mão fechada é para não demonstrar o quanto o maçom dispõe naquele momento para doar. Assim, ninguém fica sabendo quem pode dar mais, dar menos, ou mesmo que nada pode dar.
Durante a coleta, alguns têm o costume de manter a mão fechada sob o avental, outros não. Isso fica a critério de cada um. Destaque-se que o importante é o significado desse ato, nunca esses excessos de preciosismo.


T.F.A.

PEDRO JUK


OUT/2018

PERÍODOS HISTÓRICOS DA MAÇONARIA


Em 09/07/2018 o Respeitável Irmão Leonardo Mendes, Secretário Estadual Adjunto do Grande Oriente do Paraná, COMAB, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, pede informações sobre o que segue:

PERÍODOS HISTÓRICOS DA MAÇONARIA.


Gostaria que o Irmão comentasse sobre os períodos da história da Maçonaria enfocando o período Operativo e Especulativo.

CONSIDERAÇÕES

Antes das considerações propriamente ditas, é preciso que o estudante de Maçonaria, sob o ponto de vista autêntico, se desvencilhe das fantasias ou falsas interpretações que ocorrem por conta das alegorias utilizadas pela Maçonaria. Assim, alegorias não podem ser tomadas como afirmações histórias. Alegorias são sim utilizadas como artifício instrutivo, nunca como afirmação da ocorrência de um fato.
Dados esses primeiros comentários, segue um resumo simples e objetivo de aspectos que viriam, mais tarde, em redundar na Maçonaria que vivemos e conhecemos na atualidade – a Moderna Maçonaria.

As Organizações de Ofício como nossas antecessoras.
A arte de construir, não propriamente a Maçonaria, advém dos tempos em que o homem deixou as características nômades de viver nas cavernas, para viver numa sociedade estratificada. Embora não existisse ainda na época o sentido de organização profissional que pudesse regular o conceito do ofício, a necessidade fez com que viessem aparecer os primeiros profissionais dedicados à construção. Começava então a ereção de vivendas e moradias que se tornariam mais tarde em aglomerações urbanas.
Collegia Fabrorum - Em termos de organização profissional, foi no Império Romano do Ocidente que, em função das atividades de conquista, veio aparecer no século VI a. C. a primeira associação organizada de construtores. Conhecida como os Collegia Fabrorum, os seus membros eram os Collegiati. Na realidade essas associações acompanhavam as legiões romanas na intenção de reconstruir aquilo que a atividade bélica havia destruído durante as conquistas.
Eram dotadas de forte caráter religioso, ao mesmo tempo davam ao trabalho um cunho sagrado prestando culto às suas divindades. De caráter inicial politeísta, essa associação acabou se tornando, pela expansão do Cristianismo, monoteísta, entrando em decadência após a queda do Império Romano do Ocidente em 476 d. C. Embora o declínio, ainda assim persistiram pequenos grupos dos Collegia no Império Romano do Oriente, cujo centro era Constantinopla.
Associações Monásticas – É na Idade Média, por conta do grande poder exercido pela Igreja Católica e no intuito de preservar a Arte Real entre os construtores do norte da Europa é que viria aparecer a Maçonaria de Ofício, ou Operativa. Assim, a partir do século VII surgiam as Associações Monásticas.
Formadas quase que na sua totalidade por clérigos que dominavam a arte da construção, os segredos do ofício ficavam restritos aos conventos. Isso se explica porque numa época em que a Europa estava em ruínas pelas sucessivas invasões bárbaras, onde as guerras, os saques e os roubos eram frequentes, os artistas e os arquitetos buscavam refúgio em lugares seguros, geralmente encontrados nos conventos e abadias.
Com a expansão da Igreja-Estado, o que resultou na falta de mão de obra, os frades construtores se viram obrigados a preparar leigos para desempenhar o ofício da construção, o que proporcionaria, já no século X, o aparecimento de organizações que ficariam conhecidas por Confrarias Leigas. Essas confrarias, mesmo constituídas por leigos, continuavam a receber forte influência eclesiástica de onde haviam aprendido o ofício, mantendo assim forte apelo religioso dado ao trabalho.
Convenção de York – É nesse período que se realiza a Convenção de York na Inglaterra, cuja mesma seria considerada como a primeira reunião de operários construtores. Ocorrida em 926 d. C. à época do Rei Athelstan, essa Convenção buscava reparar os inúmeros prejuízos que as associações haviam tido por conta das sucessivas invasões bárbaras advindas do norte. Nela, segundo historiadores, fora apreciado e aprovado um estatuto que ficou conhecido como a Carta de York, o que, em primeira instância, serviu como norma regulamentar para as confrarias de ofício e transformou a cidade medieval de York como uma espécie de Meca da Maçonaria Operativa.
As Guildas – Aproximadamente nesse período é que associações simplesmente religiosas formariam, a partir do século XII, corpos profissionais que ficaram conhecidos como Guildas. Deve-se a elas o uso da palavra Loja como corporação e local de trabalho. Na realidade as Guildas, junto com os Ofícios Francos podem ser consideradas como os verdadeiros ancestrais da Moderna Maçonaria.
Dentre outras particularidades, deve-se a elas os brindes e homenagens aos deuses, aos antepassados e aos heróis. Era comum nelas seus participantes se comprometerem a defender uns os outros como irmãos se socorrendo mutuamente. Assim, as Guildas se caracterizavam pela prática de recíproco auxílio, reuniões em banquete e por atuação em reformas políticas e sociais.
Introduzidas na Inglaterra, elas acabariam modificadas por influência do cristianismo, embora mesmo assim não fossem bem vistas pela Igreja, o que se explica pelas suas origens pagãs e muito possivelmente pelas reformas políticas e sociais, sobretudo naquilo que diminuía os privilégios do clero. Subsistindo a antipatia da Igreja e evitando hostilidades, as Guildas acabariam se desenvolvendo sob a proteção de um monarca e de um santo protetor.
Canteiros – Ainda no século XII, associadas às Guildas, apareceria uma associação de operários alemães intitulados Steinmetzen, ou Canteiros, que alcançariam notoriedade quando da construção da Catedral de Estrasburgo.
Sob a direção de Erwin de Steinbach, o mesmo deu um aprimorado sistema organizacional aos seus obreiros. O termo “canteiro” designa o operário que trabalha em cantaria, esquadrejando a pedra tornando-a lavrada para que possa ser utilizada como matéria prima nas construções.
Ofícios Francos, ou a Franco-Maçonaria – Também no século XII floresceria a associação tomada como a mais importante do período do ofício e que ficou conhecida como os Ofícios Francos (Franco-Maçonaria).
Constituídos por artesãos privilegiados isentos de obrigações e impostos reais, feudais e eclesiásticos, bem como possuíam liberdade de locomoção, eles eram construtores categorizados diferentes daqueles que estavam servos e que ficavam presos às obrigações impostas pelo seu senhorio. Destaque-se que na Idade Média o termo “franco” designava não só aquele que era livre em oposição ao servil, mas também todos os indivíduos e bens que escapavam às servidões e direitos senhoriais.
É sob essa concepção que aparecem os “pedreiros-livres”, conhecidos na França como franc-maçons e na Inglaterra como free-masons.
Há que se considerar que o maior poder político da época era a Igreja e era ela que concedia privilégios, sobretudo pela sua ascendência sobre os governantes medievais.
Cabe mencionar que nessa fase primitiva e antes da formação apropriada das Lojas, não se pode imaginar uma Maçonaria tal qual a conhecemos atualmente. Ela não era uma sociedade secreta, pois o segredo, a principio, nada mais era do que uma forma de reconhecimento entre os seus membros que guardavam - de modo velado - os planos para a construção. Nada havia de esotérico e nem existiam recintos decorados com símbolos.
Estilo Gótico – Ainda no século XII, um importante estilo arquitetônico denominado gótico, ou germânico apareceria, primeiro no norte da França e por fim espalhando-se pela Inglaterra, Alemanha e outras regiões da Europa. De importâ
ncia primordial, esse estilo arquitetônico seria adotado pelas confrarias de construtores a tal ponto que as suas regras básicas foram ensinadas nas oficinas dos canteiros, ou cortadores da pedra. Destaque-se que esse estilo foi tão importante para os canteiros medievais que no século XVI, quando da sua decadência, ele acabou selando o declínio das corporações de construtores.
A Companhia dos Maçons de Londres – Em 1220 (século XIII) apareceria em Londres, sob o reinado de Henrique III, a corporação de pedreiros denominada The Holy Craft and Fellowship of Masons (A Santa Arte e Associação dos Pedreiros). Essa associação é tida por alguns autores como um marco referencial para a Maçonaria.
Posteriormente, já no ano de 1275, na intenção de terminar a ampliação das obras da Catedral de Estrasburgo, iniciada em 1015, Erwin de Steinbach convoca a Convenção de Estrasburgo para a qual afluíram famosos arquitetos da Alemanha, Itália e Inglaterra.
Naquela oportunidade fora especialmente criada uma Loja para discutir os planos e andamento dos trabalhos, quando então Erwin seria aclamado como o Mestre da Cátedra.
É bom que se diga que naquela época Lojas eram criadas com o desiderato de tratar de uma obra específica – foi o caso daquela criada para a construção da Catedral de Estrasburgo.
Nessa época, sobretudo na Inglaterra, os operários das corporações costumava utilizar recintos localizados nas tabernas e hospedarias para se reunir e discutir planos das construções.

A Decadência das Corporações de Ofício.
A partir dos meados do século XVI, sobretudo pelas perseguições e calúnias sofridas por parte do clero, as corporações de ofício começavam a entrar em declínio. Em 1539, Francisco I, rei da França revogava por decreto os privilégios concedidos aos maçons. Eram assim abolidas as Guildas e demais fraternidades, passando as corporações de artesãos a serem regulamentadas. Na Inglaterra, por exigência de Londres, os franco-maçons eram tratados como operários ordinários (sem privilégios). Em 1558 a rainha Izabel mantinha a proibição sobre a realização de qualquer assembleia, sob a pena de trata-la como rebelião. Somente em 1562, por influência de Thomas Sackville, adepto da arte de construir, é que a rainha acabaria revogando essa ordenação.
Embora os esforços auferidos pelos franco-maçons para manter o prestígio dos construtores e artesãos, a exemplo da Convenção da Basileia realizada em 1563, o declínio das corporações era latente no século XVI. A Renascença com o renascimento da arte greco-romana acabaria relegando os arcos ogivais do estilo gótico. Na Inglaterra, por obra de Ínigo Jones era introduzido o estilo renascentista sepultando de vez o estilo gótico, apressando com isso a decadência das corporações inglesas dos franco-maçons. De certo modo, as corporações perderiam o seu objetivo inicial e acabariam paulatinamente se transformando numa sociedade de auxílio mútuo, o que traria para os seus quadros elementos não ligados à arte de construir, ou seja, não profissionais, os quais eram chamados de maçons aceitos, ou especulativos.

Transformação da Maçonaria de Ofício em dos Aceitos
Dado ao declínio das corporações, as mesmas, por questão de sobrevivência, começaram paulatinamente a admitir homens estranhos ao ofício. Assim, eram selecionados homens pelos seus dotes culturais e pela sua condição aristocrática. Obviamente que isso era um artifício para manter o prestígio da confraria e ganhar proteção. Na realidade era uma tentativa para superar a decadência.
O primeiro caso de um maçom aceito (especulativo) que se tem registro é o de John Boswell, lorde de Aushinleck, ou, segundo J. G. Findel, sir Thomas Rosswell, esquire de Aushinleck que, a 8 de junho de 1600 (século XVII) foi recebido como maçom aceito na Saint Mary’s Chapell Lodge em Edimburgo na Escócia. Essa Loja fora criada em 1228 quando da construção da Capela de Santa Maria e tinha o fito de reunir operários para discutir o andamento das obras.
A partir daí, esse processo que havia se iniciado na Escócia, acabaria por se espalhar pelas corporações de construtores. Assim, já no final do século, o número de maçons aceitos (especulativos) ultrapassava em muito o número de maçons operativos. Dos aceitos mais famosos, cite-se Willian Wilson, Robert Murray, Henry Mainwairing, Elias Ashmole, dentre outros.
Grande Incêndio em Londres – Devido ao sinistro ocorrido no ano de 1666, os franco-maçons acabaram recuperando parte do seu antigo prestígio. Em 2 de setembro daquele ano, Londres teve aproximadamente quarenta mil casas e oitenta e seis igrejas destruídas pelo fogo. Dado a isso e sob a direção do renomado arquiteto do rei, sir Christopher Wren, os maçons acorreram para participar do esforço de reconstrução da cidade, sendo que a principal obra de Wren foi a reconstrução da Igreja de São Paulo, em cujo adro, em 1691, se estabeleceria uma Loja de fundamental importância para a História da Moderna Maçonaria - a Loja S. Paulo.
A reconstrução de Londres somente se daria no ano de 1710
Essa Loja teve o seu nome em homenagem a Igreja São Paulo e ficou também conhecida como a Loja da taberna o “Ganso e a Grelha”, que se distinguiria como local de reuniões de caráter informal e administrativo.
A Primeira Grande Loja (Moderna Maçonaria) – Como comentado, era costume que os maçons da época se reunissem em tabernas ou nos adros das igrejas. Não existiam ainda Templos Maçônicos – o primeiro somente seria inaugurado em 1776.
Entenda-se que nesses tempos as cervejarias e hospedarias, sobretudo na Inglaterra, possuíam um caráter social muito grande e comumente eram usadas para exposição e troca de ideias entre intelectuais, artífices, trabalhadores do mesmo ofício, etc.
A Loja “The Goose and Gridiron” (o Ganso e a Grelha), ou Loja São Paulo, fora constituída inicialmente apenas por maçons de ofício que participaram da reconstrução de Londres. A partir de 1703 ela resolvia também admitir homens aceitos de todas as classes sociais e, sem qualquer restrição, promovia uma reforma estrutural que daria suporte para a Moderna Maçonaria. Foi nela que em 1709 se deu a admissão do reverendo Jean Théophile Désaguliers, cujo ingresso iria apressar amplamente o processo de transformação da Maçonaria, destacando-se que Désaguliers seria um dos seus grandes líderes.
Assim, no início de 1717, Désaguliers acabaria reunindo quatro Lojas metropolitanas no intuito de traçar planos para a reestruturação maçônica que se avizinhava. Para tal foi então convocada uma reunião dessas quatro Lojas existentes em Londres, o que se daria no dia 24 de junho daquele ano.
Essa reunião se deu nas dependências da taberna “The Apple Tree” (A Macieira) e ali compareceram, além da Loja “The Goose and Gridiron” (O Ganso e a Grelha), também a da Cervejaria “The Crown” (A Coroa) e a da taberna “Rummer and Grappes” (O Copázio e as Uvas).
No dia 24 de junho de 1717, data comemorativa a São João, como fora previsto, as quatro Lojas metropolitanas se reuniam e criavam “The Premier Grand Lodge” (a Primeira Grande Loja) em Londres, inaugurando o primeiro sistema obediencial com Lojas subordinadas a um poder central dirigido por um Grão-Mestre.
Esse é considerado o marco da Moderna Maçonaria, já que antes disso as Lojas eram livres de qualquer subordinação externa – “o maçom livre na Loja livre”. Sem dúvida esse fato foi uma verdadeira revolução, sobretudo pela alteração na estrutura maçônica tradicional.
A partir desse acontecimento, a história da Moderna Maçonaria iria adquirir outro capítulo na concepção especulativa, o que, num breve resumo, iria resultar nas escaramuças entre a Grande Loja dos Modernos de 1717 e a Grande Loja dos Antigos de 1751 até que, em novembro de 1813 fosse assinado o Ato de União entre as duas Grandes Lojas rivais quando então surgiu a Grande Loja Unida da Inglaterra.
Esses quase cem anos de história, contados desde a fundação da Primeira Grande Loja até o Ato de União, merecem capítulo a parte, porém não fazem parte desses comentários.
Conclusão.
Por tudo aqui comentado, esse resumo despretensioso nos leva a concluir que nos seus aproximados 800 anos de história, a Maçonaria, sob o ponto de vista autêntico (documental) se divide em Operativa, ou de Ofício e a dos Aceitos, ou Especulativa. Assim, até o século XVII as Lojas eram essencialmente dedicadas à construção, cujo componente humano se distribuía em verdadeiros corpos profissionais. Era a Maçonaria Operativa.
Já a partir do ano de 1600, com a aceitação do primeiro elemento estranho ao ofício, iniciava-se o período especulativo, ou a Maçonaria dos Aceitos. Esse sistema se desenvolveria paulatinamente até que toda a composição dos quadros maçônicos se constituísse por maçons aceitos.
Cabe por fim mencionar que a Maçonaria Especulativa, a partir do ano de 1717, com a fundação da Primeira Grande Loja em Londres, passa a ser conhecida como Moderna Maçonaria, sobretudo por se adequar às reformas estruturais exigidas pelo inaugurado sistema obediencial de então. Destaque-se que a Moderna Maçonaria continua sendo composta apenas por maçons especulativos (aceitos).
Outros apontamentos a respeito podem ser encontrados no livro de minha autoria intitulado Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom – Tomo I, Editora Maçônica A Trolha, assim como apontamentos deixados pelo saudoso Irmão José Castellani in “Maçonaria: Uma História sem Mistério”.



T.F.A.

PEDRO JUK


OUT/2018