Em 18/08/2017 o Respeitável Irmão Perílio Barbosa Leite da Silva, Loja
Arte e Virtude, REAA, GOB-MG, Oriente de Lajinha, Estado de Minas Gerais,
apresenta as questões seguintes:
QUESTÕES SOBRE RITUALÍSTICA DO REAA.
1)
A entrada para o
Oriente se faz pelo Nordeste (à esquerda de quem entra) e a saída pelo Sudeste
(à esquerda de quem sai), correto? Entretanto indago se o Irmão ao ingressar no
Oriente, entrando pelo nordeste ele se postar de frente ao Altar dos Juramentos
para fazer a saudação ou se postar um pouco a esquerda do Altar dos Juramentos?
2)
Por que a aclamação
é sempre em 3 e não em mesmo número da Bateria do Grau?
3)
O GOB/MG elaborou
um texto de perguntas e respostas e neste consta que o obreiro ao circular em
Loja, quando cruzar o eixo da Loja à frente e atrás do Painel do Grau deve
faze
r uma parada rápida e formal, isso procede?
4)
Existe a
necessidade do Oriente ser separado do Ocidente por 4 degraus?
5)
É verdadeira a
afirmação de que o Venerável Mestre nunca deve emitir sua opinião pessoal sobre
os assuntos que serão discutidos?
6)
Quando um Irmão
retardatário chega o Cobridor verifica e volta para dar conta de quem se trata,
ele informa ao 2º Vig que informa ao 1º Vig que por sua vez informa ao Venerável
Mestre, ele informa ao 1º Vig que informa ao Venerável Mestre ou ele informa
diretamente ao Venerável Mestre?
7)
Durante as
discussões durante a Ordem do Dia é necessário ficar a Ordem e cumprimentar as
Luzes antes do Obreiro falar ou ele pode falar diretamente?
CONSIDERAÇÕES
1. Entrada no Oriente
– Depois de se ter ingressado no Oriente não se vai até o Altar dos Juramentos,
ou próximo a ele, para fazer a saudação ao Venerável. Ingressa-se a partir da
Coluna do Norte pelo nordeste e próximo à balaustrada. Assim que se atinge o
nível mais elevado que corresponde ao piso do Oriente (abaixo do sólio) na sua
entrada, fica-se à Ordem, faz-se a saudação pelo Sinal e imediatamente a seguir
prossegue-se no percurso.
2. Aclamação – porque
ela nada tem a ver com a Bateria.
A aclamação H\ refere-se a
tríplice saudação ao Sol pelo seu retorno ao hemisfério Norte após os três meses
do inverno, ciclo esse em que a Terra fica viúva do Sol. Relacionando-se aos
três meses de inverno é o porquê de ela ser sempre pronunciada por três vezes.
Ao abrir os trabalhos à aclamação pressagia a primavera e ao encerrá-los
prediz o inverno que se avizinha.
Essa saudação é inexistente na Câmara do Meio porque a Loja do Mestre em
si representa a alegoria da morte do Sol - o inverno.
Essa aclamação também simboliza o Meio-Dia, ou a hora de luz total que é
propícia para se abrirem os trabalhos da Loja, enquanto que à Meia-Noite, no
encerramento, antevê que quanto mais escura é a madrugada, mais próximo está o
raiar de um novo dia.
A palavra H\ tem origem do
dialeto árabe “huzza” referindo-se à
árvore acácia, nesse caso um ramo de acácia florido (pequenas flores amarelas –
pequenos sóis) com o qual os árabes saudavam a volta do Sol durante o solstício
de inverno ao Norte no planeta. Com o advento de Islamismo, essa saudação seria
mais tarde proibida por Maomé. A origem dessa aclamação é mitráica (mitraísmo
persa) e alusiva à máxima de que “o fogo renova toda a Natureza” – INRI, Igne Natura Renovatur Integra (cultos
solares da antiguidade).
3. Parada rápida e
formal – ela não procede, simplesmente porque ao se passar de uma para outra Coluna
(cruzar o eixo) a mesma não está mais prevista no ritual.
Houve tempo, antes de existirem as hoje já extintas Lojas Capitulares e
quando no templo do REAA\ ainda não havia
nenhuma delimitação entre Oriente e Ocidente, nos deslocamentos pelo recinto,
mormente se alguém passasse pelo eixo no lugar mais próximo ao Venerável, exigia-se
dele a saudação ao Delta Radiante. Inclusive, alguns rituais da época (século
XIX) previam essa saudação toda vez que alguém em circulação atravessasse o
equador do Templo em qualquer ponto na Loja.
Entretanto essa prática de há muito foi abolida, embora ainda alguns
teimem em reviver esse anacronismo sugerindo essa “parada rápida e formal” ao
se cruzar o equador do Templo (eixo longitudinal).
Atualmente, como é o caso no GOB, um obreiro em deslocamento saúda pelo
Sinal apenas o Venerável Mestre ao entrar ou sair do Oriente, restringindo-se a
parada – rápida e formal – àquele que nessa ocasião esteja porventura segurando
um objeto de trabalho.
4. Quatro degraus –
Esse é outro equívoco no ritual em vigência.
No REAA\, quando o Oriente
da Loja foi elevado e demarcado por uma balaustrada devido ao aparecimento das
Lojas Capitulares (ver essa história no século XIX em França), subia-se ao
Oriente por apenas um degrau e, dele para se chegar ao sólio, por mais três.
No decorrer dos anos e com a mistura de rituais, sobretudo aqui no
Brasil onde se envolveram principalmente rituais dos Ritos Adoniramita e Moderno,
acabaram aparecendo também no Rito Escocês, à moda dos outros, esses quatro
degraus que separam o Oriente do Ocidente.
No que diz respeito ao número de degraus e o mobiliário da Loja,
tradicionalmente no escocesismo simbólico existem só sete degraus, sendo
um degrau que separa o Oriente do Ocidente; três que vão do nível do Oriente
até o sólio; dois que vão do nível do Ocidente para o lugar do Primeiro
Vigilante e um que sobe para o lugar do Segundo Vigilante. A soma desses
degraus existentes na Loja é igual a sete.
Assim, além da mistura de rituais e enxertos com outros ritos já aqui
comentados, ainda existe a possibilidade de que ritualistas desatentos, ou mesmo
desconhecedores da causa, sem levar em conta os outros degraus que levam aos
Vigilantes, inventaram quatro degraus para se subir ao Oriente no intuito de
soma-los aos três que levam ao sólio para que se fizessem os sete degraus
previstos no Rito. Em síntese, em vez de resolverem o problema, criaram outro
maior ainda, pois a Loja, em vez de possuir sete, se somados aos dos
Vigilantes, ela acabou ficando inapropriadamente com dez degraus.
Como a boca se entorta conforme o hábito do cachimbo, o nosso ritual em
vigência do REAA\ prevê
equivocadamente quatro degraus para se subir do Ocidente para o Oriente.
Na realidade esses quatro degraus só deram margem para especulações e
ilações oriundas de escritos elaborados por autores tendenciosos e
descompromissados com a razão.
5. Opinião do
Venerável - o Venerável Mestre é um dos que menos se manifesta emitindo opinião
em Loja, sobretudo nas discussões que envolvem aprovação. Até porque uma das
suas funções (vide RGF) é a de aprovar ou não mediante o resultado de uma
votação.
Além do que, salvo nos escrutínios secretos, o Venerável somente vota
dando o “voto de minerva” se o resultado do sufrágio vier acompanhado de
empate.
Assim, é ético e de boa geometria que o Venerável não exponha suas preferências
e nem influencie o resultado de qualquer votação.
6. Retardatário - no caso
de prática ritualística de comunicação inexistente no ritual e que
envolve um retardatário, o mais comum é o Cobridor Interno se dirigir ao
Primeiro Vigilante, sobretudo porque ambos estão no extremo do Ocidente e mais
próximos da porta (a Loja é simbolicamente um imenso canteiro de obras).
Já em práticas elaboradas e constantes do ritual e que não envolvem
retardatários, esse diálogo pode passar pelo Segundo Vigilante (exemplo: iniciação
e o candidato batendo na porta do Templo).
Vale a pena mencionar que a questão dos retardatários não estar prevista
no ritual é para que não se institucionalize o “atraso”, pois isso só daria
margem para se legalizar esse péssimo costume, sobretudo por aqueles que, em
desrespeito à virtude da pontualidade, costumam tornar uma situação esporádica
em rotineira.
7. Uso da palavra - qualquer
obreiro para fazer uso da palavra precisa ser primeiro autorizado por quem de
direito.
Se autorizado, em qualquer situação, mesmo que nas discussões, ele se
posiciona à Ordem, protocolarmente menciona as Luzes (isso não é
saudação e nem cumprimento) e em seguida fala. Concluído seu pronunciamento,
desfaz o Sinal pela pena simbólica e toma assento (isso também não é saudação).
Obreiro que pode falar sentado, do mesmo modo protocolarmente menciona por
primeiro as Luzes antes de iniciar sua alocução.
Lembro que discussões em Loja aberta, ritualisticamente seguem o giro da
palavra – Sul, Norte e Oriente. Qualquer retorno dela ao Ocidente,
obrigatoriamente ela é colocada novamente a partir da Coluna do Sul.
Para que se evitem essas formalidades ritualísticas, se o assunto
merecer amplo debate, o Venerável pode marcar uma Sessão Administrativa com
antecedência mínima de quinze dias, fixando aviso no edital. Desse modo o
assunto poderá ser debatido sem as formalidades litúrgicas, mas ordeiramente e tendo
sempre o Venerável na condução dos trabalhos. O resultado desse debate será
levado para a Ordem do Dia da próxima Sessão Ordinária da Loja para que, com a
aquiescência do Orador, seja ela, sem mais discussões, apenas formalizada na sua
votação – nela só devem votar os que anteriormente compareceram na Sessão
Administrativa que fora anteriormente marcada na forma da Lei.
T.F.A.
PEDRO JUK
NOV/2017
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